A Ilha - Livro 1

22. A Ilha

― Do que precisas, Martina?

Martina já estava há uma hora naquele hospital, medicada, presa ao leito, sem qualquer notícia de Victoria.

― De notícias da Victoria. Por que não me dizem como ela está?

― Precisas descansar. Está tudo sobre controle. Estão a cuidar bem dela. Ela está sedada, inalou muita fumaça. Estão a fazer exames para saber até que ponto a fumaça nos pulmões a agrediu.

A enfermeira tinha uma expressão firme e dócil.

― Eu prometi a ela que a tiraria bem do avião.

― E fizestes isso. Não te culpes.

A enfermeira era estranhamente compreensiva às preocupações de sua paciente, que inspirava cuidados, mas parecia estar nova em folha.

― Eu me culpo sim. Se algo acontecer com ela eu nunca irei me perdoar. Não consigo pensar em outra coisa.

― Escuta. Após os exames ela irá para a ala de tratamento intensivo. Posso arranjar uma visita.

Os olhos de Martina brilharam com a ideia de ver Victoria.

― Eu prometo que nunca mais te peço nada… ― Martina olhou o crachá da enfermeira procurando por seu nome. ― Manuela.

A enfermeira deu um sorriso, piscou um olho para a ruiva e saiu elegantemente. Ela era estranhamente jovem.

Após algumas horas Martina levantou-se sem dificuldades, com a ajuda de Manuela e seguiu para o corredor da ala intensiva. O hospital era estranhamente silencioso e calmo. A enfermeira deixou-a na recepção e depois retornou e a chamou da porta com um gesto.

― Antes de entrar tens de vestir-se.

Ela apontou para um balcão com a roupa e as palamentas que Martina teria de por.

A ruiva se vestiu e seguiu com a enfermeira. A ala de tratamento era aberta com biombos dividindo cada paciente. Martina ficou nervosa de escutar tantos aparelhos de monitoramento ligados ao mesmo tempo e tentou não olhar os estados dos que ali estavam.

Pararam na frente de um leito como os outros, ao fundo da sala. Havia dois médicos junto de Victoria que parecia estar com os olhos abertos.

Eles olhavam exames do pulmão e cochichavam algo entre si e escreviam várias coisas nas fichas da CEO. Ao ver Manuela e Martina, os dois olharam estranhamente para a enfermeira. Quando saíram, Manuela os acompanhou para explicar quem Martina era.

Martina recostou-se ao lado de Victoria, que estava entubada e recheada de fios passando por cima de si. Seu olhar não era de dor. Ao vê-la acordada sentiu seu coração pular de alegria, embora parte dela estivesse genuinamente assustada com tantos fios.

― Você vai ficar bem, você é forte.

Martina tocou sua mão esquerda e acariciava seu braço.

Ao perceber que os olhos de Martina começaram a lacrimejar, Victoria levou a mão ao rosto da ruiva, passando pelo curativo na testa dela.

― Isso não foi nada, não se preocupe.

― Victoria preocupava-se muito com Martina. O momento que ela bateu a cabeça depois do avião tocar a pista foram momentos de pavor que ela ainda guardava fresco na memória.

Martina alcançou a mão de Victoria e trouxe para seus lábios, as beijando suavemente como se pudesse curá-la.

― Eu te amo. ― Victoria sussurrou no que pôde.

Martina não achava que tal coisa seria possível. Não imaginava que o que retornou a ela com tanta força nos últimos dias era sentido também pela CEO. Achou que ela poderia estar delirando. Beijou a mão de Victoria com paixão e desejou profundamente sua melhora acima de qualquer coisa que desejasse.

― Martina, temos de ir.

― Manuela apareceu e a chamou suavemente e deixou que se despedissem.

Martina disse que sim com a cabeça e virou-se para Victoria que estava com os olhos fechados, respirando tranquilamente.

― Eu também te amo. ― A ruiva sussurrou e saiu dali como se estivesse deixando parte de si para trás.



Notas:



O que achou deste história?

2 Respostas para 22. A Ilha

Deixe uma resposta

© 2015- 2020 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.