Dois meses se passaram.

Eu estava em casa, a Fê estava lá comigo, ela andava estranha ultimamente, mais quieta sei lá….e evitando ir lá em casa desde a última vez que ela viu a Sophie com o Gab aqui em casa, eles não tinham voltado mas volta e meia ficavam, e pelo que ela me falou, elas nunca mais se viram.

Foi quando meu celular tocou, era a Dani, estranhei mas atendi.

– Alô.

– Oi Dul, tudo bem?

– Tudo e você?

– Deve estar estranhando minha ligação né….

– Confesso que sim rs…

– Eu preciso que você venha aqui no consultório.

– Por que?! – eu falei meio alto pelo susto e a Fê me olhou.

– Porque eu quero conversar algo com você, é importante.

– Alguma coisa o que?

– Preferia que fosse pessoalmente Dulce.

– Aconteceu algo?

– Sim, mas acho que pode ser bom…

– Não to entendendo, Dani. – a Fê me olhava confusa.

– Eu sei, se você puder vir aqui eu te explico. Você está ocupada agora?

– Agora?? – ela estava me assustando.

– Sim. Pode?

– Você está me assustando, Dani!

– Não precisa, fica calma. Só quero conversar, você pode? – olhei pra Fê antes de responder, ela me olhava perdida.

– Acho que sim.

– Ótimo. Mas oh, não vem sozinha tá?

– Ok. Mas a Anahi não poderá ir comigo.

– Tudo bem, mas vem com alguém.

– Ok.

Desliguei o telefone ainda na dúvida do que eu tinha concordado.

– Que foi Dul?? – o grito dela me despertou.

– Não sei, eu….preciso sair. Você pode ir comigo?

– Aonde?

– Na Dani.

– Quem é Dani?

– A minha médica. – a olhei- A que fez a inseminação.

– Por que??

– Não sei Fê, ela pediu pra eu ir lá que ela quer falar algo comigo.

– Falar o que? – ela estava tão perdida quanto eu.

– Não sei, não faço ideia! Você pode ir comigo?

– Claro, vamos.

– Ok. – ela se levantou e eu fiquei meio perdida ainda, a olhando.

– Vamos Dul?

– Vamos. Claro. – me levantei pegando a minha bolsa e achei melhor ir de táxi, não estava bem pra dirigir.

Eu estava com a mão gelada, não sabia o que pensar.

– Não comenta com a Anahi tá?

– Óbvio que não Dul…

A gente chegou lá e ainda bem não precisamos esperar, a Dani parecia meio nervosa também. Não sabia o que esperar….

– Essa é uma amiga minha Dani, a Fê. Essa é a Dani. – as apresentei.

– Olá. Eu lembro dela do hospital…- a Dani falou estendendo a mão pra ela.

– Ah sim….tudo bem?

– Tudo. Vamos sentar? – a Dani indicou e eu agradeci porque estava sentindo minha perna mole.

– Dani, o que aconteceu? To nervosa!

– Calma Dulce, como eu disse, não é nada ruim.

– Então fala.

– Bom, é o seguinte, não vou enrolar mais porque to vendo como você está nervosa…- fiz que sim com a cabeça, agradecendo por ela não enrolar- Quando a gente fez a inseminação eu achei que tinha feito com todos os óvulos mas só há uma semana descobri que não…- ela parou de falar e me olhou. Não entendi.

– Não entendi Dani.

– Você lembra que eu falei que coloquei os cinco óvulos, todos?

– Sim.

– Pois é. Há uma semana eu descobri que eu cometi um erro, na verdade, foi o laboratório e eles me ligaram avisando. – ela me olhou e eu estava tentando processar.

– Não sei se eu to entendendo….

– Você está dizendo que ela podia ter tido mais chances de vingar? – a Fê quem falou.

– Sim. – a Dani respondeu e me olhou, eu não conseguia assimilar.

– Mas como?? – Fuzz.

– Como eu disse, algum erro ocorreu, não sei porque e eu te peço milhões de desculpas mas tem um lado bom, a gente ainda pode tentar….- ela me olhou.

– Tentar o que? – perguntei com medo da resposta.

– Temos três óvulos ainda Dulce. – ela falou se debruçando na mesa, me olhou e ficou um silêncio.

– Não. – falei depois que entendi.

– Mas….- ela tentou argumentar mas a interrompi.

– Não Dani! Eu não quero! – me levantei falando.

– Mas você não disse que era seu sonho? – as duas me olhavam, mas não, eu não podia.

– Não vou passar por aquilo de novo!

– Mas quem disse que você vai passar?

– Não Dani! Não!

– Você está tendo mais três chances.

– Dul…- a Fê começou a falar mas eu interrompi.

– Não Fernanda! Você viu como eu fiquei, a Anahi…..não, eu não posso! – senti meus olhos lacrimejando.

– Dulce, eu entendo você, de verdade. – a Dani se levantou vindo até mim- Mas você entende a oportunidade que está tendo? Está feito, são seus, se me disser não eu vou jogar fora. – levantei o olhar e fiquei a olhando.

– Dul, você queria tanto…. Por que não dar mais uma chance? – Fê. Olhei pra ela.

– Porque eu não ía aguentar passar por aquilo de novo, ver a Anahi daquele jeito…. Eu quase perdi meu casamento! Eu não quero mais.

– Tem certeza? – Dani perguntou e a olhei- Pode dar certo Dulce.

– Da outra vez também podia né? – não consegui segurar uma lágrima que desceu.

– Eu não sei o que aconteceu daquela vez Dulce, você estava ótima, apenas aconteceu…. Me deixa te ajudar de novo? – eu não sabia o que fazer, desviei o olhar.

– Ela pode pensar, não pode?

– Não. Na verdade temos um prazo. Até hoje à noite.

– Hoje?? – falei junto com a Fê e vi a Dani balançando a cabeça.

– Você tem que resolver, Dulce.

– Mas assim?? Eu não posso….

– Você quer que eu ligue pra Anahi? – Fê.

– Não! Não quero que ela saiba disso.

– Por que?

– Porque não. Porque não vou aguentar ver ela decepcionada de novo, chorando e tudo mais que passamos.

– Ok, a gente não conta. – Fê.

Fiz que sim com a cabeça.

– Olha Dulce, calma, vamos sentar? – Dani- Quer uma água?

– Quero. – ela se levantou pedindo uma água e um café pra secretária dela.

Sentamos e ela me explicou mais um pouco de como aconteceu e eu não sabia o que fazer, o medo me dominava, eu estava apavorada!

– Dulce, eu sei que você está com medo mas já pensou se der certo? Já pensou você com seu filho nos braços? Já pensou nisso como numa segunda chance? – Fê.

– Eu não posso resolver isso assim, agora. Eu não sei!

– Você quer, só está com medo né? – a Fê tinha pego na minha mão ao falar, se inclinando pra frente. Olhei pra ela fazendo o mesmo gesto mas nada falei.

– Dulce, você tem uma grande chance de realizar isso.

– Mas e os testes Dani? Não teria que fazer de novo? – a olhei.

– Você já fez, está bem. Não acredito que tenha mudado em poucos meses. – fiz que sim com a cabeça e abaixei- Você consegue Dulce. – olhei pra ela.

– Dul, você é tão religiosa, por que não pensa nisso como uma segunda chance de Deus? – Fê falou e a olhei.

– Você realmente acha que eu devo fazer isso? – ela fez que sim com a cabeça sorrindo, eu estava apavorada.

Respirei fundo e abaixei a cabeça esfregando minhas mãos no rosto.

– Dulce. – quando olhei a Dani estava ajoelhada na minha frente- Confia, eu posso fazer isso por vocês. – eu fiquei olhando pra ela, desviei pra Fê que me sorria.

– Confia que vai dar certo dessa vez, Dul… Olha, você sabe que minha mãe perdeu uma gravidez antes de mim, imagina se ela desistisse? Eu não estaria aqui….- respirei fundo.

– Ok.

– Ok?? – a Dani perguntou meio surpresa.

– Você me garante que consegue?

– Garanto que se houver a fecundação dessa vez, você vai ter seu filho nos braços. – não sei se foi a forma que ela falou ou o meu desespero em dar certo mas eu aceitei aquela doideira.

– Ok. Só quero pedir uma coisa.

– Fala. – as duas falaram ao mesmo tempo.

– Não quero ninguém contando nada pra Anahi! Ela só vai saber se der certo!

– Tá bom. – as duas concordaram e eu fiz aquilo.

Saímos de lá algumas horas depois e fui direto pra casa, a Anahi já estava lá e a Fê não quis subir. Tentei disfarçar mas não sei se ela desconfiou, agora eu teria que esperar duas semanas infinitas pra saber se deu certo e em silêncio, só a Fê sabia.

Uma semana infinita tinha se passado e eu estava em pânico, não aguentava mais! Resolvi sair de casa e andar um pouco, parei numa igreja e fiquei lá umas duas horas rezando, eu só queria que desse certo dessa vez, saí de lá e incapaz de ir pra casa, fui na casa da Fê, precisava me distrair!

– Dul? – ela abriu a porta meio surpresa.

– Desculpa vir assim sem avisar, mas eu to desesperada já e eu só posso falar disso com você! – ela riu.

– Não tem problema, pode entrar….- eu nem fiz cerimônia, entrei me jogando no sofá.

– Não sei mais o que fazer! Não consigo parar de pensar nisso.

– Calma Dul, quer uma água? – fiz que sim com a cabeça e ela foi pegar- Toma. – ela se sentou ao meu lado e eu dei um golão e respirei fundo tentando me acalmar.

– Desculpa. Eu te atrapalhei? – a olhei.

– Claro que não. Para de bobeira….

– Ah sei lá né, vai que você está com alguma mulher aí e eu to empatando….- eu ri e ela revirou os olhos.

– Não tem mulher nenhuma.

– Não né? Você anda devagar ultimamente né…..- ela me olhou e depois desviou- Por que?

– Não to devagar, só sei lá…..- ela me olhou- Não era você que dizia que uma hora eu tinha que parar de viver daquele jeito?

– E você parou? – ela ficou me olhando e só depois respondeu mas desviou o olhar.

– Quem sabe…..sei lá. – eu sorri e ela me olhou- Que foi?

– Nada. – continuei sorrindo e a olhei- Só to imaginando o porquê….

– Como assim? – já que ela estava dando oportunidade, eu resolvi falar, ela não gostava de falar muito disso.

– Qual o motivo ué? – ela ficou me olhando- É a Sophie?

– Aff Dulce!! – ela se levantou irritada, eu não falei nada, ela se virou e me olhou- Esquece a Sophie! Foi só uma coisa que aconteceu! Ela não está com o garoto lá?!

– E isso te incomoda? – a olhei mas ela desviou o olhar ao responder.

– Não. Tanto faz pra mim. – ela voltou a sentar ao meu lado no sofá, na verdade ela se jogou cruzando os braços.

– A propósito, ela não está com ele. – a olhei ao falar e ela retribuiu o olhar, mas nada disse.

Voltei a olhar pra frente e dei um último gole da água, ela continuava em silêncio e na mesma posição, resolvi insistir.

– Você está gostando dela?

– Você veio aqui pra falar de mim ou de você?! – ela se irritou e se inclinou pra frente. Acabei sorrindo.

– Vim me distrair, e falar disso me distrai.

– Mas eu não tenho nada pra falar sobre isso! – ela novamente se levantou- A Sophie pode fazer o que quiser da vida dela!

– Eu acho que você gosta dela….- ela só me olhou, com uma cara meio brava mas não disse nada, eu sorri.

– Quer comer alguma coisa? To com fome. – ela mudou completamente o assunto.

– Pode ser.

– O que você quer?

– Não sei, vamos escolher.

Nós pedimos comida japonesa, aproveitar enquanto eu ainda podia rs, aliás eu espero que daqui a pouco não possa mesmo….

Mais tarde, após comermos, estávamos sentadas conversando.

– Você não vai contar mesmo pra Anahi?

– Não. – a olhei- Aliás queria te pedir mais uma coisa.

– Pode pedir.

– Preciso que você vá semana que vem comigo na Dani, ela vai fazer o exame de ultra som pra ver se deu certo mesmo….

– Dul, eu vou com maior prazer mas você tem certeza que não quer a Anahi do seu lado nesse momento? Você não acha que ela pode ficar chateada de ser excluída assim? Ainda mais se souber que fui eu que fui.

– Ela não precisa saber que você foi. – a olhei, eu sei que podia ser errado mas eu preferia isso do que a ver decepcionada depois.

Ela suspirou e balançou a cabeça.

– Ok eu vou, mas ainda acho que ela deveria saber, Dul. – apenas balancei a cabeça- Não sei como você está conseguindo esconder isso….

– Tá difícil! Mas é o melhor. – ela me olhou- Outro dia mesmo eu tive que inventar uma desculpa porque ela queria transar e não posso.

– Não? Não sabia.

– Até fecundar e tudo mais, não. Depois pode.

– Hummm. Não sabia….- eu apenas sorri.

Mais aliviada um pouco, eu fui pra casa, pelo menos tinha conseguido distrair a cabeça um pouco. Ao chegar lá a Anahi estava em casa, tomando banho, a porta do banheiro estava semi cerrada e sem pensar muito, eu entrei, acho que era costume.

– Oi amor. – assim que eu abri a porta e a vi pelada me arrependi!- Estava aonde? – ela estava com metade do corpo pra fora e eu estava me concentrando pra manter meus olhos no rosto dela.

– Ah, fui dar uma volta só…..fui na igreja também..

– Hum. E não quer tomar um banho comigo então? – ela falou com aquele sorriso que me arriava completamente, mas fui forte!

– Acho que não amor, a minha mãe me ligou e pediu pra ligar pra ela.

– E você não pode ligar depois?

– A Lupita disse que ela já ligou varias vezes, acho que é urgente…

– Tá né. – ela fez uma carinha….- Pelo menos um beijo eu posso ganhar? – fui até ela e a beijei.

– Bom banho….- dei uma última olhada e então saí, tive que respirar fundo. Que sacanagem!

Mais tarde, depois que jantamos estávamos na sala de vídeo vendo um filme, eu tentava prestar atenção no filme mesmo com a Anahi deitada no meu colo e fazendo carinhos que volta e meia me arrepiavam. Então ela resolveu me beijar e praticamente subir em cima de mim, eu estava tentando ser forte mas estava difícil com aquela língua no meu pescoço….

– Amor, vamos ver o filme…- falei tentando fugir daquela tortura.

– Tem certeza que você quer ver filme? – ela me olhou.

– Uhum. To gostando…- ela me olhou com uma cara super decepcionada, eu morrendo de vontade mas não podia…. Mas ela não falou nada, voltou a deitar como estávamos. Ainda bem!

Mais alguns dias se passaram e finalmente havia chegado o dia de ir na Dani, inventei pra Anahi que sairia com a minha mãe, eu estava uma pilha, não tinha comido quase nada o dia todo, não conseguia. Peguei um táxi e passei na Fê e de lá fomos pra Dani.

– Como você está? – ela me perguntou já no táxi, tocou na minha mão.

– Apavorada! Meu coração parece que vai sair pela boca!

– Calma amiga, vai dar tudo certo!

– Espero….- sussurrei baixinho mais pra mim mesmo, como se fosse uma oração.

Graças a Deus, a Dani não demorou muito pra nos atender…

– Tudo bem meninas?

– Tudo. – a Fê respondeu e como não falei nada, as duas me olharam.

– To uma pilha, Dani! Desculpa.

– Calma menina, quer uma água? – neguei.

– Eu só quero saber logo.

– Ok, vamos lá. – ela apontou pra sala de exame que eu já conhecia bem….- A gente precisa esperar mais alguém? – ela perguntou enquanto eu me encaminhava pra lá.

– Não. – me virei pra ela ao falar.

– Eu achei que você não aguentaria e contaria pra Anahi….mas pelo visto não né?

– Não, ela só vai saber se der certo.

– Olha que eu tentei a convencer, mas…- a Fê falou e a Dani sorriu.

– Ok. Vamos lá então.

Entrei e me troquei, quando estava pronta, abri a porta e me deitei na cama as esperando. Elas logo vieram, a Fê tava com uma cara meio assustada.

– Pronta? – a Dani perguntou se aproximando de mim.

– Não. – balancei a cabeça também e ela riu. Senti a Fê se aproximando de mim e segurando na minha mão, a olhei e sorri, agradecendo por ela estar ali.

– Vamos lá.

Ela despejou o gel em mim e começou, virei o rosto morrendo de medo e uns minutos de silêncio aconteceram, eu estava tremendo, a mão gelada….

Depois de uns cinco minutos em silêncio, a Fê que não aguentou e falou:

– Fala alguma coisa. E aí?! – olhei pra Dani assim como a Fê e ela concentrada naquela máquina! Odiava aquele silêncio.

– Dani? – insisti.

– Só um minuto….- ela fez assim com a mão e uns segundos depois, intermináveis, a vi sorrindo- Parece que eu vou ter uma promessa a cumprir….- a olhei nervosa e com medo, em choque! Em tudo!- Parabéns Dulce! Você está grávida. – ela virou o monitor pra mim e apontou aquele carocinho.

– Sério??? – a Fê quem falou primeiro. A Dani balançou a cabeça sorrindo, eu não conseguia falar- Já da pra ver?

– Sim, esse pontinho aqui. – ela apontou de novo.

Senti meus olhos embaçados e logo uma lágrima desceu.

– Você conseguiu amiga! Tá grávida. – a Fê me olhou me abraçando e eu não conseguia raciocinar, só sentia meu rosto sendo cada vez mais molhado.

– Parabéns Dulce. – a Dani falou mais uma vez e só aí a olhei.

– Você tem certeza, Dani?

– Absoluta! Olha aqui. – ela apontou mais uma vez.

– São quantos? – Fê.

– Um só. – ela riu ao falar e eu só conseguia respirar fundo, meu coração estava disparado, eu só pensava na Anahi- Tá tudo bem, Dulce? – ela me olhou porque eu estava com a mão no rosto.

– Tá, desculpa. – sorri pela primeira vez- Eu só….- parei e suspirei- Não to acreditando….

– Então pode acreditar porque você está grávida e daqui há 9 meses seu filho ou filha estará nos seus braços, como eu te prometi.

– Obrigada Dani! – me sentei a abraçando e acho que ela não esperava por isso rs.

– Imagina. Fiz só o meu trabalho. – ela sorriu e eu sorri mais uma vez, estava muito feliz!- Quer a foto?

– Quero. Quero tudo! Preciso mostrar pra Anahi. – ela sorriu.

– Claro. Bom, se troca aí que te espero lá fora tá?

Ela saiu junto com a Fê e eu ainda estava em êxtase, sem acreditar! Só conseguia chorar e sorrir.

Depois de todas as recomendações saímos de lá e fomos almoçar. Eu não conseguia parar de olhar pra aquele pedaço de papel.

– Já sabe como vai contar pra ela? – olhei pra Fê.

– Não, nem pensei. Na verdade, eu estava tentando não criar expectativas….

– Imagino. Mas vai contar hoje né?

– Óbvio! Não ía aguentar esperar mais! Nossa, eu to sem acreditar até agora!

– Imagino. É muito louco né como consegue ver tão pequeno assim? Ele tem quantas semanas? Duas mesmo?

– Por aí…..é muito pequeno né? – olhei pra ela, pra foto e depois pra ela.

– É. Parece um carocinho de feijão. – nós duas rimos.

– Obrigada Fê, por tudo. – ela me olhou sorrindo- Sério!

– Não precisa agradecer.

– Precisa sim. Talvez se não fosse você….- meus olhos se encheram de lágrimas de novo e ela me abraçou.

– To muito feliz por você Dul. De verdade! – não falei nada, apenas sorri ainda abraçada à ela.

Depois disso resolvi ir pra casa, precisava pensar no que fazer antes da Anahi chegar pra contar, ela ía demorar um pouco porque tinha ído fazer uma seção de fotos pra uma campanha. Primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi tomar um banho de banheira, fiquei muito tempo lá deitada relaxando e admirando a minha barriga, era tão emocionante, era um sonho que eu achei que nunca mais viveria! Sem eu perceber algumas lágrimas desceram do meu rosto mas agora era de felicidade!

Então eu tive a ideia do que iria fazer, encomendei um jantar e dei folga pra Lupita, não queria ninguém ali pra atrapalhar, fui no shopping e comprei algumas coisas, como vela, flores e comprei um porta-retrato, não era grande mas era o suficiente pra caber a primeira foto do nosso bebê e em cima tinha os dizeres: to chegando. Na própria foto eu escrevi: oi mamãe. Eu tinha outra foto daquela então não teria problema, era só pra fazer a surpresa pra ela mesmo.

Deu tempo de fazer tudo e ainda dar uma relaxada, ela demorou, claro né, só porque eu estava ansiosa. Quando o interfone tocou, meu coração disparou achando que era ela mas só depois que me toquei que era o restaurante.

Coloquei a mesa e mandei uma mensagem perguntando se ela estava chegando, ela disse que sim, então fui a esperar na sala. Quando ela chegou, foi até engraçado, porque ela meio parou quando viu a meia luz, ela desviou o olhar e me viu, sorri pra ela que sorriu de volta mas meio surpresa.

– Pode entrar, amor. – falei porque ela estava olhando tudo e segurando a porta ainda. Ela riu e fechou a porta.

– Eu to esquecendo de alguma coisa? – ela perguntou enquanto vinha na minha direção.

– Não. – puxei ela pelo rosto e dei um selinho- Tudo bem?

– Tudo. – ela sorria mas estava meio incerta rs- E você?

– Ótima! – ela mais uma vez sorriu e olhou em volta- Tem algum motivo especial? – voltou a me olhar.

– Não. Só quis fazer um jantar pra gente.

– Você que fez? – me olhou surpresa.

– Não, eu pedi. – assumi sorrindo e ela sorriu também- Por que você não vai tomar um banho e eu te espero aqui?

– Tá…- ela estava muito desconfiada ainda rs, mas ela foi- Não demora! – ela balançou a cabeça e continuou subindo.

Enquanto ela ía lá eu fui pegar o vinho e por na mesa, eu não podia beber mas ela poderia, peguei a surpresa e pus em cima do prato dela e por cima tapei, assim como o meu, a comida não estava ali na mesa, estava no forno rs. Não ía aguentar comer antes e só depois contar, eu queria contar logo! Eu até acho que ela não demorou tanto pros padrões dela mas pra mim foi uma eternidade!

– Demorei?

– Não. – sorri ao responder, ela estava linda, de camisola.

– Muito desarrumada pra ocasião?

– Não. Você está maravilhosa! Vem….- a puxei pela mão e a conduzi até a mesa.

– Nossa, está cheia de mistérios hoje…. A comida é uma surpresa também? – eu apenas sorri e nos sentamos, servi o vinho nos dois copos até pra disfarçar rs.

– Não vai beber, amor?

– Vou. – ela deu um gole e me olhou- Eu to esquecendo alguma data?

– Não. – eu sorri da preocupação dela- Não posso querer fazer um jantar pra minha mulher?

– Pode….

– Então prova. Vê se você gosta do que eu escolhi…- ela sorriu e então levantou a tampa e viu o embrulho, me olhou rindo.

– Nossa, nunca comi isso. Será que é gostoso? – ela sorria da própria brincadeira e eu nervosa ali! Dei apenas um sorriso de nervoso enquanto ela abria.

Ela puxou o porta-retrato e olhou, ela ficou um bom tempo de cabeça baixa olhando e eu nervosa, mal me mexia, só esperando alguma reação dela, só que ela não se mexia, não tirava os olhos dali. Eu estava com o coração disparado a olhando, sério, demorou muito! Ouvi ela respirando fundo e quando me olhou, percebi os olhos dela brilhando como se segurasse a emoção, eu estava com os cotovelos apoiados na mesa, a mão na frente da boca a olhando.

– Isso é sério? – só consegui balançar a cabeça- Como? – a voz dela saiu num fio de voz, ela estava se segurando pra não chorar também.

Respirei fundo, eu tremia, meu coração disparado.

– Vou te contar….



Notas:



O que achou deste história?

3 Respostas para CAPÍTULO 30: Uma segunda chance.

  1. Já deu certo ??, que corra tudo em perfeito estado nessa gravidez.

    Escritora e sobre a Fuzz e a Sophie, posso criar expectativas? Rs

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