A FILHA DO NOIVO

7. Finalizando para recomeçar

– Senhorita Martins… Kayla, não acha um pouco precipitado essa sua decisão?

– Doutor Roberto, eu ando analisando minhas possibilidades há três dias e não vejo outra saída para melhor conseguir viver. Sei que enquanto eu estiver trabalhando no mesmo lugar, vivendo na mesma cidade, Yousef não irá me deixar em paz e tudo que eu preciso agora é ter um pouco dessa paz.

– Você já tomou todas as atitudes necessárias nesse caso?

– Sim senhor, no mesmo dia.

– Bom, eu verei o que posso fazer, tenho alguns amigos com bons escritórios no Rio de Janeiro e para que não perca todo o trabalho que vem fazendo poderemos transferir seu contrato. Você me é muito querida, não só a mim, mas também a minha esposa, que descanse em paz.

– Doutora Estela era uma excelente profissional e uma pessoa sem igual.

– Faço isso também por ela, que lhe tinha como uma filha. Bem, eu irei sondar e logo lhe retorno com respostas, se cuide e seja feliz, Kayla.

– Obrigada, Doutor Roberto, eu serei imensamente grata ao senhor por ter me dado a oportunidade quando era apenas uma estagiária.

– A melhor que esse escritório já teve, garanto. Até logo, menina. – Desligamos e fiquei ali observando o telefone. Fora uma ligação rápida, porém ainda sinto como se estivesse abandonando meus sonhos.

– Não estou abandonando, apenas construindo novos sonhos. – Senti meu telefone vibrar. Yousef. – O que você quer?

– Olá, meu amor. Por que está falando assim comigo?

– Yousef, você está louco? O que você quer?

– Apenas gostaria de saber quando volta para casa, já programei todo nosso casamento, meus pais estão vindo para o Brasil na próxima semana e casamos dentro de alguns dias.

– Eu jamais cometeria a loucura de me casar com você, Yousef, você precisa de ajuda psiquiátrica.

– Kayla, Kayla, não fale assim com seu futuro marido, estou esperando você em casa ainda hoje.

– Eu não voltarei para casa, essa não é e nem nunca foi a minha casa.

– Sabe, eu fiquei muito triste com o que fez, colocou a polícia no meio de uma briguinha boba que tivemos, agora eles dizem que não posso me aproximar de você, mas eu sei que quando voltar iremos na delegacia e tiraremos esse absurdo de lei restritiva.

– Jamais, Yousef, eu nunca, ouça bem, nunca irei retirar a denúncia, você me agrediu.

– Foi apenas uma coisinha de nada, você tem que aprender que o homem é quem manda.

– Você está completamente desequilibrado, Yousef. Não me ligue mais, acabou! – Desliguei o telefone o taquei longe, no exato momento que Bela entrava no quarto.

– Ei, o que houve? – Sentou ao meu lado e me abraçou.

– Ele é um louco.

– Ele quem?

– Yousef.

– Você estava falando com ele?

– Eu estava falando com o Doutor Roberto e logo que desligamos o telefone começou a tocar, vi que era ele, eu não devia ter atendido. – Comecei a chorar compulsivamente.

– Não fica assim, vem cá. – Me levantou e tirou toda a minha roupa e me pegou no colo. – Vou ligar a água da banheira e você tenta relaxar, tá bom? – Sem me colocar no chão ligou água, deixando morna. – Vou buscar um suco pra você.  – Saiu do banheiro mais rápido que entrou no quarto. Fechei a torneira quando a banheira encheu e submergi por alguns segundos. – Trouxe três sucos, maracujá, laranja e acerola, qual você quer?

– Maracujá?

– Ótima escolha. – Me entregou o suco e sentou no chão do banheiro ao lado a banheira.

– O que houve? Não deve ter demorado nem uma hora.

– Eu só senti uma agonia estranha e voltei, acho que se antes meu pai e sua tia não sabiam de nada, agora provavelmente deixei uma pulga bem grande atrás da orelha. – Pegou o copo da minha mão, já havia terminado quase todo o suco. – Agora me conta o que houve.

– Ele me ligou e resolvi atender, queria dizer que nada do que está lá me importa. Só que ele está totalmente louco, disse que já programou nosso casamento e vai me mostrar o que é um homem de verdade.

– Filho da puta! Eu não vou deixa-lo se aproximar de você, eu juro. – Me olhou e toquei seu rosto.

– Eu sei, mas independente de qualquer coisa eu consegui resolver a pendência com meu trabalho, apesar de difícil, o Doutor Roberto disse que vai sondar alguns amigos aqui pelo Rio, talvez não fique desempregada por mais que duas semanas. E seu pai também, eu não sei o que faria sem todos vocês.

– Nem precisa pensar no que faria sem todos nós, pois você nos tem, principalmente eu, Kayla. – Afundei na banheira de novo e levantei com os olhos fechados, recebi um beijo nos lábios. – Quer fazer alguma coisa?

– Podemos só deitar e descansar um pouco? Sinto que minha cabeça pensa que estou acordada há dias.

– Podemos. – Pegou a toalha e me entregou. – Quer colocar uma roupa ou vai deitar assim?

– Vou só colocar uma camiseta e uma calcinha. – Caminhei até o quarto. – Tem certeza que vai querer ficar aqui?

– Kay, nesse exato momento eu quero ficar onde você estiver. – Deitei na cama e ela logo deitou atrás de mim, me puxou para perto de seu corpo e ficou me fazendo um cafuné, peguei no sono, um bom sono relaxante.

Quando Kayla pegou no sono me levantei devagar, peguei o celular e saí do quarto, fiz algumas ligações, cobrando alguns favores para conhecidos, algo precisava ser feito para a segurança da mulher que estava dormindo calmamente no quarto, não deveria me meter dessa forma, mas era a única forma que pude pensar enquanto aquela doce criatura adormecia em meus braços. Fui até o restaurante do hotel e pedi salada, peixe, arroz de brócolis, suco e salada de frutas, pedi para entregarem por volta das duas. Entrando no quarto me deparei com Kayla sentada na poltrona perto da janela.

– O que foi?

– Nada, acho que senti sua falta e resolvi levantar. – Me puxou para sentar em seu colo. – Me desculpe pelo rompante mais cedo, mas essa história está me dando nos nervos, não aguento mais me sentir, de alguma forma, ligada a ele.

– Não se preocupe que logo tudo ficará bem, daremos um jeito em toda essa situação. Fui até o restaurante e pedi um almoço pra nós duas, pedi para entregarem por volta das duas, mas se já estiver com fome posso ligar pra lá.

– Não, ainda estou sem fome alguma.

– Me parece preocupada.

– Talvez, tenho medo do que possa acontecer. – Levantei e peguei um short. – O que foi?

– Vem, vamos respirar um pouco, vai ajudar a relaxar e talvez sentir fome. – Estendi a mão pra que ela pegasse. – Vamos, não seja preguiçosa.

– Por que você consegue me convencer de tudo, hein?

– Porque você… sou uma pessoa muito convincente. – Suspirei com o que ia falar.

– Eu te adoro, sabia?

– Tem me adorar muito, aceitar sair desse quarto confortável, só sendo desse jeito mesmo.

– Assim como disse que ficaria em qualquer lugar comigo, nesse momento eu vou a qualquer lugar com você. – Descemos e caminhamos ao redor do hotel, segurei sua mão e paramos num pequeno parque arborizado. – Obrigada por me fazer relaxar.

– Não me agradeça.

– Ainda não entendi o motivo de ter voltado. – Kayla se sentou em um dos balanços e me sentei no outro.

– Foi como eu disse, estava me sentindo agoniada, parece que estava sentindo que aconteceria algo.

– Conectadas de alguma forma muito louca?

– Coloca louca nisso. Mas não fui a única, sua mãe se sentiu mal de te deixar sozinha, queria voltar comigo, mas a convenci, sou boa em argumentos também, doutora advogada.

– Estou começando a perceber isso, mocinha. – A forma que ela me olhava era tão doce, como alguém poderia fazer mal para aquela criatura meiga e frágil? Como alguém poderia não a amar dia após dia? – O que tanto pensa?

– No quanto meu pobre ser é sortudo de te ter ao lado.

– Aquilo que falou, que quando tem que acontecer simplesmente acontece, você me fez acreditar nisso. Eu não pude e continuo não podendo controlar essa vontade de estar perto, rompantes de sentimento nunca estiveram em minha lista, mas você me despertou, uma verdadeira louca apaixonada.

– Você disse apaixonada? – Parei o balanço e olhei para ela.

– Estou começando a ficar com medo, disse cedo demais?

– Não existe cedo ou tarde, só estou surpresa de ser recíproco o que eu sinto. Pazzo innamorato.

– Que é?

– Louca apaixonada.

– Fou de l’amour.

– Também serve muito bem.

– Apesar de não acreditar, você me invadiu.

– E você me tomou pra você. E mesmo querendo não pensar, estou sofrendo por antecipação, ainda ficarei alguns dias, mas em algum momento eu vou precisar voltar para Itália. – Vi que ela abaixou os olhos.

– Eu tenho plena consciência disso, mas estou tentando ignorar. – Suspirou. – Podemos falar apenas do agora por enquanto?

– Claro. – Pulei do balanço e a puxei colando nossos corpos, o lugar estava vazio. – Existe remédio para o vício que estou em você?

– Tem. – Me beijou várias vezes. – Alimentar o vício é o único remédio. – Ficamos abraçadas, trocando beijos, carinhos e declarações silenciosas. – Agora eu estou sentindo fome. – Olhei o relógio e faltavam vinte minutos para as duas.

– Vamos voltar pro quarto que vou pedir para entregarem o almoço que pedi.

– Será que dá tempo de um banho? – Olhei para ela que estava disfarçando.

– Banho?

– É, banho faz bem pra saúde e aqui fora está bem quente.

– Sei, mas dá tempo de fazer o que você quiser.

– Tudo o que eu quiser? – Mordeu minha orelha causando arrepios.

– Aham. – Segurou minha mão e caminhamos até o hotel, antes passei na recepção pedindo para avisar na cozinha que logo ligaria pedindo para entregar o almoço que havia pedido. – Agora vem cá, gostosa. – Joguei ela na cama, arrancando sua roupa sem menor cuidado. – Será que podemos começar o banho na cama? – Desci minha língua por sua barriga.

– Sim… sim… Podemos. – Segurei seu quadril puxando para mim, beijei e mordi a parte interna de suas coxas. – Nossa!

– Você gosta assim? – Perguntei enquanto minha língua chegava até sua virilha.

– Eu amo tudo o que faz. – Levantou seu quadril tentando um contato maior. – Por favor, não me torture tanto. – Deixei minha língua tocar seu clitóris.



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