Argentum

Capítulo 12

Por um segundo Alicia ficou paralisada sem saber que resposta dar à Maia, mas ela logo se recuperou colocando a cadeira no lugar e sorrindo.

– Claro que não. Não seria incomodo nenhum – disse ela sorrindo de forma gentil, Maia sorriu de volta e agarrou a muleta com a mão esquerda, Alicia indicou o caminho da cozinha – Por aqui é uma distância menor – falou ela se explicando.

– Claro – concordou Maia sorrindo e começando a acompanhar a veterinária.

Ao passarem pela cozinha que agora tinha a presença de Bárbara, a filha de Maria, Maia pediu para que retirassem a mesa do café dizendo que seu irmão provavelmente demoraria a acordar e talvez fosse pedir para tomar o café no quarto. Quando foram sair pela porta da cozinha Maia se deparou com uma escada pequena de apenas 5 degraus. Alicia desceu primeiro e, quando ela estava na metade, viu a mão esquerda da veterinária estendida a sua frente.

Aceitou a mão dela e logo Alicia se posicionava ao seu lado esquerdo tocando-lhe levemente o cotovelo e a ajudando a descer. A veterinária notando o terreno irregular ofereceu o braço para que Maia se apoiasse. No começo ela quis negar, mas quando sua muleta escorregou levemente no chão úmido pelo sereno da noite e da neblina da manhã ela mudou de ideia. Passou sua mão em volta do braço que Alicia lhe estendia e deixou a veterinária apoiá-la na caminhada. Caminharam até o pavilhão e depois andaram lentamente até a baia onde Lua e seu filhote estava. Logo antes de chegarem Eduardo apareceu saindo de uma das outras baias.

– Doutora – disse ele se aproximando das duas e Alicia parou de forma que Maia parou também – Bom dia Senhorita Almeida – disse ele cumprimentando a mais nova e depois se virando para a mais celha.

– Bom dia – respondeu Maia com um sorriso.

– Bom dia, Eduardo – falou Alicia segurando a mão de Maia com sua mão esquerda e estendendo o braço direito para apertar a mão do rapaz, mas logo depois voltando a colocar a mão da menor em seu braço.

– Que bom que você chegou – falou ele indicando o caminho para a baia de Lua – Eu disse ao Senhor Giulio que precisava te chamar, mas ele me informou que estava com a senhorita. Mas que logo depois viria para cá.

– Há algo errado com Lua ou com o potro? – perguntou a veterinária preocupada.

– Com Lua nada, mas eu notei o potro muito quieto – disse ele abrindo a parte de cima da baia de Lua e as duas se aproximaram – Com Lua não parece haver nada errado, ela vai até ele e o ajuda a levantar para mamar.

– E a placenta? – perguntou a veterinária colocando a mão esquerda sobre a parte inferior da porta que ficou fechada.

– Mais cedo nós a tiramos da baia, havia um pedaço para fora que tentamos tracionar – contou o rapaz parado ao lado da veterinária – Não veio tudo então cortamos o que estava pendurado demais e lavamos ela.

– Eu vou dar uma olhada, ela não pode demorar muito para expelir os resíduos – disse a veterinária com uma expressão séria – Eduardo, você poderia ir até meu carro e pegar a maleta que está sobre o banco do carona? – ela perguntou estendendo a chave que estava no bolso esquerdo da jaqueta ao rapaz que acenou positivamente e foi na direção da porta do pavilhão, Alicia então se virou para a mulher a seu lado – A senhorita se importa de esperar aqui? – perguntou calmamente segurando a mão dela que ainda estava sobre seu braço direito.

– Me importo que continue a me chamar de senhorita – disse Maia com um meio sorriso – Mas não de esperar. Pode ir fazer o seu trabalho – disse ela retirando sua mão de perto da veterinária.

Alicia devolveu o sorriso um tanto acanhada por ter sido repreendida e se afastou um passo para retirar a jaqueta e pendurá-la num gancho que havia ao lado da porta. Depois desabotoou as mangas da camisa e dobrou-as até próximo aos cotovelos antes de abrir um pequeno espaço da parte inferior da porta e entrar na baia. Maia se aproximou mais da porta se apoiando na mesma para observar o movimento da veterinária e viu o pequeno potro deitado no canto oposto de onde estava a égua.

– Oi garota – disse Alicia para o animal que a olhou e abaixou um pouco a cabeça – Como estamos hoje, hein? – perguntou ela se aproximando de Lua e acariciando seu pescoço.

A égua encostou a cabeça no braço da veterinária que sorriu e começou a escorregar as mãos pelo corpo de Lua. Ela foi com as mãos espalmadas do pescoço da égua até a parte superior da perna esquerda do animal que estava de frente para a porta. Alicia observou a região posterior da égua com cuidado e logo que começou seu exame visual Eduardo retornou com a caixa.

– Me alcance uma luva, por favor – pediu ela quando viu o rapaz que prontamente abriu a caixa da doutora puxando um par de luvas – Obrigada – disse ela agradecendo quando se aproximou para pegá-las e depois voltou para perto da égua repetindo o processo de deslizar as mãos, agora com luvas, pelo corpo dela até a região posterior e, dessa vez, erguendo um pouco a cauda de Lua – A secreção está normal e, aparentemente, ela continua tendo motilidade uterina para expulsar a placenta – comentou ela, Maia não podia ver o que ela fazia porque a égua estava de frente para ela – Continue atento, Eduardo. Ela deve expulsar todos os resíduos até o fim do dia se continuar assim, já pude tracionar mais um pedaço, mas ainda não veio tudo.

Alicia se virou para a porta retirando as luvas que estavam sujas de algo que Maia preferiu não imaginar o que era. As luvas foram retiradas e enroladas do avesso, o rapaz as pegou para jogar no lixo e Alicia se aproximou estendendo a mão para sua caixa. Maia a viu retirar de dentro dela um estetoscópio de cor preta, exatamente igual ao que seu irmão usava, mas parecendo um pouco mais longo. Ela pegou também um termômetro digital e colocou no bolso de trás da calça seguindo para perto do potro que continuava deitado.

Quando ela se aproximou o pequeno tentou levantar, mas Alicia se ajoelhou rápido e o segurou passando o braço direito por baixo de seu pescoço antes que ele saísse de perto dela. Maia observou ela acalmar o potro de pelos negros com carinhos e uma voz baixa até que o animal estivesse novamente quieto e deitado. Depois disso Alicia colocou o estetoscópio e passou a auscultar as laterais do potro. Enquanto a veterinária fazia isso Maia acabou se distraindo e foi desperta por Lua que se aproximou da porta cheirando seu rosto.

Maia soltou a muleta se apoiando na porta fechada e começou a fazer carinho na cabeça de Lua com ambas as mãos. Se distraiu tanto que não percebeu quando Alicia terminou seu exame e se virou olhando-a. Maia estava muito concentrada em alisar os pelos avermelhados da égua e não notou quando a veterinária se levantou colocando seu estetoscópio em volta do pescoço e se aproximou da porta.

– Isso é algo muito curioso – falou Alicia fazendo Maia quase levar um susto porque não havia reparado na proximidade da maior.

– O que é curioso? – ela perguntou ainda sem parar de acariciar a égua.

– Lua gostar de você – disse a veterinária sorrindo e acariciando a égua também, mas ela logo se afastou das duas para ir cheirar seu filhote e fazê-lo levantar e Alicia aproveitou para sair da baia – Ela não costuma se dar bem com pessoas novas. Quando cheguei aqui depois de terminar a faculdade e assumi a clínica no lugar do meu pai levei quase um mês para que ela me conhecesse e confiasse em mim. Antes disso tive um bom trabalho para conseguir examinar ela, minha sorte foi que ela me aceitou antes de chegar no final da gestação.

– Sério? – perguntou Maia rindo e realmente surpresa – Isso quer dizer algo sobre mim ou sobre você? – ela questionou se afastando para a veterinária fechar a porta e alcançar sua jaqueta.

– Sobre você, com certeza sobre você – riu Alicia pegando a jaqueta e colocando sobre o ombro – Ou sobre ela. Cavalos são animais muito inteligentes e sensitivos. Lua sempre foi sistemática, então se ela te aceitou tão rápido foi porque sentiu que você era alguém especial – a veterinária notou a menor ficar envergonhada e sorriu com isso – Espere aqui um minuto sim, vou achar Eduardo.

– O potro está bem? – perguntou Maia tocando o braço de Alicia antes que ela saísse.

– Está sim, apenas vou pedir para tirarem ele e Lua da baia – falou a veterinária com um sorriso – Infelizmente ele ainda é um tanto prematuro, os pulmões estão com um tanto de secreção, mas é bem líquido. Eu acredito que por ser prematuro ele esteja com dificuldade de respirar até o pulmão se formar completamente. Vou orientar para que mantenham ela e o potro num piquete próximo porque a baia é abafada demais para ele ainda.

Maia concordou com um sorriso e soltou o braço de Alicia deixando que ela se afastasse. Enquanto via a veterinária se afastar ela olhava a silhueta da mulher pensando que Alicia Ferraz era uma mulher incrivelmente atenciosa e gentil.

 

 

N/A: Oláaa =D 

Bom, tenho uma ótima notícia: Pretendo fazer uma maratona nesse feriado. 

Começarei hoje e pretendo ir até o próximo domingo atualizando um capítulo por dia. Espero alegrar o feriado de vocês hehe. 

Bjs pessoinhas

;]



Notas:



O que achou deste história?

10 Respostas para Capítulo 12

  1. O bom de demorar a começar a ler é que eu tenho vários capítulos ainda, uhuhu! rss
    Eu acho que a Lua e esse potinho também vai ser um elo muito forte entre elas! ja esta sendo né? rss
    bjs
    Mascoty

    • Kkkk Realmente, muitos capítulos acumulados é ótimo.

      Lua e o potro serão um fator muito importante no relacionamento delas.

      Bjs
      ;]

  2. Não tem notícia melhor do que saber que sua história favorita será atualizada diariamente.

    Amei a interação entre elas,
    Bj

Deixe uma resposta

© 2015- 2017 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.