Argentum

Capítulo 18

N/A: Capítulo 7/7 (o último) da Maratona

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Alicia estava arrumando suas coisas, eram 60 da manhã. Uma pasta com nove fichas a serem preenchidas e alguns papéis com anotações sobre pontos a serem observados em cavalos para que ela não esquecesse de nada. No dia anterior havia praticamente fugido de Talitha porque sabia que a amiga iria perguntar cada detalhe da conversa com Maia. Ela tinha certeza de que a amiga sabia que ela aceitaria o pedido da Srta. Almeida, e não queria ter de falar sobre Maia com Talitha tão cedo.

Na noite anterior havia feito uma lista sobre tudo o que precisaria e naquela manhã ela se levantou cedo, tomou um banho e se vestiu antes de ir colocar tudo no carro. Tinha escolhido uma calça jeans preta com as costuras douradas, calçou as botas de cor vinho e escolheu uma camisa de mangas compridas que tinha uma gola em ‘v’ com detalhes de falsos botões dos dois lados. A camisa era azul marinho e, por ser mais grossa, ela acabou não colocando nenhuma jaqueta, mas jogou sua jaqueta marrom dentro do carro.

Ela sabia o que estava acontecendo consigo mesma, mas não queria permitir. Estava decidida a impedir que aquele sentimento que queria surgir pela nova moradora do Rancho se desenvolvesse em seu peito. Não permitiria se apaixonar por alguém, sabia que haviam muitas coisas prontas para destruir qualquer relacionamento que ela pudesse vir a ter com uma mulher. Já havia passado por isso antes e não estava disposta a arriscar toda a sua reputação na pequena cidade por outro coração partido. Às vezes ela gostaria de ter encontrado algum rapaz que lhe fizesse se apaixonar, ou até que tivesse aceitado dar uma chance para algum dos que tentaram algo.

Sua mãe desceu com uma caneca de café, um prato com pãezinhos doces que ela havia feito no dia anterior e dois pedaços de bolo. Ela a olhava de um jeito que parecia vasculhar sua alma ao mesmo tempo em que avaliava cada detalhe de sua mente. Dona Marta parecia saber de algo porque a olhou como se quisesse dizer alguma coisa, mas depois de encara-la por alguns segundos pareceu desistir. A veterinária não sabia, mas Talitha havia contado tudo a ela sobre Maia e o possível interesse que a filha poderia estar desenvolvendo pela moça.

Obviamente Alicia não poderia saber o que se passava na mente da mãe. Não teria como saber que Dona Marta estava se controlando para não perguntar sobre Maia. Nem conseguiria imaginar que sua mãe poderia estar morrendo de vontade de lhe dar um conselho. Marta sentia que a filha estava a beira de um abismo de escolhas e estava com medo de que ela fizesse as escolhas erradas. Conhecia a filha que tinha e sabia que Alicia talvez tentasse se proteger tanto que acabaria se anulando. Mas não podia simplesmente dizer à filha para fazer o que a deixaria feliz sem realmente saber se a escolha de enfrentar esse possível sentimento seria a melhor realmente.

Sem saber se deveria ou não falar, Dona Marta acabou por deixar Alicia comer em paz e terminar de ajeitar suas coisas. A veterinária terminou de separar tudo o que achava ser necessário e, depois de dar um beijo na mãe, saiu antes que a amiga pudesse chegar. Acabou saindo muito cedo por estar ansiosa para chegar, mas durante o caminho foi ficando cada vez mais nervosa com a perspectiva de encontrar os olhos verdes de Maia outra vez. Percorreu aquelas estradas na velocidade mais baixa possível e seguiu ouvindo músicas e tentando não ficar ansiosa ou nervosa demais, o que foi em vão.

Quando avistou a entrada do Rancho um suspiro longo escapou pelos lábios da veterinária e ela respirou fundo se preparando mentalmente para não demonstrar seus sentimentos por Maia, porque sabia que seria impossível não senti-los. Viu a jovem sentada numa cadeira na varanda e estacionou seu carro em frente a casa, saiu do veículo pegando sua mochila onde tinha os arquivos em branco. Respirou fundo outra vez antes de sair detrás do carro e subir a escada que levava à varanda da casa.

– Bom dia Doutora – falou Alicia pousando uma xícara, com o que parecia café, em cima da mesa ao seu lado e dando um largo sorriso.

– Bom dia, Srta. Administradora – respondeu Alicia brincando da mesma forma que a dona dos olhos verdes havia feito e pode ver o sorriso da outra aumentar e os verdes brilharem provocando em si uma vontade de deixar um sorriso bobo se formar.

Elas se olharam por um tempo enquanto Alicia se aproximava. Maia estendeu a mão e a veterinária ergueu a sua também segurando a da mais nova e Maia acabou por se aproximar dela dando-lhe um discreto beijo no rosto antes de soltar a mão da maior. Os olhos verdes se voltaram para a mesa onde havia mais uma xícara vazia e uma garrafa de café.

– Giulio foi com Carlos e Eduardo separar os nove potros dos outros. Aceita um café? – disse ela sem olhar para Alicia enquanto se servia de mais café, sequer notou que a veterinária havia ficado sem reação ao pequeno beijo.

– Claro – disse Alicia quando viu os olhos verdes lhe encarando outra vez – Claro que aceito – reiterou desviando o olhar tendo como desculpa a de que estava procurando onde colocar a mochila e se sentar.

Alicia estava se controlando para não levar a mão até sua bochecha direita. Repreendeu-se mentalmente por estar parecendo uma garota de 15 anos tendo pela primeira vez a atenção da pessoa por quem tinha acabado de se apaixonar. Discretamente fechou os olhos e inspirou profundamente enquanto colocava a mochila ao lado de uma cadeira parcialmente de frente para a de Maia. Sentou-se logo depois e recebeu a xícara das mãos da outra que lhe sorria gentilmente. Agradeceu e começou a beber o líquido quente enquanto a menor voltava a se sentar.

– Enquanto estamos esperando vamos conversar sobre o seu pagamento – disse Maia pousando a xícara sobre as coxas.

– Não há o que mais conversar – falou Alicia com um sorriso divertido mantendo sua xícara próxima aos lábios – Vou lhe fazer um favor e você pagará meu deslocamento apenas.

– Não concordo com isso – disse Maia erguendo sua xícara para esconder um sorriso divertido pela forma como elas estavam argumentando de forma complexa algo tão simples – Insisto em pagar ao menos as suas diárias. Conversei com Giulio e ele me explicou que veterinários cobram diárias quando vão fazer serviços em fazendas e outros lugares. Insisto em lhe pagar as diárias.

– Percebe que você está insistindo para ganhar menos nessa negociação? – perguntou Alicia rindo – Onde já se viu um negociador que insiste em gastar e não em poupar? Isso está sendo uma pechincha às avessas – falou ela com um sorriso de lado bebendo mais um pouco do café.

Maia gargalhou e Alicia sentiu seu corpo vibrar por saber que a razão daquele som maravilhoso havia sido ela. Usou a xícara para esconder o sorriso bobo e terminou seu café. Maia logo parou de rir, mas ainda sorrindo ela encarou a veterinária antes de beber o resto de seu café também.

– A única questão aqui é que não estou pechinchando – disse ela com um sorriso que fez Alicia sorrir de volta – Estou sendo justa com uma amiga que veio me fazer um imenso favor – disse ela se virando para pegar a muleta que estava ao lado de sua cadeira mostrando que pretendia levantar.

O sorriso da veterinária quase sumiu, mas ela o forçou a permanecer ali. Sempre soube que, para a bela moça de olhos verdes, ela nunca passaria de uma amiga. Claramente ter esse conhecimento não impedia que as palavras claras e diretamente ditas doessem, mas ela teria que se acostumar. Afinal, no caminho ela tinha tomado a dura decisão de não se afastar de Maia mais e aceitar o que a mais nova lhe pudesse dar. Se só poderia ter a amizade dela então se contentaria com isso.

– Pois então, como amiga, estou dizendo que ao lhe fazer um favor não estou visando nenhum lucro – disse ela se levantando também para colocar a própria xícara sobre a mesa e acabou se aproximando de Maia um pouco mais, por isso continuou num tom mais baixo – Estou aqui para fazer um favor a uma amiga. Amigos não cobram por favores. Não pretendia cobrar meu deslocamento, mas pelo pouco que já sei de você tinha plena certeza de que se dissesse isso iria querer me forçar a aceitar. Portanto, aceite a boa vontade dessa sua mais nova amiga e vamos encerrar essa conversa sobre diárias – concluiu ela com um sorriso gentil enquanto quase se perdia ao olhar o verde intenso dos olhos de Maia.

Elas se encararam por certo tempo. Maia não desviou o olhar dos olhos cor de mel de Alicia nem por um minuto. Parecia pensar na proposta da veterinária. Realmente havia pensado nos primeiros segundos daquela troca de olhares, mas depois havia se perdido na tonalidade dourada que os olhos de Alicia adquiriram por conta da luz do sol. Com um suspiro e um sorriso sem graça a menor acenou com a cabeça interrompendo o contato dos olhos e ajeitando a muleta em sua mão.

– Acho que sou um tanto previsível – disse ela parecendo desconcertada com as palavras de Alicia – Vamos deixar para falar disso depois então.

A veterinária concordou com um sorriso discreto e se afastou para pegar sua mochila. Maia só percebeu o quanto tinham estado próximas quando Alicia finalmente se afastou. Disfarçou a surpresa que aquele fato lhe causou e decidiu que era hora de irem ver se Giulio havia voltado.



Notas:



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10 Respostas para Capítulo 18

  1. Alicia esta perdida! kkk. fim da maratona e beijo que é bom entre elas nada! espero que ate o fim desse final de semana da Alicia na fazenda role alguma coisa!rsss.

    beijos
    Mascoty

    • Esse beijo demora um tantinho kkkkkkk.
      E acontecerão muuitas coisas nesse dim de semana da Alicia lá hehe (menos beijo =P)

      Bjs
      ;]

  2. Óoooooo já??? Kkkkk

    Essas duas ainda vão colocar ?? no celeiro, esse final com troca de olhares gzusss

    Bora pro próximo kk

  3. Sobre a maratona que pena que acabou uô, uô, uô, uô rssrs mas foi bom viu já quero novo cap.Parabéns autora vc é d+

    • Uma pena realmente, mas eu gosto de surpreender (quem sabe não solto capítulos fora de hora hehe)

      ;]

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