Carol

O cativante olhar de Carol Aird, na pele de Cate Blanchet, nos faz aguardar ansiosamente pelo filme, com estreia prevista para dia 14 de janeiro de 2016, no Brasil. Não menos intenso é o olhar sonhador da atriz Rooney Mara que dá vida à Therese Belivet.

O filme Carol, apresentado em maio, no Festival de Cannes, é adaptação do livro de Patrícia Highsmith, originalmente publicado como “O preço do sal” e sob pseudônimo de Claire Morgan, devido ao contexto ultraconservador da época. Autora de romances policiais, como “O talentoso Ripley”, “O sol por testemunha” e “Pacto sinistro”, levados às telas pelas mãos de Alfred Hitchcock, Patrícia Highsmith nos brindou com o primeiro romance lésbico com final feliz. Antes deste livro, as histórias com personagens homossexuais morriam de formas trágicas, suicidavam-se ou “tornavam-se” heterossexuais… O livro, na época, alcançou mais de um milhão de exemplares vendidos; sucesso que continuou depois que a escritora assumiu publicamente sua autoria, em 1989, e o rebatizou.

A autora, celibatária convicta, nunca se casou e guardou sempre uma profunda discrição a respeito de sua vida sexual, embora tenha assumido publicamente que pelo menos parte da história narrada em Carol tenha sido autobiográfica.

A história, ambientada na Nova York dos anos 50, com todos os preconceitos e ignorâncias da época em relação ao universo homossexual, onde sair do armário era considerado uma imoralidade absoluta, narra o envolvimento de duas mulheres, Carol Aird e Therese Belivet, que se conhecem por acaso em uma loja de departamentos.

Therese tem 20 anos, namora um rapaz por quem não está apaixonada, sonha em ser cenógrafa, porém, para juntar dinheiro e estudar, precisa manter seu trabalho entediante como vendedora numa loja de brinquedos. Sua vida toma outro rumo quando uma mulher elegante, chamada Carol, resolve comprar um presente de Natal para sua filha nesta mesma loja. Carol, que está se divorciando de Harge, também não está contente com a sua vida.

A narrativa, sob a ótica de Therese, nos permite acompanhar toda a atração que aquela mulher elegante e misteriosa exerce sobre ela e sua ânsia em revê-la. Por outro lado, conseguimos entender Carol e o torvelinho de suas emoções, através da sutileza de seus gestos requintados, sua relação com a filha, o ex-marido, a amiga Abby e a vontade de passar o tempo com Therese, ainda que ambas sejam de classes sociais e personalidades tão diferentes. Talvez aí esteja o encanto já que ambas demonstram personalidade e apresentam, cada uma a seu tempo e maneira, força e fragilidade, de forma sutil e bela.

Impedida pelo ex-marido de passar o Natal com a filha, Carol convida Therese a fazer uma viagem pelos Estados Unidos. As duas se aproximam cada vez mais. É o tempo necessário para que se conheçam e se apaixonem. Para que as emoções, cada vez mais à flor da pele e duramente contidas, pelo medo do preconceito e possíveis retaliações, sejam liberadas. Porém, a autora narra com maestria o amor devoto de Therese por Carol e quando estas emoções enfim vêm à tona, trazem consigo o gozo do prazer, de alívio, de amor.

Enfim, Carol traz uma história de amor poderosa, não somente pelo sentimento presente, mas também pela consciência das limitações impostas pela época retratada.

Para quem ainda não leu o livro, vale a pena fazê-lo. Quiçá o filme retrate as emoções tão bem narradas na obra de Highsmith. Vamos conferir!

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One Response to Carol

  1. Libro y película excelentes !! Grandes actrices y director !!! Tema tratado con respeto y delicadeza !!
    El amor es lo único rescatable de la vida.

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