A Magia do Amor

13. “Mas eu me mordo de ciúmes”

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“Mas eu me mordo de ciúmes”
 

É verdade que o sono demorou para chegar, mas naquela noite não houve viradas de um lado para o outro da cama, Maysa ficara imóvel. Viu a escuridão dar lugar aos pequenos raios de sol que começavam a refletir através de uma das janelas de seu quarto. Ainda sentia impregnado em suas narinas o cheiro das flores que só não era mais envolvente que o de Agatha, essa ficara parte da madrugada deitada em seus braços e sorrindo para as estrelas, fazendo o gramado de cama. E aqueles beijos, suspirou. Beijar Agatha, foi como se a sua alma tivesse sido libertada do corpo e flutuado. O desejo e a doçura dos beijos que trocaram ainda causava reações em seu corpo.

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

– Mamãe! Mamãe!!!

– Meu Deus, Dan! A casa está pegando fogo?! __ Maysa quase deu um pulo da cama.

– Não, mas é que você não acordava. Eu fiz o café da manhã!

– Oi? Você fez o que? __ assustou-se ao imaginar a bagunça que o pequeno deveria ter feito na cozinha junto com o Tapioca, sem contar no perigo.

– Café da manhã! Coloquei o suco nos copos, lavei as frutas e fui comprar pão com a Agatha.

 

Ao ouvir o nome da morena, Maysa terminou de pular da cama. Com certeza o seu coração estava prestes a sair pela boca.

 

– Ela está aqui?

– Não mamãe, ela veio aqui, mas você estava dormindo. Aí eu disse que queria fazer o café da manhã, mas não tinha pão e então ela me levou na padaria.

 

Maysa jogou-se na cama outra vez, teve a certeza de que o filho estava tentando testar seu coração.

 

– Faz muito tempo que você acordou?

– Um tempo bem grande, você hoje está de preguicinha. Eu já deixei o Tapioca sair, e dei comida para ele, também troquei a água. Eu me vesti sozinho, olha minha blusa do Homem de Ferro, foi a vovó Margarida que me deu. Escovei os dentes e assisti os desenhos todinhos.

– Uau, você fez bastante coisas.

– E ainda deixei você dormir.

 

Maysa gargalhou e puxou o filho para um ataque surpresa de cocegas.

 

– Mamãe, para! Para! Você já venceu, você é mais forte! Socorro! Tapioca…

– Você desiste, filho?

– Desisto! Desisto! __ aos gritos e gargalhadas.

– Então, vamos tomar café da manhã. Me espera? Eu não vou demorar, eu juro que vai ser um banho rápido.

– Bem rápido, estou com fome. Mas, quero tomar café com você.

– Sim, senhor Daniel. __ prestou continência e o pequeno sorriu.

 

Maysa cumpriu com o que prometera, tomou um banho rápido. Tentou não pensar muito nos acontecimentos da noite anterior, porque sua mente entraria em parafuso, mas uma coisa era certa, ela queria a Agatha, e por esse querer seria capaz de qualquer coisa. Sabia que estava indo mais uma vez contra as suas próprias promessas, mas naquela madrugada percebeu que Agatha não lhe era indiferente e isso já era um bom começo.

 

Desceu as escadas ainda secando os cabelos, precisou lavá-los, afinal, ainda tinha vestígios de terra, grama e flores nele. Encontrou Daniel na cozinha, o pequeno estava bastante concentrado em passar geleia nas torradas. Ela aproveitou para preparar o seu café forte e chocolate quente para o filho.

 

– Mamãe, posso ir na casa da Agatha depois que o namorado dela for embora?

– Namorado?

– Sim, ele a abraçou bem forte e até deu um beijo.

– Nam… namorado?! __ houve certa raiva ao pronunciar aquela palavra.

– Que foi, mamãe?

– Nada, o café estava muito quente! __ abraço apertado? Beijo? Preciso ver esse patife! Ridículo isso, Agatha… porque não me falou que tinha alguém? – O que acha de irmos agora? Ela não disse que te ensinaria a adestrar o Tapioca? Hoje pode ser o melhor dia para fazer isso.

– Não vamos terminar o café, mamãe?

– Desculpa, filhote. Vamos depois do café!

 

Mas é claro que a loira não conseguiu terminar de tomar o seu café da manhã, seus pensamentos fervilhavam, e ela apenas esperava ansiosa para que Daniel terminasse o desjejum. – O que ela está pensando? Acha que vai me beijar daquela forma, quase me fazendo explodir com toda aquela paixão e na manhã seguinte cair nos braços de um qualquer? Ah, ela não vai mesmo.

 

– Pronto, mamãe. Vamos logo, vamos ver a Agatha.

– Uhum…

 

Pegando mais uma fatia de torradas, Daniel saiu quase que como um foguete, e Tapioca como sempre, o seguindo. Maysa demorou mais um pouco, retirou a mesa do café, lavou a louça e saiu a passos curtos. Respirava fundo, queria transparecer serenidade. Quando chegou ao cercado das flores, o filho já tinha engatando uma conversa animada com Agatha e o homem desconhecido. Ele era alto, cabelos pretos e barba bem-feita. A pele estava bronzeada, vestido de forma casual, dentro de uma camisa preta e calça jeans, porém muito elegante. Elegante e bonito, a loira não podia negar esse fato, embora desejasse. Deixou que um suspiro mais longo e aborrecido escapasse ao vê-lo enlaçar a morena pela cintura. – Puta que pariu! Puta-Que-Pariu! Era só o que me faltava! De onde que apareceu esse “Zé Roela”?

A loira estava com o corpo em chamas, e era de raiva, os olhos até ganharam um tom mais escuro e de brilho perigoso, tudo consequência do ciúme inesperado.

 

– Bom dia! __ fez-se notar, ficando mais próxima do cercado. Agatha sentiu o rosto esquentar com aquele olhar que a vizinha lhe direcionava.

– Bom dia…

– Tudo bem? __ Maysa aproveitou para olhar melhor o homem ao lado de Agatha. – Não pretendíamos incomodar você, ainda mais que está com visitas!

– Não, está tudo bem. Eu… __ Agatha até achou divertido ao reconhecer aquelas expressões. E apesar de ter gostado de ver a loira com ciúmes, optou por consertar o mal-entendido. – Maysa, esse é o meu primo Lucas, irmão de Alana. Primo, essa é a minha vizinha e mãe do Daniel.

– Primo? __ Maysa falou perdendo a postura rígida que tinha segundos atrás.

– Isso mesmo, belezinha. E ainda bem que a Thata fez logo as apresentações, confesso que fiquei com medo de perder meu pescoço agora. __ Lucas sorriu e estendeu a mão para Maysa. Cumprimentaram-se.

– Ele é dono da fazenda, mamãe.

– Ah, você é o que casou a pouco tempo, certo? __ Maysa queria urgentemente um lugar para poder enfiar o rosto, minto, o corpo todo.

– Sim! E por falar nisso, eu preciso ir. __ virou-se para Agatha. – Estava com saudades de você, mas vejo que está em boa companhia. Agora, sou eu quem preciso ir para os braços da minha amada.

– Pelos deuses, Lucas. Você é péssimo fazendo essas declarações. __ riram.

– Eu posso ver os animais da sua fazenda?

– É claro que sim, amigão! __ Lucas abaixou-se para bagunçar os cabelos de Daniel. – Combine com sua mãe e peça para Agatha os levarem, será divertido.

– Te levarei até o carro. __ Agatha voltou-se para Maysa. – Você espera?

– Ah, não posso, tenho que fazer o almoço. Nos falamos mais tarde, pode ser?

– Tudo bem. __ sorriu.

 

Maysa pegou Daniel no colo, despediu-se, e voltou para casa querendo morrer pela vergonha que sentia, ela estava pronta para fazer aquele rapaz para sair correndo dali.

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

– Muito danadinha você! Fiquei fora por algumas semanas, e veja o que você faz? Tira um amor do passado do fundo baú.

– Não seja ridículo, Lucas. Você se lembra dela?

– Como alguém esqueceria aqueles olhos, ou aquela boca? Eu até era afim dela, mas quando percebi que ela só era afim de você, eu nem investi.

– A única explicação plausível para isso, é a de que nossa família tem um defeito nos genes quando se trata da Maysa. __ gargalharam.

– Por que diz isso?

– Alana a acha gostosa, mas não lembrou dela de imediato.

– Minha irmã só tem uma boa memória para as coisas que dizem respeito à Eva, quanto ao resto do mundo, pode ser apresentado para ela mil vezes, e ela vai achar lindo ou feio, como se fosse a primeira vez que estivesse vendo aquilo. Mas me diga, até que ponto vocês estão envolvidas?

– Ora Lucas, meta-se com a sua vida. Vai logo embora, vai ver sua Olívia, se bem que ela deve estar dando graças aos deuses por estar livre de você, mesmo que por minutos.

– Você está bastante sorridente hoje. Aí tem coisa, mas não se preocupe, eu e Alana voltaremos, e vamos arrancar todas as informações de você.

– Lucas, eu amo você! Agora, tchau, vai cuidar da sua vida.

– Você é minha vida, sua boba!

 

Créditos musicais:

Desculpe o Auê – Luiza Possi (https://youtu.be/CEvYcX-vUlo)



Notas:



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2 Respostas para 13. “Mas eu me mordo de ciúmes”

  1. Amei o capítulo! ❤️❤️
    Essas duas juntas são muito fofas.
    Eu vou pegar o Daniel pra mim, AhAhAhAh ele é muito fofinho meu Deus do céu, queria muito morder ele :/ <3
    Socorro, Maysa não sabe nem disfarçar o ciúmes, rir horrores, ela com ciúmes é muito fofa. sksksks
    Vai ser ótimo ver a Agatha com ciúmes também, hummmmmm?
    Até mais minha Afrodite bruxinha, beijos ^^
    Cidinha.

    • kkkkkkkkkkkk’
      Acho que o Daniel ia te olhar sapeca e dizer que para mordê-lo, você teria que o pegar. Rssssss’
      Beijinho, Cid

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