Alpha Dìon — Agência de Proteção

Capítulo 6 — Antigos-novos Sentimentos

Isadora não se importou em Helena pensar que ela estava mais receptiva às investidas. Embora a convivência parecesse estritamente profissional, ambas sabiam que não era verdade, somente não conversavam sobre o assunto. Seria melhor para elas, caso a missão não corresse bem.

Naquele mesmo dia, Isadora notou Helena olhando-a distraída e intensamente, como se quisesse devorá-la, para logo depois retornar ao estado de seriedade que a situação pedia. Esses olhares não eram percebidos pela maioria, todavia, a futura chefe sênior conhecia muito bem a ex-instrutora.

Ela avançou para Helena e a cobriu com seu corpo sem se fazer de rogada. Se apossou dos lábios dela num beijo calmo. Não queria que a relação fosse frenética e que deixasse um sabor amargo no final, como ocorreu na outra noite. Desejava apreciar cada porção de pele, cada som e cheiro daquela que lhe tirava a razão. Mesmo teimando em não admitir, era assim que se sentia ao lado de Helena, na maior parte do tempo.

A chefe sênior saboreou o gosto da boca que a consumia devagar. Sentiu a emoção de estar conectada, outra vez, à mulher que sempre amou. As línguas se saboreavam, extraindo sentimentos de aconchego e pertencimento. Em dado momento, o ar faltou às duas e se separaram. Fitaram-se por instantes, num olhar turvo e cheio de sensações complexas, difíceis de distinguir. Isadora cortou o momento, apoderando-se do lóbulo da orelha de Helena.

— Espera… — Helena pediu com a voz baixa e rouca. — Vem.

A chefe sênior levantou e saiu da hidromassagem, colocando um roupão para se secar. Estendeu outro para Isadora.

— Estaremos mais confortáveis ali.

Seguiu para a cama e deitou, esperando que Isadora a acompanhasse, no que foi prontamente atendida.O olhar da futura chefe sênior não deixou de segui-la nem por um instante. Helena encostou a cabeça no travesseiro e abriu o roupão, expondo seu corpo inteiro. Isadora balançou a cabeça, sorrindo de lado.

— Você sabe como me atrair, não é?

— Vejamos se ainda sei. — Ela olhou para a mesinha de cabeceira. — Tem uma coisa ali, que acredito que vá gostar. Quer pegar para nós?

Isadora não titubeou. Sabia bem o que Helena tinha planejado para elas. Foi até a mesinha de cabeceira e abriu a gaveta, pegando o dildo com o strap. Colocou o cinturão, sem tirar os olhos da amante. Viu a excitação crescer no rosto dela.

— Você não irá me pegar tão fácil assim. Conheço suas artimanhas.

— Conhece? 

Isadora percebeu o ar de divertimento e lascívia da amante, o que lhe causou grande excitação. Terminou de prender o strap e engatinhou sobre o colchão até chegar nela. Cobriu-a com seu corpo, apoiando-se sobre os cotovelos, para não pesar sobre ela. 

— Conheço — finalmente respondeu. — Não quero nada fugaz, Helena. Quero te apreciar.

Ela beijou o pescoço desnudo, pousando os lábios como se fosse uma flor delicada a ser venerada. Riscou a pele suavemente, passando do pescoço ao alto do peito, enquanto acariciava levemente com a ponta dos dedos a lateral do dorso. Helena tomou um alento, segurando na garganta o gemido. Era tudo o que almejava, desde que soube da parceria com a antiga pupila. 

Não havia mais histórias pregressas, mas um sentimento de perdão e sublimação. Não queria acordar desse sonho bom. Apreciaria o momento com suavidade, sem atropelos e sem antecipar o que viria. Helena sentiu um de seus mamilos sendo libados e a dor do prazer tomar suas entranhas. Contraiu-se, gemendo.

Uma coxa foi acariciada com perfeição. Nem suave, nem rudemente. O tom perfeito para que as digitais alcançassem a parte interna e chegassem à intimidade pulsante. Helena gemeu outra vez, quando os lábios trocaram de mamilo e os dedos buliçosos tatearam o clitóris intumescido de prazer. 

Os lábios de Isadora desceram para o abdômen de textura suave, riscando desenhos aleatórios, estimulando a pele ao arrepio. Sons desconexos tomavam o ambiente, atiçando os ouvidos, e fazendo as entranhas da ex-pupila contraírem ardentemente. Gemeu conjuntamente, numa sinfonia de prazer ritmado.

Isadora desceu um pouco mais e chegou a púbis onde depositou inúmeros beijos. A agonia de Helena cresceu e ela empurrou o quadril para cima, almejando o contato da língua que se avizinhava em sua intimidade. Foi demovida da ideia quando os dedos forçaram um pouco mais sobre o clitóris. Ela não segurou o gemido alto que brotou de sua garganta e Isadora não deixou arrefecer o momento. Trocou os dedos pela língua que Helena almejava.

As reações da amante, em relação aos seus toques, e o roçar da base do dildo em sua própria intimidade, deixavam Isadora cada vez mais estimulada, ao ponto de ser alavancada para fantasias extraordinárias. As duas estavam à beira do desejo e Isadora não conseguiu mais continuar instigando-a. Queria a sua libertação.

Moveu-se para se encaixar em Helena e ouviu um resmungo por ter se afastado da fonte de prazer da amante. Não a deixou sem seus carinhos por muito tempo. Introduziu a extremidade do dildo na abertura da vulva úmida e, aos poucos, foi acomodando. Continuou a bolinar o clitóris com seu dedo e sentiu a pelve de Helena mover, engolindo-o todo.

Ela gemeu fortemente. Estava no auge de sua aflição. Pensou estar perdida, por reconhecer que ainda amava Helena com todas as suas forças. Iniciou o movimento que a levaria ao clímax de seu deleite. Sincronizavam o ritmo e os gemidos a cada estocada. Isadora sentia no tato a rigidez cada vez maior do clitóris de seu amor e isso a levou ao cume de seu próprio prazer. 

Gemeram juntas, suaram e arfaram. Isadora desabou ao lado de Helena, tentando recuperar alguma lucidez. Segundos se passaram, antes de se encararem com as cabeças recostadas sobre o travesseiro.

— Você é terrível. Tinha que trazer essa coisa pra cá. Sabe que gosto disso.

A ex-pupila tentou minimizar o que acabara de acontecer. Mesmo admitindo para si, não queria assumir perante a amante. A verdade é que mesmo sem ter o “implemento” de que tanto gostava na relação, não era isso que a movia. Ela amava aquela mulher.

— Eu tinha que ter uma vantagem, afinal, quem tem que reconquistar sou eu. Fui eu que colocou tudo a perder entre nós e reconheço. 

Isadora virou de lado para fitá-la.

— Quer me reconquistar? 

— Ainda não está claro para você? — Helena sorriu. — Vejo que tenho que me esforçar mais.

Ela se levantou, caminhando sensualmente para o banheiro. Isadora jogou seu corpo para trás, acomodando a cabeça no travesseiro outra vez. Deixou que seu olhar e pensamentos se perdessem no teto do bangalô.

A noite chegou e toda a estrutura que haviam planejado, até o momento, estava montada e funcionando como um relógio suíço. As agentes não pareciam cansadas. Montar estruturas de vigilância e proteção, normalmente era o trabalho mais fácil para o grupo. Mesmo em missão, não dispensavam o cuidado com o treinamento físico e técnico, e estavam plenamente preparadas para enfrentarem qualquer eventualidade.

Chegaram ao restaurante e o aroma da comida rescendia distante, todavia conseguiam sentir que faziam algo apetitoso para o jantar. Gostaram do que viram. Os grupos haviam se formado e as duas equipes estavam se integrando. Datrea se sentava ao lado de Margot, conversando animadamente. Outras agentes, com atividades afins, passaram a se sentar ao lado de suas companheiras de empreitada, não importando a equipe.

— Minhas meninas são sensatas.

— As minhas também, Helena. As minhas também…

As chefes estavam satisfeitas, pois com o que comunicariam, precisavam ter certeza de que a equipe Hiena se formou verdadeiramente e não somente no nome. As comandantes se serviram de bebidas, como as suas subordinadas, e perceberam que na grande mesa que montaram para o jantar, deixaram duas cadeiras vagas no centro. Acomodaram-se nelas sem questionamentos. 

Brincaram, escutaram as dificuldades de realização do trabalho e as zombarias que começavam a surgir entre elas. Meia hora depois, o jantar foi servido e comeram pacificamente. Essa rotina era comum para as duas equipes, pois Isadora assumiu esse tipo de comportamento na época em que foi subordinada à Helena. Não foi somente um hábito, mas um aprendizado que adquiriu nos anos de convivência com sua instrutora; não discutiam problemas na hora das ceias. Tudo tinha seu tempo.

Não que Isadora tivesse absorvido tudo de sua equipe original, no entanto ela valorizava o que achava importante para a união e confiança do grupo. 

Ao término do jantar, as agentes contavam histórias e vantagens, umas para as outras, e conversavam sobre o dia, como qualquer grupo de amigos. Chegou a hora delas conversarem sério com as “meninas”, como Helena chamava suas agentes.

— Temos algumas informações para vocês e, a partir do que diremos, vamos todas decidir o que faremos daqui para frente.

Após quase uma hora, tinham explanado tudo que estava acontecendo e o que pretendiam.

— Eu sabia. — Jacque quebrou o silêncio — Nunca tudo é tão maravilhoso e fácil. A gente sempre tem missões em que bombas caem sobre nossas cabeças. Um resort para proteger atrizes? Eles estão armando alguma coisa para nós.

A agente bufou, levando outras a conversarem sobre o que as chefes haviam falado. Helena, Isadora e as duas agentes de TI se calaram, observando as opiniões pessoais de cada conversa. Gostavam de escutar os pontos de vista quando estavam mais descontraídas. Após um tempo de discussão entre elas, Isadora chamou a atenção.

— Escutem. Contamos a vocês justamente para opinarem sobre o que faremos. Temos contratos individuais. Ninguém é obrigado a nada. Nossos contratos não permitem a dispensa agora que já aceitamos a missão, mas isso posso arranjar com Henrique e Cooper.

Talíria, uma agente especialista em comunicações, levantou o braço.

— Fale, Talíria. 

— Helena, sabe que não sou de refugar, mas dessa vez vou passar…

Apesar de dar liberdade para suas agentes e, vez ou outra, alguma recusar, não esperava essa reação de Talíria. Era uma das mais dedicadas da equipe. 

— Tudo bem, Talíria. Quando vierem com o reforço, falo que a dispensei por… Mmm, não estar passando bem? — Helena perguntou para saber se a agente concordava. — Digo, posso falar que está com uma infecção intestinal e que não quero uma agente debilitada na equipe.

— Eu agradeceria muito, Helena. Você me conhece e sabe que não me amedronto diante de situações perigosas, mas é que… Bem, agora não sou somente eu.

Helena e as agentes não compreenderam de imediato, até que a chefe sorriu carinhosamente para a companheira de equipe.

— Está de quanto tempo?

— Doze semanas. — Talíria respondeu, sorrindo de volta. — Eu não sabia até pouco antes de embarcarmos para cá. Comprei um teste de farmácia. Tenho que confirmar com exames mais adequados.

— Ok. Então faremos isso. Faça uma cara de doente, porque particularmente, não acho que deva falar da gravidez por enquanto. 

— E não quero que eles saibam.

— Perfeito. — Helena se virou para o grupo. — Mais alguém quer sair?

Ninguém se pronunciou e as chefes viram as cabeças das agentes balançarem em negativa.

— Ótimo. Então, vamos ao que interessa. Amanhã, bem cedo, quero todas na sala de controle. Vocês conhecerão Annan, a IA, e ela mostrará todo o complexo do alto.

— Precisamos de duas voluntárias para sair da enseada de barco e atracar próximo a subida da montanha. — Isadora tomou lugar nas instruções. — Quem for, escalará o vulcão e passará para o outro lado para instalar câmeras no alto. Não podemos arriscar ir de barco, circundando a ilha. 

— Com certeza, terão vigilância marítima. — Helena completou o raciocínio. —  As câmeras que instalaremos tem um zoom potente. A IA conseguirá mostrar, mais precisamente, o que se passa naquele quartel general e não somente imagens de satélite.

— Se tiverem mais dessas, posso fazer um esquema para instalar em locais estratégicos hoje à noite. 

— Talíria, provavelmente, as agentes de reforço chegarão amanhã de manhã. Não haverá tempo para isso. 

— Pois, mudei de idéia, chefe. Quero ficar.

— Não aconselho…

— Não é algo que vá me arrepender depois, chefe. Sou uma mulher saudável. A filha ou filho que estou gestando, não tem pai. Foi um vacilo de ocasião meu, e minha família verdadeira está aqui. — Ela passou a mão pelo ventre. — Tudo que tenho e sou, está nessa equipe. Me preservarei na sala de controle, auxiliando Datrea e Margot. Assim eu estaria na minha função e as deixaria livres para as táticas.

— Tem certeza disso?

— Toda a certeza do mundo. 

Helena fez um sinal sutil com a cabeça, aceitando a resolução da agente.

— Conseguirá mapear ainda essa noite?

— Se me der algumas pessoas para instalação, podemos até mesmo ter essas câmeras nos lugares certos amanhã cedo.

A fim de não cometerem um vacilo com o reforço, que chegaria em breve, e de aprontarem rapidamente o esquema tático que discutiram, algumas agentes se prontificaram para trabalhar durante aquela noite. Enquanto isso, Margot colocaria Talíria em contato direto com Annan, para fazerem o mapeamento. Com isso decidido, Datrea foi designada para trabalhar no turno que se iniciaria na manhã seguinte. 

Isadora e Helena receberam a tarefa de preparar o café da manhã. Quando Henrique e Cooper chegassem, elas já estariam de prontidão, e suas agentes poderiam se apresentar como se o básico da proteção da enseada estivesse concluído.

Allie e Lavínia saíram de madrugada para escalar a montanha do lado sul, levando seis câmeras e equipamentos para instalá-las. Além do quartel do outro lado da ínsula, iriam colocar os equipamentos de vigilância espalhados pelas elevações ao longo da borda do vulcão. Annan manteria as trilhas bem vigiadas e não somente com imagens de satélite.

Como previsto, viram dois helicópteros sobrevoarem a enseada logo no início da manhã. Helena e Isadora subiram em um elevador para esperar as agentes que fariam o reforço. Assim que passaram da área de controle e chegaram ao galpão do hangar, assistiram ao pouso das aeronaves pela abertura da porta do galpão. 

— Vamos ver se conseguimos extrair algo desses dois.

Helena resmungou e Isadora prendeu o sorriso. Ela conhecia o mau-humor da agente sênior. Sentia-se compelida a aceitá-la outra vez. Abanou a cabeça, espanando os pensamentos, concentrando-se no objetivo que traçaram.

Chegaram na área externa, enquanto a nova equipe desembarcava em companhia dos dois coordenadores. Henrique e Cooper se aproximaram, ao passo que as agentes de reforço retiravam as suas mochilas de campanha da aeronave.

— Bom dia! Estão se adequando à estrutura?

Henrique chegou animado, e o questionamento soou natural. 

— Está tudo certo. Já mapeamos a enseada e delineamos as funções gerais. A sala de controle está em funcionamento, o que nos permitiu distribuir as atribuições de todas as agentes que estão conosco. Já temos os encargos do reforço também. 

— Perfeito. Deixe-me apresentar Ária. Ela estava na equipe de…

— …Lewis. Nós a conhecemos. É o braço direito dele na equipe. Nós não a requisitamos. 

Isadora contestou. Ária era excelente aquisição, caso não fosse completamente alinhada com o chefe Lewis. Ele fora o homem responsável por, outrora, abandoná-la em uma de suas missões coordenadas com outra equipe. A partir daquele momento, nunca mais aceitou trabalhar em conjunto.

— Sabemos que tem problemas com Lewis…

— Não, Cooper, vocês não sabem. Sei que batalhou por minha vida na época, mas não sabe o que é ter que sobreviver em um lugar deserto sem recurso nenhum e por um erro que não foi seu.

Henrique, apesar de saber que seria uma situação complexa convencer a agente, contemporizou.

— A agente Ária é excelente. Ela não tem culpa do comando de seu chefe. 

— Não, realmente ela não tem culpa, mas foi pupila dele. Eu posso ter minhas ressalvas quanto às posições de Helena, mas conheço o caráter dela.

— Ela é a melhor estrategista de segurança que a agência tem. A cúpula a quer na equipe. — Cooper redarguiu com simplicidade. — Vocês serão a primeira equipe a trabalhar nessa missão e a partir do que formularem, traduziremos para os outros grupos.

— Então, é isso? Vamos ter que engolir pessoas que não pedimos goela abaixo?

Ária se aproximou e escutou as palavras duras de Isadora. Ela tinha os olhos virados para o chão e a cabeça ligeiramente abaixada. Colocou as mãos nos bolsos da calça, após deixar sua mochila no solo áspero de cimento.

— Só quero trabalhar. — Falou num tom baixo e humilde. — Obedecerei a todas as diretrizes que vocês duas demandarem para mim.

Isadora a encarou cerrando os dentes. Contudo, apesar de Ária elevar o olhar para fitá-la, não tinha nenhum viés desafiador em sua expressão. Pelo contrário, parecia aceitar a animosidade da chefe.

— Espero que sim. Saiba que lembrarei do que acabou de dizer, sempre que retrucar alguma ordem.

A agente-chefe saiu sem explicações, retornando para a enseada,  deixando Helena a cargo do restante da conversa com os coordenadores.

— Sinto muito por isso, Ária.

— Pois, eu não, Cooper. Abandoná-la naquela missão não foi um dos melhores momentos da equipe de Lewis. Se fosse eu, nem me aceitaria.

— Ótimo saber sua opinião sobre o ocorrido. — O tom de Helena era baixo e grave. — Tenho algumas perguntas, Henrique. 

— Pode falar.

— Todos os equipamentos à nossa disposição são os que estão na sala de controle?

— Bem, não na sala de controle em si. Anexo a ela, tem um depósito de manutenção.

Helena elevou uma das sobrancelhas intrigada.

— Não há anexo à sala de controle, Henrique. Nos viramos com o que já havia sido instalado e nem mesmo armamentos nos deixaram. 

— Não é possível! Eu mesmo fiz requisição dos equipamentos…

— Ah, é… Nisso posso ajudar. — Cooper interveio. — A sala de controle inicial ficava próximo aos galpões de filmagem e pedi para remanejar para o centro do resort. Pelo que conheço de Isadora, ela não iria querer que a sala ficasse isolada. Ao que parece, não previram o deslocamento do depósito de suprimentos. 

Cooper coçou a cabeça, um pouco desconcertado pela falha.

— Então, acha que a sala de suprimentos esteja onde inicialmente seria a sala de controle, é isso?

— Creio que sim, Henrique.

— Então, me mandem o projeto original. E não quero isso para amanhã. 

— Deixe comigo. Pedirei agora. 

Cooper se afastou, fazendo uma ligação em seu celular. Helena não facilitou. Retirou uma folha impressa do bolso cargo da calça e estendeu para Henrique.

— Providencie estes materiais, hoje mesmo. Se falharam na troca da sala de controle, podem ter falhado no abastecimento dos suprimentos. Não quero vacilos, Henrique.

— Também, não. Vou providenciar para que entreguem ainda hoje. 

Pegou o papel e o abriu, lendo o que ela requisitou. Helena se voltou para Ária, que permaneceu calada o resto da conversa.

— As agentes que chegaram estão descansadas?

— Todas tivemos uma semana de descanso, após a chamada da Agência. Estão prontas para entrarem em ação. 

— Perfeito. Quero que você escolha seis agentes para ficarem aqui em cima, na segurança de entrada. Só se reportarão a mim e a Isadora, Entendido?

— Sim, senhora.

— Mais tarde, as nossas agentes de controle subirão para orientá-las. A porta do hangar fechará e permaneceremos, a partir de agora, em vigilância. 

— Ok. 

— Desça com as outras. Existem agentes à espera para instalá-las. Depois, venha me ver. Tome isso aqui. 

A chefe sênior pegou um comunicador auricular de seu bolso e deu para Ária. 

— Perfeito. — Ária o pegou e logo o colocou no ouvido. — E as outras?

— Não temos muitos. Esse é do meu acervo pessoal e da chefe Isadora. Já configuramos na banda que as agentes de TI instalaram. Se houver mais nesse estoque de suprimentos, daremos a todas, se não tiver, teremos que esperar pelo que pedi para o Henrique.

Helena mirou seu coordenador, fuzilando-o com o olhar.

— Helena, nunca vacilei com você. Não sabia dessa troca. — Ele balançou a cabeça. — Terá, hoje mesmo, os suprimentos que pediu. 

— Espero que sim, Henrique. Espero que sim… — Ela não se despediu. Virou-se e caminhou em direção ao hangar. — Cuide da entrada das novas agentes, Ária.

A agente se virou para a equipe que chegava e gritou o nome de seis mulheres. Começou a orientá-las no que Helena havia demandado. Henrique e Cooper se entreolharam.

— Helena é uma pessoa difícil, Cooper, mas tem lá sua razão. Não podemos dar vacilo com elas.

— Só quis facilitar. Conhecendo Isadora do jeito que a conheço, ela nunca iria querer a sala de controle longe de onde ficaria alojada. 

— Eu sei. O problema não é esse. O problema está no que a cúpula está fazendo, deixando-as de fora de decisões. 

— Eles precisam, Henrique. O contrato com essas ONGs foi muito amarrado. Mas entendo o que quer dizer e entendo elas também.

Cooper deu de ombros e os dois coordenadores voltaram para os helicópteros e alçaram voo. Isadora, que já estava na enseada, pôde vê-los partindo. Entrou na sala de controle às pressas e foi direto para a outra sala, onde funcionava o núcleo da IA.

— Annan, rastreie os helicópteros e me diga para onde estão indo. 

— Estão se afastando da ilha, em direção ao continente, chefe Isadora. Mas, um avião a jato pousou há pouco no QG do outro lado da ilha. Algumas pessoas desembarcaram. Três estavam vestindo ternos e sete deles vestiam roupas de campanha e levavam armas e mochilas táticas.

— Eles não vão nos pegar, Isa.

A voz calma e suave de Helena a despertou dos pensamentos.

— Como sabe? Toda essa situação aqui é muito ruim.

— Eles nos subestimam e eu conto com isso. A última reunião para escolher o novo agente sênior não foi das melhores. Tive que me impor muito para aceitarem você.

— Deixe-me adivinhar quem queriam promover… Não seria Lewis, seria?

— Não se irrite com Ária, Isadora.

— Não me irritei com ela. O que fiz foi um teatro, Helena. Não tenho nada contra ela e lembro que, na época, ela hesitou em me abandonar naquela missão. Lewis a forçou e eu vi. O fato é que Ária trabalha há muito tempo para ele. Quero saber se a lealdade dela está acima da hierarquia. 

— Ele é um misógino. Não deve tratá-la melhor do que trata as outras agentes. Síndrome de Estocolmo não costuma aparecer muito em quem passa pelo treinamento da Agência, mas não sabemos como todos esses anos com ele pode tê-la afetado.

—  Hoje, a equipe dele é quase toda formada por homens. Só ela e uma outra agente… como é mesmo o nome dela?

— Não lembro, mas é maluca. Isso eu sei. Já tentou explodir um container, porque os resgatados não queriam abri-lo por dentro.

— E Lewis não a dispensa. Me diga por que acha que a mantém?

— Posso me intrometer, chefes?

O que foi, Annan? 

— O agente Lewis intercedeu por ela, pessoalmente, para que permanecesse em sua equipe.

— Por que você sabe disso, Annan?

— Não tenho esses dados, mas posso presumir que pela característica psicológica e suas atitudes, o agente Lewis a tenha a subjugado de alguma forma, e ela é uma peça que ele pode manipular.

— Eu presumo o mesmo, Annan. — Isadora afirmou, coçando a nuca. — Annan, informe qualquer movimentação diferente na área do QG do outro lado da ilha e todo o movimento suspeito de aproximação da enseada.

— Executando.

Elas saíram para receber as novas agentes e continuaram a conversa.

— O fato é que a outra agente da equipe dele é desequilibrada e, provavelmente, foi ele quem a deixou assim. Contudo, Ária não demonstra qualquer tipo de instabilidade emocional e isso pode ser um fator preocupante, Helena.

— Diz isso porque acha que ela pode ter o mesmo tipo de caráter dele e, por esse motivo, não pediu para sair da equipe? Não contaria com isso. Se fosse eu, não pediria para sair. Sabe o que acontece quando um agente faz isso, não sabe?

— Sei que é julgado pela Agência inteira. Mas…

— Não tem “mas”, Isa. O fato é que quem pede para sair é considerado um agente que não suporta pressão e ninguém o quer na equipe. Não tem chances de ascensão e, muito menos, recebe responsabilidades maiores. Isso mata uma carreira. Você sabe disso.

— Está certo. Mas eu a quero bem perto de nós para a observarmos.

— Os amigos perto e os inimigos mais perto ainda. Te entendo, Isa. Sabe o que me chateia nisso tudo? É que Henrique e Cooper têm conhecimento do QG do outro lado da ilha e não falaram nada.  Quando nos deixaram aqui, ele falou de seguranças atuando pela ilha, mas não disse nada sobre uma base militar do outro lado.

— Não existe motivo plausível para não terem falado desse complexo. Então, para mim, estamos sozinhas nisso, Helena.

— Pode apostar que sim.



Notas:

Bom dia!

Helena e Isadora parece que estão se entendendo. Será? O que a Alpha Dìon quer de suas melhores agentes e líderes? 

Leiam sem moderação!

Bom fim de semana a tod@s!




O que achou deste história?

6 Respostas para Capítulo 6 — Antigos-novos Sentimentos

  1. Oieee, Bi!!! Tudo bem?
    Não resisti e vim ler! A mulher quando digo “Bivard…. nem se opõe!! Ela é boa!!! 🙂
    Nossa, que caps foda!!
    começo pegando fogo entre essas duas! Será que Isa perdoa fácil??!!
    Cooper e Henrique escondendo a verdade delas…nada bom!!!
    Será que essa tal Ária é confiável?!!
    Louca pra saber o que tem doutro lado…e esses caras de terno??? Que acordo estranho fizeram ?
    ONGs no meio?? rummy
    A cúpula e Seus segredos…Vai dar mal…essas duas vão acabar com tudo quando souberem… se meteram numa bela enrascada!!!
    Muita coisa Vai rolar… ação já tá quase aí…posso quase tocá-la!!
    Beijos pra vc e sua esposa e que tenham um lindo fim de sábado e Belo Domingo!!!

    • Oie, Bivard!!!
      Passando para desejar Um feliz Natal para vc, sua esposa e familiares!!!
      Espero que estejam bem!!!
      Beijão

      • Oi, minha amiga!
        Obrigada e desculpe-me por não vir antes. Esse ano eu fiquei por conta das festas na minha família.
        Como foi de festa?
        Lailicha, obrigada por todo esses anos de amizade. E que os Céus nos ilumine com as sua graça e amor!
        Um beijão pra você e sua esposa!

      • Feliz 2024 para vc, sua esposa e toda família!!
        Tb desejo un feliz ano para toda a equipe do Lesword!!
        Muita saúde, muitos momentos de alegria e força para o ano seguinte!!
        Beijão
        PS: Não desapareça, Bi, nem que seja pra dizer que tá bem!! 🥰

  2. Um hot pra dá início ao capítulo é sempre bem vindo😅

    Mas tem muita merda nisso aí, certeza !

    bjs

    • É bom, um hot de vez em quando, né?
      Blackrose, espero que tenha passado um ótimo Natal, se você for de Natal. 😉
      Este fim de ano está bem complicadinho para mim, pois tenho uma família grande e as festas estão sendo aqui em casa, mas já, já, as postagens normalizam.
      Um beijão pra ti!

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