Argentum

Capítulo 48

Na manhã seguinte Maia acordou ansiosa quase uma hora antes de seu horário normal. Ficou alguns minutos ainda na cama, a jaqueta preta junto de si, até que decidiu levantar e começar seu dia antecipadamente. Fez sua higiene e se vestiu. Uma calça jeans verde musgo e uma blusa grossa de algodão branca com mangas compridas. Pegou também sua jaqueta jeans e colocou uma botinha preta quase sem salto e com cadarços. Apesar de não estar frio como nos últimos dias a temperatura não passava dos 13°C naquela manhã.

Ficou em seu escritório terminando de organizar a documentação que teria de enviar com as amostras para o DNA de Argentum. Quando tudo estava pronto já passava das 60 e ela desceu para o café da manhã. Alicia havia lhe avisado que teria uma consulta logo cedo e só depois viria ao Rancho, então ela não esperava a veterinária para o café. Por conta da hora a mesa da sala de jantar ainda não estava posta e Maia aproveitou isso para ir direto a cozinha encontrando Antonieta e Maria terminando de preparar o café e alguns biscoitos doces.

Enzo a achou ali poucos minutos depois reclamando de ter esquecido as cortinas abertas e, por isso, ter acordado com o sol tão cedo. Mas o jovem rapidamente esqueceu seu mal humor matinal ao começar a comer e conversar. Após a tarde do dia anterior Maria ainda estava envergonhada e receosa com ele, mas logo isso foi esquecido enquanto Enzo elogiava a comida a cada intervalo entre engolir e colocar algo mais na boca. Mesmo após o café ambos os amigos continuaram na cozinha conversando amenidades com as duas mulheres por algumas horas, mas Maia ainda estava ansiosa e se retirou um pouco antes de Enzo.

Passava das dez horas da manhã quando Maia viu, da janela de seu escritório, o Troller prata da veterinária surgir na estrada e passar pelo arco de entrada do Rancho. Seu coração pulou uma batida com a visão do carro se aproximando até parar próximo às escadas que levavam até a varanda da casa. Saiu do escritório indo em direção às escadas, sabia que Enzo provavelmente estaria na cozinha bisbilhotando as receitas de Antonieta, já que adorava cozinhar, e não queria deixar o amigo na presença da veterinária sem estar por perto para frear os rompantes dele.

Estava no topo das escadas quando olhou para baixo e viu Alicia passar pela porta da sala. A mais velha tinha algo que parecia uma garrafa térmica de grandes proporções numa das mãos e a outra segurando a alça da mochila que estava em seus ombros. Quando seus olhos se encontraram Alicia sorriu largamente e Maia acabou sorrindo também, mesmo estando nervosa ao estar frente a frente com a veterinária após admitir seus sentimentos pela mesma. Viu Alicia colocar as coisas no chão próximas a um dos sofás e continuou a descer os degraus lentamente com a ajuda de sua muleta.

A maior apenas ficou no fim da escada esperando-a com um olhar calmo e um sorriso gentil. Alicia estendeu a mão direita quando Maia estava ainda nos últimos degraus e a dona do Rancho colocou sua mão esquerda sobre a da veterinária recebendo o apoio extra para terminar a descida. Quando estava no mesmo nível que Alicia elas se encararam por alguns segundos e Maia teve que se esforçar para não encarar os lábios da maior que apenas lhe sorria.

– Bom dia, Maia – disse Alicia se aproximando e deixando um beijo na testa da mais nova.

– Bom dia, Alicia – respondeu se adiantando um pouco para abraçar a maior pela cintura com o braço esquerdo apenas para que a maior não visse que seu rosto estava mais corado do que deveria, mas se controlou rápido e se afastou erguendo os olhos verdes – Como você está? A febre voltou?

– Estou ótima – respondeu a veterinária com um sorriso controlado se perdendo nos olhos verdes e tentando não ficar triste pelo abraço ter durado tão pouco – Nenhum sinal de que a febre voltou nem qualquer outro sintoma, pode ficar descansada.

– Fico aliviada com isso – respondeu a menor, mas antes que continuassem a conversa ambas ouviram passos vindos do corredor que levava à sala de jantar e cozinha.

Não demorou muito para a figura de Enzo surgir. O rapaz usava um jeans claro com uma camisa de mangas compridas de algodão dobrada até os cotovelos indicando à Maia que havia acertado sobre o amigo estar envolvido com Antonieta na cozinha. Nos pés ele tinha um tênis branco e seus olhos focaram diretamente na proximidade das duas mulheres quando as encontrou aos pés da escada.

– Alicia, esse é Enzo, meu melhor amigo – a menor tratou de apresenta-los logo antes do rapaz poder fazer qualquer comentário – Eu e ele nos conhecemos na época da faculdade. A muito tempo não nos víamos, por isso Enzo veio passar alguns dias aqui.

– É um prazer – disse a veterinária estendendo a mão direita para o homem que parou próximo as duas – Sou Alicia Ferraz.

– O prazer é todo meu – respondeu o rapaz dando uma rápida olhada para os verdes que o estavam ameaçando para que não falasse nenhuma bobagem – É um alívio saber que Maia tem alguém com quem contar por aqui.

A dona do Rancho observou eles sorrirem um para o outro. Antonieta apareceu com uma bandeja com café e alguns biscoitos e os três foram para a sala. Enzo fez algumas perguntas indiscretas sobre a vida pessoal da veterinária, mas Maia fez questão de cortá-lo e impedir que Alicia respondesse a qualquer uma delas o que provocava risadas no rapaz. Ao terminarem os três seguiram até os estábulos onde Lua e Argentum já estavam.

Alicia conferiu toda a resenha do potro e depois colocou, em um envelope de papel, pelos da crina do pequeno que não gostou muito da experiência de ter seus pelos arrancados e logo correu para perto da mãe quando Eduardo o soltou. Após tudo selado e guardado em outro envelope maior os três se dirigiam para a casa principal quando Maia iniciou um novo assunto.

– Agora só preciso encontrar uma transportadora com um preço bom para enviar tudo junto – comentou a ela, sua mão direita segurava firmemente a muleta enquanto que a esquerda estava no braço direito da veterinária.

– Quanto a isso, eu tomei a liberdade de olhar algumas coisas – comentou Alicia – Mas há outro assunto que preciso falar com você. Só que acho melhor conversar sobre isso quando estivermos no escritório.

– Porque no escritório? – questionou Maia confusa e preocupada.

– Só acho que será melhor falarmos disso estando em um local confortável – respondeu a maior encarando os olhos verdes enquanto caminhavam e Maia compreendeu que era um assunto sério que precisava ser discutido num local privado.

– Compreendo – respondeu ela encarando a porta que se aproximava – Porque não almoça conosco? Podemos separar a amostra que falta e falar sobre isso depois de comermos. Pressinto que será uma melhor se estivermos com os estômagos satisfeitos.

– Não poderia negar a oportunidade de comer um almoço preparado por Antonieta – brincou Alicia com um sorriso largo, mas Maia notou que ela estava incomodada com algo e pressentia que fosse o tal assunto.

Enzo apenas observava a interação das duas e permaneceu fazendo o mesmo durante o almoço no qual também soltou algumas piadas para distrair ambas de sua observação minuciosa. A primeira coisa que ele notou foi como uma ficava confortável na presença da outra e como Alicia parecia estar sempre antecipando as necessidades de Maia Fosse um apoio extra num terreno mais desnivelado ou colocando ao alcance algo que a menor iria tentar pegar antes que ela o fizesse. Ambas estavam sempre voltadas uma para a outra e, ele também percebeu, se olhavam mais do que o necessário.

Após terminada a refeição os três subiram para o escritório de Maia, a veterinária carregando nas mãos o que ela explicou se tratar de um botijão de transporte para poucas doses de sêmen. Alicia pensou em contestar a presença de Enzo, mas já havia notado que ele e Maia eram realmente amigos muito próximos e, colocando seus ciúmes de lado, decidiu não falar nada a respeito até porque o assunto que teriam pela frente era mais do que sério. Ela foi a última a entrar e, enquanto Maia se sentava em sua cadeira atrás da grande mesa, ela fechava a porta e a trancava. Atitude que não deixou de ser notada pelos outros dois dentro da sala.

– Certo, pelo jeito o assunto é realmente sério – comentou Enzo se sentando sobre a lateral direita da mesa e encarando a veterinária que se aproximava.

– Eu não sei se consigo iniciar esse assunto de forma mais leve – murmurou a mais velha se sentando numa das cadeiras de frente para a mesa e encarando Maia – Eu fiquei sabendo de algumas coisas. E por conta delas eu acredito que você não deva mandar essas amostras por uma transportadora.

– E porque não? – questionou Enzo confuso enquanto os olhos verdes encaravam fixamente os castanhos claros que estavam quase dourados pelo reflexo do sol que entrava pela janela.

– Tem gente que não quer que você consiga registrar o Argentum – falou Alicia diretamente para Maia, mas de certa forma ainda respondendo a pergunta de Enzo – Eu não sei o que eles conseguiriam fazer, mas soube que seriam capazes de muitas coisas. Você não pode deixar as amostras serem levadas por uma transportadora, elas ficarão vulneráveis demais.

Enzo faria outra pergunta, mas notou a troca de olhares e se calou passando apenas a observar a forma como as duas mulheres pareciam conversar sem palavras. Ele viu que a situação era mais séria do que ele imaginava e notou que a amiga não parecia assim tão surpresa com aquela informação. Viu também a proteção que Alicia parecia ter com a dona dos olhos verdes e deixou um sorriso discreto surgir em seu rosto. Afastou-se da mesa se sentando numa cadeira mais afastada que estava posicionada em volta de uma pequena mesa com um tabuleiro de xadrez. Ficaria apenas observando a conversa que já estava acontecendo sem sua presença.

 

N/A: Eu voltei de novo kkkk (quase que não volto).

Estou gripada ainda, então corrigir capítulos me dá preguiça ‘-‘

E eu quase tive que viajar de novo. Infelizmente cancelaram o serviço, mas não fiquem com raiva de mim. Minha namorada já havia se oferecido para atualizar enquanto eu estivesse fora, então esse capitulo era para ter sido atualizado por ela =P

Bom, continuo aqui então estejam avisados que o próximo sai no fds.

Bjs pessoinhas

;]



Notas:



O que achou deste história?

2 Respostas para Capítulo 48

  1. Eita,! Estão querendo boicotar os negócios da Maia! Ainda bem que Alicia projete a dona do Rancho!
    Alicia ta com ciúme.. rsss. quem sabe isso é um fator que faça ela pensa r nos sentimentos pela Maia?!
    Vou lê so mais um capítulos e vou dormir! rss tenho plantão amanha e suas historias me prendem! Eu não consigo parar de ler! kkkk

    • Nesse mundo sempre tem alguém tentando prejudicar a gente –‘
      E Alicia hehe, ciúmes é incontrolável as vezes =P

      Espero que tudo ocorra bem no seu plantão.
      Bjs
      ;]

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