A Magia do Amor

22. Confissões

22

Confissões

 

Aquele prazer sentido era muito mais completo e maior do que poderia se imaginar, a morena soluçava o nome da loira enquanto o seu quadril movia-se de encontro a mão de Maysa. O beijo foi quente e sedento, e a mão de Agatha desceu pelo corpo da loira, buscando seu ponto de prazer. O gemido de Maysa ecoou pelo ambiente ao sentir o toque tímido, porém, firme a lhe acariciar.

 

Toque a toque, beijo a beijo, entre carícias que mesclavam suavidade e avidez, elas dançavam em um ritmo único, Maysa a invadia, preenchendo-a, levando-a ao ápice do prazer. O grito da morena alcançou todos os cômodos da casa, e com o corpo sorvido pelo arrebatamento daquela entrega, Maysa deixou-se mergulhar o rosto entre o ombro e o pescoço de Agatha e permitiu-se segui-la naquele ato final.

 

“Era prazer? Era.

Mas era mais que prazer. Era alegria.

A diferença? O prazer só existe no momento.

A alegria é aquilo que existe só pela lembrança.

O prazer é único, não se repete. Aquele que foi, já foi.

Outro será outro. Mas a alegria se repete sempre.

Basta lembrar.” – Rubem Alves

 

A loira via o movimento das luzes na parede, sentia o coração da outra acalmar-se aos poucos, um sorriso enfeitava seus lábios e na mente tratava de repassar todas as imagens do que se deu minutos atrás. Agatha permanecia abraçada a loira.

 

Maysa nem sabia se podia acreditar que tal momento era real, era tolice achar isso, pensou. Afinal, já tivera em outros braços antes, mais que isso, ela já havia feito amor e ainda assim, o que acontecera entre ela e Agatha, era mais do que qualquer coisa que já experimentara ou esperava. Não havia explicações ou palavras que pudessem definir toda aquela plenitude que viveram ali. Em silencio, a loira se perguntava se Agatha tinha noção de como tudo havia mudado, para ambas, naquela manhã.

 

– Agatha… você está bem? __ a morena balançou a cabeça negativamente, o que deixou a loira preocupada. Maysa apoiou-se sobre os cotovelos, na tentativa de remover o peso do seu corpo de cima da morena. Agatha abriu os olhos devagar e sorriu.

– Bem não pode ser uma palavra usada nesse momento. __ a voz era falha, baixa e enrouquecida. – Preciso de uma palavra que defina estar nos céus, por Afrodite… por Baco, em nome de todos os deuses, você é maravilhosa. __ o sorriso ficou largo e os olhos fecharam-se. – O que acabou de nos acontecer foi a coisa mais linda de toda a minha vida, Maysa.

– Que susto… __ a loira sorriu enquanto afastava os cabelos do rosto. – Não está arrependida?

– Você acha que pareço com alguém que se sente arrependida de algo?

– Não mesmo! __ sem pressa e com carinho, a loira beijou os lábios da amada. – Na verdade, você até me parece bastante segura de si.

– Estou me sentindo assim. __ e espreguiçou-se, a loira ajeitou-se do seu lado, e puxou a morena para abrigar-se em seu ombro. Agatha sorriu

– O que foi?

– Bom, digamos que este é o presente mais exclusivo que já ganhei.

– E com a vantagem de poder usufruí-lo sempre que desejar. __ riu.

– Hum… o que torna tudo ainda melhor. __ encarou Maysa, os olhos brilhavam. Sorriu ao pensar que se realmente fosse usufruir do seu presente sempre que desejasse, era provável que não saíssem mais daquele quarto.

– Confesso que sempre desejei fazer isso, mas nunca, nem nos meus melhores sonhos ou pensamentos, imaginei que seria algo assim… tão mágico?

– Nem eu poderia imaginar que me sentiria tão viva como estou me sentindo agora. __ Agatha fez um carinho leve no rosto da loira e desejou que aquele momento petrificasse, que ficassem para todo o sempre ali, abraçadas e aquecidas sob a luz do sol que inundava o quarto.

– Isso vai mudar tudo, Agatha.

– Discordo, acredito que agora, tudo está finalmente como sempre deveria ter estado. Apesar de eu acreditar e saber que tudo tem seu tempo, seu momento exato para acontecer. __ a morena saiu do conforto dos braços de Maysa e sentou-se na cama, seus olhos revelavam receio e confusão. – Não estou tentando justificar como agi no passado, você era a minha melhora amiga, e eu fui cruel com você. Sei que minhas palavras pesaram e…

– Agatha, deixa isso no passado.

– Não posso, Maysa. Há mês, eu ainda estava me perguntando o que havia acontecido contigo, então um garotinho curioso invade meu jardim e descubro que a mãe dele é você! Sabe, naquele ano, eu não consegui ficar as férias toda aqui, eu voltei para o nosso apartamento, e você já não estava lá. Quando voltaram as aulas, fui na unidade que você estudava e ninguém sabia mais de você… depois disso, todas as férias, feriados e finais de semana que eu podia, aprecia aqui de surpresa, só para ver se existia a possibilidade de você estar morando com seus pais, mas nem mesmo eles sabiam me dar notícias concretas de você.

– Quer dizer que você me procurou?

– Sim! Eu precisava te ver, saber como você estava, te pedir desculpas. Talvez, fosse mais por egoísmo da minha parte, já que eu não conseguia esquecer o beijo que você havia me dado, e essa era a parte boa, porém, as palavras que eu usei em seguida, elas me atormentavam, quero dizer, ainda me atormentam.

– Foi a pior e a melhores férias da minha vida. Apesar do resultado ter sido completamente diferente do que eu gostaria, já havia aberto o jogo para você. Estava livre para me aceitar e não precisava mais esconder meus sentimentos. Mas eu sabia que ia conseguir continuar convivendo contigo, não depois daquele beijo. E é verdade, suas palavras me feriram muito, eu senti muita raiva de você, usei aquelas férias para te esquecer e no final delas, eu continuava te amando. Antes das aulas começar eu cancelei minha matrícula, já havia decido recomeçar, alguns meses depois fui embora para São Paulo, vivi tudo que precisava viver, senti tudo que eu acreditava ser possível sentir, até amei, não da forma como sentia por você, mas amei, porém eu traia esse amor, porque por mais feliz que eu estivesse ao lado dela, ainda pensava em você. Na verdade, eu não deixei de te amar. Acontece que, eu nunca pensei que iria te rever… imaginava que você havia se tornado uma grande médica, assim como o seus pais e que estivesse morando com eles no Canadá. E para minha surpresa, você mora aqui e cultiva flores! __ suspirou e sorriu. – Meu Deus, é a imagem mais linda que tenho nos finais de tarde, quando saio da minha mesa de trabalho para buscar o Dan no colégio, e você está no seu jardim, regando suas plantas ou cuidando delas de alguma forma. É uma visão simples, porém carregada de beleza. __ a loira sentou-se, ficando frente a frente com Agatha. – Então, quando falo que tudo vai mudar. Não faço referências ao passado, ao que já foi dito. E sim, ao presente e ao futuro. Pois, se não fosse o passado, eu não teria o Dan, eu não pensaria em voltar a morar aqui para dar maior qualidade de vida para ele, se não fosse o passado, você não teria vivido suas experiências de vida, tenho certeza que algumas delas também te ajudaram a se sentir segura e pronta para viver o que nos aconteceu minutos atrás… __ sorriu arteira. – Bem aqui… nessa cama. É claro que quero te contar tudo, e também quero saber por quais caminhos você andou. Mas, tratando-se de nós, eu só preciso que você saiba, que aquelas palavras não conseguiram pesar mais que o amor, eu preciso que você saiba… que eu nunca esqueci de você. __ a loira encontrou um sorriso nos olhos da morena, se sentiu em paz. – E preciso lhe explicar uma coisa, ou melhor, lhe informar.

– Hum, o que? __ o brilho nos olhos de Maysa, fez com que o coração de Agatha pulasse de felicidade e se permitiu ficar envolta naquela paz que a loira lhe dava.

– É que… eu não sou mais aquela garota de dez anos atrás. Tenho um filho, tenho uma vida profissional, até respeitável. __ riu. – Estou tentando dizer que, eu quero que você faça parte da minha vida. Quero estar contigo, e não apenas em momentos assim…

– Maysa… eu já faço parte da sua vida. E, você nunca deixou de fazer parte da minha. __ a morena acreditou que aquela seria uma boa hora para contar sobre a passagem de Roberto em sua vida e os estragos que ele lhe fez, o quanto ela morria de medo de embarcar novamente em uma relação e ter o mesmo resultado. A loira notou que o semblante da morena se modificou de forma súbita.

– Hum, o que houve?

– Não, nada. __ a morena decidiu voltar atrás em seu pensamento, falar de Roberto naquele momento, seria azedar um dia que estava tão gostoso quanto chá de maçã e canela com gotas de limão e açúcar mascavo. Abraçou a loira. – Nada. Agora, é apenas nós duas.

 

Agatha sentiu como se estivesse ocultando um segredo, apesar de ter consciência que Roberto já não significava mais nada, não contar que houve a existência dele em sua vida lhe pareceu errado. Mas, acreditava que ao menos naquele momento, ele não precisava ser mencionado. Maysa acreditou que aquela mudança de comportamento, deu-se porque ela estava apressando-se novamente. Se recriminou mentalmente, afinal, o que já estava esperando? Que Agatha gritasse que a ama e fosse querer um relacionamento só porque acabaram de fazer amor? – Nossa, fazer amor. É exatamente isso que acabamos de fazer… amor.

 

– Iremos devagar, não se preocupe. Como havia prometido, saberei respeitar o teu tempo. Mas, uma coisa eu te aviso, se aparecer alguma pessoa na porta da tua casa pedindo uma xícara de gotinhas de chocolate ou lhe trazendo presentes…

– Eu coloco para correr daqui! __ a morena fez aquele abraço ficar mais apertado. – Não há e nem quero mais ninguém além de você. Você me faz feliz, Maysa. __ beijou-a o pescoço, e sentiu quase que automaticamente a loira arrepiar-se.

– Você nem tem ideia do quanto posso te fazer ainda mais feliz! __ riram.

– Ah, é?

– Opa, não é o que você está pensando. __ a loira mordiscou o lábio. – Ainda não. __ sorriu, balançando a cabeça e deixando escapulir um suspiro. – Eu estava pensando em lhe preparar um delicioso almoço, enquanto você fica aqui, descansando e me esperando. E depois… só depois, é que eu servirei a sobremesa que você tanto quer, e que podemos passar a tarde toda provando essa sobremesa. __ gargalharam, e logo a loira viu o quanto Agatha ficou com a face corada, porém, com os olhos brilhando.

– Hum… __ a ideia era ótima, ainda mais tendo consciência que a loira cozinhava maravilhosamente bem, mas ao lembrar do quanto Maysa bagunçava a cozinha, a morena sabia que ia ter muito trabalho depois para organizar tudo. – Vamos fazer o contrário, eu cozinho dessa vez e você fica me esperando.

– Mas, é o seu aniversário!

– Por isso mesmo… lembra? Hoje posso fazer tudo o que eu desejar, incluindo, fazer um almoço para nós duas!

– Agat… __ não houve tempo para a loira contestar, a morena a beijou, antes de escapulir para fora da cama. – Prometo que não demoro!

 

Maysa sorriu, vencida ou melhor, convencida. Acomodou-se na cama, ouviu o barulho da água correndo no banheiro, e sorriu ao pensar em como seria passar todo o dia naquela cama. Agatha amarrava o robe enquanto descia as escadas, pensando em como o amor realmente fazia maravilhas. Seu riso foi quase uma gargalhada de satisfação e felicidade. Haviam os riscos, os medos, os questionamentos, mas ela queria viver aquilo, queria correr cada risco… e o dia estava tão maravilhoso!

 

A morena cantarolava, como de costume, mas naquele dia não era tão baixinho e a música parecia alegre. Pensou em fazer algo bem leve, e que pudesse ser acompanhado com aquele vinho, produzido na fazenda do primo. Estava distraída em seus pensamentos, não parecia caminhar pela cozinha e sim, flutuar!

 

– Ela ainda nem está vestida! __ Alana exclamou, enquanto abria a porta da cozinha. – Eu disse a vocês…

 

Agatha de susto, virou-se. Não era apenas Alana quem adentrava pela sua cozinha, mas toda a comitiva: Eva, Olívia e Lucas.

 

– Não ouvi vocês chegarem!

– Claro, deveria está ocupada demais consigo mesma, e babando nos presentes dos seus pais. Eles falaram que você nem ligou! __ foi a vez de Lucas fazer o comentário, e esperava sua vez para abraçar a prima.

– Então, o que eles te deram? __ perguntou Alana, já pegando as taças, enquanto Eva abria o vinho.

– Depois eu mostro, eu ia ligar para eles, mas…. __ sentiu a face esquentar, lembrou-se da loira esperando em seu quarto. – Eu, é … preciso me vestir.

– Não precisa ir vestir-se por nossa causa. __ Alana encheu as taças. – Vocês estão percebendo que a Thata está radiante?

– Eu notei isso também! __ foi a vez de Olívia se pronunciar. – O que houve, hein?

– Certo, obrigada! Mas, eu preciso mesmo trocar esse robe e volto para brindarmos! __ ela precisa mesmo avisar a loira que não estavam mais sozinhas.

– Agatha, eu mudei de ideia! __ o som da voz de Maysa chegando na cozinha fez com que todos ficassem em silêncio. – Por que nós não… __ de roupão, cabelos soltos e bagunçado, descalça e sorriso maroto, a loira entrou na cozinha.

– Opsss! __ claro que Alana não ia deixar isso passar sem falar nada.

 

Eva observou a amiga e apenas sorriu. Assim como Olívia que preferiu se abster do comentário que por muito pouco não fez.

 

– Fazendo uma visitinha à sua vizinha, é? Espero que tenha dado um bom presente de aniversário a ela! __ declarou Lucas, com um sorriso malicioso nos lábios.

– Aí amor, fica quieto! __ Olívia falou entre os dentes e dando um beliscão no marido.

– Eu acho é que se tivéssemos vindo no horário que você disse, teríamos interrompido… __ Alana falou no ouvido de Lucas, mas obviamente que não tão baixo, já que todos ouviram.

 

Agatha olhou furiosa para os primos, o que fez com que eles parassem imediatamente de rirem. Voltou-se para Maysa, com olhar de pedido de desculpas por aquele momento.

 

– Eles são sem graça mesmo. Vieram me fazer uma festinha e parecem achar graça no fato de eu ter uma vida particular, que por sinal… __ olhou sobre o ombro. – Não é da conta de nenhum deles.

– Nem ligamos mais, ela sempre fica chata quando é obrigada a sair da cama! __ Alana foi provocativa. – Cunhadinha, pega outra taça, por favor?

– Eu já peguei! __ sorrindo, Olívia adiantou-se para que Alana colocasse o vinho na taça e entregou para a loira.

– Certo…. __ depois de tudo que ouvira, e percebendo o quanto Agatha estava nervosa e tímida, a loira suspirou. Era evidente que os planos para a tarde haviam mudado e a melhor coisa a fazer era dançar conforme a música. – Alguém trouxe comida?

 

Agatha já estava acostumada com a falta de noção dos primos, acostumada demais para ficar nervosa ou tímida em demasia, sem contar que estava muito feliz e não tinha tempo para perder com mau-humor. O que a preocupava era Maysa, teve muito receio de que aquela invasão familiar deixasse a loira desconfortável, mas para a sua surpresa, Maysa se mostrou muito disposta a interagir e parecia estar bastante à vontade.



Notas:



O que achou deste história?

2 Respostas para 22. Confissões

  1. Mohine, tô apaixonada por sua história!

    Amei esse capítulo em especial, pq finalmente Agatha se permitiu! O simbolismo do dia do aniversário foi muito legal!

    Confesso que amosou aquele serzinho chamado Daniel! Ele é um fofo!

    Parabéns!

    Bjãooo

    • Oi, Pregui…
      Então, eu amei o fato de você ter sentido essa entrega da Agatha.
      E eu sou suspeita para falar do Daniel, porque eu sou apaixonada por esse menino. Rsss’
      Obrigada pelo carinho, e seja sempre bem vinda!
      Beijos.

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