Diferentes?

Capítulo 16 — Às vezes bons negócios, por vezes maus negócios

— O energúmeno do meu sócio falou que você queria negociar algumas regalias em troca de informações…

O homem havia entrado com um prato de purê e uma carne de segunda mal passada. Sophia olhou o prato.

— Sim.

— Diga o que quer. Você causou alguma impressão boa nele, pois o cara não costuma dar conversa para seus reféns.

— Você fala muito bem… O mesmo não posso dizer deste seu sócio. Como alguém como você, conhece alguém como ele?

— Não interessa. Fala logo o que você quer e diga logo o que me interessa.

Esse não é tão idiota”… pense Sophia. Pense”…

— Tudo bem. Eu falo o que eu quero, mas não darei informação nenhuma antes de cumprir o prometido.

O homem segurou-a forte pelo braço, levantando-a da dura tábua em que ela se sentava.

— Acho que não está entendendo a sua condição aqui, não é? — rosnou.

Sophia forçou sua calma e o olhou diretamente.

— Eu entendo muito bem a minha posição. Sou cativa e vou morrer, independente de como seja tratada. Você é que não está entendendo a minha posição e muito menos a sua. Você acha que facilitarei para vocês, sendo sabedora deste fato, sem ter nenhuma regalia? Aí você vai falar que você pode me torturar, bater e estuprar. Isto você já fará mais à frente de qualquer forma. E o que eu ganho dando informações? Nada! Apenas continuarei em uma cama de tábua, fazendo minhas necessidades em um buraco, cheirando a merda e depois, ainda vou ser torturada, vocês me baterão e estuprarão. Então? O que diz?

O homem apertou mais o braço de Sophia, deu um urro e a atirou sobre as tábuas. Estava ofegante e expressava raiva em seus olhos. Pouco depois, saiu batendo a porta.

……………

— O que acha?

A mulher estava sentada em uma cadeira velha, com as mãos sobre a mesa e olhava os companheiros analisando o que eles relataram.

— Por tudo o que eu sei dela, é bem capaz de nada falar mesmo. (…) Talvez nem sob tortura e realmente não sei o que pensa o marido. Não sei realmente quanto estaria disposto a pagar, afinal, o casamento não é lá essas coisas.

— “Cê” acha que ele não pagaria pra “tê” ela de volta?

— Pagar para tê-la de volta, ele pagaria. Ama essa vidinha de casamento estável com uma mulher para mostrar para a sociedade. O problema é que não sei até onde ele iria.

— Se ele não pagar, a imprensa vai em cima e vai pegar mal para ele.

— Sim, mas ele pode fazer uma besteira, do tipo, não tenho esse dinheiro todo.

— Entendo… e aí vai se fazer de coitadinho.

— Ok. Então está decidido. Vamos levar essa puta para a parte anexa e a gente “tranca ela” lá. Os muros são altos, não temos vizinhos e ninguém vai reparar. Antes, iríamos coloca-la lá mesmo…

— “Cê” que quis “trazê” ela pra cá pra “deixá” ela na merda.

CALA ESSA BOCA, Ô IMBECIL! – A mulher gritou. – NÃO ESTÁ VENDO QUE FOI MELHOR PARA A GENTE? AGORA PODEREMOS PEDIR UM VALOR QUE O OTÁRIO DO MARIDO VAI PAGAR.

— Agora só vai ter mais um problema. Vamos ter que arrumar mais dois chips pré-pagos.

— Por que não me falou antes? Como vou arrumar chips a essa hora da noite aqui perto?

— Não falei, pois para mim já iríamos pedir a grana para a filha dela!

— Vocês são um bando de imbecis!

O homem agarrou a mulher pela gola a trazendo para bem perto, deixando quase seus narizes tocarem.

— Nunca mais me chame de imbecil!

A mulher sorriu e beijou-o lascivamente, agarrando-o pela gola.

— É assim que gosto de ver você. Agora vai, meu amor. Aceite a proposta e leve a puta para o anexo. Primeiro, faça-a falar a quantia, depois ligamos dando o valor. Vamos pegar um dos chips usados. Eles não terão como rastreá-lo mesmo.

………………….

Após tirar a venda e as algemas, o homem falou em tom de exigência.

 — Muito bem. Já está em um quarto com cama, chuveiro e vaso sanitário, agora fale o valor que acha que seu marido pagará.

Sophia olhou o espaço a sua volta. Realmente era muito melhor. A cama de casal estava com lençóis limpos e o banheiro não tinha porta, mas pelo menos dava para utilizar decentemente. Retornou o olhar para o homem e não querendo perder a confiança, falou de pronto.

— Doze milhões. Certamente dará um baque na situação financeira, mas será um valor que ele não questionará muito. Um valor maior, ele começará a pensar se valeria a pena, pois se o conheço bem, ele não vai querer dilapidar o patrimônio familiar. Acima desta quantia, ele teria que negociar propriedades.

— Espero que esteja certa para seu próprio bem.

O homem saiu trancando a porta. Já estava escuro, mas Sophia pôde perceber que não ficaria mais em um ambiente sem luz. As janelas tinham vidros leitosos, que não permitiam ver do lado de fora, mas deixariam a luz do sol penetrar pela manhã. Pelo menos teria alguma noção de tempo.

E agora? Será que posso tomar um banho, sem que alguém entre no quarto? – Falou alto para si mesma. – Que raio está pensando, Sophia? Você fez xixi em um buraco no canto de uma pocilga, sem qualquer privacidade. Pelo menos aqui, o banheiro é separado. Vou tirar esse suor do corpo e depois eu penso na próxima manobra.

……………………

— Doze milhões até às três da tarde de amanhã, entendeu bem?

— Quero falar com a minha mãe! Não vou dar nada até falar com ela! Meu pai ainda não chegou e não sei o que temos e se conseguiremos isso tudo.

— NÃO QUERO MAIS CONVERSA. AMANHÃ DE MANHÃ VOCÊ FALA COM A SUA MÃE, MAS O DINHEIRO VAI TER QUE ESTAR DISPONÍVEL ATÉ TRÊS DA TARDE!

A voz do outro lado da linha era metálica, como se Melissa estivesse conversando com um computador. O homem derrubou a ligação. Beth havia chegado e conversava baixo com Lucy e os outros dois detetives. Vi que, quando perceberam que estávamos prestando atenção, pararam de falar e vieram ao nosso encontro.

— Vocês deveriam ir descansar. Amanhã será um dia tenso. Donna foi embora?

— Sim. O detetive Soares acompanhou-a. Foi para casa descansar e tomar um banho, mas ela quer voltar amanhã.

— Infelizmente não poderá voltar. Não teremos tempo e não poderemos disponibilizar ninguém amanhã para trazê-la pelo bloqueio. Já temos problemas demais para acompanhar os moradores que entram e saem.

Ela olhou para Melissa, pondo a mão sobre seu ombro.

— Não se preocupe, Mel, tudo correndo bem, amanhã à noite sua mãe estará de volta.

— Cléo, fica comigo no quarto? Não consegui dormir à noite passada e acho que não vou conseguir dormir hoje também. Papai falou que chega amanhã por volta das oito horas da manhã.

O fato do marido da Sophia chegar me deixou desconfortável. Beth me olhou e acredito que tenha percebido, pois voltou a insistir para que eu fosse embora.

— Na realidade, Cléo, acho que você deveria ir embora, pois amanhã isto aqui vai se agitar e com senhor Brandão chegando, a Melissa deverá ter um tempo com ele.

— Não. Quero a Cléo aqui comigo!

Melissa voltou a me abraçar.

— Posso ficar com você, Melissa.

A “Isles-Lucy” falou com carinho e senti Melissa a olhar com certo conforto, mas apertou-se novamente no abraço comigo.

— Se você quiser, pode ficar no quarto também, mas quero a Cléo comigo.

A menina falou olhando a detetive e a devolução do olhar foi… como posso dizer… umhmmm com empatia?! Isso não deveria acontecer, não é? Digo, esses detetives normalmente não se sensibilizam com as famílias dos sequestrados, não é? Pelo menos acho que não deveriam… ou deveriam? Espanei meus pensamentos e confesso que a parte que continuou me incomodando foi o fato do marido de Sophia chegar. Mas o que eu queria também? Que ele não viesse ver nem o que aconteceu a mulher? Bem, pelo menos nisso eu concordava. Que ele viesse e pagasse logo essa droga de resgate para termos a Sophia de volta.

Gente, doze milhões como resgate me deixou louca! Pensei que era uma quantia absurda. Mas pela reação da filha, acabei vendo que os sequestradores fizeram o dever de casa deles. Parece que a família “Arqueiro Brandão” podia pagar este resgate sem problemas, pois Melissa nem se importou muito com o valor.

A detetive se aproximou e meu celular tocou. Deixei o sofá e a “Isles-Lucy” assumiu meu lugar, enquanto atendia. Dei uma olhadinha de rabo de olho, pois a detetive estava me intrigando. — “Essa detetive tá muito “assanhadinha” para cima da Melissa” – Pensei e quase que de imediato, me dei conta que estava com ciúmes… Não ciúmes da menina como mulher, mas como alguém que precisava proteger! Afinal, a mãe dela não estava, né? A garota estava numa situação delicada e não queria ninguém se aproveitando disso. – “Ei! Que é que tô pensando?! A menina é adulta e dona do seu nariz. Será que estou ficando maldosa com essas coisas? Não deve ser nada além da minha mente poluída”.

— Alô.

— O que tá acontecendo, Cléo? Onde você está? Soube que sequestraram a diretora da Grasoil e quando liguei para a empresa disseram que você não deu as caras e nem ligou para a Hermes.

Eu “tava” ficando com uma puta raiva do Marcos! Eu não acredito que ele ainda se achava neste direito. Como ele ligou para a Hermes? O que ele estava pretendendo? Inspirei fundo para não perder a linha, pois todos os olhos de todos os detetives estavam cravados em mim.

— Marcos, presta atenção. Não é a hora para eu perder a linha com você, mas também já é a hora de, uma vez por todas, você parar de me ligar. Estamos separados há mais de um mês e queira você ou não, nunca mais vou querer você na minha vida. Se você não consegue enxergar isso, então acho que eu vou ter que fazer você enxergar. Assim que terminar essa história de sequestro. Vou apresentar uma queixa formal contra você.

Desliguei, escutando-o balbuciar algo que eu fiz questão de não ouvir.

— Problemas com o namorado? – A “Beth-Rizzoli” perguntou.

— Não é mais meu namorado há um bom tempo, mas parece que ainda não caiu a ficha para ele.

— Assis! Liga para a central e pede para irem atrás do cara e prendam ele.

— O que? – Fiquei surpresa.

— Você está aqui dentro da operação e ele está interferindo. Isso é tudo. Depois que terminar isto aqui, soltamos.

Essa mulher começava a me assustar, mas de certa forma, gostei da atitude. Quem sabe depois dessa o Marcos não largava do meu pé. Continuava surpresa, olhando para ela e vislumbrei um sorriso de lado. De repente, ela piscou de leve e voltou-se novamente para os companheiros. Entendi que ela devia saber bem mais da minha história com o Marcos do que eu havia falado no interrogatório e sorri também. – “Bem feito, quem mandou ser cretino e depois ainda me atormentar”! – Não sei, mas estou começando a pensar como uma “bad girl” vingativa. Estes dias em minha vida, estavam me deixando surtada, mas adorei este sentimento mesquinho e ainda me satisfiz com a simples possibilidade de pensar no Marcos passar um dia na cadeia!

…………….

Na manhã seguinte, eu acordei com Melissa ao meu lado e a Lucy no outro canto da cama, ressonando recostada na cabeceira. Melissa estava no meio, mas voltada para a Lucy abraçando as suas pernas. A cena era até compreensível já que, quando eu deitei, a Lucy sentou no outro canto conversando com Melissa, falando palavras de conforto e dizendo como ela deveria agir daqui para frente. Eu adormeci e provavelmente a Mel também. Lucy deve ter relaxado e deixado o sono a embalar, pois teoricamente ela deveria ter ido embora quando a Beth chegou, mas parece que elas eram detetives que não se prendiam muito a essas normas.

Fiquei insegura quanto a esperar o pai de Melissa chegar. Afinal ele era o marido da Sophia e apesar de querer muito, naquele momento, que ele estivesse por perto para pagar o resgate, não me senti nada confortável. Eu estava entre o sentimento de desejar que ele considerasse muito a esposa, a ponto de não questionar a quantia do resgate e o sentimento de nem conhecê-lo, por ele fazer parte da vida dela de forma tão presente. Vocês conseguem me entender? Sei que estou sendo uma egoísta sacana, mas não consigo nem imaginar a Mel sendo filha dele. Ela é uma menina doce e meiga. Muito diferente de pessoas que conheço todos os dias, pessoas egoístas onde seus “putos” egos estão acima de qualquer coisa. Mas ele… ele eu queria imaginar como um destes caras com esse “puto” ego maior que o sol. Queria imaginá-lo como um cara mesquinho e insuportável. Só que tem um problema nesta minha teoria, se ele fosse isto, não iria querer pagar o resgate. Deu para entender a minha situação? É mais ou menos assim: Não queria que ele fosse legal, mas ele precisava ser legal.

Levantei devagar e fui até a sala.

— Beth, acho que vou embora, mas tenho que sair agora, pois não quero que a Mel me veja saindo.

A “Rizzoli” me olhou e pediu para eu ir até o escritório com ela. A acompanhei calada, já pensando que ela me falaria algo do tipo. “Tenho uma notícia para te dar, encontramos o corpo de Sophia jogado em um lixão”. Resumindo, meu coração estava na boca e estava sufocada com meus pensamentos assustadores. Entrei no escritório e fui logo perguntando.

— O que aconteceu? Encontraram Sophia? Fala logo! Você tá escondendo o que?

— Ei! Calma! Só queria te convencer a não ir.

— Ãh?!

— É. Não acho que deva ir. Você está segurando essa onda forte com a Mel. Ela confia em você e a Sophia, quando voltar, vai precisar de gente que a ame, que dê forças para ela superar…

— Mas…

— Você acha que o marido daria a ela tanto quanto você pode dar?

Não sei se foi uma frase de efeito ou uma frase mágica, mas realmente não achava que o marido pudesse dar a Sophia, tanto sentimento de amor, como eu poderia dar. Ela mexeu com meus sentimentos e meus brios.

— Tá bom. Mas… Você não queria que eu fosse embora ontem?

Ela me olhou, meio que procurando palavras para explicar a sua mudança de opinião.

– Ontem, quem falou foi a detetive, com diretrizes e normas a cumprir. Digamos que hoje, quem está falando, é uma pessoa que pensa por si só e avalia circunstâncias. – Ela me olhou um pouco constrangida antes de dizer. – Essa é minha opinião, não a da detetive.

– E como você acha que eu posso encarar o cara a hora que ele chegar?

— Você não vai encará-lo. Pense que você está facilitando as coisas para a filha dele. Pensa nisso e garanto que você vai sentir uma felicidade infinita, quando ela voltar e você poder experimentar isto em primeira mão.

A mulher sabia como chegar até a gente, não a imaginava assim.

— Ok. — Inspirei fundo. – Vou tomar um banho e vou fazer um café.

— Seria ótimo. O último café quem fez foi o Assis e era de madrugada. Deve estar horrível!

Ela sorriu e saiu e eu, fui me arrumar.

………………

Sophia acordou e tomou outro banho. A sensação era de estar com a mesma roupa há mais de um mês. Aproximou-se da janela tentando divisar o lado de fora, mas os vidros leitosos só permitiam ver sombras de grades. Ouviu passos se aproximando e voltou para a cama sentando relaxadamente. Queria transmitir tranquilidade e apesar de estar com medo, não queria deixar transparecer seu nervosismo e suas apreensões.

A porta abriu e entraram duas pessoas. O novo quarto deixava transparecer toda a claridade do dia, diferente do anterior e apesar da roupa negra e da máscara de esqui, Sophia percebeu que uma das silhuetas era de uma mulher.  Lembrou vagamente que, no dia que chegou, quando ainda estava torpe pelo medicamento que a obrigaram a tomar, uma mulher a havia confrontado.

— Bem, parece que seus dias conosco estão terminando.

A mulher falou pausadamente, enquanto o homem que a acompanhava puxou o braço de Sophia.

— Deixe-a! – Falou a mulher.

A diretora tentou ler a linguagem corporal dessa nova personagem.

Esta mulher é diferente dos dois. Tenho a impressão que se eu confrontá-la como fiz com os outros, estarei em sérios apuros.” – Pensou Sophia.

A mulher se aproximou, colocando os dedos no queixo da sua cativa e trazendo o rosto para perto do seu.

— Você é uma mulher de sorte, Sophia. Tem uma família supostamente feliz, um trabalho supostamente aprazível, mas… mas tudo isso é só suposto… 

A voz da mulher continha uma carga acentuada de desprezo e Sophia sentia isso tão forte, como se todas as suas terminações nervosas pudessem “gritar” por socorro. Ela continuou falando e Sophia achou por bem não encará-la abertamente. Sabia que pessoas com este perfil tendiam à violência fácil e sem motivo.

— Agora que realmente olhei você, Sophia, não parece à mesma pessoa tão poderosa que todos falam, mas realmente é uma linda mulher. Muito mais bonita até do que havia reparado.

Do que havia reparado? Então ela vem me vigiando há tempos. Será que já a conheci… já esbarrei com ela”?

A mente de Sophia disparava em um turbilhão tentando perceber a voz ou os gestos, buscando conexões. A sequestradora passou os dedos sobre seus lábios com uma expressão lasciva nos olhos, fazendo com que ela enrijecesse o corpo. A mulher percebeu a mudança postural em sua cativa. Um sorriso sarcástico bordou seus lábios e aproximou mais seu rosto da face de Sophia. A distância era tão pequena que a diretora podia sentir o hálito quente vindo da mulher.

— Está com medo que eu faça algo com você, Sophia? – Perguntou sussurrando e sorrindo.

— Eu seria idiota se dissesse que não.

Falou também baixo e sem qualquer expressão que denotasse arrogância.

A mulher abriu mais o sorriso e beijou suavemente os lábios de sua cativa. Sophia se conteve em suas reações para não demonstrar o asco que sentiu. A sequestradora não afastou muito a encarando bem próximo, tentando perceber suas reações olhando profundamente nos seus olhos.

— Tem nojo de mim, Sophia?

Mais uma pergunta traiçoeira, feita para lhe provocar e Sophia respondeu ponderadamente.

— Não diria nojo, mas sim… medo.

Sophia tentava também perceber as reações da mulher para as suas respostas, mas sem ver as expressões estava cada vez mais difícil e perigoso. Algo na postura que a mulher assumia e do jeito que falava, dizia que ela era quem estava por trás de tudo. Dizia que era a cabeça de toda a operação.

Outra vez, a mulher abriu o sorriso. Repentinamente segurou sua nuca e beijou-a de forma agressiva. Sophia reuniu todas as suas forças para não mordê-la ou empurrá-la. A sensação de repulsa combinadas com impotência, levaram a mente de Sophia para um mundo etéreo, nebuloso. Arrastou sua mente para o rosto de Cléo.  A mulher afastou ligeiramente e tentou ler as expressões de sua prisioneira, mas Sophia abrira devagar os olhos e a encarou imparcialmente.

– É você é boa mesmo. Tanto no sabor como na astúcia.

A sequestradora distanciou, fazendo menção de que iria embora, mas voltou-se de forma inesperada lançando sua mão sobre o rosto de Sophia, atingindo-a agressivamente. Com o choque, Sophia foi lançada sobre a cama aturdida. Escutou uma risada maquiavélica misturada a um zunido intenso em seus ouvidos, provocados pelo forte soco.

– Isso é para aprender a não esconder suas emoções de mim. – apontou para o homem que assistia a tudo sem demonstrar qualquer reação. – Traga o café dessa “puta” que daqui a pouco faremos a ligação.

Saíram deixando a abalada diretora sobre a cama.

– Jesus Cristo! Parece que essa mulher tem ódio de mim!

Sophia sussurrou para si, tentando alinhar seus pensamentos.

– Nunca pensei que alguém poderia ter tanta ira e ser tão fria ao mesmo tempo.

Continuava falando consigo, tentando avaliar o que acabara de acontecer.

– Eu tô perdida. Ela quer ver meu sangue e nada mais.

O homem voltou com um copo de café preto e um pão com manteiga. Deixou sobre a mesa e olhou para Sophia ainda deitada.

– Come essa porra que daqui a pouco “cê” vai falar no telefone.

Saiu batendo a porta.



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