Argentum

Capitulo 50

– Essa, com certeza, foi a pior ideia que você já teve na vida – reclamava Maia enquanto subia a escada indo para seu quarto e era acompanhada por Enzo que vinha com um largo sorriso.

Após a sugestão dele as duas ainda ficaram algum tempo se encarando. Alicia foi a única a admitir que ele poderia estar certo, mas ela não sabia se teria como acompanhar Maia. A dona do Rancho ficou receosa, tentou achar outras soluções, mas nenhuma parecia boa o bastante e, quando ela começou a sugerir que apenas arrumaria algum motorista para leva-la ou coisa do tipo, a veterinária ficou completamente contra dizendo que só precisava remarcar algumas consultas ou ver um dia calmo.

Maia ainda tentou argumentar que só precisava de alguém que dirigisse para ela, mas Alicia ficou irredutível dizendo que ficar horas com um desconhecido sozinha num carro seria desconfortável demais e um tanto arriscado já que não se tinham muitos motoristas disponíveis na cidade. A veterinária ainda ressaltou que Maia não deveria ficar horas seguidas sentada dentro de um carro e, por isso, quem fizesse a viagem com ela teria de parar várias vezes durante o trajeto. Dizendo, também, que por esse motivo teria que ser alguém confiável e ressaltando que Carlos não teria toda essa paciência.

Vários minutos depois elas concordaram em esperar Alicia verificar o que tinha agendado e conferir qual seria seu dia com provável menor movimento antes de confirmar qualquer coisa. Certeza para Maia era que ela faria a viagem, mas Enzo estava convencido que a veterinária seria a acompanhante da amiga de qualquer forma. Mesmo assim, depois de Alicia sair, Maia se virou em direção às escadas resmungando que não acreditava que Enzo havia feito aquela sugestão.

– Meu anjo, não faça essa cara emburrada – falou ele seguindo Maia para dentro do quarto dela e notando que, por cima da cama da amiga, ainda estava a jaqueta preta da veterinária, mas ela já estava irritada o bastante e Enzo decidiu não fazer nota disso – Sabe que estou certo. Deveria estar me agradecendo por ter essa oportunidade.

– Que oportunidade, Enzo? A de ficar quase dois dias morrendo de vergonha e tendo que controlar cada respiração minha? – questionou ela encarando-o com certa raiva e largando a muleta em cima da cama – Nossa, que grande oportunidade! – falou com ironia e se virou usando a cama como apoio para ir até o lado onde se deitava.

– E depois a dramática sou eu – retrucou ele caminhando até se sentar nos pés da cama – Pare de surtar e ouça seu melhor amigo.

Maia rolou os olhos, cruzou os braços e soltou um longo suspiro. Se sentou com as costas contra os travesseiros e encarou a janela por trás de Enzo. O rapaz, pacientemente, permaneceu sorrindo e esperando a amiga estar pronta para conversar com ele de forma civilizada. Não demorou muito para Maia suspirar outra vez e voltar a encarar o melhor amigo.

– Vai. Fala – ela ainda resmungou, mas ele pode ver a expectativa nos olhos verdes.

– Não te garanto que ela seja lésbica – ele começou e já viu a expressão da mais nova cair um pouco – Talvez ela apenas não tenha se assumido. Mas não podemos esquecer que existem pessoas bissexuais no mundo. Mas se tem uma coisa que eu tenho absoluta certeza depois de hoje é que ela sente algo por você – afirmou ele animado.

– Claro que sente – resmungou Maia escorregando até estar parcialmente deitada – Ela sente amizade por mim. É isso.

– Não, trouxa – rebateu Enzo de forma séria – Aquilo pode até ser amizade Também. Mas eu coloco meu namoro em jogo de que é muito mais que isso. Amiga, arrisca que eu sinto que não vai se arrepender – ele falou de uma forma gentil – Ela retribui seus sentimentos sim! Não garanto que da mesma forma ou na mesma intensidade, mas retribui o mesmo tipo de gostar. O jeito que ela te olha, Maia. É tão fofo e lindo. Ela, com toda certeza, está apaixonada por você, talvez apenas não saiba o que fazer ou não tenha se dado conta. Ou pior, talvez ela não confie ainda no que sente. Mas é um fato que ela sente.

– Como pode estar tão certo disso? – perguntou Maia com um suspiro cansado, mas havia esperança nos olhos verdes.

– Simples – respondeu Enzo se aproximando e abraçando a amiga que se sentou – Ela te olha do mesmo jeito que você olha pra ela – murmurou ele fazendo carinho nos cabelos da amiga.

Os dois ficaram ali por alguns minutos enquanto Maia se acalmava e começava a pensar racionalmente sobre a viagem. Com uma coisa ela concordava agora, aquilo seria uma oportunidade de se aproximar mais ainda da veterinária e ela não poderia perder essa chance. Já havia notado como Alicia parecia criar uma certa barreira entre ela e seu passado. De certa forma não podia censurá-la, pois ela também fazia o mesmo. Mas naquele momento, estando nos braços confiáveis do melhor amigo, ela decidiu que se abriria com a veterinária completamente nessa viagem. Seria um passo que não havia dado com ninguém desde seu acidente, algo que a psicóloga que frequentou nos primeiros meses sempre aconselhou a fazer, mas que só agora ela sentia que deveria.

Mais tarde ela pediu que trouxessem algo leve para que ela comesse antes de se deitar. Era incrivelmente cedo ainda, mas ela não havia dormido bem na noite anterior e o dia havia sido carregado de tantas emoções que ela sentia que precisava de um descanso extra. Depois de comer se despediu de Enzo que estava em seu quarto falando com o namorado e entrou embaixo de suas cobertas pois a temperatura caíra com a noite. Mas, antes que sequer apagasse as luzes, ouviu seu celular tocar e o achou por debaixo dos travesseiros. Arregalou os olhos ao ver o nome da veterinária aceso na tela, mas tratou logo de se sentar corretamente e atender.

– Boa noite, Alicia – falou ela numa voz calma, completamente contrária a bagunça na qual seu peito se encontrava.

– Boa noite, Maia – ela ouviu a voz da maior soar pelo aparelho e, só pelo tom, podia ter certeza de que Alicia estava sorrindo – Liguei por dois motivos. O primeiro é sobre a viagem. Eu ainda não tenho uma resposta definitiva, mas acredito que podemos deixar marcado para segunda ou terça.

– Acho que seria perfeito se fosse segunda – Maia interrompeu a veterinária – Ainda não sei quando Enzo pretende voltar, mas ele só ficará em torno de uma semana. Então o quanto antes resolvermos isso melhor será.

– Eu concordo plenamente. O quanto antes melhor – respondeu a veterinária de um jeito mais sério – Apenas não confirmo na segunda pois tenho uma consulta pela manhã que tentarei remarcar, mas não tive tempo de fazer isso. Talitha não trabalhou hoje porque tinha aulas da faculdade e eu fiquei sozinha essa tarde.

– Podemos sair depois da sua consulta – falou a mais nova já sentindo animação em programar tudo – Carlos tem que ir buscar as compras da casa principal na segunda pela manhã. Posso pedir para Giulio trazer o carro comigo e voltar com ele.

– Achei que iriamos com meu carro – murmurou a veterinária surpresa.

– De jeito nenhum, Alicia – resmungou Maia de forma séria – Você já vai dispor seu tempo, não vou deixar que use seu carro. O carro do Rancho está novo e revisado. Além de que eu vou pagar o combustível. Insisto em cobrir todas as suas despesas nessa viagem já que vai apenas para me ajudar e orientar.

– Não vou discutir. Já sei que é mais cabeça-dura do que eu – brincou a veterinária fazendo ambas rirem – Concordo com seus termos. Fazemos como sugeriu. Você se encontra aqui na clínica comigo na segunda e partimos com carro do Rancho.

– Ótimo – respondeu Maia com um amplo sorriso, então se recordou do que a mais velha havia dito no início da chamada – Disse que ligou por dois motivos. Qual é o outro?

– Bom – falou Alicia e soltou um riso baixo e constrangido – Com todos os assuntos delicados que tivemos… Bem, eu acabei por esquecer outra vez a minha jaqueta – contou ela antes de começar a rir.

Maia arregalou os olhos e olhou para o outro lado de sua cama vendo o tecido preto e sentindo seu rosto corar. Depois sorriu e começou a rir junto. Combinaram que Maia levaria a jaqueta na segunda dentro do carro para que, assim, Alicia não se esquecesse da peça novamente. A mais nova jurou que não esqueceria, mas no fundo gostaria que Alicia tivesse se esquecido completamente da jaqueta para que ela pudesse ficar com a peça que ainda tinha o cheiro da veterinária.

 

 

N/A: 

Oláaa =D

Bom, vou deixar dois avisos. No meio da semana (provavelmente quarta) eu volto com o capítulo 51. Então no próximo fim de semana farei igual esse (2 capítulos).
Se eu conseguir escrever muito vou manter esse ritmo, mas lembro a vocês que eu trabalho (e não tenho férias) então não consigo escrever o dia todo.
No mais espero que gostem dessa expectativa que vou deixar em vocês até quarta- feira hehe

Bjs pessoinhas
;]



Notas:



O que achou deste história?

5 Respostas para Capitulo 50

  1. Essa viagem promete, agora é so esperar o que a Maia fará na viagem! pois eu acho que ela terá que tomar a iniciativa. Alicia ta muito lerda na parada! rss
    bjs
    fica na paz
    mascoty

  2. Ja estou na espectativa dessa viagem quero ver no que vai dar, enfim o beijo e algumas cositas mas…
    Outra coisa
    Li Nightingale e no final você fez uma promessa (Existe uma segunda temporada que se chama Who Are You, mas Erika e Alex não são as protagonistas apesar de aparecerem sempre e terem grande importância. Essa segunda temporada conta a trajetória do Arthur durante o final da adolescência. Não está completa ainda, mas pretendo trazê-la ao Lesword a partir da semana que vem.) e isso foi em 11 de outubro de 2017, eu procurei aqui e não encontrei, pergunto, você desistiu de postar???
    Espero que não, fiquei com vontade de ler a “continuação” da historia delas mesmo sabendo que elas não são as principais, quero conhecer o tipo de pesso que Arthur se tornou.

    • Essa viagem será muito interessante kkkkk.
      ;]

      Bem, sobre Nightingale. Eu pensei muito e não sei se a minha proposta para a continuação seria muito adequada ao site. Como o Lesword é voltado para conteúdo lésbico pensei que Who You Are não se enquadraria já que o Arthur é hétero e de casal teria apenas Erika e Alex.

      Por isso não trouxe a continuação para o Lesword. Mas nada me impede de repensar isso. Apenas acredito que talvez ela não se encaixe na proposta do site.
      Talvez eu devesse perguntar a quem leu Nightingale apenas por aqui, mas não sei. Se quem leu só pelo Lesword quiser a continuação aqui eu trago ela para o site sem problemas.

    • Tambem pensei nesse ponto, de não se encaixar na proposta do site, isso tem que ver com os administradores do site, se não ferir nenhuma regra do site não vejo problema de ler uma otima historia aqui, mas se for o caso e você postar em outro site e só falar eu irei ler la tambem…

Deixe uma resposta

© 2015- 2017 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.