A Magia do Amor

12. Sob o luar

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Sob o luar
 

Já era alta noite, Daniel dormia e Maysa estava no terraço. A loira namorava o luar enquanto brincava com a ametista fundida com a pedra da lua entre os dedos.

 

– Hum, será que a pedra da lua tem mesmo essa cor? __ sorriu. – Quem diria, Eva casada com a prima de Agatha, agora quero ver se ela continuará me evitando. Fala sério, foi ela quem quase me beijou. __ riu novamente enquanto lembrava de como Agatha havia ficado nervosa quando a viu mais cedo.

 

Maysa já nem lembrava mais de como era abordar uma mulher que reagisse com tamanho pudor a ponto de corar a face. As mulheres com quem saíra nos últimos anos não eram nem um pouco tímidas, nem ficavam com olhar confuso e tinham rápidas alterações de respiração. Também não ofereciam perigo… o perigo do coração dela se apaixonar.

 

– Ai ai, Maysa… você ainda é romântica, se sente atraída por mulheres que combinam com rosas e luar! __ gargalhou de si mesma, e então avistou Agatha, engoliu o riso no mesmo instante.

 

Agatha estava no jardim, caminhava sob a luz da lua, dentro de um singelo vestido azul escuro, os cabelos estavam soltos e bailavam com o vento. E Maysa acreditou que a ouviu cantarolar, enquanto cortava algumas flores e guardava dentro de um cesto. Saiu do terraço, desceu as escadas e logo alcançou o jardim. Agatha realmente cantarolava algo.

 

– Ainda não consigo entender você!

 

Agatha levantou a cabeça rapidamente e não viu nada mais que uma sombra, junto à cerca das flores. Então aquela sombra entrou em seu jardim e transformou-se em mulher.  Seu coração disparou algumas vezes antes de ser acalmado aos poucos.

 

– Você me assustou, Maysa!

– Desculpa… __ talvez fosse pelo luar ou pelas flores, mas Agatha parecia ainda mais linda, mais misteriosa. – Estava trabalhando, olhei pela janela e vi você. Não é um pouco tarde para colher flores?

– A lua essa noite está particularmente mais linda! Achei que você soubesse que qualquer coisa colhida sob a lua cheia possui um certo encantamento e poder.

– Você realmente acredita nessas coisas?

– Sim!

 

O vento esvoaçou mais uma vez os cabelos de Agatha, e Maysa aproximou-se, estendeu a mão os tocou, colocando-os atrás da orelha dela. Quando seus olhos caíram nos olhos de Agatha, viu o sorriso que eles expressavam dar lugar a um brilho que lhe fez o sangue correr com maior violência.

 

– Acho que você deveria voltar para casa. Daniel está sozinho!

– Ele está dormindo. __ Maysa ousou aproximar-se mais um pouco, ainda tinha sua mão nos cabelos de Agatha. – As janelas… as janelas estão abertas, se ele chamar, eu ouvirei.

– Está tarde! __ Agatha reunia o que ainda tinha de forças para falar enquanto segurava o cesto com certa força. – Eu preciso…

 

Maysa não deixou que ela terminasse a frase, pegou o cesto com delicadeza e a colocou sobre a grama. – Eu também preciso…. __ afastou alguns fios do cabelo de Agatha que ainda insistiam em fugir. – Pensei que você soubesse que, quando uma mulher reencontra a única pessoa que ela realmente amou com todas as forças, passeando pelo jardim sob a luz da lua e flutuando pelas flores, ela tem o dever de beijá-la.

 

Como ímã e metal, um corpo chamou pelo outro, uma boca pedia pela outra.

Maysa sentiu Agatha derreter-se e a acolheu em seus braços, voltando a cair naqueles olhos negros que ganhara ainda mais brilho e neles havia todas as permissões que Maysa buscara.

 

E como abelha que é atraída pelas flores em busca do mel, a boca de Maysa fora atraída para a de Agatha. Um leve roçar de lábios, um gesto familiar e toda uma explosão de sentimentos foi o que Maysa sentiu ao mergulhar naquela boca, que se abria para recebe-la, para acolher a língua que ansiava começar um bailado com a outra, enquanto o perfume das flores as envolvia, deixando tudo ainda mais sedutor e até mesmo romântico.

 

Um beijo que Maysa acreditara que seria calmo, mas que instantaneamente se tornou desesperado e faminto; havia saudades, havia um desejo que nem mesmo elas poderiam prever. Não houve espaço para racionalidade diante das sensações que Agatha lhe provocava. Mesmo quando os pulmões imploraram por ar, Maysa não conseguia se afastar, sentiu medo de que aquele momento fosse apenas um devaneio e que Agatha desaparecesse feito fumaça, sentiu medo de soltá-la e nunca mais se sentir tão completa como naquele instante.

 

Agatha estava atônita, fosse pelas recordações que o beijo trouxera, pela urgência que nem mesmo ela imaginava que tinha dentro de si. Fosse pelas suas próprias necessidades, ou pelo ecoar arrebatador do desejo de Maysa, talvez, a mistura de ambos, o resultado era a entrega.

 

As mãos de Agatha deslizaram pelo rosto de Maysa, pelos longos cabelos cor de sol e ali prendeu sua mão. Seu corpo tremulo pelo desejo, aconchegara-se ao de Maysa, o pressionando, e ainda no beijo, em um murmuro quase inaudível, gemeu o nome dela. E Maysa ouviu…

 

Ouviu através das sensações que trocavam. Ouviu aquele resquício de voz rouca. Seria ela ou Agatha quem tremia? Não saberia dizer quem estava mais abalada, e os pulmões ainda reclamavam, queriam o ar, fazendo com que Maysa se afastasse devagar, com cuidado, com olhos fechados e sentindo o coração pulsar como se uma nova vida lhe fosse ofertada.

 

Quando Maysa abriu os olhos, a morena lhe esperava com o mesmo brilho no olhar. Agatha se encontrava naqueles olhos de verde-mar… tão intensos, tão reveladores. Ahh, os olhos que são a janela da alma, onde residem todas as verdades que carregamos no coração. E a verdade que Agatha conseguia ver de forma tão clara, era de que aquela mulher a sua frente ainda a amava.

 

– Ah, Maysa…

– Não… __ Maysa não queria que qualquer palavra errada pudesse acabar com aquele momento.  E por Deus, ela precisava se recuperar, caso contrário, não tinha dúvidas de que engoliria Agatha por inteira.

 

Agatha, tentando acalmar todas aquelas emoções que sentia, lhe beijou os olhos. Olhos quais ela sempre fora apaixonada. Beijou o nariz, as bochechas, o queixo. E os lábios encontraram-se novamente, dando lugar para um beijo calmo e demorado, destruindo todas as defesas, todos os pensamentos. Sentiu as mãos de Maysa apertar-lhe o corpo, instantaneamente seus dentes fisgaram o lábio inferior da loira.

 

– Aiii!

– Desculpa, não quis machucar você…

– Agatha, você não me machucou, me deixou foi atordoada!

– Preciso ser sincera com você, Maysa. Ainda não sei lidar muito bem com tudo isso que acabei de sentir.

-Bem… __ Maysa acolheu ainda mais a morena em seus braços, como quem quer apenas proteger e dizer que tudo vai ficar bem, mas nem mesmo ela saberia dizer em como tudo aquilo poderia terminar. – Somos duas. __sorriu e suspirou. – Mas, confesso que se não fosse por Daniel, não voltaria para casa sozinha.

– Se não fosse pelo Daniel, talvez eu lhe convidasse para ficar comigo esta noite. __ respirou fundo, Agatha ainda tentava obter algum controle, mas era apenas as suas emoções que falavam. – Você seria a primeira mulher que… que entraria na minha casa nesse sentido. __ corou.

 

Maysa estava surpresa, não pela revelação de que seria a primeira mulher com quem Agatha poderia ter alguma intimidade, mas, com o fato dela anunciar aquele desejo, algo que a loira acreditava ser apenas seu, mas na verdade era mútuo.

 

– Você fica ainda mais linda quando a timidez te pega de jeito!

– Engraçadinha… não foi exatamente a timidez quem me pegou de jeito, dona Maysa! __ suspirou, sentia-se menos tensa. – Agora, acho melhor eu entrar e você também.

– Ah, não. Agatha, não acabe com esse momento. Não se preocupe, nada vai acontecer antes que você esteja pronta. Apenas, vamos ficar mais um pouco aqui, a noite está linda e seria um sacrilégio não admirar essa lua, não admirar você.

– Maysa, não fala com essa voz no meu ouvido…

– Por que?

– Porq… porque… humm! __ Agatha puxou a loira pela nuca e a beijou.

 

Créditos musicais:

Somente Eu e Você – Ivete Sangalo (https://youtu.be/DUFjAxPKrNg)



Notas:



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3 Respostas para 12. Sob o luar

  1. UAU, realmente esse momento foi incrível, por mais que seja algo que nós leitores estávamos esperando já, aconteceu naturalmente e foi demais, porque não foi só um beijo e pronto, elas não planejaram detalhadamente, só aconteceu, no momento certo, quando ambas estavam confortáveis e entregue para isso, tem como se apaixonar mais por Thaysa?
    Cidinha.

  2. Foi tão perfeito o beijo, eu só me surpreendendo mais ainda com essa história e com você Afrodite, meu Deus, você só melhora cada vez mais, suas histórias são as melhores pode ter certeza… AAAAAAAAAAAH

    • (Fiquei tímida!)
      Todo mundo, seja personagem ou seja um ser real, merece momentos de magia. Ainda que sejam só momentos.
      Beijinho, amada

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