9.

A porta fechou com um estrondo quando entraram na cafeteria e Carolina foi envolvida pelo aroma de café, tortas e salgados. O lugar era charmoso e muito antigo. Lembrava-se de já ter passado por ali uma centena de vezes, mas nunca teve interesse em entrar.

Uma garçonete se aproximou, exibindo um sorriso de orelha a orelha. Era uma bela negra com cabelos curtos e olhos castanhos que envolveu Carla em um abraço apertado que foi correspondido a altura.

— Há quanto tempo não te vejo? — perguntou ela.

Carolina observou os lábios grossos e vermelhos dela se alargarem em um sorriso. Seus olhos brilhavam satisfeitos pela presença de Carla e, pela primeira vez, se perguntou se as fofocas eram verdadeiras.

Embora não prestasse atenção a comentários maldosos, era quase impossível não ouvir as conversas dos capangas de seu padrasto quando perdia o sono e cismava de olhar as estrelas na janela de seu quarto ou caminhar pelos jardins. Vez ou outra, conversas sobre Carla surgiam. Na maioria delas, falavam de coisas que havia feito a mando de Marcos, mas, algumas vezes, comentavam sobre sua vida amorosa.

Carolina sempre achou que eram conversas fiadas, mas, agora, pensando em todo o carinho com que Maria a tratava e aquela moça bonita que se pendurava no pescoço dela de forma tão íntima, questionava-se o quão próximos da verdade estavam aqueles comentários.

— Você sumiu! — queixou-se a moça e Carolina pensou ter visto um meio sorriso nos lábios de Carla.

— Estive ocupada, Lídia.

Lídia deu-lhe uma tapinha no braço.

— Ocupada demais para visitar os amigos? — questionou, passando a mão no queixo dela com uma piscadela.

Carolina arqueou uma sobrancelha. Amigos?!

— Sempre encrenqueira — queixou-se Carla e, outra vez, pensou ter visto seus lábios se curvarem em um sorriso de canto de boca.

— Não tanto quanto você — respondeu a outra, deslizando a mão pela lateral do corpo dela onde, Carolina sabia, estava sua arma.

A loira deu de ombros levemente e mudou de assunto.

— Como está seu pai?

Lídia limpou as mãos no avental e sorriu um pouco triste, os olhos castanhos ficando marejados.

— Tem dias bons e dias ruins. Hoje é um bom dia.

Carla meneou a cabeça, compreendendo a dor que suas palavras carregavam, lembrando-se do quanto Inácio vinha sofrendo com a doença que lhe abatera um ano antes.

— Dê-lhe lembranças minhas — pediu, recordando o quanto o pai dela a ajudara quando ainda morava nas ruas, de quantas vezes ele saciou sua fome ou lhe permitiu dormir no depósito nos fundos da cafeteria em noites chuvosas.

Lídia sorriu, fazendo um gesto afirmativo.

— Quem é a sua amiga? — se voltou para Carolina e lhe estendeu a mão com uma piscadela, antes que Carla tivesse tempo de falar. — Eu sou Lídia e você?

— Carolina — respondeu, apertando a mão dela.

— Alvarenga? — questionou a moça, curiosa.

— Freitas — informou apressada.

Este era o sobrenome do seu pai biológico e, embora sua mãe tivesse mudado seu sobrenome quando se casou com Marcos, Carolina gostava de usá-lo mesmo não estando mais em seus documentos.

Lídia soltou sua mão, sorrindo amarelo.

— Acho que posso dizer que essa foi uma bola fora — seu rosto ficou um pouco vermelho, mas ela se recompôs logo e as guiou até uma mesa próxima à janela. — O de sempre? — perguntou à Carla e ela confirmou com um aceno.

Carolina não estava com fome e optou por um café expresso e Lídia se retirou para buscar seus pedidos com passos cadenciados e um rebolado provocante.

Distraída, Carolina passeou o olhar pelo ambiente e as pessoas que o frequentavam até que o pousou em Carla que, para variar, parecia absorta de todo o resto. Acompanhou a linha de seu olhar que estava fixo na rua, em um grupo de garotos esfarrapados que aproveitavam o sinal fechado para lavar para-brisas e ganhar uns trocados.

Carla olhava para eles e se via ao seu lado, suja, faminta e cansada, mas orgulhosa por conseguir alguns trocados para comer. Quase conseguia sentir o toque da mão de Júlia na sua a arrastando para a noite, para encontrarem um local tranquilo e seguro para dormirem e comerem o que conseguiram comprar com o pouco que ganharam.

Ainda lembrava do gosto do beijo dela e do modo como sorria quando queria se aventurar em carícias mais ousadas. Foi ali, naquela esquina, que a conheceu. Também foi ali, que ela lhe contou sobre as lutas clandestinas e a convidou para assistir uma. Aconteciam sempre de madrugada e em locais afastados das ruas mais movimentadas, onde a polícia não costumava patrulhar.

Nas lutas, jovens e adultos, mulheres e homens se agrediam mutuamente por dinheiro que, como Carla logo percebeu, não era muito, mas, com certeza, era suficiente para ter o que comer todos os dias e até alugar algum quarto para dormir.

A possibilidade de conseguir dinheiro fácil, que poderia ser seu caminho para sair das ruas, não permitiu que dormisse naquela noite e, no dia seguinte, pediu a Júlia que a levasse para ver as lutas de novo. Quando lhe disse que queria conhecer o organizador, ela o apresentou, mas ficou horrorizada quando Carla disse ao homem que queria participar e tentou convencê-la a não lutar.

Carla ficou comovida com aquela demonstração, era a primeira vez, em anos, que alguém se preocupava com o seu bem-estar, mas não mudou de ideia.

— Está louca? Você vai morrer!

Carla sorriu para ela, ainda conseguia fazê-lo com facilidade na época, e lhe sapecou um beijo no rosto.

— Confia em mim — pediu e lhe entregou os poucos trocados que tinha no bolso, lhe pedindo para apostar nela, então se afastou, indo em direção ao ringue improvisado no meio de um terreno baldio. Algumas dezenas de pessoas se acotovelavam em volta dele, ávidas por sangue.

Ao longo dos anos, Carla nunca deixou de praticar o que seu pai lhe ensinou, era assim que se mantinha calma quando estava com fome e frio. Cada movimento lhe trazia paz de espírito e tranquilidade para prosseguir dia após dia, sobrevivendo. As artes marciais também a ajudaram a escapar de muitos problemas, pois quando se vive nas ruas nunca se está seguro.

— Não há regras aqui, — disse o organizador para ela, um sorriso de deboche em seus lábios rachados — a única regra é que a luta só termina quando houver apenas um lutador de pé.

Não havia muitas mulheres nas lutas, pois, quase sempre, quando enfrentavam homens, elas perdiam e as apostas eram sempre a favor do lutador masculino. Naquela noite, quando Carla se aproximou do ringue, percebeu que seu adversário era outra garota. Ela aparentava ter vinte anos e era um pouco gorda e Carla sorriu para si quando ouviu um homem comentar para outro que a sua adversária, que se chamava Leona, nunca havia perdido uma luta para outra mulher.

— Essa garotinha não tem a menor chance — afirmou outro.

Quando a luta começou, compreendeu a razão dos comentários. Leona era ágil e muito forte, se esquivava com facilidade dos seus golpes e acertou outros tantos nela. Mas Carla tinha um objetivo e não estava disposta a perder, fugia de seus socos e investia no contra-ataque.

Tentou lutar com honra, do jeito certo, mas logo percebeu que aquilo não se aplicava naquele ringue. Leona lhe atirou areia aos olhos e aproveitou-se da sua cegueira momentânea para castigar seu abdômen. Carla provou o sabor da poeira muitas vezes naquela luta, mas continuava se levantando ciente de que, se perdesse, além da dor física, passaria fome já que havia pedido a Júlia para apostar os poucos trocados que tinham.

Em determinado momento, Leona avançou tentando lhe acertar um chute e Carla percebeu que ela havia iniciado o golpe já desequilibrada, então deu um passo para o lado e seu punho encontrou um dos rins dela. Bateu com tanta força que sentiu a dor irradiando do seu punho até o ombro, mas não parou. Aproveitou o momento de vantagem para golpear sua adversária repetidas vezes até que não se aguentasse mais de pé.

Com o dinheiro que ganhou, Carla levou Júlia para tomar um café da manhã com todas as guloseimas que poderiam comer.

Na noite seguinte, voltou às lutas e ganhou novamente. Começou a participar delas duas, até três vezes por semana e colecionava vitórias. Até que chegou o momento em que não havia mais mulheres com quem lutar e os homens começaram a desafiá-la.

Estava sempre machucada, com hematomas por todo o corpo, mas não se importava com isso, pois tinha sempre dinheiro no bolso para ela e Júlia poderem comer.

— Prontinho! — Lídia depositou um pedaço de torta diante dela e serviu o café de Carolina, então voltou a assumir seu lugar no balcão.

Carla olhou para a torta sem ânimo. Não sentia fome, embora não tivesse se alimentado desde o café da manhã. Ler o desabafo de Carolina lhe deu muito em que pensar e, apesar de ter tentado se acalmar, ainda sentia muita raiva. No entanto, a raiva que sentia não era de Carolina, era de si mesma.

Definitivamente, sentia raiva o tempo todo, de muitas coisas e por várias razões, mas nunca a deixava vir à tona. No entanto, Carolina conseguia lhe trazer à flor da pele o mais belo dos sentimentos e o pior deles ao mesmo tempo.

Deu uma garfada na torta e deixou que o doce dela afastasse parte da sua amargura, mas parou ao perceber que Carolina a olhava com curiosidade.

— Que foi?

— Olhando assim, você até parece uma pessoa normal.

Depositou o garfo no prato, ainda mais zangada consigo mesma por gostar tanto daquela mulher e ainda ter a ilusão de que um dia ela conseguisse enxerga-la como era de verdade. Nunca pretendeu conquistar o amor dela, pelo contrário, sabia que isso era impossível. Mas, gostaria que Carolina enxergasse algo mais além do monstro, assim como sua mãe, Lisandra, enxergou.

— O que é normal para você? É estudar, casar, ter filhos, trabalhar?

Carolina colocou os cotovelos sobre a mesa, pensativa.

— Sim, isso me parece normal.

Carla recostou-se na cadeira e a encarou por alguns segundos. Seu cabelo negro e ondulado caía-lhe sobre os ombros. Os olhos grandes e de cílios longos, a fitavam com um brilho desafiador. Seus lábios, grossos e rosados, exibiam um meio sorriso.

Carla conseguia ler seus gestos. Fazia parte do seu trabalho conhecer as pessoas e a tinha observado por tanto tempo ao longo dos anos que havia bem pouco dela que não conhecia. Embora não soubesse com exatidão o que se passava em sua mente, percebia, nos dedos longos que apertavam o guardanapo com força, nos lábios que se comprimiam rapidamente, no pé que ela batia freneticamente debaixo da mesa, que Carolina estava tentando controlar sua própria raiva. A raiva sobre a qual lera naquele caderno.

Carla poderia ter evitado um pouco disso pela manhã, quando ela lhe pediu para ir ao cemitério, mas estava tão furiosa que quis magoá-la a privando de algo que, sabia, era importante para ela.

Não havia sido a melhor de suas decisões, pois sabia que só ia piorar a relação entre as duas e aumentar seu ódio, mas serviu para aplacar um pouco do seu orgulho ferido.

— Acredita mesmo nisso?

Carolina coçou o nariz e Carla a viu como a criança que, de certo modo, salvou sua vida naquele dia fatídico em que havia decidido se entregar a morte que se apresentou na forma de Marcos Alvarenga.

— Sim — respondeu.

— Então, me deixe te contar um segredo.

— Manda! — provocou Carolina.

— A normalidade não existe. Simples assim.

Deu uma garfada em sua torta, remoendo as palavras que Lizandra lhe dissera um pouco antes de morrer: “O seu amor é do pior tipo, às vezes, pode ser uma benção, mas, geralmente, é uma maldição. Ama, sabendo que nunca será correspondida, mas está disposta a fazer qualquer coisa, até se destruir, pela felicidade de quem ama…

Era verdade, mas isso não significava que engoliria os desaforos de Carolina.

— A normalidade, — continuou, olhando-a fundo nos olhos — é apenas uma palavra inventada por pessoas que se sentem infelizes consigo mesmas e almejam ter o que os outros têm, mas são tão cegos que não enxergam que todo mundo tem problemas, todo mundo tem segredos, todo mundo sofre ou já sofreu por algo.

Voltou a pousar o garfo no prato.

— Já que você gosta da definição, usemos a palavra “normal”, então. Do meu ponto de vista, eu sou normal, mas sou diferente também. Normal ou diferente, é apenas uma questão de ângulo. Para um louco, nós somos os anormais e vice e versa.

Carolina tomou um gole de seu café, avaliando-a. Embora seu rosto demonstrasse a frieza costumeira, suas palavras, apesar de pronunciadas com calma, deixaram claro que a irritou com o comentário, assim como havia acontecido no carro, minutos antes. Deu-se conta de que Carla não era tão desprovida de sentimentos assim e, isso, poderia ser uma vantagem para ela, Carolina.

Mesmo assim, a forma como ela falou a irritou ainda mais e deixou todo o cuidado com as palavras de lado.

— Normal?! Você se acha normal? Sabe, quando você não sorri, não chora, não grita, fica difícil de as pessoas saberem o que está pensando. Fica difícil das pessoas a verem como normal. Experimente sorrir de vez em quando. Talvez assim, não pareça uma versão feminina de carne e osso do Robocop que trabalha para uma organização criminosa internacional. Nem mate os amigos das pessoas em rios quando eles estão tentando, apenas, fugir dessa vida de merda!

Em um movimento que demonstrava, com clareza, sua irritação, Carla atirou na mesa o garfo que tinha nas mãos.

— Ah, você não gosta disso? Vai para o inferno! Você me privou da única pessoa que me amava. Tudo que eu queria hoje, era visitar o túmulo do meu melhor amigo no dia do aniversário dele. Em vez disso, você me trouxe em uma cafeteria vagabunda para comer a droga de uma torta! Vai para o inferno!

Carla se colocou de pé e mediram-se com o olhar, a tensão entre elas quase palpável, então caminhou até o balcão onde Lídia estava. Irritada, Carolina a seguiu abrindo a boca para continuar, mas Carla se voltou para ela com um dedo em riste.

— Não agora, não aqui. Respeite as pessoas à sua volta e o local onde se encontra. Pelo menos uma vez na vida, aja como se não fosse uma fedelha mimada que só olha para o próprio umbigo — falou em um sussurro e Carolina engoliu suas palavras, enquanto ela se voltava para o balcão. — Como sempre, estava uma delícia, Lídia!

A moça sorriu, um pouco nervosa. Havia capitado uma parte das palavras de Carolina, assim como alguns clientes que estavam próximos da mesa delas e agora as olhavam de rabo de olho.

— Você é sempre gentil, — enfatizou as palavras, enquanto dirigia um olhar atravessado para a morena — mas, ambas sabemos, que a torta não tem o mesmo sabor da que meu pai fazia.

— É, não tem, mas ainda é a minha preferida.

Carla lhe estendeu um envelope pardo e Lídia o pegou, verificando seu conteúdo com olhar marejado.

— Você não precisava.

— Devo muito ao seu pai e gostaria de poder ajuda-lo mais. Sei que o tratamento é caro e você vai precisar disso.

— Obrigada — se despediu dela com um beijo na bochecha, enquanto Carolina a olhava ainda com dificuldades para se controlar.

Assim que se encontraram na rua, Carolina voltou a abrir a boca para falar, mas Carla lhe deu as costas e chamou um dos garotos no sinal, pedindo que lavasse o para-brisas do seu carro e dando-lhe um bom dinheiro em troca. O garoto lhe sorriu satisfeito e iniciou o trabalho, enquanto ela se recostava no poste e o observava.

— Ouça… — Carolina tentou continuar a discussão.

— Ouça você, Carolina. Eu não sou um anjo, estou muito longe disso e você também. Eu sou uma assassina, traficante, mafiosa e isso me acompanhará até o último dos meus dias, mesmo que saia desta vida um dia.

Carla a olhava firme e assim como sua fisionomia, sua voz não demonstrava emoções, no entanto, suas palavras eram duras.

— Você alega querer estar longe de tudo que Marcos representa, mas roubou dele e quando fez isso, também demonstrou um desvio de caráter.

— Como ousa?

— Queria começar uma vida nova longe daqui? — continuou, ignorando sua pergunta. — Bastava ter ido embora com a cara e a coragem, procurado um emprego, alugado um espaço. Você tem um diploma, poderia se virar bem. Marcos poderia ter ido à sua procura, mas a deixaria em paz. Provavelmente, a vigiaria por algum tempo, só para ter certeza de que não falaria com a polícia e a vida seguiria seu rumo.

Ela enxugou alguns respingos da água que o garoto jogou no carro com as costas das mãos e as enfiou nos bolsos da calça, despreocupada.

— Você quer encontrar, desesperadamente, um culpado para a morte do seu amigo porque sabe que a verdade é que foi você que causou isso.

Carolina avançou em sua direção, cheia de raiva e com a mão erguida. Furiosa com suas palavras e com a maneira em que tripudiava de sua dor. Carla segurou sua mão sem esforço e a prendeu pela cintura unindo seus corpos e Carolina viu um sorriso surgir em seus lábios, não um sorriso como o que deu para Santiago quando ele fez a mesma coisa, mas um sorriso semelhante ao que lhe dera na noite em que lhe disse que jamais se aliaria a ele para espioná-la.

— Eu os persegui, Antunes atirou nele, mas foi você que o levou a esse trágico destino.

— Não…

— Sim — apertou ainda mais o braço em torno de sua cintura, unindo ainda mais seus corpos e Carolina sentiu o hálito dela acariciando sua face. — Sabia do amor dele por você e do quanto era sonhador e idealista, sabia que ele a seguiria até o inferno se fosse preciso e foi isso o que fez.

Lágrimas vieram aos olhos de Carolina e tentou se afastar, mas Carla a apertou com mais força e soltou sua mão a envolvendo em um abraço apertado.

— Você não pode, eu não tive culpa… — lágrimas pesadas deslizavam por sua face e ela, finalmente, admitiu para si mesma a verdade. Havia mesmo feito as escolhas erradas e Bento a seguira porque a amava, a idolatrava e sonhava dividir a vida com ela, mesmo que fosse apenas como amigo.

Carolina expulsou sua raiva, sua dor e sua culpa nas lágrimas que molharam o ombro de Carla por um longo tempo. A sua inimiga, naquele momento, havia se tornado o seu abrigo e só a soltou quando não tinha mais lágrimas para derramar.



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