Juro que não estava sendo abusada, mas praticamente grudei nas costas da loira para não cair. O perfume amadeirado dela lembrava muito do aroma da minha ruivinha.
Como desgraça pouca é bobagem, estávamos a poucos metros da saída da boate e a “benção” da Pietra apareceu, impedindo que deixássemos o lugar.
–Quem é você e para onde pensa que está levando a minha namorada? –ela disse se prostrando na frente da loira.
–A Giovanna não me disse que tinha namorada. Vou perguntar diretamente pra ela. Essa moça é sua namorada? –perguntou me encarando.
–Não tenho namorada, a única namorada que queria era a Ágatha, não essa daí. –respondi com desdém. –A Pietra é só alguém que tive o desprazer de conhecer. –falei me aconchegando ainda mais na loira.
–A Gi não está falando coisas que façam sentido, por isso não se lembra de nada… –a DJ tentou argumentar.
–Posso tá bêbada, mas sei muito bem o que tô falando. Não te amo e acho que nunca te amei, mas você é gostosa… Eu acho que amo a Ágatha. –respondi quase de olhos fechados começando a rir.
–Vou fazer uma simples pergunta… Gi, você quer ir embora comigo ou com a Pietra? –mesmo sabendo que era arriscado sair com quem não conhecemos senti uma confiança na loira.
–Vou embora com a loira desconhecida, não quero papo com a Pietra pra nada. –respondi rindo me agarrando ainda mais na loira pra não cair. Era a primeira que via alguém com duas cabeças.
–A Giovanna já decidiu. Ela vai embora comigo e não se fala mais nisso.
–Isso não é justo… –Pietra protestou. –Giovanna, você vai embora com alguém que nem conhece? Isso pode ser perigoso.
–Perigoso seria se a Giovanna fosse embora com alguém que humilhou ela há muito tempo atrás na frente de uma casa noturna lotada. –a loira falou com desdém.
–Espera aí! Como você sabe disso? –a Pietra indagou desconfiada.
–Eu frequento essa boate há tempos e vi o que você fez para essa moça… Pelo que me consta, seu expediente ainda não acabou, então volte para seus afazeres.
–Quem você pensa que é para me dar ordens? –Pietra indagou com muita raiva. –Você não pode fazer nada.
–Aí que você está enganada. Digamos que conheço muita gente do setor administrativo desse estabelecimento… Brinca com fogo e você perde o seu emprego rapidamente. –parece que a loira ganhou essa briga.
–Você quer ir com essa mulher, né Giovanna? –Pietra concluiu e simplesmente assenti. –Se acontecer alguma merda saiba que a culpa é toda sua.
Por sorte logo me vi livre da Ruby Rose Paraguaia. A desconhecida me colocou no carro dela, no banco do carona, com o maior carinho e delicadeza. Só era estranho que quando ela deu partida no carro fizemos boa parte do caminho em silêncio.
–Muito obrigada por me ajudar a me livrar da Pietra. Não suporto ela, mas é muito gata, é minha ex-namorada. –disse com a fala toda embolada.
–Não precisa agradecer, percebi que essa moça é difícil mesmo… –a loira respondeu e voltou sua atenção para o trânsito, ficando calada.
–Por que está tão calada? Fiz algo de errado? –perguntei inocentemente.
–Claro que não. Só estou pensando em uns assuntos importantes, nada demais. –respondeu simpaticamente.
–Por acaso tá pensando na melhor forma de me sequestrar, me estuprar, me matar e esconder meu corpo? –eu estava assustada por sair com uma estranha, então não seria difícil criar umas paranoias a mais.
–Você é muito louca mesmo! –a loira começou a rir. –De onde tirou todas essas doidices? –ela não parava de gargalhar.
–Assisto cidade alerta, sei o que acontece com bêbados no meio de estradas vazias. –disse sentindo uma dor forte no meu estômago.
–Eu não sou uma assassina. Apenas vou cuidar de você até melhorar dessa ressaca.
–Dá pra parar no acostamento? –disse sentindo meu estômago doer cada vez mais.
–Tá querendo fugir de mim? Já te disse que não sou sequestradora. –a loira agora estava séria.
–Eu quero é vomitar. Se não parar vou sujar todo seu carro.
Vendo que seu carro corria “risco de vida”, a loira parou em um lugar bem deserto. Foi só questão de sair do veiculo, ser amparada pela desconhecida e dei um show de vômito, literalmente… Pensava que depois de colocar tudo para fora estaria melhor, só que me senti pior, estava mais fraca e debilitada.
–Parece que alguém andou bebendo demais… Vê se na próxima vez manera mais no álcool.
–Moça, agora não é hora pra sermão. Parece até meu pai apitando assim no meu ouvido. –respondi grosseiramente.
–Moça? Por acaso você é mineira?! –indagou mudando completamente de assunto.
–Claro que não, sou carioca, com muito orgulho. Só que minha mãe é mineira. –relembrei nostálgica.
–Então tá explicado, é a convivência. Você consegue caminhar até o carro?
–Na verdade… Não. Eu tô me sentindo pior. Minhas pernas estão fraquejando mais do que o normal, tô muito tonta e tô te enxergando com duas cabeças.
–Você tá mal mesmo. Acho que seria melhor pararmos em um hospital. –disse preocupada.
–Nada de hospital. Só quero mesmo uma cama, tô muito cansada. –disse recostando minha cabeça no banco.
–Tudo bem. Em breve você estará descansada.
Ainda ouvi a loira falar algumas coisas, mas o sono me atacou com tanta força que simplesmente adormeci. Se ela fosse uma psicopata, não teria muito trabalho para me matar e esconder meu corpo.
Acordei com alguém me balançando, mas eu só queria continuar a dormir. Estava sonhando com quem não deveria…
–Ágatha, amor… Me deixa dormir, só mais cinco minutos. –respondi balbuciando.
–Sinto frustrar suas expectativas e seus sonhos. Vamos andando Giovanna. Você precisa descansar. –ali voltei para a minha realidade.
–Moça, só me deixa dormir. Não tô sentindo muito as minhas pernas, tô sem condições pra andar. –disse voltando a me recostar no banco.
–Nesse caso eu te carrego no colo, mas não vou te deixar dormir na garagem de um prédio. –ela disse já destravando a porta e me puxando para fora.
–Você é muito insistente! Não precisa me carregar, só me ajuda mesmo a andar para não me desequilibrar. –disse sendo apoiada pela loira.
Conforme entrei naquele prédio que parecia ser luxuoso, mais uma merda aconteceu… Vomitei novamente e sujei toda minha roupa no elevador. Além de mal, estava me sentindo bastante envergonhada pelo vexame.
–Só por hoje já te dei muito trabalho. Preciso ir pra minha casa, trocar de roupa, tô toda suja e fedendo. Vou te falando o caminho. –disse pálida. Queria voltar para a rua, mas fui impedida.
–Você não está em condições de ficar sozinha. Vou te dar um banho, te arrumo umas roupas. Vai tomar uns remedinhos, comer algo leve e depois dormir.
Eu queria esboçar alguma reação, mas estava fraca demais para isso. A loira estava sendo muito educada e gentil, e não iria querer estragar isso com meu mau humor. Só que meu cérebro estalou quando ela começou a tirar minhas roupas.
–Ei, o que você tá fazendo? Quer me vê nua? –perguntei constrangida.
–Vou te dar um banho ou acha que vai dormir com essa roupa de vômito? –Sarcástica ao extremo!
–Não é isso… Posso tomar meu banho sozinha. Não vou me sentir bem sabendo que você vai me ver toda peladona. –estava mais vermelha do que um pimentão.
–Você mal tá conseguindo se manter de pé sem se apoiar em mim, como é que vai tomar banho sozinha? Fica tranquila que não vou abusar de você. Nunca agiria de forma canalha.
–Tá bom então.
Vencida pela insistência da loira, aceitei o banho de bom grado. Só que nos momentos de lavar as minhas partes intimas, optei por realizar sozinha. Enquanto a loira me vestia com um short qualquer e uma camiseta, notei o quanto ela era linda. Já estava um pouco melhor e enxergava apenas uma pessoa, a loira já estava sem óculos e vi que seus olhos eram expressivos e verdes.
–De banho tomado, já vou dormir. –disse me ajeitando na cama de casal.
–Não mesmo. Você vai comer e tomar uns remédios.
Sem chances para discutir fiz uma refeição leve e no final tomei remédios que nem sei de onde vieram. Ia me ajeitar para dormir no sofá, mas a desconhecida me impediu e me levou de volta para o seu quarto.
–Não estou invadindo muito a sua privacidade? Posso me ajeitar na sala. –estava sem jeito.
–A cama tem espaço suficiente para nós duas. Relaxa! Em nenhum momento vou te faltar com respeito.
–Quero te agradecer por ter sido minha salvadora nessa noite. Obrigada! Prometo que amanhã vou embora cedo e não vou te dar mais trabalho. –estava muito grata mesmo.
–Fique o tempo que precisar. Giovanna, o que você mais gostaria que acontecesse na sua vida?
–Que pergunta mais fora de hora… –disse tentando esboçar um sorriso fraco. –Mas eu gostaria de poder me acertar com a Ágatha, só queria mais uma chance pra demonstrar o quanto a amo, mas talvez seja tarde para isso. –respondi voltando a ficar triste.
–O amor verdadeiro não morre do dia para a noite. Se ela também te amar vocês se acertarão.
–Muito obrigada… Como devo te chamar mesmo? Você ainda não me disse seu nome.
–Amanhã é um novo dia e você saberá meu nome. Você ainda tá muito bêbada pra lembrar. –respondeu rindo da minha curiosidade.
–Boa noite desconhecida.
Ia dá um beijo na bochecha da loira, mas não sei o que me deu na cabeça… Peguei na sua nuca com um pouco de força e trouxe sua boca para mim. Beijamo-nos por um longo tempo até que o ar nos faltasse.
–Uau! Tô sem fôlego. Você beija muito bem. –ela estava com um sorriso lindo.
–Obrigada, mas espero que isso não mude as coisas ou que você crie falsas esperanças. Não sei o que me deu para ter feito isso. –estava mais do que sem jeito.
–Tá tudo bem. Sei que você ama a famosa Ágatha e respeito. Boa noite Giovanna.
–Obrigada por ser compreensiva. Boa noite loira.
Deitei e não demorou para que eu adormecesse recebendo um delicioso cafuné. A última imagem que veio na minha mente antes de dormir foi na minha ruivinha. Por onde a Ágatha estaria? Será que ela já havia me esquecido? Eram dúvidas, medos e angústias.
Não foi necessário barulho algum para me acordar. Só bastou sentir o cheirinho de café forte, pão de queijo e tapioca para que eu despertasse em um quarto de paredes brancas, completamente desconhecido para mim.
Minha cabeça rodopiava, ainda sentia um grande mal estar e uma leve fraqueza, mas o meu apetite era maior do que qualquer outra coisa. Levantei e fui direto para onde julguei ser a cozinha do apartamento. Encontrei uma senhora gordinha, com seus quase 50 anos e que parecia muito simpática, julguei ser a empregada dali.
–Com licença… Bom dia! –cumprimentei sem jeito a mulher mais velha.
–Bom dia jovenzinha. Você deve ser a Giovanna, venha tomar um café da manhã reforçado.
–Muito obrigada. –disse começando a me servir. Estava faminta! –Por onde anda a dona desse apartamento? –tive que me referir assim à loira, não sabia o nome dela.
–Minha patroa precisou se ausentar pela parte da manhã, daqui a pouco deve estar de volta. –Só aí me dei conta da hora, já passavam das 11:00.
Agradeci e voltei a comer no mais absoluto silêncio, não estava a fim de conversar, por sorte, dona Cida respeitou meu espaço. Assim que terminei de comer fui “obrigada” a tomar mais alguns comprimidos, ordens da loira.
A minha vontade maior era ir embora o mais rápido dali, só queria a minha casa, o meu cantinho, mas pensei bem e seria muita falta de educação deixar aquele apartamento sem sequer agradecer a estadia. Só de não passar a noite na casa da Pietra já havia sido um grande feito.
A empregada me entregou uma muda de roupa e estava livre para tomar um novo banho. Achei muito esquisito ter roupas do meu número naquele local, mas julguei que isso acontecia pelo fato da loira e eu termos o mesmo manequim, se bem que não tive tempo para reparar na altura dela, mas sei que ela era muito gata.
Estava de banho recém-tomado ainda aguardando o regresso da dona daquele apartamento quando o inesperado aconteceu. Ela chegou, e eu conhecia muito bem quem era aquela mulher. O que eu sentia nesse momento? Surpresa, excitação, coração acelerado, adrenalina pura, felicidade talvez, eto, eram tantas coisas juntas e misturadas que nem consigo descrever direito.
Bom dia meninas. Quero pedir desculpas pelo atraso nas postagens, semana passada fiquei sem tempo. A partir de hoje postarei todas terças-feiras e sábados.
Parece que a Gi e a loira tiveram uma conexão instantânea, até beijo rolou rs. Estão gostando? Beijos.
Cara postar um capitulo extra ….
Por favor
Prometo que na próxima semana sai um extra.