Argentum

Capítulo 87

O jantar com Dona Marta foi animado e divertido. A mãe da veterinária e Maia conversaram praticamente a refeição inteira enquanto Alicia apenas sabia sorrir com a interação das duas que iam se conhecendo e se identificando cada vez mais. Dona Marta deixou as duas cuidando da louça e arrumou o quarto de hospedes para Maia deixando uma outra toalha separada para a jovem poder usar. Quando se prepararam para deitar Alicia chamou Maia para verem um filme antes. Marta, que ia um pouco mais a frente no corredor, sorriu pensando que havia arrumando o quarto de hospedes a toa, mas continuou seu caminho sem olhar para trás e entrou em seu quarto fechando a porta.

As duas entraram no quarto da veterinária e Alicia ligou a televisão que ficava de frente para a cama antes de voltar trazendo o controle. Maia tinha afastado os cobertores e se sentado no meio do colchão. Alicia se sentou atrás da namorada, deixando suas costas contra a cabeceira da cama encostada nos travesseiros. A dona do rancho esperou que ela estivesse ajeitada em seu lugar antes de se sentar no espaço entre as pernas dela e se recostar contra o tronco da maior. A manta que estava por cima dos cobertores foi jogada por sobre os ombros da veterinária e o restante das cobertas foi puxada por cima das pernas das duas e assim começaram um filme que decidiram ser interessante.

Lá pela metade do filme Maia sentiu a namorada inquieta. As mãos de Alicia se colocavam sobre sua cintura, logo depois ela as puxava para coloca-las em seus braços, em seguida a veterinária abraçava sua cintura para, alguns minutos depois, recomeçar tudo de novo. Ela já nem estava mais prestando atenção ao filme enquanto esperava para ver o que mais a namorada faria, mas chegou um ponto em que a curiosidade a fez pegar o controle e pausar o filme.

– O que foi? – Alicia perguntou confusa quando a cena foi pausada – Está com sono?

– Não – Maia respondeu com um meio sorriso girando o tronco para poder encarar a veterinária – Quero saber o motivo de você não estar parando quieta a mais de 15 minutos – disse sorrindo e vendo o rosto de Alicia corando levemente ao entender que ela havia notado suas mãos inquietas – O que houve? – Maia perguntou depois de ver a namorada constrangida.

– Não foi nada, desculpe se incomodei você – Alicia respondeu com um sorriso sem graça encolhendo os ombros.

– Alicia – a dona do Rancho usou um tom mais sério, virando mais o corpo e colocando a mão direita na lateral do rosto da veterinária – O que aconteceu?

Maia viu ela baixar o olhar, a luz azulada da televisão mostrou o rubor no rosto dela aumentando. Alicia então abraçou a cintura da namorada escondendo o rosto no ombro dela e rindo baixinho o que fez os olhos verdes se fecharem num sorriso também.

– Acho que estou sem jeito – falou Alicia ainda com o rosto escondido – Não sei…não quero te deixar desconfortável, daí fiquei sem saber se poderia ou não fazer algo e acho que travei – ela admitiu voltando a encarar Maia com uma expressão divertida, mas envergonhada.

– Faça o que queria fazer e vamos descobrir se fico desconfortável ou não – Maia respondeu dando um selinho em Alicia que fechou os olhos sorrindo.

A veterinária soltou um suspiro e, ainda com os olhos fechados, mordeu o lábio inferior sob o olhar atendo dos olhos verdes colocando suas mãos sobre a cintura da mais nova. Alicia deslizou as palmas por baixo do tecido da camisa de Maia até ter seus dedos pressionando de leve sobre as laterais da barriga da namorada. Os olhos verdes se estreitaram, quase se fechando, quando ela sentiu as mãos quentes de Alicia em sua pele, mas ainda estava com o foco no lábio inferior da veterinária preso entre os dentes da mesma. Alicia deslizou os polegares por sobre as costelas de Maia por alguns segundos antes de ter seus lábios cobertos pelos da outra.

O filme foi esquecido enquanto elas se beijavam. Maia se virou mais sentando-se de lado para Alicia de forma que poderia segurar o rosto da namorada com as duas mãos. Já a veterinária apertava a cintura da menor puxando-a para ainda mais perto e acariciando a pele com as pontas dos dedos. Minutos depois o beijo se tornou selinhos e foi Maia quem os encerrou.

– Não posso te prometer que não vou me sentir incômoda ou desconfortável nunca – ela sussurrou contra os lábios da veterinária – Pode acontecer. Mas só há um jeito de descobrir o que me deixa bem e o que me deixa mal. Pra isso você vai ter que ir testando.

– Não quero causar algo ruim – respondeu Alicia beijando a ponta do nariz de Maia que sorriu voltando a se ajeitar com as costas contra o troco da maior.

– Não vai me causar nada ruim – falou respirando fundo e colocando suas mãos sobre as mãos de Alicia – Além do mais, confio em você.

A veterinária sorriu apertando de leve a cintura da dona do Rancho e Maia esticou o braço dando play no filme novamente e sentindo os carinhos na pele de sua barriga. Alicia explorou aquela pequena liberdade devagar e aos poucos, mantendo sempre as mãos acima do umbigo e abaixo das costelas de Maia. A dona do Rancho gostou daquele respeito que a veterinária parecia ter, um respeito por seus limites que ela sequer conhecia ainda. Próximo ao final do filme Maia pegou a mão direita de alicia entrelaçando os dedos da maior aos seus e deixando as mãos juntas repousadas sobre seu estomago. A outra mão de Alicia a abraçou pela cintura enquanto elas se aconchegavam uma a outra. Quando os créditos do filme subiram as duas haviam adormecido.

O dia seguinte começou de uma maneira que Maia estava descobrindo amar mais do que qualquer outra. Os braços da veterinária estavam em volta do corpo menor apertando-as juntas. O rosto de Maia estava encaixado entre a clavícula direita e o queixo de Alicia. Os olhos verdes acompanharam a extensão de seu braço direito sobre o braço e ombro da namorada. Podia sentir as pernas delas entrelaçadas abaixo dos cobertores e o calor bom e aconchegante que vinha do corpo da maior. Maia não tinha mais dúvidas de que amava acordar daquela forma. Os olhos castanhos claros se abriram devagar ao mesmo tempo em que o corpo maior se movia pela cama afastando um pouco os cobertores, mas trazendo o corpo da dona do Rancho para mais perto de inconscientemente.

– Bom dia – Maia sussurrou quando os olhos cor de mel se focaram nos seus verdes, o sorriso que cresceu nos lábios da veterinária fez outro tão largo quanto aparecer no dela.

– Bom dia meu amor – Alicia respondeu deixando um beijo na linha do maxilar de Maia.

Alguns carinhos foram trocados por ambas antes delas decidirem que precisavam levantar. Alicia acompanhou Maia até o quarto de hospedes e voltou ao próprio quarto. No corredor, antes de encostar a porta, ela ouviu o som da mãe na cozinha e o cheiro de café fresco invadindo o quarto e se apressou para ir até seu banheiro. Alguns minutos depois saiu do quarto vestindo um jeans preto, botas pretas e uma blusa vermelha de mangas compridas que tinha um capuz.

Antes de ir para a cozinha ela bateu na porta do quarto de hospedes e ouviu a voz da namorada lhe dizer para entrar. Encontrou Maia sentada na cama usando um jeans azul claro e uma blusa de mangas compridas preta de gola alta. Havia uma jaqueta curta jeans sobre os cobertores e ela estava inclinada para frente amarrando os cadarços de uma botinha com salto baixo. Se ajoelhou em frente a namorada e amarrou o cadarço do pé esquerdo enquanto ela terminava o do pé direito. Quando terminou as duas se encararam sorrindo e logo estavam saindo do quarto em direção a cozinha.

As duas encontraram Dona Marta colocando a mesa e Alicia se apressou em ajudar a mãe depois de fazer Maia se sentar. As três fizeram a refeição juntas e, logo quando estavam para terminar e estavam mais apreciando a conversa do que realmente comendo, o celular de Maia começou a tocar. Ela alcançou o aparelho no bolso interno da jaqueta jeans e ficou com uma expressão séria ao ver o número de seu gerente na tela, para ele estar ligando em pleno sábado a situação era séria e importante. Avisou de quem era a ligação e pediu desculpas para poder atender ali mesmo e logo aceitando a ligação.

– Sinto incomodá-la num sábado pela manhã – disse ele após se cumprimentarem – Mas, devido a situação que nos apresentou ontem acredito que a melhor forma era lhe comunicar direta e imediatamente.

– Prossiga, Marcelo – Maia pediu em tom calmo, mas sério – E vá direto ao ponto, sem essas enrolações.

Houve um silencio do outro lado da linha, Maia apenas esperou. Uma hora o gerente de sua agência teria que colocar a informação as claras para ela.

– Conversei com meus superiores, expus o que me passou e expliquei o que você pretendia fazer – Marcelo começou com um suspiro cansado – Estou em São Paulo, está acontecendo uma reunião foi convocada às pressas da qual não participei. Maia, o banco está decidindo quais providências tomar de forma imediata, mas estou aqui para lhe adiantar que não pretendemos permitir que você escolha encerrar suas contas. A decisão imediata que o diretor tomou foi afastar Renato Borges de suas funções por cinco dias até que a diretoria e os acionistas decidam o que vai acontecer. Espero que compreenda que o banco não pode tomar decisões drásticas de forma tão rápida, mas que estamos determinados a corrigir essa situação toda da forma mais sensata e correta possível.

– Não pretendo retaliar o banco por conta de uma ação isolada de um único funcionário – Maia deixou claro de forma séria soltando um suspiro – Apenas não compactuo com o posicionamento dele e acho incorreta a forma como ele procedeu. Minha exigência é um posicionamento da instituição, se a posição de vocês for contra esse tipo de preconceito que o Senhor Borges demonstrou contra mim então compreenderei que a atitude dele será punida de forma justa. É apenas isso o que quero.

– Lhe garanto que as atitudes do Senhor Borges serão recriminadas e devidamente punidas – falou o gerente Marcelo em tom firme e definitivo, como se tivesse total convicção de que era exatamente aquilo que iria acontecer.

– Pois então na segunda eu autorizo a reativação de todas as minhas contas na agencia daqui – disse ela de forma mais leve – Quando as minhas contas da agência de Minas, você pode reativá-las hoje se for possível. Vou acreditar no posicionamento do banco que está me relatando.

Finalizada a ligação a dona do Rancho explicou toda a situação a Dona Marta que ainda não sabia do ocorrido entre ela e Renato no dia anterior. Relatou também o conteúdo da conversa com seu gerente de Minas e explicou que havia exigido um posicionamento do banco. Marta ficou decepcionada com a atitude do rapaz que ela conhecia desde bebê e já imaginava a decepção que seria para Catarina descobrir o que o filho havia feito com Maia.

Em outra casa daquela cidadezinha, uma mesa com três pratos e três xícaras postos estava vazia com café e comida restantes. A refeição que não havia começado agradável por conta dos questionamentos da Senhora Borges a respeito do relato de Talitha sobre as atitudes de Renato feito na tarde anterior, tinha se encerrado bruscamente com um telefonema para o gerente de banco. Ao mesmo tempo em que Maia falava com Marcelo sobre o posicionamento do banco Renato descobria que estava sendo afastado de suas funções, sem direito a remuneração, pelos próximos cinco dias.

 

N/A:

Perdoem os erros pessoas, eu não corrigi muito bem esse capítulo.

Bjs e até o próximo

;]



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