Dulce e Anahi estavam saindo da aula de natação com a filha, tinham a colocado mês passado e a menina adorava! Elas se revezavam pra irem com ela porque era cansativo porque ela não parava um segundo, então às vezes íam juntas ou então alternavam.

Nos dias seguintes, elas resolveram sair com a filha pra a levar no teatro, seria a primeira vez dela e elas estavam mais ansiosas do que a menina hahaha. Era uma peça interativa, principalmente porque era pra crianças, então tinha muita música e tal e elas eram convidadas a irem lá na frente, dançar e tal e como ela era pequena, as duas foram com ela. Num desses momentos Anahi olhou pro lado e viu Dulce segurando Giovanna que estava em pé no chão e viu que uma das ajudantes estava conversando com a sua mulher, mas ela não estava só conversando, Anahi ficou observando a mulher jogando sorrisinhos e a tocando no braço volta e meia, ficou olhando e esperando Dulce se afastar mas ela não se afastou, apesar de ter percebido que a mulher tinha ficado sem graça, não gostou mas se controlou. Chegou perto delas e tocou no ombro de Dulce que se virou pra ela sorrindo e ficou ali, interagindo com Giovanna mas de olho…..

Saíram de lá e foram almoçar, resolveram ir no shopping ali perto mesmo.

– Tá tudo bem, Annie? – Dulce perguntou enquanto estavam sentadas na mesa, olhavam o cardápio e Giovanna estava quietinha entretida com o papel e lápis de cor que o garçom tinha dado à ela.

– Aham. Por que? – ela não levantou o olhar ao responder.

– Não sei, está com uma cara estranha…

– To com fome. – Anahi a olhou ao falar mas rapidamente, em seguida, desviou.

A comida chegou e o clima foi melhorando, até porque Giovanna exigia isso, almoçar com ela num restaurante era trabalhoso. Ao terminarem o almoço, resolveram dar uma volta no shopping, Dulce disse que queria ver algumas lojas. Já tinham entrado em algumas e comprado algumas coisas pra filha e agora estavam em uma outra loja de criança, Dulce tinha escolhido um sapato e uma bota pra filha, agora estava olhando os tamanhos maiores, Anahi estava distraída com a filha e nem percebeu o que ela fazia, mas quando desviou o olhar, percebeu ela com um vestido florido na mão, se levantou e foi até ela, estava agachada junto do carrinho da filha.

– Meio grande né, amor? – brincou se aproximando dela. Dulce a olhou com um sorriso meio sem graça e depois voltou a olhar o vestido ainda na mão dela.

– Você gosta? – colocou na sua frente olhando pra Anahi.

– É lindo, mas…- Dulce a interrompeu.

– Pra Gabi? – Anahi a olhou e então ergueu uma das sobrancelhas, Dulce mordeu o lábio inferior meio incerta e Anahi sorriu.

– É lindo, meu amor.

– Melhor não né? – Dulce colocava de novo no lugar.

– Eu achei lindo, ela vai adorar. – Anahi pegou de volta o que fez Dulce a olhar- Que foi?

– Não sei. Às vezes eu fico com medo de ficar incentivando ela, nutrindo alguma esperança e a gente nem sabe se….- Anahi a interrompeu.

– Não fala isso. Ela vai sim.

– A gente não sabe amor, e ainda mais agora que a Giovanna não é compatível, e se não acharmos ninguém?

– Vamos achar amor, não podemos pensar assim.

– A gente não sabe nem o que vamos fazer agora, você tem falado com ele?

– Não.

Dulce apenas respirou fundo.

– Vamos levar esse vestido sim, ela vai amar e pode usar quando ela for fazer aquele passeio com a gente….- Anahi sorriu a olhando.

– Ok, você está certa. – Dulce suspirou e então sorriu, Anahi a abraçou de lado que deitou a cabeça em seu ombro.

– Vocês precisam de ajuda com a numeração? – a moça da loja perguntou.

– A gente precisa de um tamanho 10 e pra presente, por favor. – Dulce falou.

– Ok.

Elas saíram de lá com varias sacolas, Anahi empurrava o carrinho e seguia Dulce.

– Amor, aí não, vamos voltar.

– Por que? – Dulce se virou sem entender, Anahi apontou com a cabeça, era um parquinho que tinha ali. Dulce entendeu e estava se virando mas Giovanna viu antes e começou a apontar pra lá.

– Mamá “paquinho” – as duas se entre olharam e resolveram ir pelo menos um pouco né….

Só que esse pouco virou muito, ficaram meia-hora mas depois resolveram ir, estavam cansadas porque tinham que ficar com ela pois era pequena e não podia ficar nem só e nem com recreador. Na hora de sair ela reclamou mas Anahi conseguiu a distrair e então foram embora, antes da primeira curva no táxi ela apagou no colo de Anahi.

– Cansada? – Dulce a olhou ao perguntar e Anahi apenas sorriu em resposta.

Ao chegarem, o taxista perguntou se queriam ajuda pois Dulce estava com varias sacolas e Anahi com a filha no colo, Anahi a levou até o quarto a colocando no berço depois de tirar a roupa dela, enquanto Dulce tomava banho.

Anahi logo voltou pro quarto e ouviu o barulho do chuveiro, então resolveu se juntar a esposa lá.

– Onde você vai? – ela perguntou ao mesmo tempo que Dulce abria a porta do box. Estava à sua frente e nem esperou a resposta da mulher e já foi entrando, Dulce recuou sorrindo.

– Não sabia que você vinha….

Anahi a abraçou encostando a boca no pescoço da outra, ambas suspiraram no abraço. Anahi deu um beijo no seu pescoço.

– Ela acordou?

– Não. – Anahi respondeu e então ergueu o rosto a olhando, Dulce sorriu aliviada e Anahi a beijou.

Anahi a segurava firme pela nuca, Dulce sentindo o corpo nu da esposa pressionando o seu, suspirou entre o beijo e a puxou pela nuca também, sentiu suas costas baterem na parede gelada, mas não desgrudaram a boca, se mantinham coladas e trocando selinhos. Dulce mantinha as mãos na nuca da outra fazendo carinho, Anahi foi descendo as mãos pelo corpo da outra em forma de carinho, era um carinho sensual mas era carinho, Dulce já estava se arrepiando mas a sua situação só piorou quando ela sentiu as mãos de Anahi subindo pelo seu corpo e apertando a sua cintura e em seguida, tocando a lateral dos seios, impossível não suspirar mais intensamente e ao falar, sua voz saiu bem mais mole….

– Você não estava cansada?

– To…

– Então para.

– O que? O que eu to fazendo?

– Me bolinando.

Anahi riu mas não parou nem se afastou do abraço.

– E daí? Você é minha mulher, não posso te tocar?

– Pode…- Dulce estava com a voz fraca.

– Eu sei, eu posso e só eu. – Dulce estava tão mole com os toques de Anahi que nem percebeu a mudança de tom- Ouviu Dulce? – Anahi tornou a falar e então Dulce percebeu a mudança no tom.

– Eu sei. – as duas se olharam, Anahi não estava brava mas tinha mudado o tom- Por que você está falando assim?

– To de olho. – ela falou a olhando apontando pros próprios olhos.

– Não entendi.

– To só falando que eu to de olho, eu vi a animadora lá cheia de sorrisinhos pra você….

– Lá no teatro? – Dulce riu ao falar.

– E você fica dando papinho né? – Anahi também ria- Essas mulheres são tudo safadas né? Te viram com a Giovanna lá, uma aliança no seu dedo e mesmo assim ela de gracinha né?

– Eu não dei nada papinho.

– Sei….

– Ficou com ciúmes, amor? – Dulce a puxou pela cintura ao falar pois sussurrou em seu ouvido.

– Só to prestando atenção. – Anahi falou se fingindo de séria, óbvio que não gostou mas não era motivo pra brigar. Isso acontecia às vezes, iria acontecer mais, a mulher era linda e chamava atenção, com o passar dos anos teve que aprender a conviver com isso….

Elas ainda ficaram mais um tempo ali se curtindo e terminando o banho, antes de deitarem. A televisão estava ligada e Anahi se distraía com algumas matérias que lia no iPad enquanto Dulce olhava a televisão, mas não prestava muita atenção.

– Amor….- chamou Anahi passando uma das pernas sobre a dela.

– Hum…- Anahi falou mas sem dar muita atenção pra ela.

– Sabe o que eu estava pensando? Tem muito tempo que você não faz uma coisa….- Dulce começou a passar a ponta dos dedos pelo braço de Anahi, que não respondeu nada, ela estava distraída mas Dulce queria atenção, então ela tirou o iPad do colo dela e pôs ao lado, só aí Anahi a olhou- Agora você pode me dar atenção?

– Eu to dando ué….

– Não, mas agora vai dar. – Anahi riu.

– Ok, desculpa, fala. O que você quer?

– Você, numa fantasia pra mim. – Anahi a olhou arregalando os olhos.

– Sério?

– Aham. Quanto tempo você não faz isso? – Dulce se inclinava pra ela passando os dedos sensualmente pelos braços da esposa.

– Um tempo….- Anahi respondeu a olhando.

– Que tal voltar a fazer? – Dulce sussurrou em seu ouvido passando o rosto no pescoço dela, ouviu Anahi suspirar de leve com a voz rouca que Dulce fez.

– E como você quer? – Dulce a olhou.

– Me surpreenda. – deu um sorriso sensual e então um selinho na esposa- Vamos dormir? – e então ela se virou de costas pra ser abraçada por Anahi.

– Aham. – Anahi respondeu com a mente vagando e pensando no que Dulce disse.

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Foram visitar Gabi pra a entregar o presente e mais que isso, a ver. Velasco estava lá e pediu se podiam conversar em particular com Dr Gustavo, elas concordaram.

Ele falava da condição de Gabi e o que ainda podiam fazer….

– Ainda há uma outra chance. – Dr Gustavo falou.

– Qual? – Anahi- Você não disse que essa era a melhor chance dela?

– E é, mas não acabou ainda. – ele tornou a falar.

– Eu não to entendendo. – Anahi falou.

– Tenham outro filho, deem um irmão pra ela. – as duas o olhavam boiando.

– Como assim?? – Dulce.

– Como eu expliquei à vocês, um irmão é a melhor chance dela e aqui temos o pai e a mãe da irmã dela.

– Ele não é o pai da minha filha!! – Dulce se revoltou como todas as vezes que ele falava isso.

– Ok, mas cientificamente é. – médico.

– Não, não é! – Anahi falou- Ele é o doador e fim.

– Ok gente, vocês estão muito sensíveis com esse tema. O que importa aqui é termos alguém que possa ser compatível com a Gabi e a salvar. – Velasco.

– E se não der certo? Quem garante? Não deu com a Giovanna.

– Temos que tentar, é a melhor forma. – Dr Gustavo- E dessa vez podemos “escolher” os embriões pra ser o mais compatível possível.

As duas se olharam.

– Eu não sei. – Dulce quem falou.

– Por favor! – ele pediu as olhando e as duas se olharam, Velasco se aproximou de Anahi tocando nas duas mãos dela- Por favor, só você pode salvar a minha filha! – ela o olhou confusa pela forma que ele falou, tão intensa.

– Mas por que eu?

– Porque foi você né, você gerou a Giovanna. – Anahi riu.

– Ela é minha filha sim, mas quem engravidou não fui eu, foi a Dul. – quando Anahi falou, ele não conseguiu disfarçar o choque, até se afastou um pouco dela soltando suas mãos.

– Sério?? Achei que era, ela é tão igual a você…- falou e ficou a olhando, ficou um silêncio e ele continuou- Então à semelhança é comigo?

– Fisicamente, talvez. – Dulce disse meio seca.

Dr Gustavo percebeu o clima meio estranho que ficou, sabia bem como Velasco era….então resolveu ajudar.

– Creio que isso é o de menos né? E se foi você, Dulce, melhor mesmo que mantenhamos os mesmos óvulos pra que tenhamos mais chances de dar certo, cientificamente você é a mãe, independente da combinação de vocês. – as olhou.

Elas estavam em choque ainda, mais um silêncio.

– Eu não sei o que dizer. – Dulce falou depois de um tempo, enfiando a cabeça nas mãos.

– Diz que sim, por favor. – ele se aproximou dela.

Ela abaixou a cabeça negando, aquilo não era real! Não é possível!!!

– Eu não sei, não posso te dar uma resposta agora. – Dulce.

– Por que não?? É a única chance dela, por favor!

– Velasco, ninguém está dizendo não, mas ela está certa, as coisas não são assim! Seria uma criança. – Anahi.

– E qual o problema? Vocês não gostam de criança?

– Óbvio que sim, mas não é assim, a gente tem que conversar. – Anahi olhou a mulher- Eu nem sei se a minha mulher quer ter outro filho, não falamos sobre isso. Você tem que entender, não pode simplesmente jogar uma bomba assim e achar que vamos falar ok e pronto. Calma!

– Se o problema é esse, a gente dá um jeito depois, põe pra adoção ou arranja uma família e….- Dulce o cortou horrorizada.

– Você não vai colocar meu filho pra adoção!!!

– Então você vai ter? – ele a olhou esperançoso. Elas estavam um pouco assustadas…

– Já disse que não sei, temos que pensar. – Dulce.

– Por favor! Eu imploro a vocês! Faço o que for preciso.

– As coisas não são assim Velasco. Temos que pensar. Até porque nem sabemos se há essa possibilidade. – Dulce.

– Como assim? – ele não entendeu.

– Ué, temos que conversar com a nossa médica ver as possibilidades viáveis, ver se você teria a quantidade certa pra uma fecundação, todas essas coisas…. Não é assim. – ela estalou os dedos ao falar.

– Mas por que teria problemas? Vocês são novas….eu também não tenho quarenta anos ainda.

– Mesmo assim, tem que se investigar direitinho….- Anahi falou.

– Mas se esse for o problema podemos fazer de outra forma….- ele sugeriu e elas o olharam sem entender.

– Que outra forma? – Dulce perguntou.

– Da forma mais natural ué….- ele falou e as duas acharam que não tinham entendido direito.

– Que forma natural?! Do que você está falando? – Anahi perguntou se levantando.

– Vocês sabem…. Da forma convencional. – ele ainda as olhava.

– Você está sugerindo que….- Dulce se levantou o olhando, parou porque estava chocada- que….- ela variou o dedo apontando pros dois. Ele abriu um sorriso antes de falar.

– Ou pode ser a Anahi….- ele a olhou ao falar e o sorriso dele se iluminou.

– COMO É QUE É?? – Dulce gritou se levantando.

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Pra elas irem ao hospital deixavam Giovanna ou com a Lupita ou com os avós, às vezes Fuzz ía lá pra casa delas e ficava com a afilhada, já que ela ficava super bem com ela. Hoje, por exemplo Fuzz tinha ido pra casa delas ficar com a afilhada, Mai também tinha ido, chegava aos seis meses de gravidez e Sophie tinha chegado à pouco, os horários dela não eram tão flexíveis quanto o de Fuzz que trabalhava em seu cd e nos shows, como Sophie trabalhava num escritório de advocacia, nem sempre conseguia se liberar mais cedo, hoje conseguiu….

Anahi e Dulce chegaram com umas caras meio estranhas.

– Oi meu amor, a mamá já vem, deixa só eu tomar um banho antes….- Dulce falava com a filha. Elas sempre tomavam banho antes de falar com Giovanna quando chegavam do hospital. Anahi fez o mesmo, no quarto de hóspedes pra ir mais rápido.

Giovanna estava chorando quando elas desceram porque queria as mães.

– Oi princesaaaa! – Anahi chegou lá embaixo falando alto pra chamar a atenção da filha e brincar com ela pra que ela parasse de chorar, funcionou porque ela pulou no seu colo e acalmou.

Dulce fez o mesmo quando desceu.

– Desculpa gente, nem falamos com vocês direito….- Dulce.

– Sem problemas. E aí, tudo bem? – Mai.

– Sim. E você? – Dulce havia suspirado ao responder e Fuzz e Sophie já tinham percebido as caras estranhas, até por estarem por dentro da história.

– To bem, graças a Deus. Ela está muito esperta né, gente?

– Tá. – Dulce sorriu fazendo carinho na filha que tava brincando com as milhões de bonecas espalhadas por ali.

Anahi olhava toda boba pra filha também.

O papo fluiu por ali, só falando essas amenidades, mas Sophie estava curiosa, então perguntou:

– E a Gabi? Como está? – as duas a olharam e quem respondeu foi Dulce.

– Nada bem.

– Piorou? – Fuzz.

– Não, mesma coisa na verdade. – Anahi falou.

– Por isso que vocês estavam com uma cara estranha quando chegaram? – Sophie perguntou e as duas se olharam antes de responder.

– Também…. Mas…- Dulce respirou fundo antes de responder e olhou pra Anahi que completou.

– A gente só estava conversando com o médico dela, ele estava falando sobre as possibilidades….

– Gabi é a menina que você conheceu no evento né, Annie? – Mai.

– Sim, a gente te contou, lembra? – Anahi.

– Eu sei, mas não sabia que estavam ajudando ainda, se vendo e tal….

– Elas estão mais que isso né? – Sophie falou não por mal, mas porque ela tinha um pressentimento ruim sobre isso.

– A gente só está tentando fazer o que pode Sophie, não sei porque você é tão resistente assim com isso. – Anahi falou, tentava entender a amiga, às vezes até achava que ela tinha razão mas às vezes a achava meio fria nesses comentários.

– Não é isso, mas poxa, vocês tem que concordar comigo né? A Dulce mesmo já me disse que acha aquele cara meio estranho….

Anahi suspirou e Fuzz e Dulce se entre olharam.

– Não to entendendo gente. Do que vocês estão falando?

As duas contaram tudo, até a parte do exame negativo em Giovanna.

– Que isso gente?? Como ele achou vocês?? To chocadaaaaa! – Mai falava inconformada. Anahi deu de ombros, também achava mas à essa altura já tinha se acostumado.

– Quando eu falo…- Sophie.

– Quando você tiver um filho você vai entender Sophie que a gente faz qualquer coisa, principalmente se seu filho estiver doente. – Anahi terminou de falar olhando pra filha e fazendo carinho nos cabelos dela que brincava alheia à tudo. Sophie revirou os olhos.

– Não é nada disso Anahi, eu entendo só que….

– Só que? – Anahi a cortou e ficou a olhando esperando a resposta, as duas se olhando.

– A Sophie não está falando pra vocês não ajudarem, ela só está preocupada….- Fuzz falou “defendendo” a namorada- E depois de ter conversado com ela, confesso que entendi o que ela quis dizer.

– Eu também entendo. Sério Sophie, eu entendo. – olhou pra amiga ao falar- Mas…- suspirou antes de continuar- eu não consigo simplesmente não fazer nada, é uma criança!

– É porque vocês não viram, eu entendo sua preocupação e agradeço do fundo do coração, Sophie, mas se vocês vissem….- Dulce parou tomando fôlego, ela tinha se apegado, talvez mais do que devesse e realmente doía ver Gabi sofrer!- Ela só tem 9 anos, não merecia estar passando por isso mas mesmo assim ela é uma menina encantadora, no dia que vocês conhecerem vão entender do que estamos falando…. Não da pra simplesmente não fazer nada. – quando terminou os olhos estavam cheios d’água, Anahi a olhou e segurou em sua mão.

Sophie apenas as olhava, ela entendia, com toda certeza mas não podia deixar de expor suas preocupações, não só como amiga, muito mais como advogada. Não podia ignorar seu feeling.

– Mas vocês não disseram que o exame deu negativo? Tem algo mais que possam fazer? – Mai.

As duas se entre olharam, Anahi quem falou.

– Tem.

– O que? – Fuzz e Mai perguntaram.

– Era sobre isso que estávamos conversando hoje com o médico dela. Ele disse que tem uma outra opção….- Dulce.

– Qual?! – Mai perguntou agoniada com a “enrolação” delas.

– Um irmão….- Anahi falou e as três ficaram as olhando sem entender.

– Mas a mãe dela não morreu? – Mai.

– Sim. – as duas responderam.

– Não to entendendo então, como ela teria um irmão? Ela não é filha única? – Fuzz perguntou e as duas balançaram a cabeça.

– Mas ele teoricamente é o pai da Giovanna e vocês são as mães. Gente, sério, pelo amor de Deus, vocês não estão pensando nisso né?? – Sophie esclareceu jogando a bomba e olhou pras duas. Mai estava em choque e Fuzz olhava pra namorada sem saber o que falar.

– Eu não sei, não deu tempo de pensar ainda. – Dulce falou e Sophie nada disse, só as olhava.

– Mas como isso? Pode dar certo? – Mai.

– Na verdade é a melhor chance dela, não digo única porque do dia pra noite pode aparecer um doador, mas é tipo menor que 1% a chance disso acontecer. – Anahi explicou.

– E vocês estão pensando em fazer isso? – Fuzz. As três estavam chocadas.

– Não sabemos. Na verdade acabamos de saber disso, não deu muito tempo de pensar ainda.

– Que loucura gente! – Mai.

– To boba também….- Fuzz falou e as duas olharam pra Sophie que estava de cabeça baixa, a mão no rosto.

– Mamá, “aua “ – Giovanna interrompeu o silêncio sem nem saber.

– Quer água meu amor? – Dulce falou com ela que estava em pezinha na frente dela.

– “Qué”

– A Didi pega pra você, vem cá. – deu a mão pra ela e no meio do caminho a pegou no colo. Na verdade, só queria respirar um pouco.

– O copo dela está em cima da pia. – Dulce gritou lá da sala.

– Tá. – Fuzz fez o mesmo.

Sophie desviou o olhar na direção da namorada quando ela se levantou mas assim que ela entrou na cozinha, voltou a olhar pra frente, mas nada disse, apenas balançava a cabeça.

– Fala Sophie. – Anahi disse vendo a cara da amiga, esta levantou a cabeça e ficou as olhando antes de falar.

Ela respirou fundo, abaixou a cabeça e apoiou as mãos no chão como se tivesse olhando algum esquema e organizando as coisas na sua cabeça, quando levantou o olhar, falou:

– Eu posso te dar milhões de motivos legais pra embasar a confusão que vocês vão entrar.

Anahi suspirou.

– É uma criança Sophie, não uma lei.

– Anahi, por Deus….- ela respirou fundo e viu a mulher voltando da cozinha com Giovanna no colo, ela bebia sua mamadeira. Fuzz parou ali mesmo, um pouco atrás de onde elas estavam- vocês tem noção disso??

– Não, na verdade não, como eu disse não deu tempo de pensar ainda. – Anahi.

– Vocês fariam isso? Ter outro filho só pra ajudar ela? – Mai.

– Não sei, talvez, ou não. Realmente não sei. – Dulce respondeu e então desviou o olhar pra filha no colo da amiga, Giovanna estava quietinha curtindo o colo, Fuzz fazia um balanço. Estava quase na hora dela dormir….- Ela é irmã da Giovanna….- as olhou ao falar.

– Dulce não, para. – Sophie falou, se aproximou um pouco delas- Olha só, ouçam o que eu vou dizer, esse cara está chantageando vocês gente. Por favor!

– Você não ajudaria Sophie? Uma criança se pudesse?! – Anahi.

– Não é ajuda Anahi, ter um filho não é ajuda. Meu Deus, vocês sabem mais do que eu a responsabilidade que é. Não é só uma ajudinha aqui….

Elas ficaram se olhando, Mai respirou fundo e tentou acalmar os ânimos.

– Eu sei que quem decide são vocês, mas talvez a Sophie esteja certa…. Imagino o apego de vocês mas vocês tem que pensar na vida de vocês, não é obrigação de vocês salvá-la.

– Sim, não é! – Sophie falou emendando a fala de Mai.

– Não é? Será que não? – Anahi.

– Não é Anahi. – Sophie respondeu calmamente.

– Talvez você tenha razão Sophie, mas eu não me sinto no direito de dizer não pra ela. – Dulce.

– Então vocês vão aceitar? – Sophie.

– Não sei, não faço a mínima ideia! Nós acabamos de saber, você acha que a gente já não pensou em tudo que você está falando? Pensamos, mas é uma criança, é a Gabi. Vocês não entendem….- Dulce falou e desviou pra filha no colo de Fuzz, quase dormindo. Elas estavam com os rostos colados e Fuzz meio balançava ela, e quando percebeu a amiga a olhando, sorriu.

– Eu entendo. – Sophie falou e elas a olharam- Vocês se apegaram, virou quase uma filha pra vocês né? – as duas não falaram nada e ela continuou- Entendo tudo isso, mas desculpa, eu não posso deixar de falar, posso estar errada tá, mas eu não gostei dessa história, de como tudo aconteceu….

– Nisso eu concordo… – Mai. Formou-se um silêncio.

– Quer por ela no carrinho? – Dulce perguntou vendo Giovanna quase dormindo, Fuzz apenas balançou a cabeça dizendo que não.

Sophie respirou fundo mais uma vez e resolveu falar a última coisa.

– Olha só, eu sei que vocês podem estar me achando insensível, mas não é. Me ouçam por favor? Esquece que eu sou amiga de vocês, me ouçam como advogada pelo menos, por favor? – ela as olhava.

– Fala. – Anahi disse.

– Se vocês resolverem fazer isso, pelo menos se resguardem?

– Como assim? – Dulce.

– Esse cara biologicamente é pai da Giovanna ok, e ele vai ser o pai dessa criança, eu não sei o que ele pode tentar…. Só não sejam inocentes de fazer isso tudo sem um contrato prévio, por favor? Ele não é legal, ninguém é quando se está desesperado.

– Mas você acha que ele pode tentar alguma coisa? Não existe uma lei resguardando elas? – Mai.

– Existe, mas também existia uma que ele não podia descobrir nada delas, ele fez a doação de esperma e no contrato eu tenho certeza que dizia que ele não pode saber da pessoa que recebe, mas nós sabemos que ele deu seu jeito, então….- ela suspirou mais uma vez- Olha não to querendo assustar vocês, eu só to falando pra não serem tão inocentes assim, esse cara é raposa velha pelo que percebi.

– Sim, ele é. Mas relaxa que não vamos fazer nada sem estar resguardadas, não somos loucas a esse ponto. – Anahi.

– Que bom! E como a Mai disse, vocês que resolvem, eu acho loucura mas se vocês resolverem é óbvio que iremos apoiar vocês. – ela falou arrancando sorrisos das duas.

– Obrigada. – Anahi falou realmente feliz, ela entendia a amiga….

Dulce desviou o olhar pra filha e a viu dormindo no colo da madrinha.

– Quer por ela lá?

– Pode ser…- Fuzz sussurrou.

– Vamos lá. – Dulce se levantou mas antes de sair Lupita apareceu na sala.

– Coloco mais pratos na mesa?

– Claro. Vocês ficam pra jantar com a gente né? – se virou pras três.

– Pode ser. – Sophie respondeu e olhou pra namorada que concordou com a cabeça.

– Mai?

– Se não for atrapalhar, fico.

– Claro que não atrapalha. Põe sim Lu. – a senhora concordou com a cabeça e então saiu pra cozinha- Vamos lá? – falou com Fuzz e as duas subiram.

– Vou avisar o Koko que vou demorar, já venho tá? – avisou a Anahi e Sophie e então se afastou pra varanda. Assim que ela saiu, Anahi se levantou do chão.

– Quer beber alguma coisa? – perguntou a amiga que havia sentado no sofá.

– Aceito.

Anahi então foi pra cozinha e voltou com três long necks, trouxe mais uma prase alguém quisesse, Mai ainda estava na varanda. Anahi se sentou virando o primeiro gole e deu um longo suspiro.

– Tá brava comigo? – Sophie perguntou a olhando. Anahi virou apenas a cabeça, estava com ela encostada no sofá, a balançou indicando que não- Tem certeza?

– Tenho. Só…- ela parou e suspirou olhando pra frente.

– Anahi, um filho, é muito grande isso.

– Eu sei. – Anahi abaixou a cabeça ao falar.

– Você está considerando né? – ela a olhou e fez que sim com a cabeça- Você confia nesse cara?

– Não. Mas eu faço qualquer coisa pra não ver a Gabi sofrendo, sério. – Sophie apenas a olhava- Eu sei, pode falar eu bem que te avisei, você disse, mas eu me apeguei e agora não dá mais pra voltar atrás, e ela merece.

– Não tenho dúvidas….- ela falou e então sorriu, Anahi ainda a olhava- Você percebeu o que falou? “Faria qualquer coisa por ela” – repetiu a frase da amiga- Vocês estão tratando ela como se fosse filha de vocês.

– E isso é ruim?

– Não. – Sophie deu um meio sorriso- Desde que vocês tenham bem claro que ela não é, que esse cara pode do nada surtar e afastar ela de vocês, você sabe né?

– Sei. – Anahi balançou a cabeça indicando um sim e em seguida a abaixou de leve.

Mai voltou nessa hora, as olhou meio em dúvida mas Anahi sorriu pra amiga, ela sorriu se sentando ao lado delas.

– Então, de 0 a 10 , quanto vocês nos acham malucas?

As três riram e ficaram ali conversando.

Lá em cima, no quarto de Giovanna….

Fuzz esortueava com ela no colo a ninando pq quando ela colocou no berço ela chorou e acordou. Fuzz a tinha posto deitada e a balançava como se faz com bebê, a luz à meia altura e elas falavam bem baixo, mas do nada ela percebeu a amiga quieta e olhando pro nada…

– Você não ficou brava com a Sophie né? Ela só está preocupada com vocês, outro dia a gente conversou e….- Dulce a interrompeu, a olhou no momento em que ela começou a falar.

– Eu entendo ela, às vezes até concordo com ela, praticamente ela está certa, mas o amor que eu sinto por essa menina não me deixa ser tão prática quanto vocês….- Fuzz sorriu ao ouvir a amiga falar que ama a menina, apesar que já estava óbvio.

– É uma puta prova de amor, Dul! Não sei se eu conseguiria também fazer algo assim por alguém….

– Claro que faria. – Dulce a olhou ao falar e Fuzz sorriu.

– Mas vocês também não precisam decidir hoje né?

– Não. Apesar do Velasco ficar nos pressionando, é uma coisa que tem que ser pensada.

– Óbvio e vocês tem todo o direito! Não acredito que ele fica pressionando vocês. Cara ridículo. – Fuzz já não gostava dele por tudo que Dulce falava.

– Nem me fale….- Dulce estava puta com ele desde a hora que ele insinuou ir pra cama com Anahi- Você não tem noção do que ele nos falou hoje.

– O que?

– Sugeriu que se não desse certo a inseminação poderíamos fazer da forma natural e com a Anahi!

– O QUE?? – ela levou um choque e alterou um pouco a voz.

– Shhh!! – Giovanna se mexeu no colo dela meio acordando.

– Desculpa, desculpa….shhh. – ela balançou a afilhada de novo que aos poucos voltou a fechar os olhos, só tinha se assustado, só aí Fuzz olhou pra Dulce- Tá de sacanagem que ele falou isso? – Dulce balançou a cabeça- Que abusado!!

– Não é de hoje que eu estava percebendo uns olhares dele pra Anahi….mas não sabia que ele chegaria a tanto….

– To chocada! Sério!!

– Pois é. – Dulce não falou mais nada, ficou olhando pra filha que agora sim tinha dormido.

Fuzz então a colocou no berço e ao saírem do quarto toparam com Sophie no corredor.

– Ah, estava vindo aqui chamar vocês. O jantar está na mesa.

– A gente estava descendo já, é que ela acordou, por isso demoramos. – Dulce explicou e Sophie a sorriu em resposta. Íam descer mas Sophie parou e falou:

– Dul, você não ficou chateada com o que eu disse né?

– Claro que não, eu te entendo. Como eu falei com a Fê, racionalmente eu concordo 100% com você, mas eu não consigo ser só racional nessa questão.

– Eu sei, eu entendo, juro que entendo. Eu só falei por preocupação mesmo e por conhecer um pouco as leis….

– Eu sei, obrigada Sophie, de verdade! – Sophie sorriu e ela a abraçou- Obrigada. – elas se separaram do abraço sorrindo- Bom, vamos comer? To com fome.

– Vamos sim. – Sophie respondeu e as três desceram.



Notas:



O que achou deste história?

3 Respostas para CAPÍTULO 9: Pode ser a Anahi….

  1. Naty, usei um pouco de licença poética também hahah.

    Obrigada pelos comentários de sempre meninas, vcs são demais ♥️

  2. Nossa,tô chocada…cara abusado…usando o amor que o casal tem p fazer chantagem…conto está emocionante a cada novo capítulo …
    Bjs

  3. Meu, elas estão tão surradas com tudo isso que nem pararam pra pensar que o cara pode fazer um filho com qualquer mulher! Sempre vai ser 50% da genética dele…
    Realmente, muito drama nesta temporada.

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