Argentum

Capitulo 82

– Percebeu que Antonieta não abriu a porta – Maia comentou assim que Alicia a alcançou no corredor em frente a porta de seu quarto, elas haviam ido tomar banho em banheiros separados para não demorarem demais.

A veterinária a olhou confusa enquanto lhe estendia o braço para que ela se apoiasse.

– O que tem isso? – ela perguntou encarando os olhos verdes quando começaram a andar.

– Ela sempre bate duas vezes e abre uma fresta na porta para colocar a cabeça para dentro – explicou a menor com um sorriso divertido pela confusão da menor – Hoje ela só bateu e falou conosco sem abrir a porta.

Os olhos da mais velha se arregalaram quando ela finalmente percebeu o porque de Maia estar comentando sobre aquele fato. As duas pararam no topo da escada e Alicia se posicionou em frente a menor.

– Acha que ela suspeita que algo a mais aconteceu entre nós noite passada? – a veterinária perguntou temerosa e envergonhada.

– Alicia – a menor falou rindo – Existe uma razão para termos uma linha telefônica interna dos quartos para a cozinha e a casa de Giulio e Antonieta. E isso é devido ao fato de ser impossível se ouvir algo do andar superior quando se está na cozinha ou na casa anexa – explicou ela olhando para o rosto da mais velha que estava corado, um pouco por pensar na possibilidade e outro tanto por não ter se dado conta daquele pequeno fato que Maia havia acabado de lhe relembrar.

Alicia deu um sorriso sem graça e as duas terminaram de descer as escadas indo em direção a cozinha. Chegaram lá encontrando a longa mesa lotada de comida com dois lugares postos um ao lado do outro no longo banco. Antonieta estava retirando algo do forno a lenha e apenas sorriu olhando por cima do ombro ao vê-las entrar.

– Bom dia meninas – a senhora disse colocando uma forma do que pareciam ser pães sobre o fogão e pegando outro pano de prato para ajeitar a forma no lugar – Dormiram bem?

– Maravilhosamente – respondeu Maia com um largo sorriso, as duas próximas ao banco e a mais velha ajudando a dona do Rancho com a muleta para que ela se sentasse.

– Muito bem mesmo, Dona Antonieta – respondeu Alicia sentindo o rosto corar e suspirando ao tentar fazê-lo voltar a cor normal.

A mais velha delas se aproximou da mesa servindo as xícaras de ambas com café, mas logo voltou ao lugar soltando um líquido sobre os pães que Alicia reconheceu como sendo um pão doce que ela adorava. Enquanto a veterinária servia os pratos das duas Maia olhou em volta dando falta de alguém.

– Aconteceu algo com Maria? – perguntou ela com os olhos verdes ainda percorrendo a cozinha em busca de algum sinal da funcionária – Não a vejo faz quase dois dias.

– Ah, Maria foi com Carlos buscar algumas coisas que estão acabando antes do esperado – respondeu Antonieta de costas para as duas enquanto derramava a calda de açúcar sobre os pães doces.

– Mas Antonieta, vocês não me avisaram para que eu entregasse o cartão do Rancho! – Maia exclamou com certa irritação.

– Não fique assim, querida – Antonieta respondeu com um tom divertido e carinhoso – Eram poucas coisas, nada demais. Carlos saiu muito cedo, não quis incomodá-la para algo tão pequeno. Então peguei o que ela precisaria e deixei que levasse o dinheiro.

– Mesmo assim – Maia disse suspirando – Depois peça para que ela me entregue a nota do mercado que eu acrescento o valor gasto ao salário de vocês. E, por favor, não quero que fiquem comprando coisas para o casarão junto das coisas de vocês, esses gastos precisam ser separados.

– Sim senhorita – respondeu Antonieta sorrindo e levando os pães doces para a mesa colocando dois deles no prato de Alicia que deixou o pão salgado que havia mordido algumas vezes para comer o pão doce – Agora experimente esse pão, Alicia adora – a mais velha completou se afastando da mesa e deixando Maia com um sorriso divertido vendo como a senhora não deu a mínima para sua pequena “bronca”.

Maia voltou a comer, mas notou nos olhos castanhos que a veterinária também havia achado um tanto estranha aquela história de Maria ter ido comprar coisas na cidade, entretanto nenhuma das duas comentou nada. Continuaram a comer conversando de forma amena e trocando sorrisos e pequenos carinhos nas mãos e braços até se sentirem satisfeitas. Por conta de o dia anterior ter sido muito agitado e cheio de atividades físicas para a mais nova Alicia decidiu que elas passariam aquela manhã apenas descansando no quarto da dona do Rancho e Maia não discordou.

As duas decidiram subir novamente após pedirem que Antonieta levasse o almoço delas para o quarto da mais nova perto das 11h para que elas tivessem tempo de comer antes de Alicia ter que voltar para a cidade. A veterinária decidiu organizar suas coisas antes de esperarem pelo almoço e separou suas roupas usadas guardando tudo na mochila enquanto Maia assistia os movimentos sentada de volta ao seu lado da cama. Os olhos verdes observaram que a camisa de botões que ela havia usado na noite anterior havia sido, propositalmente, deixada de fora ficando sobre os cobertores logo ao lado da mochila da mais velha.

– Se importa se eu for até lá embaixo guardar a maior parte das minhas coisas no carro? – Alicia perguntou se virando para Maia após se sentar na borda da cama – Assim não tenho bolsas e outras coisas para carregar quando for descer depois de almoçarmos.

– Claro que não me importo – a mais nova sorriu ao responder – Enquanto te espero posso pensar em algo para fazermos – ela sugeriu se ajeitando melhor na cama.

A veterinária subiu sobre a cama se apoiando nas mãos e joelhos e se aproximou da menor com um sorriso discreto. Os olhos verdes apenas acompanharam os movimentos enquanto os lábios da menor se forçavam a não sorrir ao encarar os olhos cor de mel. Quando estava quase sobre a namorada Alicia parou. Maia apenas esperou o que a outra faria e sentiu o rosto dela ir de encontro ao seu pescoço distribuindo alguns selinhos que a fizeram sorrir.

– Não escolha nada muito sério nem que queria ver realmente – sussurrou Alicia com seus beijos na linha do maxilar de Maia – Tenho a impressão de que não vamos conseguir prestar atenção em nada – ela completou chegando com seus lábios no canto da boca da mais nova que segurou seu rosto puxando-a para um beijo lento.

– Porque aquela camisa está para fora? – Maia perguntou ainda segurando o rosto da maior bem próximo ao seu e dando selinhos nos lábios de Alicia que não conseguia parar de sorrir.

– Eu te disse ontem – a veterinária falou tentando morder de leve o lábio inferior da menor – Ela fica muito melhor em você.

Os olhos verdes se fecharam enquanto Maia ria e Alicia olhou o rosto da menor com um olhar apaixonado por alguns segundos antes de avançar sobre os lábios dela. Depois de se beijarem por alguns minutos Alicia finalmente saiu de cima da cama e pegou sua mochila jogando-a sobre o ombro. Maia se levantou para guardar a camisa com um largo sorriso que espelhava muito bem o que estava presente no rosto da veterinária enquanto ela descia as escadas. Quando estava voltando para as escadas, já sem a mochila, encontrou com Antonieta que vinha trazendo um envelope branco grande nas mãos.

As duas mulheres trocaram rápidas palavras, a mais velha explicando que Carlos havia encontrado com o carteiro que entregou o envelope a ele junto com algumas outras correspondências para pessoas no Rancho e que aquele em particular era destinado a Maia. Alicia se prontificou a entrega-lo a dona do Rancho e Antonieta lhe entregou envelope dizendo que voltaria a sua cozinha por ter muito o que fazer. Cheia de curiosidade a veterinária subiu as escadas voltando para o quarto da namorada.

 

N/A: Antes de tudo me perdoem pela demora, eu sei que era para esse capítulo ter ficado pronto semana passada, mas eu estava em fim de semestre com uma loucura de provas e trabalhos e não tive cabeça para termina-lo a tempo.
A boa notícia é que estou praticamente de férias (oficialmente elas começam na terça a tarde hehe), então se preparem porque tentarei fazer maratonas nessas próximas semanas =P

Capítulo ficou mais curto do que eu gostaria, mas o próximo pode até sair ainda hoje.

Bjs pessoas e até mais
;]



Notas:



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