DAKOTA

12. Sem cobranças, sem rótulos

Dakota achou que algumas horas na estrada ajudariam o humor de Isadora a melhorar. Desde o raiar do dia, ela parecia introspectiva e mal conversaram durante parte do caminho.

— Eu sinto muito, Isa.

A verdade era que ela nem sabia pelo que estava tentando se desculpar. Porém, percebeu o desconforto da outra e aproveitou a parada em um posto de gasolina, para esticar as pernas, comprar um café e tentar descobrir o que estava passando na mente dela.

— Se você estiver arrependida dessa viagem, é só falar. Não tem problema se estiver. Eu posso te deixar aqui, será fácil pegar um ônibus para Passo Doce e de lá até Cascabulho é um “pulo”. Se preferir, seguimos adiante e te deixo na casa dos seus pais, para que você possa aproveitar o restinho das suas férias com a família.

— Eu te dei essa impressão?! — Isadora ajeitou os óculos sobre o nariz, constrangida. E apressou-se a esclarecer: — Não estou arrependida, garanto.

Ela pegou o copo descartável sobre o balcão da loja de conveniências do posto e esperou que Dakota fizesse o mesmo com seu café expresso. Saíram do estabelecimento e retornaram para a picape com passos lentos.

— A verdade é que eu… — Isadora olhou-a, admirando brevemente o brilho do sol nos cabelos curtos e um tanto rebeldes, que a faziam parecer mais jovem. — Hm, meio que estou te odiando, neste momento — escorou-se na porta da picape, ciente de que tinha acabado de falar uma grande besteira. Dakota não era o problema, ela e a sua confusão mental e sentimental eram.

A frase gerou o involuntário arquear de sobrancelhas da outra mulher, que passou a mão nos cabelos tentando lutar contra o vento que bagunçava-os.

— Costumo causar esse efeito nas pessoas, mas o que eu fiz para atrair o seu ódio? — sorriu tranquila e tomou um gole do café.

Isadora trocou o copo de mão, grata pelo calor agradável do sol que tocava sua pele. E se permitiu contemplá-la por mais alguns segundos, antes de responder:

— É bobagem minha, Dakota. Apesar de todas as decisões que tomei em relação a Alice e o nosso finado relacionamento, mesmo assim, fiquei chateada com as suas escolhas. Por que você tinha que arranjar uma gostosa para ficar na fazenda?

Quando acordou naquela manhã, foi apresentada ao grupo que Dakota convocou para fazer a segurança da Mimosa. Definitivamente, não pareciam com a ideia que ela tinha de seguranças e guarda-costas. Não se tratava do físico, mas sim, do modo de agir. Aquelas pessoas estavam mais para um grupo misto de nerds e baladeiros.

Paulo e Otávio eram dois rapazes magricelos com jeito de quem tinha passado a noite jogando videogame ou maratonando séries de ficção científica. Flávio, por sua vez, era o tipo de homem que Isadora esperaria encontrar em uma balada, cheio de ecstasy e álcool na cabeça, dançando sem camisa e arrumando confusão. Ele até falava como se estivesse um pouco embriagado.

A quarta integrante do grupo era a pessoa com a qual Dakota trocou mensagens na tarde anterior. Daniela ou Dani, para os íntimos, usava camisa de botões, calça social e óculos de grau redondos. Parecia a típica bibliotecária gostosa de filmes enlatados. Uma mulher atraente demais para ser ignorada por Alice.

Mais uma pessoa integrava a equipe, porém Isadora só o conheceu quando iniciaram a viagem e passaram por Passo Doce. Miguel era um senhor simpático, claramente na casa dos 60 anos. Um homem de sorriso bonachão e modos gentis, que ficaria de olho em Isabella e Nando.

— Desculpe! — Dakota falou após uma gargalhada gostosa, que fez Isadora se sentir envergonhada e se apressar em explicar-se:

— Ainda estou me habituando à ideia de que Alice não faz mais parte da minha vida e que não preciso mais me importar com o que ela faz. Às vezes, é difícil me desapegar disso — levou a mão ao rosto. — E agora estou me sentindo horrível por falar dessas coisas depois que te beijei e me ofereci para viajar com você. Mas é muito difícil não pensar na minha ex e na próxima mulher que ela vai levar para a cama, quando as duas estarão, convenientemente, sob o mesmo teto por algum tempo.

Delicada, Dakota pegou sua mão e trouxe para junto do peito em um gesto carinhoso e respeitoso. Apesar de ainda exibir os resquícios da risada recente, falou com seriedade e suavidade:

— Francamente, Isadora, ficaria muito surpresa e até decepcionada, se você tivesse esquecido Alice de um dia para o outro. E sendo ainda mais sincera, não estou esperando viver um romance contigo só porque nos beijamos.

Constrangida, Isadora fitou o chão tentando encontrar palavras adequadas para respondê-la. A verdade era que ainda estava surpresa com a própria ousadia de beijá-la e o fato de ter se sentido tão bem com isso.

— Aprecio muito estar em sua companhia — Dakota confessou.

Ela ergueu o olhar, percebendo a sinceridade em suas feições e sentindo-se ainda mais desconfortável por trazer a ex para a conversa daquela forma.

— Eu também gosto de estar com você — admitiu. Observou-a fechar as pálpebras por um segundo e um sorriso delinear seus lábios, fazendo-a recordar a textura e pressão deles nos seus. Foi difícil dormir depois de experimentá-los.

— Isso é bom, porque esse lance entre nós, com beijo ou sem beijo, está sendo agradável de um jeito muito inesperado. Sabe, eu estava gostando de pensar em nós como amigas, mas depois do que aconteceu na noite passada, está claro que é mais que isso e estamos atraídas uma pela outra.

— Eu realmente não sei dizer de onde ou como surgiu essa vontade, mas ontem, enquanto conversávamos, eu queria muito te beijar. E eu gostei muito de fazer isso — sentiu o calor se espalhar pela face, pescoço e colo. 

Por um instante, pensou ter visto dúvida nela, mas Dakota afastou a impressão ao dizer:

— Acho que também posso provocar esse efeito nas pessoas — brincou. Isadora revirou os olhos, tentando não sorrir e a motoqueira ficou satisfeita por ver a tensão abandonar suas feições.  — Sabe, hoje eu acordei pensando em desfazer o que combinamos, vir sozinha e te deixar em Cascabulho.

— Por quê?!

— Exatamente pelo o que acabou de dizer. Você ainda está tentando lidar com o fim, não apenas do seu relacionamento com Alice, mas dos seus sonhos e planos ao lado dela. E ainda é muito cedo para aceitar a ideia de que alguém possa ocupar o lugar que você deixou e conquistar o que almejou. Assim como é cedo para se envolver com outra pessoa.

Silenciosa, Isadora fitou a estrada. Estar na companhia de alguém que entendia a situação pela qual estava passando e não precisar destrinchar seus sentimentos em todos os detalhes era, no mínimo, agradável em alguns momentos. Noutros, sentia-se inquieta.

— Isa, eu sei, por experiência própria, que é fácil se encantar por quem está nos oferecendo apoio em um momento conturbado. Também sei que isso — apontou para si e depois para ela — pode não passar de um instante para extravasar suas frustrações e encontrar um pouco do bem-estar e autoestima que perdeu em um relacionamento daninho. 

— Então, por que não me deixou em Cascabulho?

— Esse é o ponto — mostrou um pequeno sorriso, como se estivesse rindo de si mesma e, pela primeira vez, Isadora a viu perder um pouco da pose confiante. — Pode parecer confuso e contraditório ante o que acabei de expor, mas eu quero ver no que vai dar. Sabe, eu não me sinto tão confortável ao lado de uma mulher há bastante tempo. Então, sem pressão, vamos apenas aproveitar a companhia uma da outra.

Isadora mordiscou a parte interna do lábio. Não era inocente ao ponto de desprezar o que ela disse sobre projetar sentimentos errados, entretanto não queria pensar muito a respeito e, mesmo Dakota esmiuçando seus sentimentos tão acertadamente, ficou claro que ela também não estava disposta a se aprofundar nessas questões.

— Se é assim, não precisava me dizer todas essas coisas. Poderia ter deixado rolar.

— Verdade, mas eu não tenho amarras no meu coração, você tem.

Não era exatamente a realidade, pois, do pouco que conversaram a respeito e Isadora observou, ficou claro que ela ainda guardava sentimentos por Graziella/Giovanni. Todavia, a agrônoma achou melhor não enveredar nesse assunto e esperou a conclusão:

— É você quem precisa compreender os limites e ver até onde pode e deseja ir sem se comprometer emocionalmente. Só não quero que você se machuque.

— Você pretende me machucar?

— Não — fez um carinho breve no dorso da mão dela.

— Eu posso te magoar?

— Esteja certa de que ninguém pode me magoar mais do que já me permiti ser machucada. Só quero que você se sinta bem ao meu lado, não importa qual seja o nível do nosso relacionamento. E achei que precisava deixar isso claro.

Naquele instante, Isadora foi inundada por uma mistura profunda de carinho e gratidão por aquela mulher. Disse:

— Acho que entendi seu ponto. Algo entre nós, provavelmente, será um erro — falou.

— Com certeza — aumentou a pressão na mão dela.

— Mesmo assim, também quero ver no que vai dar. E por tudo o que disse, não é como se você não soubesse onde está se metendo.

— Verdade. Sou expert em cabeça e coração bagunçados — jogou um sorriso de lado. — Sem cobranças, sem expectativas, sem rótulos, Isa. Se o que estamos compartilhando ficar desconfortável para alguma de nós, paramos. Ok?

Isadora balançou a cabeça, mais que satisfeita. Dakota soltou a mão dela e lhe tocou o queixo, antes de beijar seu rosto, exatamente como fez na noite anterior e Isadora a trouxe para mais perto, encaixando o queixo no ombro dela e abraçando-a.

***

Uma hora mais tarde, já na estrada, Dakota passou algum tempo observando Isadora enquanto ela dirigia. A viagem era longa e haviam combinado de revezarem na direção.

— O que foi? — Isadora perguntou ao se dar conta de que era observada.

— Estava apenas pensando no que me disse lá no posto.

— Seja mais específica, Dakota — a fitou de esguelha, notando um pequeno ar de riso.

— Pensava que Dani é um osso duro de roer e Alice vai ter que comer muito feijão com arroz para conseguir alguma coisa com ela. E a chance de algo acontecer ainda seria bem remota. — Pressionou um botão do painel e ligou o rádio em uma estação local.

— Parece muito confiante sobre isso. Você e ela…? — a expectativa no seu rosto fez surgir uma ruguinha soberba no canto da boca de Dakota.

— O que você acha?

Isa tirou os olhos da estrada por um instante.

— Acho que esse sorriso quer dizer que você está tentando me provocar.

— E está funcionando? — ergueu as sobrancelhas algumas vezes, brincalhona, porém não esperou a resposta para esclarecer: — Até onde sei, Daniela é casada.

Isadora reduziu a velocidade para passar em uma lombada eletrônica e aproveitou para retrucar:

— Acho que já deu para você perceber que compromisso não é impedimento para Alice — não houve resposta, então acrescentou: — Aliás, ela está uma fera contigo. Você caiu do pedestal bem rápido! — pisou no acelerador, fazendo a picape ganhar velocidade rapidamente, e um minuto inteiro se passou antes de Dakota responder em meio a um dar de ombros.

— Não retornei a Cascabulho para fazer amizades, tampouco reatar laços familiares — ajustou o volume do rádio para que a música não interferisse na conversa, que cessou por cinco minutos, até que Isadora decidiu retornar para o assunto.

— O problema é a fazenda, você é a verdadeira herdeira daquelas terras — leu a placa na lateral da pista, que anunciava a proximidade com a BR e o conforto de uma via duplicada e sem buracos.

A outra se remexeu no banco, abriu o porta luvas, pegou o estojo dos seus óculos escuros. Colocou-os no rosto, eram estilo top bar e fizeram Isadora recordar uma atriz famosa que recentemente fora fotografada usando um modelo semelhante.

— Pois, que Alice faça bom proveito delas. Não quero sequer um grão de areia da Mimosa.

— Mesmo assim, você ajudou com as máquinas. Por quê? E não precisa se dar ao trabalho de negar. Quando banquei a abelhuda e mexi nas suas coisas, vi o telefone da empresa que fez a manutenção na sua agenda. Para alguém que não se importa, você anda fazendo demais pela Mimosa — trocou a marcha e pisou um pouco mais no acelerador, os olhos atentos na estrada à frente e, vez ou outra, resvalando pelos retrovisores.

— Não fiz nada de mais. Só liguei para um antigo cliente, ele me devia um favor e ficou muito satisfeito em pagar dessa maneira. Não tenha uma ideia errada, Isa. — Passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os de uma forma que Isadora achou charmosa, embora tivesse captado o movimento com o canto do olho. — Não fiz isso por Alice nem por Rosana. Foi por Jaime, Matilde e todos que moram naquele lugar desde que se entendem por gente. Pessoas cujo mundo é aquela fazenda e ficariam perdidas sem ela.

Uma caminhonete se aproximava rapidamente, pedindo passagem. Isadora reduziu a velocidade e foram ultrapassadas, segundos depois a caminhonete desapareceu em uma curva. Dakota arqueou uma sobrancelha, desconfiada.

— Você gosta de bancar a durona e malvada, mas é uma manteiga derretida, Dakota! — acusou-a com ar de troça e, ao mesmo tempo, satisfeita em perceber que tinha boas intenções.

— Nunca disse que meu coração é feito de aço — retrucou, suave. Então pediu para que ela diminuísse a velocidade.

Metros à frente, havia a entrada de uma estradinha de terra, que mal podia ser vista, graças a grande quantidade de mato no acostamento. Isadora entrou nela e parou a picape bem no início de uma ladeira e na sombra de uma mangueira à margem do caminho.

— Por que paramos aqui?

Dakota ajeitou-se no banco, para enxergar melhor a pista que deixaram através do vidro traseiro.

— Acho que estamos sendo seguidas — contou.

— Por quem? Eu não percebi nada — também se virou para observar a estrada.

— A caminhonete que acabou de passar por nós, já a vi várias vezes, desde que deixamos Passo Doce. Estava estacionada em frente à padaria, quando nos encontramos com Miguel. Quando pegamos a estrada, nos seguiu por um bom tempo, depois nos ultrapassou. A vi de novo no posto de gasolina.

— Pode ser apenas coincidência.

— No meu ramo de trabalho, não existem tantas coincidências — desceu do veículo.

— Mas se ele nos ultrapassou, não faz sentido que esteja nos seguindo — soltou o cinto, mas permaneceu dentro da picape. Enquanto isso, Dakota andava à volta dela, passando a mão nos vãos entre os pneus e, por fim, quase deitando no chão poeirento para avaliar algo embaixo dela. Quando voltou a ficar de pé, tinha um pequeno dispositivo na mão. — Isso é o que acho que é?

— Se você estiver pensando que é um mini rastreador, então sim — avaliou o pequeno dispositivo com cuidado. — Nosso “amigo” está apenas se certificando de não ficar muito longe de nós.

— Agora estou me sentindo em um filme de espiões — enrugou a testa e pegou o aparelho, que cabia na palma da sua mão.

— Você ficaria surpresa com o quanto isso é comum e fácil de comprar na internet — ela recuperou o aparelho, soltou-o no chão e pisou nele até quebrar.

Confusa, Isadora perguntou:

— Não teria sido melhor, sei lá, parar em algum lugar e colocar em outro carro?

— Você anda vendo muitos filmes de espionagem.

Dakota mexeu com ela e deu outro pisão nos destroços do aparelho.

— Sua ideia poderia dar certo se essa coisinha que acabei de quebrar não fosse um modelo de rastreador com microfone. Mesmo que esse cara tenha colocado o aparelho embaixo da picape, é certo que nos ouviu quando o encontrei.

Fitou os pedaços do aparelho, enchendo as bochechas de ar. Estava frustrada.

— É uma pena, com isso poderíamos tê-lo atraído para algum lugar, capturado, interrogado e talvez descobrir quem anda caçando Isabella. 

A ideia de confrontar um ou vários homens, possivelmente armados, não agradava Isadora. Estava certa de que Dakota era perfeitamente capaz de lidar com isso, porém sentia-se grata por ela ter quebrado o rastreador.

— E agora, o que faremos? — perguntou, as mãos úmidas de ansiedade.

Dakota deu à volta para entrar na picape, novamente.

— Seguimos adiante. Agora, ele só tem duas opções: desistir ou nos abordar. E se optar pela segunda, estaremos preparadas…

Enquanto falava, a caminhonete do perseguidor surgiu na entrada da estradinha e acelerou em direção a elas. O veículo atingiu a picape com violência, os airbags foram acionados e Isadora sentiu o impacto atirar sua cabeça contra o banco. Enquanto isso, Dakota foi jogada em direção ao mato alto.

Um homem desceu da caminhonete, desprezando o estrago que fez na frente do próprio veículo. Lutando contra a inconsciência, Isadora olhou bem para ele, que chegou a lhe dar um tapinha no rosto para evitar seu desmaio.

— Onde está o garoto?! — Ele colocou a pistola na testa dela, mas Isadora estava tão atordoada que não se deu conta da arma.

— Hm… — gemeu ela.

— Cadê o garoto?! Sei que aquela piranha tatuada escondeu ele! Me fala!

Isadora murmurou algo ininteligível e ele se afastou, chutando a porta do veículo, antes de dar a volta nele. Passou o olhar pelo mato, mas não avistou Dakota, então entrou nele, percebendo que a vegetação ocultava um grande declive. Escorregou algumas vezes até conseguir chegar nela, que rolou quase uma dezena de metros pelo barranco e teve a queda interrompida por uma pedra, a um metro do fim dele.

O bandido agachou diante dela, satisfeito em descobrir que ainda estava viva, porém inconsciente. Falou alguns palavrões, antes de colocá-la sobre os ombros e iniciar o retorno para a estrada, maldizendo o azar que o acompanhava nos últimos dias.

Se aquela mulher não tivesse resgatado o moleque que andava protegendo Isabella, ele já teria encontrado a moça e a matado, como seus contratantes pediram.

Depois disso, não seria inteligente retornar à fazenda. Então, optou por vigiar a propriedade e, quando viu a picape de Dakota entrar e sair da Mimosa naquela manhã, achou que valeria a pena seguí-la. Principalmente, porque sabia da relação dela com Isabella, pois, depois de muito fuçar as centenas de fotos nas mídias sociais da moça, que em sua maioria eram selfies, ele decorou os rostos das poucas pessoas com quem ela dividiu o espaço de uma fotografia. Havia uma, em particular, de quando Isabella ainda era uma adolescente. Ela estava em companhia de duas mulheres, uma das quais, — não existia a menor dúvida — era Dakota.

Se ela não o levasse até o esconderijo do rapaz e Isabella, iria capturá-la e arrancar a informação à força.

A poucos metros da estrada, o bandido percebeu que Dakota estava acordando. Ela se remexeu em seus ombros, desequilibrando-o, e ele foi obrigado a se agarrar em uma raiz para não escorregar. Dakota arqueou o tronco e usou o cotovelo para acertar a nuca dele. O bandido soltou o apoio e os dois rolaram até o fim do barranco.

Ele se colocou de pé rapidamente, para em seguida ser atirado no chão por Dakota, que jogou-se em suas pernas e escalou o corpo dele em meio a socos. Os dois rolaram na poeira e mato seco, trocando golpes, gemidos e insultos, até que o canalha alcançou uma pedra e acertou a cabeça dela.

Dakota tombou para o lado, sangue vertendo do corte causado pelo patife. Tonta e desorientada, recebeu um chute no rosto. O sabor de sangue se espalhou por sua boca e um filete escorreu pelos lábios, misturando-se a poeira que cobria sua face. Novamente, foi atingida por um chute, dessa vez, no abdome e sentiu o ar faltar por um momento.

O homem a empurrou e ela caiu de costas no chão, então ele ajoelhou-se sobre seu ventre e envolveu seu pescoço com uma das mãos. E, assim como fez com Isadora, apontou a arma para a testa dela.

— Cadê a garota e aquele moleque bastardo que estava ajudando ela?! Fala! Cadê?!

Dakota esboçou um sorriso estranho e respondeu, ofegante:

— Bem atrás de você.

— Ei! — o bandido ouviu, e quando se voltou para olhar quem falava, foi atingido no rosto por um pedaço de madeira.



Notas:



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4 Respostas para 12. Sem cobranças, sem rótulos

    • Haha, calma, moça!
      Posso demorar um pouquinho, mas sempre volto.
      Obrigada por ler e que bom que está gostando.

      Beijos!

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