A Magia do Amor

38 – Embate e Morte

38

Embate e Morte

 

– Foi o que ela disse.

– E ela foi sozinha?

– Eu quis ir, mas ela não deixou.

– Vou avisar a Olih, não se preocupe, vamos ajuda-la.

– Eu sei, só tomem cuidado.

 

Ao desligar, Alana respirou fundo e entrou na casa sentindo o peso de todos aqueles olhares sobre ela, mas não se importou. Caminhou até o delegado e informou a descoberta da prima, assim que ouviu a notícia tratou de movimentar seus policias.

 

– Alana, o que houve? __ a loira estava ainda mais abatida.

– A Tatha descobriu para onde o Roberto levou o Daniel, e então ela foi lá busca-lo. __ fez-se alguns minutos de silencio.

– Sozinha?

– Sim.

– Ela foi sozinha se encontrar com aquele monstro? Você não deveria ter deixado.

– Eu tentei, mas estamos falando da Tatha.

– E como você pode estar tão tranquila?!

– Como eu disse, estamos falando da Tatha, e se tem alguém que pode resolver isso, é ela!

– Me diga aonde ela foi que eu irei encontrá-la.

– Não, Maysa.

– Eu não vou ficar aqui sem fazer nada, é o meu filho.

– Eu entendo o que você está passando, eu não sei o que faria se fosse… __ olhou para os filhos, um dormia em paz, alheio aos acontecimentos, e a outra, mantinha-se acordada no colo de Eva, prestando atenção a cada movimento e som que surgia. – Se fosse com eles. __ apontou para os filhos e a esposa. – Mas, é justamente por isso que precisa ficar aqui, por se tratar do seu filho. Quando o Daniel passar por aquela porta, você poderá chorar, abraça-lo e conferir cada pedacinho dele até ter a certeza de que ele está bem. O delegado já foi informado, a Olívia e o Lucas também já estão a caminho de lá. Você precisa esperar aqui, pense bem, você está tão nervosa que pode acabar deixando as coisas mais complicadas.

– Não quero perde-los, Alana. Não sei como seria a minha vida sem eles.

– Não vai perder, a Agatha jamais permitiria que você ficasse sem o Daniel.

– Mas, a que custo?

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

O antigo farol ficava localizado em uma zona inabitada da praia. Por motivos desconhecidos, os peixes simplesmente pararam de aparecer por lá e os pescadores se viram obrigados a migrar para outras áreas. Foi então que o prefeito de Cabritos em conjunto com o governo do Estado, decidiram construir um farol. Porém, aquele projeto só conseguiu gerar inúmeros acidentes e por medo, os funcionários da obra começaram a dizer que o local era amaldiçoado e se recusaram a continuar trabalhando. O projeto acabou sendo abandonado e, a notícia de que algo maligno residia ali se espalhou, poucas eram as pessoas que tinham coragem de se aventurar por àquelas bandas.

 

Seria uma noite que jamais esqueceria, pensava Agatha ao estacionar o carro uma rua antes da entrada para as imediações do velho Farol. O ar frio adentrava em seus pulmões, o vento forte trazia consigo o odor das velhas cabanas. O mar fazia-se ouvir, assim como o ranger das velhas embarcações. A maré parecia aumentar cada vez mais e logo chegaria ao casebre, ela precisava agir com precisão e rapidez. Mas, sabia que aquele encontro não seria fácil.

 

No casebre, Daniel só fechava os olhos quando o barulho do vento se fazia ainda mais violento, a madeira ressoava forte e alto o deixando em alerta, olhava para o homem que dormia como se nada estivesse acontecendo, enquanto as ondas no mar pareciam bater em algo e seu som era ameaçador. Olhou para as pernas ainda amarradas, e pensou que se ele ao menos conseguisse levantar, poderia aproveitar para fugir. A rajada de vento seguinte fez com que a porta abrisse. O pequeno então arriscou-se, rastejando-se com pressa e torcendo para que não fosse descoberto tentou alcançar a saída. Daniel estava muito próximo da porta quando ouviu um barulho atrás de si. Sentiu as mãos de Roberto o levantar, virando-o, e fazendo com que o encarasse.

 

– O que eu te disse? __ desatou o pano que impedia o pequeno de falar. – Vamos, o que eu te disse? __ Daniel se recusou a responder. – Olha só, temos um pirralho corajoso aqui.

– Eu não sou um pirralho.

– Ele fala! __ foi irônico, mas o riso desapareceu dando lugar ao olhar ameaçador. – Te disse que se você tentasse fugir outra vez, nunca mais veria a sua mãe. Portanto, seu pirralho, você nunca mais verá sua mãe e a culpa é sua, que não soube se comportar.

 

Mantinha Daniel erguido no ar, não gostava de crianças, mas aquele lhe parecia bastante esperto. Talvez, ele pudesse mudar o plano, ao invés de matar aquele garoto, simplesmente o levaria consigo. Teria tempo de fazer o pirralho esquecer da mãe, o ensinaria seus truques. Faria dele, o filho que Agatha não conseguiu lhe dar, sem contar que crianças sempre funcionavam como uma boa vantagem quando se tratava de amolecer os corações alheios.

 

– Solta ele, Roberto. __ Agatha finalmente havia encontrado o casebre. – Dan, estou aqui.

– Agatha, você veio! __ e o sorriso voltou a surgir naquela face infantil. – Eu sabia que você viria.

– Sim, meu amor. Vou te tirar daqui, tá? __ ao que Roberto gargalhou e soltou Daniel.

 

Ao cair, o pequeno bateu com a cabeça, o que fez com que ele perdesse a consciência. E talvez, fosse realmente melhor estar desacordado ao invés de tornar-se testemunha dos acontecimentos seguintes.

 

– Você não deveria prometer o que não pode cumprir. Mas, admito que a subestimei, não pensei que me encontraria. Cadê a cavalaria?

– Somos apenas eu e você. __ olhou para o pequeno, tentando conferir se ao menos fisicamente ele estava bem. – Você passou de todos os limites. Sequestrar uma criança, Roberto?

– Você me levou a isso. __ aproximou-se dela. – Eu te avisei tanto. Era tão simples, Agatha! __ esmurrou o pilar de madeira. – E o que você fez? Me deu ouvidos? Não, claro que não. Preferiu ficar para cima e para baixo com aquela loira sem graça, esfregando toda a sua felicidade nojenta na minha cara. __ a morena apenas ouvia. Ouvia e observava o lugar, procurava as alternativas de fugas, não haviam muitas. Teria que esperar o momento certo para poder sair dali, ou pelo menos garantir que Daniel sairia. – O que ela fez? Usou algum dos seus feitiços contra você? Porque até onde eu me lembro, você não gostava de mulher.

– Roberto, deixa o Daniel ir e eu fico com você.

– Você acha mesmo que isso importa agora? Acha mesmo que vou deixar vocês irem? Eu quero que ela sofra. __ segurou os cabelos de Agatha, fazendo com que ela deixasse escapar uma expressão de dor. – Eu quero que você viva sabendo a dor que causou nela.

 

Amar? Não, ele nunca a amou. Agatha lhe era como um bilhete premiado de loteria, e embora ela tivesse perdido seus dons de adivinhação, ele sabia que cedo ou tarde ela acabaria os recuperando e ainda que não recuperasse ela sempre seria a principal herdeira dos Márquez. Roberto sempre planejou voltar para a vida da morena, tinha consciência do poder que exercia sobre ela e na hora certa, usaria aquilo a seu favor. Amar… é, ele realmente não a amava, mas na penumbra daquele lugar, com o barulho do mar e o clarão da lua invadindo o casebre pelas lacunas espalhadas nas paredes, alguns feixes de luz esbarravam no rosto da morena lhe dando um ar tão místico e sexy, que ele sentiu necessidade de beija-la.

 

– Não! Nem ouse.

– Por que? Houve um tempo que você implorava por um beijo meu.

– Infelizmente esse é um passado que não posso renegar, mas que já superei. __ sentiu a pressão no cabelo aumentar, mas daquela vez manteve a expressão indiferente.

– Sabe do que você está precisando? Ser domesticada novamente.

– Então é isso que eu fui para você? Um animal que precisava ser domesticado?

– Agatha, você se lembra da primeira vez que nos vimos? O que poderia te diferenciar de um bicho selvagem? Você estava com tanta raiva e, acreditava saber sobre tudo e que conhecia as pessoas ao seu redor, mas não passava de uma garotinha assustada por ter algo que muita gente gostaria de possuir. __ a forma desdenhosa como Roberto se referia a morena, fazia com que os olhos de Agatha ganhassem um tom sombrio e nada convidativo. – Fraca, você sempre foi uma fraca. Sempre teve medo de usar seus dons. Acompanhei você, te observei ao longo desses anos, e o que você fez? Viveu aprisionada ao passado, chorando a morte de um filho que você não teve capacidade de manter, e todas as vezes em que surgiram oportunidades para demostrar sua força, você recuou.

 

Não estaria sendo louca ao afirmar que foi como se Agatha tivesse ganhado mais alguns centímetros de altura, e que todo o seu poder emanava em forma de energia quase que visível. Roberto assustou-se, dando alguns passos para trás, soltando seus cabelos e sentindo a fúria daquele olhar. O tapa direcionado ao rosto do homem foi forte, ela deseja feri-lo, assim como estava ferida. Não houve palavras, ela continuou a avançar, no pensamento a certeza de ter acreditado em um falso amor, a certeza de ter sido usada desde o primeiro momento em que seu destino cruzou com o de Roberto. Pela primeira vez estava disposta a sucumbir ao gosto amargo que aquele sentimento de ira lhe trazia, e não havia ninguém que pudesse lhe impedir.

 

– Deveria ter deixado meus primos destruírem você quando tiverem a oportunidade! Eu mesma deveria ter destruído você. __ Roberto conseguiu deter aquele novo golpe, segurando-a pelos pulsos.

– Você não faria isso. __ e sorriu. – Sua raiva é por ainda me amar.

– Não, minha raiva é por um dia ter acreditado que aquela doença que eu tinha era amor.

 

Possivelmente, era a primeira vez que Agatha olhava Roberto despedida de qualquer sentimento de amor ou compaixão. Sentiu o ardor no rosto ao ser golpeada por ele, mas não se deu por vencida, a adaga que escondia no bolso interno do casaco passou a ornamentar sua mão. Sentiu certa satisfação ao ver Roberto arregalar os olhos, estava mais que disposta a avança. Não tinha mais medo de arriscar tudo, porém, ao ouvir o gemido fraco e manhoso de Daniel que começava a recobrar a consciência, ela hesitou.

 

Daniel, o garotinho curioso de sorriso arteiro, que mesmo sabendo ir para a casa da vizinha pela porta da frente, preferia cortar caminho passando pelo cercado das flores. Esse menino, dos olhos cor de madeira envernizada, o pequeno explorador de mundos, ainda que sem querer ou saber, resgatou os sentimentos e instintos que Agatha havia trancafiado à sete chaves. Por maior que fosse a sua fúria, por mais que desejasse exterminar o Roberto da face da terra, o sentimento que conseguia se fazer maior que a dor, era o de proteção. Naquele instante, ela não era uma bruxa poderosa sequer uma mulher capaz de ceifar a vida de outro ser, ela, simplesmente era, tão mãe de Daniel quanto Maysa, e sua prioridade era leva-lo para casa.

 

Foi nesse pequeno momento de distração, onde a água do mar já começava a avançar pelo casebre, onde o furor vingativo sedia para o amor maternal, que Agatha sentiu seu corpo tombar. Mais um golpe de Roberto, não tão eficaz, já que ela conseguiu o levar consigo para o chão, e naquela disputa pela adaga, qual parecia que Roberto tinha a vantagem, eles ouviram o som das sirenes e do ronco de motores distante. A morena conseguiu cravar a lâmina na perna de Roberto, que recuou. Ela, com um pouco de esforço conseguiu levantar e pegar Daniel, o colocou no colo com cuidado e apressou-se para sair daquele lugar.

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

Agatha conseguiu sair do casebre sem ser perseguida por Roberto, pelo menos não de imediato. E, embora desejasse parar e cortar aquelas amarrar que ainda estavam em Daniel, sabia que não poderia vacilar. Caminhava com dificuldade, e como não queria alertar Roberto sobre sua chegada, havia estacionado o carro há uma certa distância. Olhou para trás mais uma vez e viu a figura do homem seguindo em sua direção, ele havia conseguido retirar a adaga, estava com ela em mãos. A morena começou a temer por sua vida e pela vida da criança que estava em seus braços.

 

Pela terra que é o corpo dEla. Pelo ar que é o sopro dEla. Pelo fogo que é o espírito dEla, e pela água do seu útero condescendente e vivo. Nessa noite brilhante de Lua cheia peço que nos proteja e abençoe. Envie-nos teus Pequeninos Guardiões, seres de Luz infinita. Que de dia nos trazem paz e à noite os dons da magia. Que teus Invisíveis Guardiões se façam presentes, protejam-nos. Protejam os quatro cantos de nossas almas, protejam os quatro cantos dos nossos corações, protejam os quatro cantos de nosso corpo. ___ Agatha continuava a caminhar, mas tudo parecia se tornar ainda mais pesado, os golpes que Roberto lhe deflagrou começavam a cobrar-lhe e ela sentia o corpo querer ceder. Podia ouvir os risos e xingamentos que ele gritava, a voz rouca e sombria parecia chegar cada vez mais perto. Ela rogava, seu corpo precisava resistir, só mais um pouco, só até chegar ao carro, até entregar Daniel à Maysa. – Grande Mãe, ouça meu chamado, por favor, me atenda! Grande Ártemis, caçadora implacável, aquela que acolhe todos os indefesos e mulheres perdidas, atenda o meu chamado, me dê forças para continuar. Freya, senhora tão brilhante como o sol, feroz e amorosa, por favor, bela guerreira, proteja-nos. Morrigan, atenda o meu chamado, dei-me tuas três faces; dê-me a visão, dê-me uma espada e asas, dê-me a coragem, permaneça comigo e ajude-me a nos defender se for necessário. __ a morena sentiu o peso daquela mão sobre o seu ombro, mas não se desesperou ou se questionar quanto ao abandono dos deuses, ela não. Não faria isso, manteve-se firme em sua crença, e mesmo quando Roberto a fez cair pela segunda vez, a única coisa que lhe passou pela cabeça foi proteger Daniel com o seu corpo.

 

– Inanna! Senhora brilhante e benevolente. Senhora celeste do amor, aquela que sai vitoriosa dos infernos, não me abandone. Pois, sei que seria capaz de enfrentar os meus medos, só preciso permanecer na fé.

– Agatha… __ e sorria debochado. – Acha mesmo que seus deuses podem te ouvir daqui? __ ela o ignorou, mesmo quando seu chute se fez mais forte contra suas costelas.

–  HEKATE MÃE! Senhora das três faces, eu chamo por aquela que cuida dos filhos. Eu chamo por aquela que cuida do choro, aquela que acolhe com carinho. Hekate, eu te chamo em tua face de mãe, me cobre com o teu manto, não estou bem…

– Não está mesmo, espero que esteja pronta para se despedir desse mundo.

– Eu aceito as tuas decisões, e aguardo com toda a fé. Grande Mãe, deusa que habita dentro de mim, afasta cada sombra da minha vida. Que teu nome e teu poder, sejam o meu nome e o meu poder. Pela terra que é o corpo dEla. Pelo ar que é o sopro dEla. Pelo fogo que é o espírito dEla, e pela água do seu útero condescendente e vivo. Nessa noite brilhante de Lua cheia peço que nos proteja e abençoe. Envie-nos teus Pequeninos Guardiões, seres de Luz infinita. Que de dia nos trazem paz e à noite os dons da magia. Que teus Invisíveis Guardiões se façam presentes, protejam-nos. Protejam os quatro cantos de nossas almas, protejam os quatro cantos dos nossos corações, protejam os quatro cantos de nosso corpo.

– Tola, acha que irão vir socorrer você?

– Você tem dúvidas, seu lixo?! __ não saberia dizer de onde Lucas surgiu, mas o soco foi certeiro, fazendo com que Roberto caísse sentando na areia.

– Agatha?! Olívia, ajuda a Agatha, tira ela daqui! Seu miserável, o que você fez com ela, hein?! __ e pariu para cima de Roberto, que embora tivesse se mostrado muito habilidoso em ameaçar crianças e bater em mulheres, naquele momento sequer conseguia reagir aos socos ou pelo menos se defender.

 

Olívia ajudou Agatha a se levantar, fez-se de apoio para a morena que mantinha Daniel em seu colo como se guardasse a mais preciosa das joias. Devagar, com esforço e algumas paradas para respirar, elas chegaram aonde Agatha havia estacionado o carro. Olívia havia pegado a adaga da morena que Roberto deixou cair quando Lucas o acertou e finalmente cortou as amarras de Daniel. O pequeno foi recobrando a consciência aos poucos, seguindo a voz da morena que chamava seu nome de forma afetuosa.

 

As três viaturas pararam de um lado e Lucas caminhava do outro, ambos seguiam em direção a morena, a criança que já contava para Agatha tudo que ocorreu e a ruiva que cuidava deles.

 

– Lucas, o que você fez com o Roberto?

– Ele ainda está vivo, se é isso que você quer saber. Que ideia foi essa de vir sozinha?

– Você sabe que eu não iria ficar lá, esperando…

– Eu sei. Ainda bem que chegamos há tempo.

– Nunca duvidei de que chegariam.

– Delegado, o senhor e seus homens podem encontrar o Roberto lá na areia. Ele está um pouco machucado, porém, vivo. Vou levar minha esposa, prima e esse garotão aqui para casa. __ o delegado apenas assentiu e voltou-se para seus policiais dando ordem de que fossem dar voz de prisão ao sequestrador.

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

O carro parou em frente a casa de Maysa, e a loira que nem era dada a orações, naquele momento encontrava-se no quarto de Daniel, segurava um porta-retratos com a fotografia do filho e pedia a deus, deuses ou quem quer que estivesse no comando, para que protegesse, para que nada acontecesse com seus amores. Tapioca e Aquiles lhe faziam companhia, e ao contrário do habitual, daquela vez eles estavam quietos, aguardavam também ansiosos o retorno do pequeno, na janela, Duda continuava de prontidão. Assim que viu sua dona saltar do carro, ouriçou as penas, alertando os outros animais que logo trataram de fazer festa, despertando Maysa daquele momento, fazendo com que ela corresse para a janela. Ao ver a morena colocar Daniel no colo, ela não soube mais pensar, apenas agradecia. Saiu correndo do quarto, desceu as escadas pulando os degraus, passou pela sala feito um raio, chamado a atenção de Eva e Alana que também estavam aguardando. Abriu a porta e ali estavam, Daniel e Agatha.

 

– Mamãe! __ e os olhos da loira encheram-se de lagrimas, o pequeno jogou-se em seu colo e o abraço foi o mais forte, mais protetor e mais carinhoso de todos. – Mamãe, eu estava com saudades.

– Eu também, meu amor. __ e mais choro. – Obrigada, Agatha. Obrigada por trazê-lo de volta. Vem, nos abraça também. __ a morena deixou-se envolver, e apesar de ter sentido doer o corpo com aquele abraço apertado, ela estava feliz.

 

Então, aquilo que era ter uma família… pensou Agatha.

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

Os policias chegaram aonde Lucas disse que Roberto estaria, e só encontraram vestígios de uma briga. Havia um pequeno rastro de sangue que aparentemente dava na direção das obras inacabadas do Farol, já era alta noite, a lua brilhava deslumbrante no céu.

 

– Vamos, rapazes. Precisamos prender esse bandido.

– Senhor, desculpe, mas o pessoal não está querendo seguir para o Farol há essas horas. Ainda mais em uma noite de lua cheia.

– Ora, não me digam que estão com medo de lendas? Por favor, vocês são homens da lei, e se aparecer uma assombração, saquem essa arma que está no coldre e matem-na. Ou vocês acham que essa arma é de brinquedo?

– Mas, senhor…

– Sem mais, cabo Rebouças.

 

E foi então que, ainda assustados, o pequeno grupo de cinco policias seguiram para o Farol, antes mesmo que alcançassem a velha estrutura, viram o homem cambaleando, em uma tentativa de correr.

 

– Pare! Pare! Você está preso, não tem para onde correr.

 

Roberto não estava disposto a se entregar, é verdade que seus planos não deram certo, mas se conseguisse fugir, poderia tentar novamente e não cometeria os mesmos erros. Com dificuldade, conseguiu abrir a porta que dava acesso a parte interna da obra. Entrou e tratou de colocar um pedaço ferro para que impedisse os policias de entrar.

 

– AQUELE DESGRAÇADO ACABOU COMIGO! ELE VAI ME PAGAR. __ ficaria escondido ali e assim que as feridas aparentassem melhora, iria em busca de uma nova vingança.  – AHHHHH, MALDITOS MÁRQUEZ. MALDITA AGATHA E SEUS DEUSES! POIS QUERIA VER UM DE VOCÊS APARECER AQUI, PARA VER SE EU NÃO ACABARIA COM A RAÇA DE VOCÊS. MALDITOS! MIL VEZES MAL… __ o homem pisou em falso enquanto subia para o topo do fosso fazendo com que seu corpo caísse por quase uns vinte metros de profundidade e encontra-se com as vigas de ferro.

 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *

 

Maysa conferia cada pedacinho do filho, precisava ter certeza de que nada estava faltando. A loira ainda estava assustada, e quanto mais observava os hematomas da morena, mais desejava estar apenas tendo um pesadelo.

 

– Maysa…

– Espero que o Lucas tenha deixado ele bem pior.

– Com certeza deixou. Eu…

– Você?

– Quero conversar contigo, mas não agora. Vou para casa, preciso tomar um banho, trocar essa roupa e fazer uns curativos.

– Agatha?

– Sim?

– Acha mesmo que vou deixar você ir? Agora que o Daniel dormiu, é minha vez de cuidar de você. __ aproximou-se da morena e a abraçou com cuidado. – Obrigada. Não vou me cansar de agradecer. Obrigada por trazer o Dan de volta.



Notas:



O que achou deste história?

Deixe uma resposta

© 2015- 2018 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.