Argentum

Capítulo 86

O almoço com Dona Marta foi animado e divertido como todos os outros momentos em que Maia tinha tido a oportunidade de estar com a mãe da namorada. Depois dele Alicia foi obrigada pela mais nova a voltar ao trabalho e Maia desceu com a veterinária para ficar com Talitha na recepção. Houve apenas mais uma consulta naquela tarde e os momentos livres as três passaram juntas conversando e comendo os biscoitos que Marta preparou e levou para elas no meio da tarde antes de sair. Apenas quando a mais velha as deixou foi que Alicia e Maia decidiram contar o ocorrido no banco para Talitha.

A garota ficou extremamente brava e irritada falando o quanto queria estar na frente do irmão para acertar-lhe a cara, mas Alicia a acalmou dizendo que agressões não resolveriam nada. Apesar de ela própria estar se controlando desde que ouviu a história toda para não fazer exatamente o que a melhor amiga estava querendo. Ao final Maia explicou o que fez após sair do banco para as duas, já que não havia entrado em detalhes com a namorada antes. Talitha sabia que aquilo traria consequências nada agradáveis para o irmão, mas ainda nem achava ser o bastante, internamente decidiu que contaria todo o ocorrido a mãe quando chegasse em casa. Sabia que Dona Catarina amava o filho, mas mesmo reconhecendo que ele tinha alguns comportamentos errados sempre encontrava uma razão para defendê-lo e ela não suportaria que o rapaz fizesse a cabeça da mãe para se passar por inocente.

– Nunca concordei com o jeito do meu irmão de ser – falou ela com um suspiro cansado e ainda irritado – Sempre o achei muito egoísta, mas tentava não atribuir a falta de caráter, mas dessa vez ele foi longe demais.

– Ele sempre andou com os piores tipos da cidade, Talitha – falou a veterinária rolando os olhos, estava de braços cruzados sentada em uma das duas cadeiras em frente a mesa da recepção, Maia na cadeira ao lado – Nunca me dei com o jeito dele, sempre foi machista.

– Não nego isso e depois de certa idade entendia perfeitamente porque você se mantinha afastada dele, principalmente depois de se abrir comigo sobre sua sexualidade – falou a mais nova se sentando em sua cadeira de novo, depois de estar andando de um lado a outro atrás da mesa – Mas sabe, acho que Renato está com o ego ferido.

– O que quer dizer com isso? – questiona Maia que acabava de mastigar um pedaço do biscoito que ainda estava nas suas mãos.

– Renato sempre quis ter algo com Alicia – falou a mais nova delas dando de ombros e alcançando mais um biscoito no prato sobre a mesa.

– Aff, Talitha. Por favor né – a veterinária diz rolando os olhos e pegando um pedaço do biscoito que Maia havia acabado de partir – Tínhamos 15 anos. Não é possível que ele considere esse episódio até hoje, por favor.

– O que aconteceu? – Maia perguntou encarando Talitha e não a namorada que sorriu divertida tentando pegar o outro pedaço do biscoito antes que a menor conseguisse coloca-lo na boca, o que não conseguiu.

Talitha queria rir do jeito despreocupado que as duas tinham naquele momento, mesmo falando daquele assunto. Mas percebeu nos olhos verdes uma curiosidade misturada com certa irritação, algo que a mais nova classificou como ciúmes, mas que escolheu não comentar.

– Não lembro que idade eles tinham, mas acho que foi por volta dos 15-16 mesmo – ela começou a contar e viu a veterinária rolar os olhos e colocar a cadeira mais perto de Maia tentando de novo pegar um pedaço do outro biscoito que Maia havia alcançado.

– Renato quis ficar comigo e eu disse não – respondeu Alicia ainda sem conseguir outro pedaço, mas fazendo a dona do Rancho lhe encarar – Foi numa das férias que vim passar aqui, teve uma festa de carnaval, não me lembro mais exatamente quem organizou. Ele era de um dos grupinhos de rapazes que ‘faziam sucesso com as meninas’, digamos assim – a veterinária fez aspas com os dedos ao falar do grupo – Mas eu sempre os achei idiotas. Todos eles tentaram ficar comigo nessa festa, parecia até que estavam competindo para ver quem conseguia – rolou os olhos ao se lembrar e desistiu de pegar os biscoitos de Maia.

– Nenhum conseguiu, mas meu irmão nunca recebeu um não na vida – relembrou Talitha – Até hoje acho que você foi a única que não quis ele.

Maia ficou calada, mas colocou um pedaço de biscoito contra os lábios da veterinária que o comeu com um sorriso no começo. Mas Alicia logo ficou um pouco mais séria encarando a namorada.

– Em que está pensando? – ela perguntou virando a cadeira para estar de frente para Maia e apoiando os cotovelos nos joelhos que estavam quase encostando na mais nova.

– Na fragilidade do ego masculino – respondeu ela virando os olhos verdes para a mais velha e dando um sorriso divertido, mas cansado – Sabe que é bem óbvio que toda a reação dele está ligada com isso não sabe? – perguntou e viu a namorada suspirar, soltou a metade do biscoito que tinha nas mãos sobre o prato na mesa e se ergueu para se sentar de lado sobre as pernas da veterinária que apenas se sentou corretamente e a abraçou pela cintura – Você sabe que é o mais provável – ela afirmou fazendo um carinho no rosto da veterinária que tinha o rosto erguido para encará-la – Apear de concordar que ouvir um não de você deva ser bem difícil, ainda acho que esse rapaz é um imbecil preconceituoso – Maia afirmou dando de ombros e vendo a veterinária dar um leve sorriso.

– Não importa os motivos. Ele continua errado – disse Talitha sorrindo do olhar apaixonado que as duas estavam trocando.

– E você já vai dar um jeito e fazê-lo encarar as consequências desse erro – Alicia sussurrou encarando os olhos verdes da namorada – Mesmo assim, é bom Renato não cruzar o meu caminho por algum tempo. Não posso prometer que vou controlar meu temperamento se ele aparecer na minha frente nos próximos dias.

– Bem, já vi que estou sobrando agora que a conversa acabou – disse Talitha se levantando outra vez e pegando sua mochila que estava embaixo da mesa – Vou pra casa porque já deu minha hora, assim vocês podem aproveitar um pouco mais – ela completou piscando para as duas e vendo ambas corarem o que lhe fez rir.

Alicia e Maia se despediram da mais nova e a veterinária fechou a clínica trancando a porta de vidro, virando o aviso de “fechado” com o horário de funcionamento e então puxando as cortinas sobre as portas de vidro. Se houvesse alguma emergência ligariam no celular dela ou tocariam a campainha da casa. Elas então subiram até o quarto da veterinária que se virou fechando a porta após elas entrarem.

– Precisa de alguma coisa? – a veterinária perguntou se aproximando da mais nova que havia se sentado em sua cama e apoiado a muleta sobre o colchão ao seu lado – Pensando agora, você vai passar a noite, mas não trouxe nada das suas coisas, nem seus remédios.

– Eu sei, foi uma decisão de última hora – a menor respondeu sorrindo com a preocupação e vendo a maior se aproximar se ajoelhando em sua frente e apoiando as mãos sobre suas coxas – Espero não precisar dos remédios, apesar de todo o estresse não forcei demais as pernas, acredito que não terei problema de dores hoje – disse colocando suas mãos sobre os ombros da maior e deslizando a palma até o pescoço dela.

– Espero também – Alicia respondeu fechando um pouco os olhos ao sentir os dedos da menor acariciarem a pele de seu pescoço e sua nuca – Vou separar uma roupa para você e uma escova de dentes também, o resto você pode usar o que tem no meu banheiro – ela foi falando enquanto aproveitava o carinho e esfregava as mãos por cima do jeans da menor – Tudo bem assim por você?

– Ótimo – Maia respondeu se inclinando para deixar um selinho nos lábios sorridentes da namorada que se aproximou mais abraçando a cintura da menor encostando seu quadril na cama, ao lado direito das pernas da dona do Rancho.

Depois de alguns beijos Alicia se levantou e abriu seu guarda-roupas para que a menor pudesse escolher algo que lhe servisse. Acabaram por separar duas calças de moletom uma cinza maior e uma branca que era a menor que Alicia tinha. A veterinária também encontrou para Maia uma camisa vermelha de um conjunto de pijama do qual ela costumava usar só a calça. Além de separar para si uma blusa de mangas curtas branca que parecia bem velha, mas que a mais nova notou parecer confortável. Depois disso alicia ainda encontrou uma escova de dentes nova que deixou no banheiro e então elas se deitaram, sem os sapatos, na cama da maior para conversarem sobre qualquer coisa enquanto procuravam qual filme iriam assistir antes de dormirem. Estavam decididas a passarem o primeiro fim de semana juntas na casa da veterinária e aproveitariam cada instante dele como sempre.

 

N/A: 

Olha quem chegou!
Como eu já disse (acho que já disse hehe), nessas minhas férias vou atualizar de forma meio irregular, mas por estar tentando escrever e atualizar o máximo possível.
Espero que gostem desse capítulo
Bjs
;]



Notas:



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2 Respostas para Capítulo 86

  1. Louca pra saber o quanto o tal Renato vai se ferrar! Kkkk… Vingativa!
    Gracinha do casal passando o fim de semana na cidade, gente!

    • Vingativa pouco você hein moça kkkkk
      Parece que elas só conseguem passar tempo juntas nos fim de semanas hehe

      Mas logo vamos descobrir oq acontece com Renato
      ;]

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