Umas horas depois elas tinham se arrumado e voltado pro convés do barco, já faziam o caminho de volta e resolveram aproveitar a vista. Estavam sentadas meio de lado, de frente pra paisagem, Dulce no meio das pernas da loira. Ninguém falava nada, apenas estavam abraçadas e com as mãos entrelaçadas. Ouvia-se apenas o barulho do vento, de alguns pássaros que passavam voando e diversos suspiros por parte das duas.
– Dorme comigo hoje? – Anahi pediu em forma de sussurro no pé do ouvido.
Dulce sorriu e virou só o rosto pra respondê-la.
– Por mim eu dormia com você por todos os dias da minha vida…- Anahi não falou nada, elas continuaram de testas coladas e Dulce lhe deu um selinho e depois se virou pra frente de novo- No meu quarto ou no seu?
– Tanto faz…- Anahi respondeu passando os dedos pelo braço da ruiva, fazendo carinho até pousar sobre a mão dela e entrelaçar os dedos.
Foram interrompidas pelo garçom oferecendo mais bebida e petiscos, Anahi pegou uma cerveja mas Dulce recusou, disse não aguentar mais beber ou comer. Elas tinham bebido o dia todo e no sol, era de se admirar não estarem altas. Quando ele saiu, Dulce se virou pra ela.
– Posso fazer uma coisa? – Dulce a olhou ao perguntar.
– O que?
– Quero tirar uma foto com você.
– Dul…- Anahi já reclamava mas a ruiva já tinha se levantado e pego o celular.
– Por favor vai…- ela sentou novamente onde estava com o celular na mão.
Ela grudou o rosto no de Anahi e aproximou o celular, a foto ficou bem de rosto e do lado o mar. Virou o celular pra ver e se chocou com a beleza da foto.
– O seu olho tá da cor do mar….- como estava bem perto e sem nada no meio dava pra ver bem os tons.
– O mar que está da cor do meu olho! – Anahi brincou como se estivesse reclamando e Dulce riu.
– Eu ainda fico admirada com a sua beleza sabia? – olhou pra Anahi que revirou o olho- Eu tô falando sério. – puxou ela pelo queixo pra olhá-la- Você é linda! Eu nunca vi nada igual!
– Ai Dul para né, não força também. – Anahi tinha ficado sem graça.
– Tô falando sério! Eu sempre te falei isso, mesmo antes da gente ficar que você era linda, continua! Mais ainda, se bobear. – Anahi sorriu, um sorriso meio sem graça e por isso resolveu a beijar. Se soltaram e Dulce pegou no celular de novo- Quero tirar outra. – Anahi já estava reclamando quando ela emendou- Não é sua não chata! É da paisagem.
Realmente ela tirou várias fotos da paisagem e quando se virou tirou uma de Anahi que estava debruçada sobre o barco de olhos fechados, quando ouviu o click abriu os olhos.
– Dul! – “reclamou” com ela.
– Ai deixa de ser chata! Tá linda a foto. – mostrou pra ela.
– Só espero que essa foto não saia desse celular.
– Não vai sair. Pode confiar. Bom, você não confia né, mas eu juro pelo que você quiser.
– Não precisa. Eu acredito. – Dulce a olhou- Nisso, sim. – a ruiva respirou fundo, não ía brigar né…deixou pra lá e elas voltaram a ficar em silêncio e abraçadas.
Cerca de uma hora depois chegaram. Tinham resolvido ficar no quarto de Anahi mesmo, as duas já tinham se trocado e estavam embaixo do edredon com o ar ligado.
– Tô morta….
– Também né, bebeu a beça dona Anahi.
– Igual você.
– Você bebeu mais!
Pra encerrar a discussão besta Anahi mudou de assunto.
– Quer ver televisão?
– Não.
Começaram a ouvir um toque de celular e Anahi percebeu que era o dela, se esticou pra pegar na mesinha e ao olhar no visor suspirou.
– Que foi? – Dulce a olhou porque até então estava trocando os canais da TV e não prestou atenção. Viu Anahi com o celular na mão batendo com ele na testa- Quem é Anahi? – perguntou mesmo já desconfiando de quem seria.
– Maria. – ela respondeu suspirando e deitando na cama de barriga pra cima.
– Quer que eu saia? – Dulce perguntou já se levantando afinal provavelmente ela atenderia. Anahi não respondeu nada claramente sem saber o que fazer- Vou pra varanda. – a ruiva se levantou e ainda ouviu um suspiro dela antes de atender o telefone.
Dulce fechou a porta da varanda pois não ía suportar ouvir aquela conversa, se maldizeu ao perceber que não tinha uma droga de cigarro ali com ela. Ficou ali no parapeito sentindo a brisa bater e tentando controlar o choro, não queria que Anahi visse, aliás não sabia nem mais qual seria o futuro daquela noite só sabia que seu coração estava em pedaços! O telefonema não foi longo, Anahi quis ser o mais breve possível mas pra Dulce demorou horas, quando ela ouviu a porta da varanda se abrir, seu coração deu altos saltos mas ela não se mexeu.
Anahi se aproximou dela e a puxou pelo braço a virando e então a abraçou.
– Vamos pra cama? – Dulce fez que sim com a cabeça pressionada contra o peito da loira.
Anahi abaixou a cabeça e deu um beijo no ombro da ruiva e suspirou, não sabia o que fazer então levou as mãos aos cabelos da ruiva e fez carinho. Dulce tentava a todo custo controlar as lágrimas, mordeu o lábio algumas vezes numa tentativa de não deixar elas caírem, Anahi nada percebeu pois não conseguia vê-la.
– Vem. – Anahi a puxou e as duas voltaram a se deitar, mas o clima estava estranho agora e Dulce começou a sentir um frio estranho- Você está brava? – Anahi se virou pra ela ao falar.
– Não quero falar disso.
Anahi suspirou.
– Ok.
– Tô com frio. – Anahi a olhou etada pois mesmo com ar não estava frio.
– Frio?? Quer que desligue?
– Não. É esquisito, tô me sentindo estranha….- Anahi ficou a olhando e logo Dulce deitou em seu peito. Anahi a abraçou e elas se aconchegaram mais na cama.
– Vai passar…- Anahi a abraçou pela cintura e a outra mão foi aos cabelos fazendo carinho.
As duas pegaram no sono dessa forma.
Dulce acordou algumas vezes durante a noite, às vezes se coçava outras só um incômodo mesmo, enjôo….mas estava com tanto sono que acabava apagando de novo, na última vez acordou se coçando sentiu uma ardência no braço onde estava coçando e achou estranho. Tentou voltar a dormir mas estava agoniada, tirou o edredom de cima, o braço de Anahi também que ela achou que estava a sufocando, demorou um pouco, devido ao sono, pra perceber que ela que estava com dificuldades pra respirar. Quando ela percebeu tentou se acalmar e respirar fundo mas de nada adiantou, tentou sentar-se pra ver se era melhor mas a sensação foi pior, voltou a deitar e tentou chamar Anahi mas como era de madrugada e tinha bebido ela estava com o sono pesado. A falta de ar foi piorando e foi aí que ela foi ficando meio desesperada e começou a apertar Anahi pra ver se ela acordava mas estava ficando sem forças já. Na verdade Anahi só acordou porque começou a ouvir um barulho meio estranho, era Dulce tentando respirar.
– Dul? – ela sussurrou de olhos fechados ainda mas a ruiva não conseguiu fazer um som audível então Anahi achou que não era nada e voltou a tentar dormir mas sentiu a mão dela a apertando, abriu os olhos de novo- Que foi? – sussurrou ainda de olhos fechados morta de sono.
– A…nni…ee…- Dulce falou com dificuldades.
– Oi..
– Por fav…or…- Anahi ouviu o barulho estranho de novo.
– Que foi? Tá tudo bem? – agora ela acordou. Dulce não respondia só a apertava- O que houve? – ela passou o braço pela cintura da ruiva e foi aí que a sentiu quente e como sua barriga subia e descia rápido, se desesperou- O que está acontecendo Dulce?? – se ergueu pra acender a luz do abajur. A ruiva estava de olhos fechados tentando respirar- Dulce! – ela tocou na ruiva e a sentiu quente e ao olhar melhor viu seu rosto e braço todo vermelho- Meu Deus!! Dul, o que você está sentindo? – tocou no rosto dela mas Dulce não conseguia falar, abriu os olhos devagar- Tá com falta de ar? – ela só fez que sim com a cabeça- Calma, respira devagar….- ela fazia carinho no rosto dela tentando passar calma mas não estava adiantando, Dulce segurava no braço dela com força- Você tem que respirar devagar….
– Não tô….conseguindo….
– Meu Deus! O que eu faço? É a asma? Você trouxe a bombinha?
– Não é. – conseguiu responder e Anahi confirmou ao vê-la toda vermelha.
– Você teve uma reação alérgica Dulce. – Anahi estava sentada na cama- Eu preciso – Anahi olhava pros lados nervosa- precisamos ir pro hospital! – quando ela a olhou Dulce havia fechado os olhos- Vou te levar pro médico, você vai ficar bem tá? – ela tocou em seu rosto ao falar mas Dulce não respondia, não abria o olho- Dul. Tá me ouvindo? – ela se desesperou ao não ouvir reação nenhuma dela- Dulce! – ela abriu os olhos devagar meio perdida- Fica acordada! Comigo! Eu vou te levar pro médico, ok? – a ruiva fez que sim e Anahi começou a se trocar e aí se deu conta que ela nem sabia onde levar e muito menos como procurar isso, ainda mais nervosa do jeito que estava.
Pegou o telefone da recepção e começou a falar tudo de uma vez sem se tocar que falava em ehol tamanho o nervoso, repetiu algumas vezes até que se tocou que falava em ehol, desistiu e ligou pro Pedro. Era de madrugada mas ela estava desesperada! Dulce abria e fechava os olhos meio zonza.
Pedro demorou a atender, afinal eram três da manhã mas quando atendeu se desesperou também e disse que já estava indo, mas ele demorou tanto que ela histérica ligou pra Maite, acordou a amiga e pediu quase chorando pra ela vir até seu quarto. Ela chegou antes de Pedro.
– O que aconteceu Anahi? Pelo amor de Deus! Você me assustou!!
– Eu preciso que vco êvá no quarto da Dulce e pegue uma roupa pra ela.
– Pra Dul? Mas por quê? – Mai entrou mais e viu ela na cama, olhou pra Anahi sem entender mas a amiga estava com água nos olhos.
– Ela tá passando mal Mai, por favor! Pelo amor de Deus!
– Ok, ok. – Mai não quis perguntar mais porque viu o estado da amiga- Cadê a chave dela?
Anahi a entregou e então ela saiu, ao mesmo tempo que Pedro chegava com um homem.
– Anahi, o que está acontecendo?? – ela estava tão desesperada que nem ligou pro cara ali.
– Pedro, ela está sufocando, sem ar! A gente precisa ir pro hospital! – à essa altura Dulce nem abria os olhos mais, Anahi continuava ali ao lado dela fazendo carinho no seu rosto ou segurando sua mão.
– Meu Deus! Ela está toda empolada! O que houve?? – Anahi só balançava a cabeça então ele se virou pro cara que era da recepção e ele tinha ligado após ouvir Anahi desesperada, já sabia que era caso de hospital- Qual hospital mais perto?!
– Olha, pra sorte de vocês está tendo um congresso de medicina aqui perto e temos vários médicos no hotel. Vou procurar saber o melhor hospital, vão descendo com ela enquanto isso.
– Ok. Preciso de um carro também! – Pedro.
– Pode deixar. – ele saiu e logo Mai chegou.
– Aqui a roupa Anahi.
– Me ajuda Mai?
– Vocês conseguem descer com ela? Vou vendo se já conseguiram tudo lá…- Pedro.
– Ok. – Mai respondeu porque Anahi já estava na beira da cama tentando falar com a ruiva. Mai sentou na outra ponta- Dul….Dul, me ajuda? Vem….vamos te levar pro hospital. – a ruiva estava toda mole na cama de olhos fechados.
– O que houve com ela? Tá toda vermelha.
– Não sei Mai, acordou assim. Me ajuda.
– Ok. Vem Dul.
As duas levantaram a ruiva e a sentaram, nesse momento ela abriu os olhos e olhou pra Anahi.
– Tô aqui, está tudo bem. Me ajuda a trocar sua roupa? – o peito dela subia e descia rápido e ela mal conseguia levantar os braços.
– Vai ter que ser assim mesmo Annie, te ajudo. – Dulce estava apoiada em Anahi enquanto Mai tentava trocar a roupa dela, por fim conseguiram e parecia que a respiração dela tinha acalmado um pouco- Parece que está um pouco melhor…
– É. Vamos logo então!
Foi difícil mas conseguiram sair do quarto e ir na direção do elevador, Dulce mole e abraçada a Anahi.
– Afinal de contas o que aconteceu?! – Mai perguntou no elevador.
– Não sei, ela acordou assim, sem ar.
– E com você? – Mai perguntou mas Anahi só a olhou, então o elevador chegou e Pedro veio na direção delas.
– Tudo certo. Vamos, o carro tá ali.
