A Ilha - Livro 1

21. A Ilha

De um total de quatro tripulantes e duas passageiras, Victoria Weber, CEO da BRASFLY e o copiloto, Antonio Marcos Silva, saíram desacordados do avião como consequência da inalação de fumaça. Além disso, a CEO luxou o tornozelo ao ser resgatada. Martina Ferret, a Diretora de Segurança da empresa, além de ter um corte profundo na sobrancelha, sofreu escoriações nos braços e hematomas no corpo. As vítimas foram tratadas no local e levadas ao Hospital de Magalhães Lemos e não se tem notícias de seus estados de saúde.”

Vanessa olhava a TV sem esboçar qualquer reação, como se ainda não tivesse acordado. O apartamento em Botafogo era mediano, estilo anos 80. Quando a reportagem mostrou imagens do avião e das vítimas sendo socorridas, levou as mãos a boca e recuando pegou o telefone para ligar para Lucy.

A menina estava na cozinha com Thomas, no apartamento de Martina, e sua única reação foi desesperar-se e chorar. Thomas a enlaçou num abraço forte e fechou os olhos sentindo seu rosto queimar de nervosismo.

Maximiano continuou na cama de Osmund por alguns minutos, esperando o garoto que foi ao toalete e nunca voltava. Aquele primeiro dia do ano tinha sido uma descoberta e tanto para ele. Após Victoria partir, todos, menos Vanessa, foram para a praia terminar a noite e Maximiano acabou ficando com Osmund.

Ao perceber que o garoto não voltava, foi até a sala do apartamento e encontrou Vanessa nos braços do irmão, mas não escutou nenhum choro vindo da parte dela. Até que outra chamada apareceu na TV e ele entendeu o que tinha acontecido. Ao ver as imagens sentiu um incomodo no estômago, levando-o a se sentar no sofá.

― Max, precisamos formalizar um documento que a Vic deixou, mas tem que ser na BRASFLY.

O diretor não entendeu o que ela quis dizer, mas concordou com a cabeça, olhando para o relógio na parede.

Na última noite Vanessa havia anestesiado seus pensamentos e sentimentos completamente. O seu amor estava onde desejava estar, com Martina. Ela só não esperava que elas se envolvessem em um acidente. Isso era demais para acreditar.

Logicamente, não havia nada que ela pudesse fazer por elas senão assumir logo o cargo de CEO substituta e dar todo o suporte necessário.

Naquela madrugada havia passado um tempo considerável no apartamento de Victoria, digerindo a carga que carregava por tê-la qual objeto de desejo, suprema admiração e lealdade.

Foi até seu closet, cheirou suas roupas, tateou por seus perfumes, passou-os em seu corpo, olhou-se no espelho cuja função era refletir a beleza da mulher que era quase a razão da sua vida. Abaixou-se ali com as mãos na cabeça em insanidade total e virou-se contrária ao reflexo, de costas para o espelho, mordendo o braço, tentando fugir de uma dor que não ia embora. Não havia tempo, espaço nem coordenadas, apenas a figura dela, o gosto de seu beijo, a forma de seu corpo que suas digitais recordavam tocar e a suavidade da pele printados na sua memória.

Agora o amor de sua vida estava entre a vida e a morte, num país distante e não havia nada que ela poderia fazer. 



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