A Magia do Amor

29. Nada será como antes

29

Nada será como antes

 

 

Segundo Mon Liu, praticar o perdão é o ato de não guardar mágoas, de deixar para lá. Ainda de acordo com Liu, deixar para lá não significa oferecer a outra face para bater. E sim, que aquilo que passou, está no passado. Já não tem mais importância, por isso não merece um lugar no seu coração.

 

E aqui entre nós, falando de coração para coração, o perdão começa primeiro conosco. E foi justamente esse, o luxo que Agatha se deu. O ato de se perdoar, para que pudesse pedir perdão a Maysa por toda a mágoa que lhe causou. Depois de tudo que aconteceu horas atrás; na praia… debaixo do chuveiro, e antes da loira adormecer em seus braços. Não poderia continuar negando os anseios de seu coração, não poderia mais ocultar suas verdades.

 

Ainda olhava o corpo nu da outra que dormia pacificamente, não desejava acordá-la, mas as observações que fazia ao longo das curvas de Maysa a deixava inquieta. Como podia aquilo? Como podia um desejo tão lancinante e completo? Fizeram amor, sim. Foi amor. Da forma mais intensa e prazerosa que podiam, chegaram a exaustão, e ainda assim, o seu corpo mostrava sinais de excitação só em olhá-la. Ah, controle… nenhum! Posou uma das mãos sobre a cintura da loira, mordeu o lábio inferior em uma mistura de travessura e nervosismo. Ficou pensando: e se minha mão descer mais um pouco…

 

Agatha não se reconhecia, ou melhor, começava a ser apresentada a uma parte dela que por muito tempo ficou “presa”.  E nesses devaneios, não percebeu o leve suspirar de Maysa. Em um repente, a loira virou-se e abriu os olhos. Ainda estava sonolenta, mas aquele par de olhos negros brilhando em sua direção, fez com que ela deixasse o raciocínio de lado. Puxou a morena para si, pela nuca, e sentiu o corpo arrepiar.

 

Ah, Maysa sabia que jamais voltaria a ser a mesma. Não depois de ter deixado a Agatha entrar em sua vida. Não depois de ter se entregado daquela forma. Era o amor, aquele maldito/bendito amor que nunca lhe deixara.

 

Agatha a beijou como se o mundo estivesse em pausa. Precisava sentir o gosto daquele beijo da forma mais lenta e marcante que podia. Assim o fez. E sorriu ao sentir o corpo de Maysa unir-se ao seu. Uma onda de desejo lhe invadiu a alma!

 

– Agatha… __ foi um gemido, trêmulo, quase inaudível, mas um gemido carregado de pedidos e confissões.

 

A morena lhe atendeu ao apelo, surpreendeu-se ao notar que abria as pernas da outra sem cerimônia alguma. Encaixou-se. Seu sexo unia-se ao da loira, esfregando-se, movimentando-se… Sentia as unhas de Maysa passear pelas suas costas, marcando-a. Mergulhou naquele par de olhos cor de verde-mar, e com os dedos, invadiu sua amada. Ah, aquele gemido levou Agatha aos céus, até fechou os olhos por alguns segundos para ter um pouco mais daquela sensação. O corpo sob o seu movimentava-se desejoso e pedinte. Os dedos deslizavam cada vez mais, a loira arqueava o corpo e mordia os lábios deliciando-se com aquela “invasão”. Sentiu a boca da morena escorregar pelo seu corpo, começou com tímidos beijos distribuídos pelo colo até abocanhar com certa avidez um dos seios enquanto apertava, brincava, amassava o outro com os dedos.

 

Os gemidos abafados tornaram-se livres, o quadril da loira estava inquieto em um vai e vem descomunal. Logo Agatha chegou onde a loira tanto queria, beijou a pernas enquanto sentia o corpo de Maysa esquentar ainda mais, passou a língua devagar pelo sexo, pressionou, brincou. Chupou os próprios dedos enquanto olhava para a loira, o cheiro de sexo tomando conta de todo o lugar. Invadiu Maysa mais uma vez, abocanhou o sexo, chupou com força. Os gemidos ficaram mais altos, os dedos entravam e saiam com maior pressa. A loira agarrava-se aos cabelos da morena, enquanto rebelava mais rápido e gemia seu nome em uma espécie de transe.

 

O corpo de Maysa contraiu. A morena deu ainda mais intensidade as estocadas, sugava com maior vontade. A carne tremeu, a loira gritou e deixou-se levar por aquele orgasmo épico. E aos poucos, a morena sentiu a outra ir desfalecendo, relaxando… enquanto lhe lambuzava com seu néctar.

 

Seria mentira dizer que noite delas acabou ali, Agatha e Maysa se permitiram experimentar prazeres que ainda não haviam sentido. O sol já ameaçava aparecer quando elas dormiram. Olhando de fora, não daria para saber quem era quem. Pernas enlaçadas, corpos unidos, mãos entrelaçadas. Onde uma começava e a outra terminava?

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

Já estava quase perto da hora do almoço quando Agatha acordou. Maysa dormia em seus braços, parecia sorrir. A morena olhou para o relógio sobre o criado mudo, assustou-se com o horário, mas não era para menos, sentia-se como se tivesse participado de uma maratona. Olhou para os braços e sorriu com as marcas de arranhões, conferiu as marcas que também havia deixado em sua loira. Decidiu enfim acordá-la, com muitos beijinhos e abraços.

 

– Vamos, dorminhoca. Logo terá que ir buscar o Daniel.

– Hummm, deixa eu dormir mais um pouco. Só um pouquinho…

– Como é manhosa! Tudo bem. __ abraçou a loira como se a protegesse, e em meio aos carinhos que a fazia, acabou dormindo também.

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

– Estamos atrasadas! __ Maysa tentava terminar de abotoar a blusa enquanto procurava pela chave do carro. – O Dan vai achar que eu o abandonei.

– Ele não pensará isso. __ e sorria ao ver em como a outra corria de um lado para o outro.

– Como você conseguiu preparar o almoço e não vi nada. Nem mesmo ouvi barulhos na cozinha?!

– É que você se esforçou muito durante essa noite e madrugada, ficou tão cansada que poderia ter um terremoto e você não ouviria. ___ sorria ao ver a loira parar o que estava fazendo e a face ficar visivelmente vermelha.

 

Agatha caminhou até Maysa e lhe ofereceu seu sorriso mais sincero, ele estava carregado de carinho e amor. A beijou a testa, a pontinha do nariz, as bochechas. Segurou-lhe as mãos e também as beijou. Por fim, lhe beijou a boca. A intenção era de que fosse um beijo calmo, mas logo se tornou exigente.

 

Como explicar aquilo? Agatha pensava sobre o fato de nunca em sua vida imaginar que existia uma sensação tão perigosa e dominante, um prazer que lhe era despertado com um simples beijo, um simples roçar de lábios. As mãos já ameaçavam passear ansiosas pelo outro corpo, quando se recordou de que precisam ir buscar o Daniel. Afastou-se.

 

– Teremos tempo, meu bem. Teremos tempo.

– Aham. __ a loira recuperava o ar, admirada com aquela Agatha mais entregue.

– Vamos buscar o Daniel?

– Você vai também?

– Posso? __ com o sorriso que a loira lhe deu, nem precisava mais responder.

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

Daniel ainda brincava com o Enzo na área em frente a casa do amigo, quando viu o carro da mãe estacionando. Ansiou pelo abraço, embora não tivesse chorado, pensou muito na mãe durante a noite, demorou a dormir e sentiu vontade de voltar para casa. Mas, as brincadeiras com o amiguinho acabaram lhe distraindo. Porém, a vendo descer do carro, não teve o que pensar, deixou o coleguinha e correu para os braços da mãe que já se abriam para abraça-lo.

 

– Você demorou, mamãe.

– Eu sei, amor. Mas, olha quem eu trouxe comigo!

 

Agatha apareceu ao lado de Maysa, olhou curioso e feliz. Jogou-se nos braços da morena.

 

– Agatha, eu estava com saudades de você!

– Ah, meu explorador de mundos, eu também morri de saudades de você. Você está bem?

– Sim, eu e o Enzo brincamos muito. Eu fiz um desenho para você e outra para minha mãe.

– Obrigada, meu amor.

 

O pequeno escorregou para o chão e perguntou a mãe se já podia ir pegar suas coisas. E enquanto o fez, Maysa agradecia aos pais de Enzo ao tempo em que retribuía o convite para que o amigo do filho passasse uma noite lá quando assim desejasse.

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

Agatha passou o resto dia com Maysa e Daniel, almoçaram juntos e riram bastante com a forma qual o pequeno contava sobre a experiência de ter dormido fora de casa. No final da tarde, enquanto Maysa concluía o primeiro capítulo de sua nova estória, Daniel começava a adormecer nos braços de Agatha que lhe encantava com um conto sobre os povos Alfr (elfos da luz). O pequeno adormeceu e ela relutou um pouco antes de ir colocá-lo na cama. Gostava de como aquele dia estava acontecendo, fechou os olhos e desejou ter toda aquela paz para sempre.

Ainda admirava o pequeno dormir e o cão se aninhar no cantinho da cama. Só então notou que a loira a observava.

 

– Que susto!

– Desculpa, não era a minha intenção.

– Conseguiu escrever?

– Sim, pouco, mas agora eu já sei o que desejo escrever.

– Quando vai me deixar ver?

– Quando estiver pronto.

– Quanta injustiça… __ caminhou na direção da loira. – Não vai mesmo me deixar ver? __ abraçou a loira e foi caminhando para que pudessem sair do quarto do pequeno, fechou a porta atrás de si. – Nem mesmo se eu lhe der motivos para que me mostre? Tenho curiosidade em ver como se dá o seu processo de criação. __ Maysa apenas sorriu e negou com a cabeça. – Ahh, que pena para você.

– Agatha…

– Sim?

– Não considera perigoso provocar uma mulher que em sua presença não consegue ter auto controle? __ a morena sorriu provocativa e encostou os lábios em sua orelha.

– Talvez eu goste desse perigo, Maysa. __ a loira sentiu o corpo arrepiar instantaneamente. Segurou a morena pela cintura e a beijou. Um beijo ousado, dominante e demorado.

– Humm, Maysa… __ tentou afastar-se. – Eu… eu preciso ir. Está ficando tarde e ainda preciso visitar a Alana.

– Provoca e foge! Gostaria que ficasse aqui.

– Eu também gostaria de ficar, mas preciso ir.

 

Desceram as escadas de mãos dadas, era daquelas despedidas que ninguém desejar realmente ir embora. Abraços, troca de olhares e carinhos.

 

– Eu gostaria de ter isso todos os dias.

– Isso?

– Uhum, você aqui. O dia de hoje. Vem morar comigo?

– Oi?

– Vem morar comigo.

 

Agatha fez um sinal com a mão, era como se pedisse para a outra esperar um pouco. Respirou fundo, fechou novamente a porta, tentou se recuperar o ar e a postura.

 

– Morar com você?

– Sim.

– Por que? Como assim, Maysa?

– Vem morar comigo. Casa comigo. Apenas… apenas vem ficar comigo e com o Dan. Eu te amo, Agatha… é, eu te amo. E isso não é empolgação pela noite que tivemos, é só pela certeza que você é a mulher da minha vida. Nos damos bem, podemos fazer dar certo.

 

Agatha arregalou os olhos, estava pronta para muitas coisas, menos para um pedido de casamento.

 

– Então, isso é sério mesmo?!

– Uhum, só vem. O resto é detalhe…

– Como você me diz algo assim?

– Desculpa, da próxima vez eu ensaio um jeito melhor.

– Para de falar assim, a ironia não lhe cai tão bem.

 

O silencio imperou naquele instante, o coração de Agatha batia apressado, talvez fosse pular de seu peito. Um sorriso meio torto permanecia nos lábios de Maysa, mas as mãos ainda tremiam pela adrenalina. Ainda se questionava sobre a loucura que acabara de cometer, desde quando se tornou tão impulsiva. Acreditava que tinha deixado tal característica na adolescência.

 

– Então, você vem?

 

 

Crédito musical:

Olha – Maria Bethânia (https://youtu.be/tqSaNvANjxw)



Notas:



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6 Respostas para 29. Nada será como antes

  1. puta que pariu!!! que amor mais gostoso, eu juro que pude sentir cada palavra escrita… faz tantos anos que escreveu essa linda estória, eu tô pasma que não tenha conhecido antes. espero que ainda esteja escrevendo, você merece demais ser reconhecida por isso!! parabéns! ❤️

  2. Eita! Maysa esta indo rápido demais! e Agatha nao pode aceitar sem antes dizer a verdade para Maysa!

    Beijos
    Mascoty

  3. Oh meu Deus isso está acontecendo mesmo?
    OH MY GOODDDDD!! MEU PAI AMADO!!
    Sinto que a resposta da Ághata não será a que a Maysa espera…
    Que nervoso, acho que isso vai dar merda!!

    • Oi, Cid
      Será mesmo que está tudo tão traçado assim?
      Acredito que ainda terá muitos sustos e surpresas.
      Beijo, amada.

  4. Presentão de Natal! Obrigada!
    Mas, gente… Pedido de casamento assim, na lata? Quero ver a Ágatha sair dessa saia justa agora!

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