A Magia do Amor

26. A dança das borboletas

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A dança das borboletas

 

Quando parou com o carro em frente de casa, Maysa perguntava-se como ia fazer para levar os dois para a cama. Tentou sair do carro fazendo o mínimo possível de barulho, mas Agatha despertou mesmo assim.

 

– Desculpa, não queria te acordar. Deixa só eu o levar para dentro de casa, que te acompanho.

– Estou bem. __ ainda sonolenta, Agatha saiu do carro. – Vou te ajudar. __ pegou alguns dos brinquedos de Daniel que estavam no carro. E sorriu ao prestar mais atenção na fantasia que o pequeno vestia. – Uma excelente imitação de bruxinho.

– Ou era essa ou o Capitão América, e concordamos que o Capitão não combina muito com a noite das bruxas. __ Maysa pegou o pequeno no colo. – E ele adorou quando seu tio disse que precisava dos poderes dele para ajudá-lo em uma mágica.

– Ele fez o truque do lenço, né? Ele adora fazer isso. __ ria, enquanto acompanhava a loira para dentro de casa.

– Hã, pode deixar esses brinquedos por aí mesmo. Quer uma bebida?

– Óh não, obrigada. __ Agatha colocou os brinquedos no sofá. – Mas, eu gostaria e muito de um chá. Posso preparar enquanto você leva o Daniel para a cama?

– À vontade. Não vou demorar.

 

Maysa colocou o filho na cama, tirou a fantasia de bruxo que o pequeno usava e colocou o pijama, ficou alguns segundo a observar com certo eto em como Daniel estava crescendo. Franziu o cenho ao pensar que não tardaria para ter um adolescente em casa, em seguida balançou a cabeça tentando afastar tais pensamentos.

 

– Eu realmente não estou pronta para ver o Dan virando um adolescente… __ Maysa falava, quando entrava na cozinha. – Só de pensar ni… __ calou-se e sorriu.

 

A água caia dentro da chaleira, as canecas estavam postas sobre a mesa, e as ervas esperando. Agatha estava sentada, com a cabeça apoiada nos braços que estavam sobre o recosto da cadeira, dormia profundamente.

 

Maysa ponderou alguns minutos, mas acabou permitindo-se admirar aquela mulher, a pele parecia pálida, talvez, fosse pelo cansaço. Os cabelos caiam pelos ombros, os lábios rosados, estavam levemente entreabertos. A loira até sentiu um arrepio, ao lembrar de quão macios eram aqueles lábios.

 

– Meu amor, isso tudo é uma loucura. Veja só o que estamos fazendo conosco, será que isso dará mesmo certo? Espero que sim. Por Deus, como você é linda! __ tocou os cabelos da morena, deixando-se levar pelo impulso. Pensou em como seria divino acordar ao lado daquela mulher todos os dias. – O que faço com você, hein? __ afastou-se, e fechou a torneira. Voltou seu olhar para a morena e a admirou por mais alguns segundos.

 

Com a mesma delicadeza que usava com o filho, Maysa conseguiu ajeitar Agatha em seu colo, a morena estava tão acalentada nos braços de Morfeu que permaneceu inerte e relaxada. A loira mordia forte o lábio inferior diante das borboletas que dançavam hip hop em seu estômago. Conseguiu subir as escadas com certa dificuldade e deitou Agatha em sua cama.

 

– Minha morena, você não imagina o quanto é fascinante te ver aqui…. __ foi um sussurro, um fio de voz, enquanto retirava os sapatos da outra. A cobriu, e sorriu ao ver Agatha suspirar e acomodar-se um pouco mais na cama, agarrando-se ao travesseiro da loira.

 

Maysa depositou um beijo na testa da morena. – Bons sonhos.

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

Estava por amanhecer, alguns raios de sol teimavam em sobressaltar no horizonte, o mar ensaiava agitação.

 

Vestindo seu pijama de Sherlock Holmes, Daniel entrou no quarto da mãe, queria lhe contar o sonho que teve.

 

O pequeno arrastou-se pela cama, aconchegou-se junto a ela, e só então notou os cabelos negros, não era a sua mãe e sim a Agatha quem estava ali. Ficou fascinado e sorriu arteiro, enroscou-se mais um pouco e ficou brincando com os cabelos da morena. Ainda nos braços de Morfeu, Agatha murmurou alguma coisa e acolheu o pequeno em seu colo ensaiando um cafune que logo perdera o ritmo, fazendo com que ela caísse novamente em sono profundo. Para Daniel, aquela era uma nova experiência, sensações estranhas; o cheiro era diferente, a textura era diferente, as cores também eram diferentes, mesmo assim não chorou assustado, ao contrário, sentiu-se protegido e amado, por isso rendeu-se encostando a cabeça no colo de Agatha, e adormeceu.

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

O sol já se fazia majestoso, embora o dia estivesse manhoso. O mar estava agitado, o barulho das ondas rebentando-se nas rochas, era alto e forte. As gaivotas cantavam em revolta pelo mar não lhes ter deixado tomar o café da manhã. O cheiro da maresia estava por todos os lugares, percorrendo e entrando por qualquer lacuna que encontrasse.

 

Agatha abriu os olhos devagar, olhou para o pequeno que dormia ao seu lado. Sentiu-se um pouco desnorteada, fechou os olhos novamente, suspirou, voltou seu olhar outra vez para Daniel, depois, observou o quarto. Constatou que se tratava do quarto de Maysa, manteve o pequeno aninhado em seu colo, enquanto tentava recordar o que acontecera. Sorriu com a chegada dos gêmeos, suspirou ao relembrar em como a prima era louquinha, aquele pedido em cima da hora para ter os filhos em casa, claro que ela já esperava por isso, Alana adorava ressaltar sobre as tradições e grandes feitos da família, porque logo com ela seria diferente? Agradeceu novamente aos deuses por tudo ter ocorrido bem. Recordou do quanto estava cansada, de como Maysa foi paciente em espera-la, ah sim, a última coisa que lembrava: havia sentado após colocar a chaleira para encher, mas o cansaço… e como estava cansada, precisava fechar os olhos e relaxar só por um instante e, acabara adormecendo. Mas, aonde estava a loira?

 

Virou a cabeça e fitou o outro lado da cama, vazio… não sabia se o suspiro era de alivio ou de decepção. Talvez, não fosse a coisa mais certa a se fazer, mas, seria tão divino ter dormido acolhida nos braços da loira, da mesma forma que Daniel estava aconchegado nos seus. Olhou para a criança e viu aqueles olhos curiosos, brilhando e analisando-a.

 

– Eu tive um sonho.

– É mesmo?

– Sim, o Tapioca voava e voava no céu, ele comia todas as nuvens de algodão doce, mas ele não me deu nem um pedacinho. __ a voz ainda estava embargada por preguiça matinal. Agatha sorriu, e beijou a testa do pequeno. Desejou ter aquilo todos os dias, só faltava o sorriso da loira para tornar seu despertar ainda mais mágico. – Vim contar para a mamãe, mas você que estava aqui. Você vai dormir para sempre na cama da mamãe?

– Não sei… acredito que pegamos no sono e sua teve que nos trazer para a cama. __ aquele terreno era muito perigoso, e haviam promessas feitas em segredo de não falar ou fazer nada que bagunçasse os sentimentos daquele pequeno, a maneira que não viesse o machucar posteriormente.

– Você poderia dormir sempre com a mamãe aqui, já que ela dorme sozinha. Eu tenho o Tapioca que dorme comigo. O Aquiles dorme com você ou com a Duda?

– Às vezes comigo, às vezes com a Duda… __ suspirou aliviada pela mudança de assunto. – Eles devem estar achando que os abandonei. Perguntando-se: onde será que ela está? __ tentou fazer uma voz aguda e engraçada, que levou a criança imaginar um gato e uma coruja falantes.

– Olha, tenho certeza que eles sabem aonde você está! __ declarou a loira, encostada na porta. Estava apenas com um blusão, os cabelos soltos e desgrenhados, dava até um ar selvagem a loira, que não deixou de notar o olhar da morena subir e descer, analisando o que via. Sorriu.

 

Aquiles enroscava-se nas pernas de Maysa e Duda entrou no quarto dando um voo rasante. – Eles são espertos, devem ter pensando que a sequestrei. Seu gato ficou arranhando a porta da cozinha, e a coruja piando. Só sossegaram quando abri a porta e os deixei entrar.

 

Agatha afastou os cabelos do rosto enquanto se sentava. O gato correu em sua direção e deitou-se sobre seus pés, queria carinho e assim o teve. Duda já estava pousada em seu ombro.

 

– Desculpa, dei mais trabalho do que pretendia.

– Não precisa pedir desculpas. __ a loira piscava algumas vezes, tentando fazer com que as borboletas parassem de se remexer em seu estomago. A impressão é que naquele instante, elas estavam dançando break, como definir o que sentira ao ver a morena deitada em sua cama, abraçada ao seu filho, ouvindo com paciência o pequeno contar sobre os seus sonhos e tendo jogo de cintura ao responder suas perguntas. Foi tirada dos seus pensamentos com os miados de lamento do gato.

– Pobrezinho, ele está com fome. Posso descer e dar comida para ele? __ Daniel já escorregava da cama, antes mesmo de ter uma resposta positiva.

– É claro! Se você quiser pos… __ antes de Agatha terminar a frase, o pequeno já estava abraçado as pernas da mãe desejando bom dia e chamando por Aquiles e Duda, que o seguiram sem pensar duas vezes.

 

Ainda hesitante, Maysa sentou-se na beirada da cama, sorriu com a empolgação com a qual o filho descia as escadas para dar comida ao gato.

 

– É … o Dan deve ter acordado você, desculpa.

– Ele não me acordou, na verdade, sou eu quem peço desculpas por tudo isso. Você deveria ter me acordado.

– Você estava tão cansada. __ a loira estendeu a mão e fez um leve carinho na face da morena. – Divinamente linda e completamente exausta.

– Não é tão simples ajudar bebês a nascerem. __ sorriu. – E aonde você dormiu?

– Sofá. __ a loira fez uma careta de dor, massageando o pescoço. – Comprar uma cama digna e colocar no quarto de hóspedes é minha nova prioridade. __ sorriu.

 

Institivamente, a morena pressionou as mãos na nuca da loira e começou uma massagem com o intuito de aliviar a dor. Pressionou um pouco a parte tensa, e ouviu um gemido contido da loira.

 

– Suas mãos são incríveis!

– Você poderia ter me colocado para dormir no sofá. Do jeito que estava, não iria sentir a diferença entre uma cama tão confortável e um sofá desconfortável.

– É que eu queria vê-la na minha cama. __ a loira sentiu as mãos da morena vacilar. Sorriu, constatando que suas palavras causaram alguma reação. Virou e a fitou, mergulhou naquele mar negro de brilho misterioso, que eram os olhos de Agatha. – Queria muito mesmo que estivesse na minha cama. __ puxou o rosto da morena com delicadeza, acabando com a distância dos corpos.  – E ainda quero! __ declarou.

 

Foi um piscar de olhos, e a morena sentia os lábios da loira sobre os seus, urgentes, sem tanta delicadeza. Tinham fome e sede. Agatha sentiu o arrepiar de forma tão intensa, e o seu corpo alarmou-se em excitação quando a loira a fez com que se deitasse na cama.

 

– Ma… Maysa…

– Por favor… __ o tom era rouco e desesperado. – Preciso ao menos de um minuto com você.

 

Tomou a boca da morena em um beijo exigente, acariciou o seio sobre o tecido fino da blusa amassada. Passeou os dedos por todo o corpo de Agatha, reconhecendo lugares, os lábios travavam uma luta prazerosa, em meio a alguns gemidos. O corpo da loira ardia em desejo, pressionando-se sobre a outra, almejando possui-la com desespero e sem delicadezas.

 

– Agatha, você me enlouquece… __ Maysa espalhou beijos no pescoço, antes de abraçar a morena. – Quanto tempo demora para se dar comigo a um gato?

– Infelizmente não o suficiente. __ deixando escapar uma gargalhada, a morena pousou as mãos no ombro da loira. – Infelizmente.

– Receava essa resposta. __ Maysa sentou na cama, ainda segurava Agatha pelos braços, ajudando-a a levantar. – Eu quero te perguntar algo. __ ficou um tanto apreensiva.

– Hum?

– Bom, o Dan foi convidado para dormir na casa de um amiguinho e ele quer muito ir. Se eu permitir que ele vá, você viria dormir aqui?

– Sim! __ Agatha até etou-se com a velocidade na qual respondeu, mas a quem estava tentando enganar, queria estar ali tanto quanto Maysa deseja.

– Então estamos combinadas! __ sorriu.



Notas:



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2 Respostas para 26. A dança das borboletas

  1. O relacionamento delas esta crescendo! Mas Agatha não vai se controlar por muito tempo e nem deve! vai falar a verdade para Maysa ai eu quero vê.

    Beijos
    MAscoty

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