BRINCAR DE COLORIR

12. Perdoando o adeus

No dia seguinte ao acontecido no parque, Luísa recebe uma mensagem de Laís.

“oi Lu, podemos conversar hoje?”

Ela imagina o tema dessa conversa, sempre seguiu sua intuição e dessa vez, não seria diferente.

“sim Laís, que tal na sua casa hoje?”

“farei o jantar.”

Era o fim, Luísa pressentia e não culpava ninguém. Sabia que ninguém era culpado por amar ou deixar de amar alguém. Tudo o que viveu foi bonito, mas tem sempre um prazo de validade.

Antes de ir à casa de Laís, passa em casa e toma um banho. Escolhe um vestido simples e elegante. Antes de sair, se olha no espelho, de fato estava muito bonita.

Toca a campainha e Laís abre a porta, lhe dá um sorriso doce, sereno.

– Como você está linda! – Laís diz já a abraçando. O beijo é no rosto.

– Obrigada!

– Quer um vinho antes do jantar?

– Aceito sim.

Conversam sobre amenidades enquanto Laís termina de colocar a mesa.

– Fiz massa e lagostim.

– Nossa que chique. Comemorando algo? – o tom de Laís é provocador.

– Não deixa de ser.

Sentam e Laís serva a ambas. Depois de terminarem, Laís diz:

– É uma comemoração por tudo que vivemos, por tudo que você em alguns meses, me ensinou.

Luísa a olha e toma mais um gole do seu vinho.

– Você me mostrou como é simples se soltar, demonstrar o que sentimos.

– Parece que fiz um bom trabalho. – sai num tom irônico.

– Luísa, ontem a Serena veio aqui.

– Eu sei. Ela conversou comigo ontem e eu falei pra ela vir.

– Ela de fato ficou muito magoada e com razão. Por tudo que eu não fiz. Irônico não?

– Seu medo a machucou.

– Sim, achei que era apenas eu que sofreria com esse afastamento. Não pensei nela, no que ela poderia sentir.

– Empatia. Faltou pra você Laís.

– Pelo visto ando mais machucando que fazendo bem para as pessoas a minha volta…

– O que vivemos foi bem bom. Aproveitei cada momento. Não me arrependo de nada.

– Nesses meses, fui leal a você. Quis fazer tudo da melhor forma.

– Eu percebi e senti isso. Mas ontem a Serena veio aqui e você viu que tudo o que sentia por ela, anda vivo aí dentro. – diz apontando para Laís.

– Sim….

– Só me diz uma coisa?

– Claro!

– Dessa vez irá se permitir de verdade, mesmo e apesar dos seus medos?

Laís olha com extremo carinho para Luísa. Sabe a mulher maravilhosa que está a sua frente. Pega sua mão e dá um beijo doce.

– Sim.

– Faça valer à pena Laís. Serena é uma menina mulher doce, verdadeira e corajosa. Não permita que seus medos a machuquem. Seja sempre verdadeira com ela, me promete?

– Como você pode ser tão madura???

– Laís não serei hipócrita de falar que não estou triste pelo nosso fim. Só que não vou viver uma relação onde você esteja pela metade, onde não se entregue como me entrego sabe?

– Sei e te peço desculpas.

– Não tem porque me pedir desculpas! Você tentou, foi genuína comigo e foi muito bom esse tempo juntas. Só que o amor, paixão ou o nome que for, que existe em você, é para a Serena e não pra mim. E tá tudo bem.

– Simples assim??

– Sim, pra que complicar Laís? O carinho e o tesão que sinto por você, existem e vão existir por um bom tempo. Mas sobreviverei linda.

Laís vai até ela, a puxa delicadamente pelas mãos e a abraça. Luísa corresponde, dá um beijo na sua boca. Coloca sua cabeça apoiada no ombro de Laís.

– Laís obrigada pelo tempo bom que tivemos.

– Eu que agradeço de todo meu coração. Você me fez mudar um pouco, me mostrou o caminho.

Ficam um tempo apenas abraçadas.

– Bom linda, seja sempre feliz! – Luísa diz e pega sua bolsa.

– Você também Lu!

Se despedem com um beijo no rosto e um forte abraço.

– Quem sabe um dia, poderemos ser apenas boas amigas não? – o tom de Laís é triste.

– Quem sabe! Tempo, ele sempre traz boas respostas.

Luísa vai embora. Laís chora uma mistura de alívio e tristeza.

Marcela vai até a casa de Serena. Está ansiosa.

– Oi Marcela, que surpresa. Ia te ligar agora pra gente se encontrar.

Marcela dá um beijo no rosto de Serena e praticamente despeja de um só folego.

– Sereia eu pensei muito e cheguei a uma conclusão.

– A gente não devia conversar antes de você tomar uma decisão Má?

– Olha menina, eu tenho dez anos a mais que você e meio que vivi tanto o que você viveu quanto o que a Laís viveu. Estive nos dois lados e uma quase certeza tenho.

– E qual é?

– Que o que você sente por mim é uma profunda amizade e existe tesão, mas nunca foi e se ainda não foi, muito pouco provável que se torne amor.

Serena entende e concorda com Marcela. Sentadas uma de frente a outra no sofá, Marcela pega a mão de Serena, olha nos olhos azuis e fala:

– Ela quer tentar de verdade?

– Sim, conversamos e ela foi clara que quer tentar, que não irá fugir de novo.

– Vai lá e viva isso plenamente. Se ela te machucar me avisa que quebro ela na porrada!!

As duas caem numa risada que vem misturada com lágrimas. Se abraçam e em silêncio, se despedem de tudo que viveram juntas.



Notas:



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