Cheguei em casa mais tarde do que imaginava, tinha me enrolado fazendo as coisas com a minha mãe. Passei pela Joana na sala e achei ela meio estranha, mas não dei muita importância e fui até meu quarto, ela disse que a Dulce já estava em casa.

– Oi amor. – fui até ela lhe dando um beijo, ela estava sentada na cama e retribuiu mas achei ela meio estranha- Tudo bem? – a olhei nos olhos.

– Aham. E você? – ela forçou um sorriso.

– Também. – sorri também, podia ser impressão minha que ela forçou o sorriso- Acabei me atrasando lá com a minha mãe, desculpa….- falei me levantando e tirando meu relógio, brinco e essas coisas.

Percebi o silêncio e quando voltei a olhar ela estava olhando pra baixo. Ela estava bem estranha….

– Tem certeza que está tudo bem, amor? – voltei a me aproximar dela, me inclinei meio deitada na cama, tocando na perna dela. Então ela me olhou.

– Por que você trancou a porta? – a olhei sem entender.

– Que porta, amor? – ela apenas me olhou, eu já sabia mas queria que ela falasse pois eu podia estar errada.

– Você sabe. A Lupita me falou que você quem trancou.

Ok, era isso mesmo.

Respirei fundo e me ajeitei na cama, me sentando.

– Só queria que você ficasse bem, Dul….e eu achava que aquilo te fazia mal de alguma forma…. E deu certo, você está bem melhor.

– Não porque você trancou, até porque eu nem sabia. Só descobri hoje! Tem quanto tempo isso?

– Não sei, um mês mais ou menos…- Dulce abaixou a cabeça e a balançou- Você está brava? – ela levantou a cabeça e me olhou mas nada disse, sentei mais perto dela e peguei em sua mão- Desculpa, mas eu só estava tentando te ajudar….- ela abaixou a cabeça e fez que sim.

Pra minha surpresa, a Dulce “pulou” no meu colo me abraçando, não entendi bem mas a abracei de volta.

– Obrigada. – ela sussurrou e eu acabei sorrindo.

– Achei que você estaria brava….- ela balançou a cabeça negando e em seguida a abaixou.

– Desculpa….

– Pelo que? – puxei ela pelo queixo pra me olhar.

– Por tudo! – ela falou como se tirasse um peso de cima de si, suspirou antes de continuar- Mas principalmente por ter falhado…

– Falhado em que, Dul?

– Eu não consegui e….- a interrompi porque já estava entendendo do que ela falava.

– Você não teve culpa de nada, amor.

– Mas eu….

– Dulce, para. A culpa não foi sua! – falei mais firme.

– Você mesmo falava que eu estava exagerando e….- mais uma vez a interrompi.

– Dul, não teve nada a ver com isso, simplesmente aconteceu….

– Por que?

– Não sei meu amor. – toquei no rosto dela fazendo carinho, eu via que os olhos dela estavam úmidos mas ela segurava- Aconteceu…..talvez não estivéssemos pronta amor, eu não sei….

– Desculpa ter falhado com você….

– Você não falhou Dul!

– Não, não to falando disso mais. – ela balançou a cabeça e me olhou- To falando de tudo, eu tentei resolver tudo sozinha, eu me afastei, me culpei, tentei esquecer mas nada deu certo, eu não consigo fazer nada sozinha. – ela me olhou e eu vi uma lágrima descer do rosto dela, acabei sorrindo e a limpei.

– Você não tem que fazer nada sozinha, meu amor. Eu to aqui, com você.

– Eu sei, obrigada. – ela me apertou no abraço.

– Não precisa agradecer nada, eu só quero que você fique bem. – ela se soltou do meu abraço e me olhou.

– Sim, eu preciso sim porque mesmo com tudo que aconteceu, mesmo eu tendo te afastado, mesmo a gente brigando e eu ficando daquela forma você nunca desistiu de mim, da gente….- sorri- Obrigada por não ter desistido da gente porque eu não sei o que eu ía fazer sem você…

– Nem eu sei o que faria sem você….- toquei no rosto dela e senti a emoção tomar conta.

– Eu morri de medo de te perder, só que eu não conseguia reagir.

– Você nunca iria me perder. Eu amo você Dulce, muito! Não tem nada no mundo que eu queira mais que você. – ela sorriu e me beijou, me agarrou praticamente mas o beijo era calmo.

– Eu também quero muito você, eu prometo que vou voltar a te fazer feliz!

– Você já me faz meu amor….- ela sorriu e fez que não com a cabeça, em seguida me beijou.

– Eu não quero te perder. – ela me olhou e vi uma lágrima descer. Acabei sorrindo.

– Você não vai me perder, tá doida?! Você é o amor da minha vida, mesmo quando você briga ou se afasta de mim….- sorri brincando no final.

– Eu acho que a gente fez muita besteira né? Eu te afastando e você se fazendo de forte pra fingir que estava bem….- abaixei a cabeça sorrindo- Desculpa não ter estado lá com você quando você precisou….- ela puxou meu queixo e a olhei. Meus olhos estavam lacrimejando.

– Não tem problema.

– Tem sim. – ela que me puxou pra me abraçar agora e eu não sei como mas caímos deitadas na cama.

Ela ficou me abraçando e fazendo carinho nos meus cabelos, ninguém falava nada e com o tempo sei lá eu porque, senti meus olhos enchendo de água, eu tentei segurar mas não consegui, comecei a chorar.

– Que foi? – ela perguntou e eu só balancei a cabeça, ela não insistiu mais, eu enfiei minha cabeça no pescoço dela. Não sei quanto tempo mais eu fiquei ali, mas ela não falou mais nada, me deixou chorar.

Um bom tempo depois, ainda deitadas, eu perguntei:

– Você quer a chave? – ela apenas balançou a cabeça- Quer que deixe trancado?

– Não sei se eu consigo entrar lá sozinha de novo, tenho medo de não conseguir.

– Você não precisa entrar sozinha. – ela me olhou- Quando você quiser….- ela balançou a cabeça e sorriu.

– Obrigada. – eu sorri mesmo sem saber o que ela estava agradecendo especificamente.

Quando eu ía falar alguma coisa, bateram na porta, era a Lupita avisando que o jantar estava pronto, então eu deixei pra depois e fomos jantar.

Acordei na quarta-feira com a Dulce entrando no quarto com uma bandeja de café da manhã nas mãos. Me virei na cama sorrindo.

– Ah, não era pra você ter acordado. – ela falava enquanto se encaminhava pra mim- Feliz Aniversário, meu amor! – ela deixou a bandeja de lado e me beijou.

– Bom dia…- falei após o beijo.

– Bom dia princesa. – eu sorri.

– Quanto tempo você não me chama assim….

– As coisas vão mudar. – ela tinha um sorriso lindo no rosto ao falar, se sentou e eu sentei junto. Então ela puxou a bandeja e colocou entre nós- Feliz Aniversário. – tinha uma rosa em cima da bandeja, eu peguei e cheirei, adorava aquele cheiro.

– Obrigada meu amor!

Tomamos café e depois puxei ela pra deitar comigo, não queria levantar da cama hahaha.

– Vamos ficar o dia todo na cama?

– Eu acho uma ideia maravilhosa! – falei a puxando pra mim e a beijando mas ouvimos o telefone tocar.

– Começou….- ela falou entre o beijo e sorrimos entre o beijo ainda- Aposto que é a sua mãe. – eu sorri enterrando a cabeça no pescoço dela. Eu também apostava que era rs…

Eu estava crente que iria passar o dia com ela mas ela me falou que tinha que sair pra resolver não sei o que da festa, perguntei mas ela não quis dizer, então resolvi ir na minha mãe né? Almoçar lá…

Quando eu estava quase saindo, ouvi a campainha, a Lu atendeu e era alguém entregando um buquê de flores, era enorme! Ela recebeu e me entregou.

– De quem é? – perguntei.

– O que você acha? – ela sorria. Sorri também e peguei da mão dela, tinha um cartão.

Ela saiu pra continuar arrumando as coisas e eu me sentei no sofá pra ler.

“Feliz Aniversário meu amor!

Desejo o mundo pra vc, que Deus siga te abençoando e que essa data continue se repetindo eternamente!

Sou muito grata a Deus por estar passando mais um ano ao seu lado, mesmo que os últimos meses tenham sido difíceis, mesmo talvez vc duvidando de algo, não duvida! Eu te amo demais, Anahi, e não tem nada que eu queira mais no mundo do que vc ao meu lado, do que ser a sua esposa! Eu sinto tanto orgulho de vc por tudo que vc fez, mesmo nos momentos ruins, por ter lutado por nós, mesmo quando eu não te dei motivo algum pra fazer isso, eu sou muito sortuda por ter vc!

Vc é tudo pra mim, como eu sempre digo: vc é o amor da minha vida!

Não desiste de mim, eu juro que eu vejo tudo que vc fez por nós. Obrigada por ser forte por mim quando eu não pude, eu te amo mais que tudo! Vc é a razão da minha vida e eu vou te mostrar isso novamente.

Aproveita seu dia, meu amor.

Te amo.

Da sua (sempre) mulher, Dulce.”

Eu chorei né? Claro.

Em seguida liguei pra ela.

– Eu te amo muito sabia? – falei assim que ela atendeu e pude ouvir ela sorrindo- Recebi as flores e o cartão e você também é o amor da minha vida! – ela sorriu mais uma vez.

– Que bom!

– Volta logo! Eu to com saudades.

– Você não ía na sua mãe?

– To indo. Mas não demora.

– Tá bom, mais tarde to aí.

– Tá….

– Te amo tá?

– Eu também.

Nós desligamos e eu ainda fiquei alguns minutos igual uma boba olhando pras flores, acabei suspirando igual uma adolescente apaixonada…. Enfim, fui pra minha mãe.

Quando eu cheguei da minha mãe vi um monte de gente lá embaixo arrumando as coisas, não entendi bem pois nem estava sabendo de nada. Mas não falei nada, achei a Dulce no quarto, ela estava enrolada na toalha saindo do banho.

– Amor, quem são aquelas pessoas lá embaixo?

– Estão arrumando as coisas ué…

– Dul, mas não era só uma reunião? – ela sorriu e eu me aproximei dela- O que você está aprontando?

– Nada. – ela sorriu ao falar- Juro.

– Sei….- não acreditei e ela sorriu se afastando de mim.

– Como foi lá na sua mãe?

– Tudo bem mas todos perguntaram de você. – olhei pra ela ao falar e vi que ela tinha subido um pouco a toalha pra passar uns hidratantes na perna.

– Que foi?

– Nada. – balancei a cabeça e desviei o olhar- Acho que vou tomar banho. – a ouvi sorrindo.

Preferi me afastar, eu estava morrendo se saudades dela mas não ía pressionar mas também não sou de ferro, estamos há quase dois meses sem nada. Fui tomar banho.

Eu estava quase acabando quando ela entrou no banheiro, o vidro estava embaçado e não dava pra ver direito, só vi quando eu saí do box, ela estava de calcinha e sutiã debruçada na pia passando algo no rosto, suspirei mas acho que saiu mais alto porque ela me olhou pelo espelho, desviei o olhar pra disfarçar. Resolvi sair pra deixar ela terminar o que fazia mas antes de eu conseguir sair, senti as mãos dela na minha cintura me virando, eu bati as costas na parede e ela se aproximou de mim.

– Você está fugindo de mim?

– Claro que não. – meu olhar desviou pra baixo sem eu controlar, pros seios dela, afinal ela estava apenas de calcinha e sutiã, quando me toquei, subi o olhar.

– Tem certeza? – ela colou nossos corpos e eu cheguei a prender a respiração e fechei os olhos.

– Uhum. – sussurrei sem ter coragem de abrir os olhos.

Senti os lábios dela pressionando os meus e foi instintivo apartar eles e logo senti a língua dela em contato com a minha, puxei ela pela nuca e só com isso eu me arrepiei, sim, eu estava na seca hahah. E ela me beijando daquele jeito….senti ela apertando minha cintura sobre a toalha. Tudo piorou quando ela levou os beijos ao meu pescoço, não consegui segurar o gemido…

– Dulce….Dul…

– Oi…- ela respondeu com a boca colada ao meu ouvido.

Que maldade!

Ela mordeu a ponta da minha orelha e eu arfei novamente.

– Não faz isso….- quase supliquei.

Mas aí ouvimos a voz da Lupita, eu nem consegui responder, estava de olhos fechados, ela que respondeu.

– É telefone pra Anahi. – ela gritou de lá e eu xinguei mentalmente a pessoa.

– Ela já vai. – a Dulce respondeu e eu só fiz que sim com a cabeça e respirei fundo. Ela sorriu e me deu um selinho, depois se afastou.

– Ótima hora pra alguém ligar. – falei e ela riu. Suspirei e fui lá atender né…

Depois disso não tivemos mais tempo, logo as pessoas chegariam, mas toda vez que eu me lembrava, me arrepiava inteira!

Óbvio que eu me atrasei, a Dulce entrou no quarto toda pronta, ela estava linda com um macacão preto e branco listrado e uma sandália de salto preta.

– Você está linda amor!

– Obrigada. – ela sorriu- Quer ajuda pra fechar o vestido?

– Quero.

Na verdade o vestido não era apertado e dava muito bem pra fechá-lo mas eu quis fazer um charme….rs. Meu vestido era branco.

– Pronto. – ela falou e em seguida me abraçou por trás- Linda! – ela me olhava através do espelho, acabei sorrindo também- Ah! Seu presente. – ela pegou uma caixinha, não era tão grande assim e me deu.

Sentei na cama pra abrir. Era um colar com uma pedra dentro, era lindo, de ouro.

– Obrigada, é lindo, eu amei! Põe pra mim? – me virei e ela colocou- Muito obrigada. – dei um selinho de leve nela pra não estragar a maquiagem.

– Que bom que gostou! – ela sorriu e então se levantou- Agora termina de se arrumar senão daqui a pouco as pessoas chegam.

– Tá bom.

– Eu vou lá embaixo ver como está tudo tá?

– Tá bom. – ela saiu e eu fui me arrumar, ela não subiu de novo mas ouvi vozes lá embaixo, as pessoas deviam estar chegando então me apressei.

Quando eu desci estavam quase todos lá já, falei com todo mundo e depois fui pegar algo pra beber, logo a Sophie se aproximou de mim.

– Feliz?

– Sim. – me virei pra ela ao falar- Apesar que eu estava achando que seria uma coisa menor, mas tudo bem hahaah.

– Aproveita amiga. – sorri pra ela- Vocês parecem bem né?

– Sim, graças a Deus agora as coisas parecem que estão se acertando….

– Graças a Deus!

– Sim. E tenho que te agradecer. – ela me olhou meio sem entender- Se não fosse você, aquele dia aqui comigo pegando aquelas coisas…..talvez não tivesse conseguido.

– Não foi nada Annie, não fiz nada demais.

– Claro que fez! Talvez se eu não tivesse te ouvido e fechado o quarto e parado de alimentar aquilo tudo, talvez não tivéssemos bem hoje….- ela apenas sorriu.

– Fico feliz de poder ter ajudado.

– Obrigada de verdade! – a abracei porque se não fosse ela, nem sei.

– To aqui pra isso….- vi ela sorrindo quando nos separamos- E agora é dia de festa, vamos esquecer isso.

– Sim, você está certa. – mudamos de assunto enquanto ela também pegava algo pra beber.



Notas:



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2 Respostas para CAPÍTULO 28: Feliz Aniversário.

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