Aléssia

Capítulo XLII – Glória

POR CAROLINA BIVARD

Revisão: Ðiana Řocco, Isie Lobo
Cartografia: N. Lobo
Mapa de Âmina

>>> XLII<<<

Hoje temos uma convidada especial: ninguém mais, ninguém menos do que Carolina Bivard, em pessoa, dando umas voltinhas, digo, escrevendo um capítulo com nossa amada e querida Alexandra dos Olhos Cinzentos ?
A ideia surgiu em uma de nossas conversas, com Carol confessando seu amor, quero dizer, predileção e torcida por Alex, e eu (metida pra caramba, como boa leonina) convidei Carol a escrever uma história com Alexandra como personagem. A história, propriamente dita, ficará — por enquanto — no nosso desejo, fãs do talento de Birvard, mas Carol aceitou escrever um capítulo extra e, portanto, hoje tenho a honra de fazer esse abre-alas: vai lá, Mestra querida, e nos mostre como Alexandra dos Olhos Cinzentos brilha em suas mãos.
Em tempo: o capítulo que seria publicado hoje, entrará no Lesword amanhã ?


— Glória… Glória!
Alex entrou através do portal, onde alguns desenhos gravados indicavam o caminho da sabedoria de Líath. Andou pelo corredor chamando o oráculo, e logo chegou à Sala da Visão. Glória estava de costas, observando a pia feita em pedras, que recebia água de uma fonte vinda da parede ao fundo da sala. O oráculo fez da caverna, onde a fonte da visão brotava, seu lar. O primeiro espaço da caverna era onde recebia as pessoas que necessitavam de sua orientação.
— Veio procurar respostas para os problemas de seu povo, ou veio procurar algo para apaziguar sua própria consciência?
— Glória, eu…
— … o que espera que eu fale, Alex?
O oráculo se voltou para a líder, encarando-a. Os olhos de ambas traziam dor, por motivos diferentes era bem verdade, mas se encaravam transbordando dor de suas almas.
— Você, mais do que ninguém, sabe por que nós, mulheres da visão, somos sozinhas. Sempre compreendeu isso. Ninguém quer se relacionar com alguém que pode, inadvertidamente, enxergar dentro de nossas verdades.
— Eu não quero magoar você. Sabe que sentimentos como o que começaram a andar por meu coração, não controlamos. Também estou assustada.
Glória balançou a cabeça, eando pensamentos e sentimentos. Não podia cobrar da líder algo que nunca tiveram realmente. Muitas vezes, se bastaram em suas solidões. Era uma compreensão mútua e profunda do que cada uma podia doar, dentro do papel que desempenhavam para que Líath alcançasse a paz.
— Venha, Alex, vamos conversar lá dentro. Não precisaremos da fonte. Não consegui saber o que quer, em relação à princesa Aléssia.
— Ela tem a marca da pedra. Talvez seja por isso.
— É provável. Me acompanhe.
Glória saiu por um corredor lateral e Alex a acompanhou calada, reparando nas paredes, mais uma vez. Sempre se impressionava com os desenhos gravados que mostravam a história de seus antepassados e a sabedoria de seu povo. Desenhos tão primorosamente arquitetados e esculpidos, que quando parava para observá-los de perto, sentia a presença de todos os elementos vitais circularem por seu corpo. Por vezes, parecia que poderia se perder e enlouquecer se fixasse naquelas gravuras, tamanha energia e intensidade que emanava delas.
Distraiu-se em uma tatuagem de lua cheia que ornava a nuca de Glória. Sempre que passava por aqueles corredores, tinha que se fixar em algo, para dissipar a energia que a capturava, tamanha força que sentia borbulhar no sangue e aquecer as profundezas da mente. A tatuagem ricamente detalhada da visionária a trazia de volta e a acalmava, quando perfazia com o olhar cada traço da lua e as gotas de orvalho que desciam pelo pescoço, até banhar o corpo de um lobo, uivando lamentoso para ela. A túnica cobria o restante, fazendo Alex perder-se na imagem que gravara em sua mente de tantas vezes que a delineou, contornando-a com seus dedos. Admirava-a e a atraía de forma grotescamente animal.
— Toda tatuagem tem seus elementos e suas caracterizações.
Era uma afirmação e não uma pergunta que Alex proferiu, imaginando que nunca a mulher de visão lhe falara o que a tatuagem significava e sempre desconversou quando perguntava. Embora soubesse que as pessoas, e principalmente um oráculo, não deveriam falar de seus símbolos pessoais, pela proteção ou maldição que eles pudessem significar, esta curiosidade lhe revolvia a mente sempre e, principalmente, quando estava tão perto dela. Era como um chamado tão latente como ardente, pulsando nas têmporas e irradiando pelas artérias, levando calor a todas as extremidades do corpo. Foi trazida à razão e ao eto quando escutou, pela primeira vez, uma significância na voz vibrante da mulher.
— A lua sou eu, observando a terra sem poder tocá-la de fato. Angustiante, não?
Chegaram ao quarto e Glória a deixou passar, antes de cerrar a porta atrás de si. Alex sabia que não conseguiria mais do que aquela simples frase, mesmo que perguntasse sobre o lobo uivante e lamentoso na borda do penhasco, com seus olhos cinzas entristecidos.
— A lua banha nossas alegrias e tristezas e preenche nossos corações com sua natureza imperiosa e destemida. É ela que orienta nossos líquidos internos e faz as mulheres sangrarem para purificar o corpo e fortalecer o espírito.
— Mesmo assim ela continua só e observa a tudo. Um fato que não reclamo, pois tenho a minha certeza e minha luz no que sou e no que devo ser. Isso também não quer dizer, que eu não sangre por ter deixado a sua luz entrar em mim, Alex. Por que veio aqui?
— Sabe porque vim e não me incomodo que saiba disso. Sua visão sobre meus sentimentos e pensamentos nunca me incomodou e não seria agora que incomodaria.
A visionária sorriu de lado, vendo que mesmo aquela que era a mais douta dentre seu povo e a que mais se aproximou de si, muito pouco sabia sobre a sina e os desígnios da vida de um oráculo.
— Me tira agora por uma leitora de mentes?
— Dói em mim que me trates assim, Glória.
— E como quer que eu lhe trate? Tínhamos nossas vidas e nossos deveres e eu sabia que eu seria uma mulher só. Estava em paz com isso, até que nos permitimos nossa proximidade. Sabe que não consigo ver nada em relação a mim mesma. Seria um infortúnio pesado demais se os espíritos luzentes permitissem isso. Quando nos aproximamos, ao ponto de amenizar nossos fardos juntas, passei a não ver a sua vida.
— Eu não sabia. A visão em relação a mim lhe deixou?
— Afortunadamente, mas eu faço parte desta cidade e sei o que aconteceu entre você e Aléssia. As pessoas falam… Comentam sobre a proximidade de vocês.
— Então por que se isola, se quando tem algum enlace emocional a visão desta pessoa lhe abandona? Por que teria que viver só?
— E quem acreditaria? Por acaso não sou o oráculo desta cidade? Isto é o que pensam e não adiantaria que eu explicasse o contrário. Sempre há a desconfiança, mas você Alex, parecia não se importar.
— E não me importo! Não foi isso que aconteceu. Não foi por isso que meu coração me traiu, fazendo que eu me aproximasse tanto dela.
As lágrimas transbordaram dos olhos cinzentos em grossas gotas, permitindo que os olhos que a observavam, negros como a noite, deixassem o rastro molhado pela face morena da mulher de visão. A dor palpitava em todos os cantos do quarto, adornado modestamente e limpo de ostentações.
— Você não me deve estas explicações, Alex. A verdade é que nunca nos admitimos. Nunca fomos um casal, e sabe disso.
— A minha verdade é que eu amo você. Ao nosso jeito, mas amo. Eu cheguei a pensar que, um dia, depois que tudo acabasse e nós estivéssemos livres de nossas obrigações, a paz faria com que ficássemos mais tempo juntas.
— Este foi o meu e o seu erro, Uivo da Noite. Achamos simplesmente, e nos deixamos levar sem pensar no que realmente queríamos ou o que verdadeiramente sentíamos. Eu acreditar que pudesse ter você ao meu lado é bem diferente de você querer realmente estar ao meu lado.
— Não diga isso.
As lágrimas aumentaram no rosto dolorosamente angustiado pelo confronto da verdade que expunha a líder. O apelido carinhosamente dito, numa voz calma e cheia de amor, rompeu por completo o dique das emoções. A consciência lhe falava que as palavras sábias da visionária eram as letras corretas que escreveram a história do coração, depois que conheceu a princesa de Âmina.
— Matilde a ama.
Deixou de lado o resto de dignidade que lhe restava, expondo o mundo de dores que trazia consigo. Glória cerrou os olhos fortemente, recebendo o golpe final e a certeza do que fizera a líder procura-la. Eram conselhos que ela queria, e não o entendimento dos erros que ambas cometeram em relação aos mudos sentimentos que traziam.
— Então é isso. Finalmente teve coragem de falar por que veio aqui.
— Não! Por favor, Glória, não me julgue supérflua. Não foi por isso que vim. Eu estava muito atormentada antes, para que pudesse procura-la e falar de nós. Você não merecia… nós não merecíamos que nossa história fosse manchada pelo meu coração sangrento.
A visionária fez uma oração silente, para que luzes que cintilavam no pulso da noite, limpassem sua mente dos turvos dedos do ciúme e da desorientação por seus sentimentos machucados. Amava aquela mulher, independente do amor mundano de seus corpos, e não negaria que além do físico, seus espíritos eram ligados pela etérea vida antepassada. Agachou em frente a líder, que largara seu corpo sobre a cama, num baque pesado, ao se sentar. Passou os dedos de leve sobre as sobrancelhas, face e boca, parando nos lábios rubros pelo choro convulsivo. Alex não se desnudava para ninguém a não ser ela, parte por conta da confiança de vidas e vidas, oriundas de muitas eras que se encontraram no chão terrestre.
— Não a julgo supérflua. Desculpe-me se meu coração dói também. Eu te amo, Alex e isso é um fato. Hoje sei que te amo com a força do vento sudoeste que açoita campos e destrói cidades, mas eu a entendo e isso para mim é muito mais doloroso.
A líder acalmou sob o toque e as palavras, mas as lágrimas pareciam não querer deixar seus olhos e continuaram a derramar, cientes que, talvez, nunca mais a deixassem, mesmo que na intimidade de seu espírito.
— Eu não entendo o que os Deuses querem de mim, pois eu te amo, Glória, e me destroço pelo que está acontecendo.
— Você me ama, sim, mas não do jeito que eu gostaria, ou que nós gostaríamos. Não pense que é fácil lhe dizer isso, pois eu amo você talvez da forma que você ama Aléssia, e por isso que eu te entendo. É um sentimento aterrador, fluidamente voraz e que pode destruir, tanto quanto construir mundos.
— Pela primeira vez em minha vida estou perdida.
— Se encontrará, mas infelizmente terá que trilhar sozinha este caminho. Desta vez eu não posso ajudar. Meus sentimentos por você continuam intensos e não tenho a visão sobre você. Também não tenho discernimento sobre os fatos.
— Você me deixa ficar aqui? Eu preciso acalmar para pensar em tudo.
— Minha casa sempre estará aberta para quem quer encontrar a verdade, Alex, ou para quem quer se reorientar. Este é o meu ofício, mas devo alertar que, diante de nossa situação, poderemos nos perder mais ainda.
— Eu tenho certeza que não me perderia mais do que estou. Preciso de paz e recolhimento, mas não posso ficar na Casa das Almas. Lá eu estaria muito ligada a lembranças.
— Fique o tempo que precisar. Talvez seja bom, não só para você, mas para mim também.
Glória desenhou com os dedos, novamente, os traços do rosto da líder, vendo que seus espíritos se aquietavam.
— Você sabia sobre Matilde?
— Sim.
— Por que não me contou?
— Porque vi que a relação delas era pessoal, de Matilde, e nunca apareceu para mim que influiria sobre as questões do reino e de nosso povo. Não posso falar coisas pessoais sobre alguém. Não é certo. Isso implicaria sobre a verdade dos dons que trago comigo.
As palavras da visionária continuavam suaves e um ar acalentado pareceu circular no ambiente. O cheiro de lenha em brasa tomou os pulmões de Glória, e ela agradeceu intimamente a força que inundou seu espírito, acalmando-a e fluindo nas veias.
— Eu não posso lhe orientar em relação a Matilde ou Aléssia, mas saiba que não a culpo e nem a julgo. Eu não poderia, depois de tudo. O amor é algo indizível, afinal. Não é isso que aprendemos desde sempre?
Glória sorriu, deixando lágrimas descerem novamente sobre o rosto moreno. A dor no íntimo não amainara, mas tomava forma e compreensão que fizeram a tranquilidade voltar aos pensamentos. Chegou-se aos lábios da líder e depositou um beijo profundo e sensível. Alex se afastou, não por não desejar, mas temerosa de causar-lhe mais dor.
— Não tenha medo, Uivo da Noite. Não amarei mais você por isto, pois se já amo em toda a abastança que pode existir. Aqui nos despedimos, simplesmente.
Voltou a cobrir os lábios da líder, com todas as dores expostas. O beijo era morno e brilhava como um entendimento da certeza da despedida, tão dura, quanto pacificadora do caminho que tomaria dali em diante. Alex deixou-se levar pelo aplacar das dúvidas que lhe povoava nos últimos meses. Os suaves toques da mão conhecida, percorrendo os seios e retirando as vestes, que nos últimos tempos, pareciam pesar como uma armadura, aliviaram as apreensões como um bálsamo.
A visionária galgou o espaço sobre a líder, moldando o corpo, ainda coberto pela túnica negra de algodão. Encarou-a e antes que pudesse pedir algo, Alex segurava a alça frouxa, resvalando o pano macio pela pele morena, deixando os seios de auréola marrom aparecerem. Glória sorriu levemente, entendendo a perfeita harmonia que as nutria sempre naqueles momentos. Nenhum sentimento de dor ou angústia chegou até as mulheres que se deitavam, serenas, sobre a cama, com os corpos na pele sobre a pele, unidos e macios.
A dureza dos músculos da líder pareceu abrandar, no instante que sentiu suas entranhas contraírem, ao toque da intimidade quente da visionária, que emaranhava na intimidade feminina dela. Moviam-se como uma canção de trovadores, harmônicas, compassadas e sensualmente desejosas uma da outra. Não foi o suficiente para que aplacassem a sede da luxúria que as envolvia, e dedos assanhados alcançaram a feminilidade da líder que arfou, gemeu e pediu a completude.
— Glória, eu quero…
Não precisou mais que isso para que Glória desmoronasse e entregasse toda a alma, resvalando seus dedos através das quentes paredes que abrigavam o sexo de sua paixão. Moveu, sentindo que a única coisa que lhe faria sorrir na vida, era ver a felicidade estampada na face da líder, mesmo que fosse a última vez, no entanto, sabia que este não seria o fim.
Todo o ser de Alex movimentava, acalentado por aquele afago em seu íntimo, tão voraz e prazeroso, quanto tranquilo poderia ser, diante de fortes estocadas. Deixou-se afogar na turbulência dos sentimentos, no instante que seu líquido derramou um amor diferente por aquela mulher. Semicerrou as pálpebras, desfalecida e feliz. Sentiu beijos depositados delicadamente sobre a pele de seu dorso e abriu os olhos, incapaz de segurar o sorriso que desenhou em seus lábios. Parecia que o mundo se retirara de seus ombros.
— Só tenho uma tristeza…
— Não pense nisso, Alex. Não agora. Faça amor comigo, apenas. É tudo que quero e somente isso.
A líder nada falou, a não ser sorrir e agradecer, muda, a quem velasse por sua sanidade no mundo espiritual, pela oportunidade de apaziguar apenas uma de suas tormentas pessoais. Beijou o corpo moreno com desvelo, como algo sagrado, a se cuidar com paixão cega. Sentiu a pele arrepiar, sob seus lábios, despertando o furor ardente do arrebatamento que só aquela mulher lhe entregaria, sem culpas ou obrigações. Aguou, prevendo o pulso quente em sua boca, do sexo ofertado e desprovido de pudores e, lhe tomou de súbito, antevendo o gemido que sairia da garganta da morena em seus braços.
As coxas apertando a cabeça e os sons alucinados do desejo, que tomavam o ar do quarto, fez a líder gemer, sabedora da excitação que provocava na companheira. Apertou as próprias coxas, numa tentativa de conter a nova onda voluptuosa que esquentava o ventre. Brincou com a língua e se fartou, até ver o rosto moreno não resistir mais e, deliciou-se com o amor derramado por aquela mulher, que agora tinha certeza de que nunca deixaria um espaço aberto em lágrimas no seu coração.
Apartou, vendo a face serena, limpa de culpas e feliz. A visionária se virou de bruços após o gozo, deixando as costas expostas aos olhos, como sempre fazia. Ali estava a linda tatuagem que sempre intrigara a líder. Como um ritual pessoal, atraída pela marca na pele aveludada, desenhou com os dedos a gravura de traços refinados e assustou-se ao ouvir a voz rouca chamar-lhe a realidade.
— Nunca deixarei de olhar por você, Uivo da Noite. Não importa qual história nossas vidas possam contar.
Após aquela noite, Alex acompanhava o cotidiano da visionária, dia a pós dia, procurando respostas e tentando acalmar o próprio espírito. Era uma rotina que a líder não se importava ou se entediava, já que a vida na floresta a agradava e a encantava, acima de tudo. Levantavam-se, tomavam o desjejum e partiam para a horta, onde Glória cultivava ervas, legumes e verduras e depois, retornavam para fazerem o almoço. Quando lhes faltava carne, embrenhavam-se no seio da floresta para caçar ou pescar algo. À tarde a visionária se recolhia no pequeno templo, em um dos muitos salões que a caverna escondia, para se purificar, fazer leituras, ou transcender as visões. Era o momento de Alex sair à esmo para caminhar, pensar ou praticar suas técnicas de armada. À noite jantavam e se recolhiam, depois de conversas em torno da lareira, regadas ao sabor de vinho ou chás e, até fumos de cachimbo. Dormiam após se tocarem, gozarem, amarem e largarem as almas nas mãos uma da outra.
Todos os dias Glória ia à Sala da Visão em busca de orientações para seu povo. E foi assim que percebeu alguma inquietação ocorrendo na cidade. Estranhamente, não foi capaz de ver o que realmente acontecia, mas era algo envolvendo Aléssia.
Assim, chegou o momento de Alex deixar a caverna. Foi acompanhada pela visionária, que cuidaria da sabedoria de seu povo, até que chegasse o dia da vida se esvair daquele corpo. Saiu pela porta, recebendo o orvalho da noite que a abraçava. Diferente de muitos, a líder apreciava o beijo úmido e frio do orvalho que lhe trazia um estranho acolhimento. Era bem-vindo, pois sentia na essência, o corte do laço que acabara de ocorrer entre ela e aquela que amaria para sempre, mesmo que soubesse ser um amor diferente de todos que sentira na vida.
— Posso procurar você?
A pergunta trôpega saiu sem que conseguisse interromper, assim que as apreensões flutuaram na mente.
— Toda e qualquer hora que precisar e tiver algo de importante para ver em relação à Líath e Âmina, pode me procurar. Sabe que não consigo ver nada em relação a você e está certa com relação a Aléssia; a marca me impede de enxergar algo sobre ela. De qualquer forma, entre você e ela, mesmo que pudesse enxergar, você me machucaria muito se me pedisse isto.
Glória falou, não entendendo bem o que a líder queria com aquela pergunta.
— Era essa a minha intenção com a pergunta, Glória. Eu ainda preciso da sua sabedoria e visão, para o que está por vir. Eu entendi o que ocorreu entre nós. Fico feliz que posso prosseguir e triste, ao mesmo tempo, que seja assim que tenha que ser.
— A vida não é feita de certezas. Veremos o que cada dia e cada noite nos dá. De todo o jeito, fico feliz, também, que tudo esteja em paz conosco. Que a benção divina esteja contigo. Este é o meu mais profundo desejo.
A mulher não esperou qualquer reação da líder. Voltou-se para dentro, para o seu santuário, recolhendo-se em meditações para que a sua paz interior permanecesse. Ela nascera para ver e orientar com suas visões e para ser o dedo que apontava a direção e, assim, deveria continuar.



Notas:



O que achou deste história?

6 Respostas para Capítulo XLII – Glória

    • Oi, Lins!
      É, a Alex tem um passado também. As vezes a gente não se liga muito nisso, e não sabe o passado dos personagens. Gostei de ter escrito e agradeço a Rocco pelo convite de escrever este capítulo sobre a Alex. Gosto demais dela. rs
      Rocco já apresentou o que aconteceu no retorno da Alex e também no retorno da Aléssia. Vamos ver o que as heroínas da história vão aprontar. rsrs
      Um beijão, Lins!

  1. Sou uma fã de Bivard e de você Diana. Fiquei exitada quando vi que um capítulo de alessia a carol tava escrevendo, so que quando vi que a olhos cinzentos tinha um rala com outra mulher me deu um negocio.
    Ta certo que alessia tambem não é santa e essa gloria parece legal e tudo e tem umas ideias legais so que fico pensando que a alessia quando descobrir vai dar uma confusão.
    O capitulo com a marca Bivard ta gostosao de ler como sempre e outra vez carol dá os tiros dela pra deixar a gente sem respiração kkkkk Essa semana com freya fiquei com a boca aberta. kkkkkk
    Obrigada pra vcs duas por fazer essa surpresa pra gente que curte vcs
    Carol nao ando comentando pq to ralando que nem égua no meu trabalho mas vou passar la. So pra dizer que to adorando freya tb. Vc ta sempre fazendo coisa nova e gosto pra caral… disso.
    Bj pra vcs duas autoras lindas

    • Oi, Bia!
      Um tempão que não te vejo por aqui mesmo. Espero que as coisas acalmem no seu trabalho para ficar mais descansada.
      Bom, com relação ao capítulo, a Olhos Cinzentos tinha esta questão do passado que precisava de uma atenção para a cabeça da líder voltar mais ou menos pro lugar. A questão da Matilde, que é muito amiga dela, ser apaixonada por Aléssia mexeu um pouco. Bom, mas as coisas (capítulos) voltaram ao curso e sinceramente, conhecendo um pouquinho da Aléssia, não sei se daria confusão, não. Ou será que daria? rs
      Obrigadão pelo comentário e quando puder, passa lá em Freya sim. rs E fica esperta aqui, porque pelo que um passarinho chamado Diana Rocco me falou, vai acontecer muiiita coisa ainda. rsrs
      Só pra finalizar: A líder não traiu a Aléssia. Se pensar direitinho, ela tinha um ti ti ti antes com a Glória. rsrs Se o seu incomodo for por isso, elas só acabaram uma história, mesmo que não fosse a forma conservadora de relação. Acho que o oráculo tem um jeito diferente de ver as coisas e findaram uma etapa.
      Um grande beijo, Bia!

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