Músicas que embalam o capítulo:

Eight Days a Week:

She Said she Said:

The Long and Winding  Road:

Camila – Diedra Roiz

A segunda feira chegou me trazendo um grande alívio: ter para onde ir e o que fazer. Acordei tarde, nem almocei. Queria chegar cedo no cartório. O início da tarde correu tranquilo, sob o ponto de vista de quem, como eu, não queria ter tempo para pensar. 

Meu plano era seguir do mesmo jeito durante toda a semana, me anestesiar conferindo Requerimentos de Alistamento Eleitoral, consultando relações de óbitos no Cadastro Eleitoral, analisando processos pra preparar relatórios e despachos… Qualquer coisa, menos ficar desocupada e a sós comigo mesma. Naquele momento seria insuportável.

Por volta das quatro horas meu celular tocou. Era Flávia:

– Oi. – houve uma breve pausa antes de ela continuar: – Acabei de falar com a Ive. – Estranhei a voz dura, seca, agressiva quase.

– E?

O tom dela não mudou em nada:

– Me diz você, por que… Sinceramente?  Eu quase não acreditei quando ela me contou.

Perguntei só para confirmar:

– Do quê você está falando?

Mas ela não facilitou:

– Não sabe?

Sabia até muito bem, aliás, mas… Não estava nem um pouco disposta a pensar no assunto, muito menos discuti-lo com Flávia:

– Acho que isso só diz respeito a mim e a Sunny.

A resposta dela foi imediata:

– Mais a ela do que a você, não é verdade?

Percebi então que estava perdendo algo… Havia mais… Alguma coisa que eu ignorava:

– O quê?

Ela nunca tinha falado comigo daquele jeito:

– Como você pôde? Como teve coragem?

O efeito foi imediato. Me senti absolutamente culpada:

– Eu juro que não queria…

Mas Flávia estava realmente possessa. Nem me deixou falar:

– Ah, não? Queria o que então?  Eu jamais esperaria isso de você, sabe? A primeira vez dela com uma mulher e você… Come e sai? Acho que nem o cara mais escroto… Não… Eu posso ser tudo, mas eu nunca… Isso simplesmente não se faz! Você foi… Horrível é pouco! Você foi podre, Camila, escrota de verdade!

Todas as fichas caíram de uma só vez… Verbalizei alto:

– A primeira vez…?

Aí sim ela ficou chocada:

– Vai me dizer que não sabia?

Confessei ainda aturdida:

– Não. Ela não me disse…

Flávia soltou uma gargalhada do outro lado:

– Precisava? – Vasculhei minhas lembranças em busca de um sinal, por menor que fosse… Em nenhum momento ela havia hesitado ou parecido inexperiente, mas… No começo talvez… Um pouco insegura… Tímida quase… Tinha se deixado guiar… De um jeito que eu não esperava e… Realmente havia, nas reações dela, um quê de… Descoberta. De algo novo. De… Primeira vez. Flávia traduziu meu pensamento em palavras: – Quanta insensibilidade!

Estava lá, evidente, na minha cara. Mas eu… Estava preocupada demais comigo mesma para enxergar.

– Como ela está?

– Como você acha?

Foi mais forte que eu. Tentei me defender, me… Justificar. Apesar de ter plena consciência de que não havia como, no mesmo instante em que proferi as palavras:

– Eu pensei que… Pra ela fosse só…

Não fui capaz de completar. Flávia o fez, sem a menor piedade:

– Só mais uma trepada? – Um silêncio pesado pairou entre nós. Enquanto eu absorvia o real significado do que havia feito e Flávia… Respirava antes de completar: – Era o mais conveniente, né? O mais fácil.  Pra você poder ir lá e… Usá-la.

Na verdade, tinha sido pior, muito pior… Se Flávia soubesse, sequer desconfiasse do que realmente havia acontecido…  Era imperdoável.

– Me dá o número dela.

Ao invés de fazer o que pedi, ela apenas ironizou do outro lado:

– Não acha meio tarde? Olha só, Camila… Se você nem se deu ao trabalho de pegar o número da guria, é porque não pretendia mais falar com ela, então… Se vai procurá-la por culpa, pena ou qualquer outro tipo de sentimento detestável é melhor deixar como está.

Fiz a única coisa que me restava… Insisti:

– Preciso muito falar com ela, Flávia…

Se fosse necessário estava disposta a implorar, mas… Sequer me foi dada a oportunidade. Ela foi veemente:

– Quer consertar a merda que fez? Se vira! Corre atrás! Mas não conte comigo. Eu não vou te ajudar.

E desligou… Na minha cara.

O resto da tarde foi insuportável. Liguei várias vezes para Flávia, que simplesmente não me atendeu. De dois em dois minutos eu olhava para o relógio, o tempo não passava… Quando o expediente finalmente terminou às 19h, fui correndo para casa, tomei banho, mudei de roupa, entrei no carro e peguei a estrada. As horas de reflexão angustiante tinham me levado a decidir. Precisava falar com Sunny, não tinha o telefone dela e era mesmo muito melhor cara a cara… 

O silêncio dentro do carro só aumentava minha ansiedade então… Abri o porta luvas e fiz o que durante muito tempo tinha evitado: peguei um dos inúmeros CDs que ainda continuavam lá, exatamente do jeito que Sandra tinha deixado…

Um sorriso melancólico surgiu em meus lábios quando me lembrei do começo do nosso namoro… Ela adorava implicar com o meu gosto musical:

– “Nada contra o pop, mas… Te aprimorar não vai fazer nenhum mal…”

E realmente, os anos de convivência – e várias “aulas” – com a professora mais linda do Conservatório de Música Popular de Itajaí tinham dado resultado…

Meu sorriso aumentou quando vi o CD que escolhi alheatoriamente: uma seleção dos Beatles, as músicas preferidas do conjunto que ela mais amava…

– “Os Beatles fizeram tudo, inventaram tudo, por isso são tão absolutamente geniais!”

Era o que ela nunca se cansava de afirmar… Em festas, conversas, mesas de bar… Com o entusiasmo espontâneo que lhe era peculiar e que me deixava… Cada dia mais encantada, enfeitiçada, apaixonada… E eu jurava que ia durar para sempre, nunca iria acabar…

Enxuguei as primeiras lágrimas que rolaram… E coloquei o CD… Estava entrando na BR470… A primeira música que Sandra escolheu… “Eight Days a Week”… Me fez soltar uma risada… Milhares de imagens vieram… Momentos maravilhosos vividos com ela… Com uma intensidade que fez meu coração doer numa nostalgia que não era de todo desagradável…

“Oh, I need your love babe (Oh, eu preciso do seu amor, baby)

Guess you know it´s true (Acho que você sabe que é verdade)

Hope you need my love babe (Espero que você precise do meu amor, baby)

Just like I need you” (Assim como eu preciso de você)

Sandra me olhando com o sorriso mais lindo que já tinha me dado, os olhos brilhantes de felicidade…

– Eu te amo, Câmi… Muito… Demais…

No dia em que eu tinha proposto tornar oficial o que já era fato… Vivíamos juntas, em duas casas, de um lado para o outro, numa correria danada, roupas e coisas para lá e para cá e um monte de chaves…

“Hold me, love me (Me abrace, me ame)

Hold me, love me (Me abrace, me ame)

I ain´t got nothin´but love babe (Eu não tenho nada além de amor, baby)

Eight days a week” (Oito dias por semana)

Sandra sentada em frente a mesa dela no escritório de óculos… As mãos se movendo rapidamente em cima do teclado do notebook… Eu ficaria ali, observando, fascinada, por toda a eternidade… Se ela não reclamasse:

– Para, Câmi… Preciso entregar essas notas hoje… E com você me olhando desse jeito não consigo me concentrar…

“Love you everyday girl (Amo você todo dia, garota)

Always on my mind (Sempre pensando em você)

One thing I can say girl (Uma coisa eu posso dizer, garota)

Love you all the time” (Te amo o tempo todo)

Sandra debaixo de mim… Com um olhar suplicante ao ser questionada por causa das meias de lã que ainda tinha nos pés e eram… As únicas peças de roupa que estava usando… Apesar de saber que eu considerava totalmente corta tesão…

– “Ah… Tá muito frio, Câmi…”

Eu cedi, claro… Apenas uma das infinitas concessões que tinha feito e faria sem nenhuma dificuldade… Por ela… Para ela… Com ela… Tudo… O que ela quisesse… Fosse ou não necessário…

E então, a segunda faixa entrou… “She Said, she Said”… Eu nunca tinha compreendido porque Sandra gostava tanto dessa música… Não via nada demais nela… Até aquele momento, quando a melodia alterou completamente a atmosfera dentro do carro… Soando como um presságio, ou melhor… Um aviso que ela tivesse me deixado…

“She said (Ela disse)

“I know what it’s like to be dead (eu sei como é estar morta)

I know what it is to be sad (Sei como é estar triste)

And she’s making me feel like (E ela está me fazendo sentir como se)

I’ve never been born” (eu nunca tivesse nascido)

Há mais de dois anos… Era exatamente o que eu sentia… Como se eu fosse um corpo sem espírito, vagando em suspensão numa espécie de sobrevida que eu absolutamente não queria… Preferindo mil vezes ter sido eu ao invés dela…

Durante meses Flávia tinha se preocupado… Mas a ideia do suicídio não me atraía em nada… Estava longe, a milhas de distância do que eu realmente desejava… Poder apenas fechar os olhos e… Deixar de existir… Evaporar… Dormir um sono sem pesadelos nem sonhos… Apenas me tornar… Parte do nada…

She said, she said  (Ela disse, ela disse)

I know what it’s like to be dead (Eu sei como é estar morto)

I know what it’s like to be dead (Eu sei como é estar morto)

I know what it is to be sad (Eu sei como é estar triste)

I know what it is to be sad (Eu sei como é estar triste)

I know that it’s like to be dead (Eu sei que isto é como estar morto)

A música terminou, mas não ouvi a próxima faixa… As lágrimas escorriam me cegando… Fui obrigada a parar o carro. Felizmente estava a alguns poucos metros de um posto. Encostei, desliguei tudo… Não desci. Sentada no escuro, com a testa encostada nas costas de minhas mãos, que mantive agarradas no volante, deixei que os soluços me tomassem. Chorei convulsivamente até que o sentimento se esvaziasse… Aos poucos, desacelerando como se eu freasse bem devagar…

Enfiei os dedos nos cabelos, puxei-os com força… Ato que já se tornara frequente e banal… Há muito eu descobrira que a dor física amenizava a outra, que eu sequer sabia nomear… Respirei fundo e ri, com ironia… Ao lembrar que tinha comigo minha eterna companheira… A caixa de lenços de papel dentro da minha bolsa, no banco de trás…

Munida dela assoei o nariz e enxuguei o rosto, jogando os detritos no saquinho de lixo pendurado na marcha.

Prossegui a viagem. No início em silêncio. Com medo das emoções que as músicas me despertavam. Foi exatamente esse medo que me fez perceber o quanto aquilo era necessário. Respirei fundo, tomando coragem e voltei a ligar o CD player, que automaticamente iniciou a terceira faixa… “The Long and Widing Road”…

“The long and winding road (A longa e sinuosa estrada)

That leads to your door (Que leva até sua porta)

Will never disappear (Jamais desaparecerá)

I’ve seen that road before (Eu já vi esta estrada antes)

It always leads me here (Ela sempre me traz até aqui)

Lead me to your door” (Conduz-me até sua porta)

Voltei a rir… Me sentindo tola, ridícula e… Completamente louca… Por procurar e encontrar sentido em um CD velho esquecido durante anos naquele porta luvas… Mas o fato é que parecia proposital e eu queria… Na verdade precisava… Me apegar a algo… Naquele ponto da minha vida era… Crucial…

Cantei alto, junto com Paul McCartney:

“Why leave me standing here? (Por que me deixar aqui?)

Let me know the way (Mostre-me o caminho)

Many times I’ve been alone (Muitas vezes eu fiquei sozinha)

And many times I’ve cried (E muitas vezes eu chorei)

Anyway you’ll never know (De qualquer forma você nunca saberá)

The many ways I’ve tried (De quantas formas tentei)

But still they lead me back (Mas ainda assim elas me trazem de volta)

To the long winding road (À longa e sinuosa estrada)

You left me standing here (Você me deixou aqui)

A long long time ago (Há muito, muito tempo atrás)

Don’t leave me waiting here (Não me deixe esperando aqui)

Lead me to your door” (Guie-me à sua porta)

Exatamente como Sandra costumava fazer… E pareceu que era ela que me conduzia… Segurando a minha mão enquanto eu passava a marcha… Direcionando meus pensamentos para aliviar o peso que eu carregava… Fui repetindo a mesma música… Incansavelmente… Distraída a ponto de perder a entrada de Porto Belo e ser obrigada a passar pelo pedágio…

Enquanto procurava o retorno, ri de mim mesma… Do desastre que eu era, em muitos aspectos e sentidos… Eu precisava, tinha muito que mudar… Começaria consertando a minha última estupidez… Paguei o pedágio de volta pensando no que fazer, no que falar… A última frase da música soou assim que entrei na rua em que Sunny morava:

“But still they lead me back (Mas ainda assim elas me trazem de volta)

To the long winding road (À longa e sinuosa estrada)

You left me standing here (Você me deixou aqui)

A long long time ago (Há muito tempo atrás)

Don’t keep me waiting here (Não me mantenha aqui esperando)

Lead me to your door”( Guie-me à sua porta)

Desliguei o som, estacionei o carro na frente da casa dela e saí do carro…

Antes mesmo de passar pelo portão, vi que tinha luz na janela da sala. Cruzei o quintal rapidamente e toquei a campainha. A porta se abriu de forma repentina, e Sunny surgiu sorrindo:

– Voltou? Esque…

A palavra ficou em suspenso e o sorriso morreu nos lábios dela assim que percebeu que era eu e não quem quer que ela pensasse que fosse…

Fui direta. Na verdade me aproveitei do elemento surpresa para dizer, antes que ela tivesse tempo de fechar a porta na minha cara:

– Acho que precisamos conversar.

Sunny respondeu sem sair da minha frente, deixando claro que não permitiria a minha entrada:

– Não tenho nada pra conversar com você.

A mágoa dela era evidente… Mas eu não podia sair de lá sem falar:

– Sei que você deve estar chateada…

Ela gargalhou… Jogando a cabeça para trás:

– Chateada? Chateada é boa! – depois me olhou profundamente e… Não pediu, ordenou: – Vai embora, por favor.

Segurei a porta para mantê-la entreaberta, apesar da força que ela fazia no sentido contrário:

– Por favor, me escuta… Eu sinto muito, eu… Quero te pedir desculpas…

Quase caí dentro da sala quando Sunny deu um passo para trás e largou a porta… Na verdade… Escancarou-a.

Parou na minha frente com a respiração alterada pela raiva:

– Tá arrependida? Eu também estou!

– Eu só quero me desculpar por ontem… Por ter saído daquele jeito…  Por não ter notado que era a primeira vez que você…

Ela me cortou:

– Quê? Como você…? Vai me dizer que pensou e percebeu depois?

Fui verdadeira:

– Não. A Flávia me contou.

Ela riu:

– Foi por isso que você veio? Pra ficar bem com a sua amiga? Pra ficar de consciência limpa? Ou quem sabe… Se aproveitar mais um pouco? Me usar de novo?

O jeito dela quando voltou a rir… O que falou… A forma como me olhou… As três coisas ou… Não sei… Perdi completamente o controle…

Puxei-a para mim… Grudei-a no meu corpo… Segurei-a com força, tentando beijá-la, mas ela fugia, sem tentar sair dos meus braços nem se afastar, só desviando a boca:

– Não. Eu não quero. Eu não quero…

A recusa não muito convincente só serviu para me incitar ainda mais:

– Claro que quer! Desde que nos conhecemos a única coisa que fez foi me provocar, se oferecer! Tem coragem de dizer que eu me aproveitei? Que eu te usei? Não foi bom? Não gostou? Não gozou?… Tanto quanto eu?  

Sunny parou… Os lábios tão próximos que senti o hálito dela batendo em meu rosto, descontrolado como o meu… A voz saiu ofegante, ardente, rouca:

– Foi maravilhoso… O que estragou foi o depois. – me olhou profundamente ao perguntar, num outro tom: – Não vai mais enlouquecer e sair correndo?

Pensei bem antes de responder. Optei pela franqueza:

– Vou tentar. Prometo.

Sunny se soltou de mim e se afastou. Não me rejeitando, como pensei, mas… Para fechar e trancar a porta, que continuava aberta. Depois, voltou. Parou na minha frente, e esperou. Deixando claro que a atitude teria que ser minha. Mas ainda tinha uma coisa que eu precisava saber:

– Não vai mais dizer que me aproveitei, nem que te usei?

Não houve hesitação da parte dela:

– Não.

Acariciei o pescoço moreno, até alcançar a nuca, onde enfiei meus dedos e, segurando-a pelos cabelos, colei meus lábios nos dela…

Extravasei todo o meu desejo naquele beijo. E ela… Correspondeu com a mesma veemência, abrindo a boca para que minha língua entrasse… Suspirando, sugando, mordendo… Enquanto enfiava as mãos embaixo da minha camiseta. Tirou e jogou no chão. Fez o mesmo com o meu sutiã. Minha urgência era igual… Minhas mãos subiram pelas coxas, levantando o vestido dela até a cintura e depois… Arrancando-o por cima da cabeça e descobrindo que ela não estava usando nada por baixo… Ficou nua para mim. Por inteiro…

Gemi quando, com a boca, ela tomou meus seios. Sugou primeiro um, depois o outro. Desceu… Ajoelhou na minha frente, desabotoando e tirando meu jeans. Minha calcinha foi junto, ficou tudo embolado em meus tornozelos. Rimos juntas… Então a ajudei, tirando os sapatos e todo o resto. Me despi para ela também.

Sunny me olhou, parecendo incerta do que fazer. Naquele momento, eu sabia muito bem. Puxei-a. E com a boca colada na dela novamente, guiei-a em direção ao quarto e à cama… Caminho que eu já conhecia… Só que daquela vez, era diferente. Eu… Estava lá… Realmente.

Deitei por cima dela, me encaixei… Beijei-a na boca, no pescoço, na boca novamente… Sem perder a cadência do movimento… Passeei os lábios pela pele absolutamente ardente em direção à orelha… Enfiei a língua… Sunny estremeceu, se arrepiou inteira… Soprei no ouvido dela:

– Como pode ser tão gostosa?

Ela arranhou as minhas costas, me puxando com força, suspirando e gemendo a resposta:

– Gostosa é você…

Revirou os olhos… Percebi que estava quase… Eu também… Mas não deixei. Não queria assim, tão rapidamente… Troquei de lugar com ela… Segurando-a pelos quadris, posicionei-a como queria… Pedi:

– Vai… Rebola…

Ela obedeceu, maravilhosamente bem. Montada em cima, comigo entre as pernas, sem o menor pudor. Provocou:

– Assim? Gosta assim?

Foi minha vez de gemer:

– Isso… Desse jeito…

Voltei a puxá-la, colando o corpo dela no meu… Queria senti-la por inteiro… O gosto, o calor, o cheiro… Mas primeiro… Desci minha mão direita entre nós, buscando e encontrando o que eu procurava facilmente…

O gemido que Sunny deixou escapar quando meus dedos entraram me enlouqueceu… Virei-a, ficando por cima de novo… Me esfregando contra a coxa entre as minhas… Na mesma pulsação com que a minha mão se movia nela…

Sunny apertava meus ombros, me envolvendo em seus braços, me enlaçando pelo pescoço…  Repetindo meu nome incansavelmente…

Nossas bocas voltaram a se fundir, enquanto atingíamos um ritmo ainda mais intenso… O corpo de Sunny se retesou, saltou contra o meu, enquanto ela gemia, rouca… Palavras sem nexo, sons que eu não consegui nem tentei entender…

Sussurrei:

– Pra mim… Vem…

E a acompanhei na explosão de inconsciência que logo depois aconteceu…

Fiquei em cima dela um tempo, esperando que nós duas nos recuperássemos, depois deitei de costas, trazendo-a comigo. Ela apoiou a cabeça no meu ombro, suspirou, subiu a mão que estava em minha cintura para os meus seios…

Percebi que se não fizesse nada continuaríamos apenas trepando e… O maior diálogo que já havíamos tido era o de minutos antes… Nas outras vezes nunca havíamos trocado mais de duas frases e… Eu não…

Difícil pensar com ela me tocando, me excitando daquele jeito… Fiz um esforço incrível para conseguir repetir… Exatamente a primeira coisa que tinha falado para ela naquela noite:

– Acho que precisamos conversar.

Sunny parou de me acariciar no mesmo instante. Levantou a cabeça e me olhou, com aqueles olhos magníficos… A boca carnuda se entreabriu, surpresa… Ela ficou receosa, foi nítido. Mas eu precisava ser firme.

Felizmente, ela me ajudou: se afastou e sentou na minha frente:

– Tudo bem. Tô te ouvindo.

Sentei também. Passei a mão nos cabelos, jogando-os para trás… Respirei fundo e comecei:

– Existe uma atração inegável entre nós… Desde a primeira vez que nos vimos…

Parei, medindo as palavras… Sem saber ao certo como ser honesta sem magoá-la… Era… Quase impossível.

Foi Sunny que quebrou o silêncio:

– Mas…?

Parei de me conter. Deixei sair. Confessei numa enxurrada:

– Sei que tinha que ter tido essa conversa com você ontem, mas ontem foi… Foi muito difícil pra mim… Fazia anos que eu não sentia nada por outra pessoa. Desde que eu conheci a Sandra e… Mesmo depois dela ter sumido… Eu nunca… Nunca. Jamais. Nada. Nem um beijo. E não porque eu me controlasse, mas por que… Não tinha vontade. Mas você… Você realmente mexe comigo… É uma atração muito forte e muito intensa… É… Praticamente irresistível… Tentei evitar e não consegui… Só que… Não quero nem vou mentir pra você. Eu ainda amo a minha mulher. O que estou tentando te dizer é que… Nesse momento, é isso. Não tenho mais nada pra te oferecer.

Ela fechou os olhos. Disse como se falasse para si mesma:

– Só sexo.

– Sim.

Confirmei e fiquei esperando… Sem fazer a menor ideia do que ela iria me responder…



Notas:



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