Deuses do Olimpo, XenaPor: Carolina Bivard

Na Época dos Deuses Antigos
Quando fui chamada, por minha amiga Rafaela Mendes, para falar sobre filmes e séries aqui no site, eu aceitei de imediato, mas depois… Eu pensei: “Não sou crítica de cinema. O que eu falaria a respeito de séries e filmes? Ela me chamou porque gosto de assisti-los, mas falar sobre eles?” Depois veio a fase da escolha e eu ficava pensando em tantos filmes e séries, que não conseguia me decidir e aí minha amiga veio ao meu socorro. “Ora, Carol!       Você escreveu fanfictions sobre Xena, por que não começa com ela?” Essa é minha amiga Rafa. Direta e sem rodeios. Amei!
OK. Aqui estou para escrever sobre a “Xena, a princesa guerreira”, neste meu primeiro passo, na tentativa de falar sobre filmes e séries. Mas não quero falar sobre a série especificamente, pois existem milhares de sites de consulta. Muitos deles, conseguimos ver não só a ficha técnica, mas também críticas interessantes. Na verdade eu sempre me intriguei, com o fato de uma produção de baixo custo e atores sem muita expressão, conseguir ser exibida ao longo das temporadas em 108 países e chegar a atingir a marca de sete milhões e oitocentos mil telespectadores. Os efeitos especiais nas primeiras temporadas são sofríveis, mas as paisagens e locações, na maior parte das vezes, são ótimas.

 xxenaLucy Lawless e Renee O’Connor não eram muito conhecidas até então e, na verdade, elas nem eram a primeira opção de atrizes para a série. As atrizes Vanessa Angel e Sunny Doench que fariam, respectivamente, os papéis de Xena e Gabrielle, desistiram e as protagonistas Lucy Lawless e Renee O’Connor, que deram vida a série, foram convidadas a participar. Acredito que se eu estivesse no lugar de Vanessa Angel ou de Sunny Doench, me odiaria até hoje por ter rejeitado o papel! Outra curiosidade é que a personagem Gabrielle deveria permanecer na série até a primeira ou segunda temporada, porém o entrosamento e a aceitação do público era tanto, que resolveram manter a ajudante “desconectada” de Xena.

O interessante disso tudo, é que “Xena” era um “spin off” da série Hercules e se tornou muito mais famosa e muito mais comentada que a série que deu origem. Isto é um verdadeiro sucesso, pois normalmente os “spin offs,” não costumam suplantar a série original. E por que isto ocorreu? Esta é a minha questão.

Vejamos agora. Xena foi exibida entre 4 de setembro de 1995 e 18 de junho de 2001. Quando terminou, tinha um grande número de seguidores internautas que conversavam entre si, formavam grupos no “cyberespaço” e escreviam histórias a respeito das personagens em versão para internet. Os tais fanfictions que muitos já ouviram falar. Eu particularmente me surpreendi quando, na minha pesquisa para escrever sobre esta série, descobri que ela foi a primeira série a reunir fãs em todo mundo, conectados através da web, dando origem aos chamados “fandons”. O “fandom” da série Xena continua ativo. Outra curiosidade foi descobrir que as “fanfictions uber” surgiram com elas, Xena e Gabrielle. Talvez tenha sido a enorme vontade destes fãs, em fazê-las viver além das telas e dos “tempos dos deuses antigos”. Neste momento da pesquisa fui mais além. Descobri que as “uber alt” ou “fanfictions uber alternativas”, vieram também com elas, pois a enorme comunidade lésbica de todo o mundo queria ver concretizado o grande amor que sabiam que existia entre as duas personagens. Um amor implicitamente “explícito”.

 

Continua sendo a minha questão, saber por que esta série teve tantos seguidores e que ainda hoje se comunicam e por que ainda é tão comentada? Para termos uma ideia, em um levantamento feito pela “Revista Xenite” em 2012, foram mais de 159.000 foruns de discussão encontrados sobre a série, em uma busca rápida pela internet. E, ao tentar analisar superficialmente e para matar a minha própria inquietação curiosa, tirei algumas conclusões, a começar pelos nomes escolhidos para as personagens.

Xena foi um nome perfeitamente pensado, pois tem origem na língua grega e o radical xeno quer dizer estrangeiro. Xena perambulava pelo mundo e não tinha um lugar seu. Percorreu cidades, culturas, esbarrou com mitos de diversos lugares, acompanhada de sua ajudante Gabrielle. Gabrielle é uma variante italiana para o nome Gabriela que vem do hebraico e quer dizer “enviada de Deus”. Gabrielle foi “a força de Xena” para reparar todos os erros do seu passado sombrio.

Em minha breve e humilde análise, presumi que as pessoas gostam de História Antiga e de mitos e fantasias. Também conclui que as pessoas gostam de ver bons valores sendo ovacionados, pois a luta de Xena e Gabrielle era contra qualquer tipo de perseguição, preconceito, injustiça social e

principalmente, colocar os “caras maus” nos devidos lugares. Lógico que uma boa briga e muita ação, se junta à mistura. Creio também, que as pessoas gostariam de ver amores verdadeiros, fortes como rocha, transporem obstáculos e sobreviverem aos tempos. E por fim, junte estes fatores ao início de uma nova forma de comunicação, que foi a internet conectando o mundo e uma grande comunidade lésbica ávida por ter seus valores, mesmo que sutilmente, serem mostrados de maneira tão singela quanto bela. Talvez tenha sido estes ingredientes para a receita de um “bolo gostoso”.

É. Penso que valeria a pena se despojar do preconceito, para quem acha a série “trash”, e lançar um olhar “cult”. Digamos que, ao longo das temporadas que se descortinam, você pode se surpreender e se apaixonar.

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