Diferentes?

Capítulo 28 – Um dia após o outro

Voltamos para o Rio mais a noitinha, pois eu queria estar ao lado de meus amigos quando assistíssemos seu discurso pela televisão. No dia seguinte logo de manhã, fomos todos para a casa de Donna. Ela não era um foco, então achamos mais seguro.

Liguei diretamente para a Diretora geral da Destor. Espantei-me, pois ela me atendeu “mega” bem e disse que não voltaria atrás na sua resolução por conta de uma invasão da minha privacidade. Disse que não estava fazendo negócios com a pessoa Cléo Boaventura e sim com a empresa Hermes. Falou também, que abominava este tipo de ação que só demostrava o mau caráter de determinadas pessoas. Mas agora eu entendia que isso ocorria por não ser uma empresa grande de peso e “S.A.”, pois se assim o fosse, talvez outras implicações ocorressem. Mais tarde descobriria que a diretora não era tão imparcial assim…

……………

Donna foi para o estúdio, pois assim que houvesse o pronunciamento de Sophia, ela soltaria no ar a nossa entrevista.

Estávamos todos espremidos diante da televisão e ligados no canal da BBC World News. Quando falei que estávamos todos, éramos todos mesmo. Eu, Dago, Erick, Beth, Lucy e Mel. Esta última me preocupava, pois apesar da aparente força que demostrava, e, aí eu conseguia ver os traços de sua mãe, era apenas uma menina no meio de um turbilhão familiar. Rejeitava todas as ligações em que os números eram desconhecidos, privados, de seus avós e de seu pai, ou seja, quase todas as chamadas. Em determinado momento, ela desligou o celular. Levantou de onde estava e puxou Lucy consigo.

— Posso sentar com você?

— Claro, meu amor!

Peguei sua mão e puxei-a para o meu lado. Em seguida ela puxava Lucy para sentar no outro lado ficando entre nós. Abracei-a e ela me sorriu.

— Parece “déjà vu”. – ela falou

— Parece, não é mesmo? Mas agora sabemos onde sua mãe está e o que está fazendo. Acho que não é tão preocupante.

— É.

Melissa puxou Lucy para que envolvesse sua cintura.

— Ei! Você quer abraçar quem, Mel? Eu ou sua madrasta? – Lucy falou com ar de falsa indignação e ainda me sacaneando.

— As duas. Pode ser?

— Só não digo que não “tô” gostando dessa brincadeira de “madrasta”, por que você é filha da Sophia. — Rebati a brincadeira, mas estreitei a Mel em meu abraço. Eu mesma precisava de conforto.

Meu celular tocou e o número era desconhecido. Rejeitei a ligação também. Quando ia fazer menção de desligar vi uma mensagem entrando. Sophia enviou por “whats app” dizendo que já entraria para a declaração e seria realmente transmitido ao vivo pela BBC World New. Avisei a todos e nos calamos.

Sophia entrou na sala de imprensa acompanhada de alguns homens que nós supomos serem assessores e diretores da empresa. Vários flashs foram disparados em sua direção. Ela chegou à tribuna onde os diversos microfones estavam dispostos, ladeada por estes homens. Alguns repórteres começaram a fazer perguntas tentando ganhar atenção antes de seus colegas, mas Sophia se manteve impassível.  Olhou diretamente para o público e apenas esperou que o alvoroço cessasse. Seu olhar transparecia seriedade. Ela não se deixaria abater pelo momento. Se aprendi algo com essa mulher ao longo dos meses, foi o fato de que o mundo poderia estar desabando ou a felicidade imperando, mas de forma nenhuma este mundo entraria em seu interior se ela não quisesse. Poderiam flagrá-la em um momento íntimo, mas de alguma forma ela conseguia transmitir por sua presença e postura, que ela não deixaria que fosse invadida. Eu a amava, porém, meu sentimento caminhava para além do amor. Eu a admirava, eu a respeitava e sentia-me admirada e respeitada por ela.

Seu discurso foi breve e objetivo. Falou da recente invasão de sua vida particular e sua decisão de se afastar da diretoria, pautada na premissa de que ela não deixaria a empresa sofrer consequências por seus atos. O diretor de comunicação da empresa assumiu o microfone e Sophia, apesar de tentarem conduzi-la para fora do alcance dos olhares dos repórteres e câmeras, se manteve ao lado dele até o fim do seu discurso. Ele falava da importante participação da diretora na empresa e lamentou sua decisão de se afastar, dizendo-se inconformado com o rumo que tal acontecimento detonou. Seu discurso também foi breve e ambos foram conduzidos para fora do recinto por seguranças.

Vou dizer como eu me senti. Mal. Muito mal mesmo. Repassei mentalmente o que vivemos. Minhas investidas no nosso sentimento, todas às vezes que ela se esquivou para preservar sua vida e que eu me magoei com a sua conduta. Por fim, eu me senti culpada e arrasada por ter sido a pessoa que auxiliou em sua queda profissional. Eu também sofreria consequências? Provavelmente sim, mas não tinha tanta notoriedade como ela e com toda certeza, brevemente, esqueceriam.

Mudamos de canal para vermos o nosso pequeno discurso transmitido pela emissora que Donna trabalhava. Também foi uma breve declaração em que nada falamos de nosso relacionamento, mas sim, da indignação por termos nossas vidas expostas por um oportunista sem caráter. Deixamos claro que era a única vez que nos pronunciaríamos e o restante seria conduzido por nosso advogado.

Lembrei-me de Bartolomeu. Ele dissera para não negarmos o fato, mas falarmos sempre da repulsa pela exposição de nossas vidas sem nosso consentimento. Ele disse que era uma forma de mostrar as pessoas, que não existiam bons valores em se deleitar com a vida privada do outro. Desta forma, as pessoas matariam a sua curiosidade, ao mesmo tempo em que se questionariam se elas gostariam de ser um alvo como o que fomos. Assim, provavelmente nos deixariam em paz em menos de duas semanas. Bastava que acontecesse outro escândalo para que as coisas voltassem ao normal, e escândalos, era uma ocorrência diária nos jornais. Quero lembrar a vocês que estou falando da nossa vida profissional. Nossos enlaces familiares e de amigos era uma história para mais adiante. Se por acaso alguém que não fosse do nosso círculo pessoal nos visse juntas mais a frente, não ligaria tanto, por saber da postura que adotamos. Na minha cabeça fazia lógica. O que mais demoraria a se encaixar seria a nossa vida pessoal mesmo, pois minha família levou um choque, mas não tive muitos problemas, porém não tinha a mesma certeza sobre a família de Sophia.

Depois de vermos nossa declaração, desligamos a tv, nos levantamos e fomos pegar umas cervejas e pedir uma pizza para comermos. Eu estava bem abalada. Tinha uma reunião com a diretora geral da Destor no dia seguinte, antes da chegada de Sophia, mas não queria pensar nisso naquele momento. Donna ligou para Dago dizendo que daria um tempo antes de sair da emissora para não levantar suspeitas. Disse que a audiência foi no pico e os produtores estavam satisfeitos. Possivelmente a deixariam em paz. A tv era assim, era só lucrarem que tudo ficava bem como qualquer outro negócio.

Agora só restaria a mim e a Sophia, saber se conseguiríamos lidar com a nossa recente descoberta de nossa orientação sexual, isto porque, eu vivi com a Donna durante muito tempo para ver como muitas vezes, ela tinha que se portar e impor diante de tanta maluquice que ouvia dos outros. Não importava mais a opinião que sempre tive sobre o assunto, pois ela era a opinião de uma mulher numa condição sexual socialmente aceita. Hoje não mais. Eu estava do outro lado, ou seja, agora fazia parte da contramão social. Pela primeira vez, entendi quando Donna me falava que eu poderia tentar compreender o que se passava com ela em momentos de enfrentamento sobre sua sexualidade, mas que não alcançaria a dimensão. Anotaria mentalmente para dizer a ela que eu alcancei.

A campainha tocou. – Nos entre olhamos.

— Pode deixar que eu atendo. – Disse Lucy se levantando.

— Não. Deixa que eu vá, Lucy. – Disse Beth.

— Por quê?

— Porque sou mais experiente e você é tonta quando é pega desprevenida.

— Sou nada, engraçadinha. Lembra quando te livrei daquele cara que segurou seu pé lá na comunidade do “Brejão”?

— Lembro. Só que não era um cara. Era uma “sapata”, desesperada, que estava correndo do marido de uma mulher que ela pegou. Não tinha nada a ver com a ação de sequestro que a gente estava investigando.

— Como é que é?

A cara da “Lucy-Isles” estava engraçada e a “Beth-Rizzoli” deu uma risada detonadora de moral. Todos gargalharam. Era a primeira vez que ríamos depois de um tempo enorme de tensão.

— Lucy, cada um tem uma dom. O seu é se enganar com situações inusitadas e ao mesmo tempo se livrar delas. Foi o que você fez lá. “Se enganou” com a mulher, mas conseguiu me livrar dela se jogando em cima e a algemando.

Beth terminou de detonar antes de atender a porta. Rimos novamente e Mel abraçou a namorada.

— Mô, não liga para a Beth. Ela não sabe de nada. Você é minha figurinha “Marvel”. – deu uma “bitoca” na namorada.

Eu olhei para todos agradecida. Eram boas pessoas. A pizza chegou.

………..

No dia seguinte estava em um jato particular indo para o Paraná. Melissa não me deixou comprar uma passagem em um voo convencional e ligou para Bartolomeu que arregimentou tudo.  Ele me deu um “esporro”, pois disse que durante algum tempo, não havia minha “vida particular” e sim, ações conjuntas para que tudo se acalmasse sem muito alarde. Disse para não me preocupar, que a conta estava nas despesas do seu contrato com a Sophia.

Uma hora da tarde estava entrando nas dependências da administração da Destor. Havia tomado um café reforçado para não me preocupar com o almoço. Sabia que não conseguiria comer antes da reunião. Apresentei-me e fui levada até a sala da direção. A secretária me conduziu e abriu uma porta. Descortinou-se a minha frente uma sala ampla, decorada em tons madeira e mobiliário que eu classifiquei como colonial-contemporâneo. Lindo o estilo, porém me espantei por entender que seria atendida apenas pela diretora geral. Estava esperando um séquito de pessoas, embora ela já tivesse se pronunciado a favor do contrato com a Hermes.

— Seja bem vinda, Cléo.

— Obrigada Verônica. – Não fui formal, pois ela me tratava pelo primeiro nome.

Verônica Chiara era uma mulher de estatura média e cabelos acobreados. Dava para se ver que eram naturais pela cor das sobrancelhas e cílios. Muito simpática e de sorriso fácil.

— Venha, vamos nos acomodar melhor. Acompanhe-me.

Caminhei a seu lado e ela abriu uma porta lateral dando-me passagem. Uma sala bem decorada, quase como uma sala de estar, me mostrou que ela era uma mulher que gostava de deixar as pessoas à vontade. Uma abordagem descontraída, talvez para tirar um pouco a sobriedade dos assuntos no seu dia a dia. Gostei disto. Sentamos e ela me perguntou se havia almoçado tentei despistar, mas ela me pegou. Não pude negar. Ela insistiu em me levar para almoçar e cedi, já que não poderia aborrecê-la diante da minha situação.

Fomos a um restaurante argentino, onde prevalecia a diversidade de carnes grelhadas. Nossa conversa corria sobre o contrato e a proposta do projeto. Aos poucos fomos conversando sobre vários assuntos e ela começou a falar da vida na pequena cidade, seu casamento e os dois filhos. Perguntei casualmente para dar continuidade ao assunto abordado por ela, como ela conseguia separar a vida de casada e de diretora de uma grande indústria? No que ela me respondeu de uma forma surpreendente.

— Muito difícil conciliar tudo. Por mais que o marido compreenda, ou melhor, seja um homem mais aberto, as cobranças sempre acontecem. Os filhos também cobram, pois a sociedade sempre vincula a imagem de cuidadora do lar à mulher. É muito difícil, mesmo hoje, deixar alguns afazeres domésticos partilhados com o marido, mesmo tendo empregados. Algumas crises ao longo da vida e com muita conversa, consegui superar em parte. Mas… achei que você já tivesse uma grande noção de como isso transcorre, afinal, não deve ser nada fácil ter um relacionamento com Sophia Brandão.

Fiquei sem graça e desconfortável. Não sabia o que falar, pois fui pega de surpresa. Estava preparada para enfrentar um séquito de diretores em uma reunião formal, mas não em uma conversa casual e confrontada diretamente. Pois é, gente. O Bartolomeu não me deu esta dica.

— Verônica, sei que você…

— Desculpe-me, Cléo. Percebo que invadi sua privacidade e que a deixei desconfortável. Só gostaria que soubesse que não tenho nenhuma restrição a esse respeito. Só para constar, respeito muito Sophia, apesar de ter me espantado ao ver a vida dela sendo exposta desta forma na mídia. Sempre foi muito discreta e acredito que tenha sido um grande baque para ela.

— Você fala como se… Ei, espera aí! Você a conhece pessoalmente?

Verônica sorriu abertamente.

— Poxa! Achei que Sophia gostasse o suficiente de mim a ponto de falar para sua namorada de uma velha amiga…

Fiquei momentaneamente confusa e mais uma vez envergonhada. De repente, a conversa que tive com Sophia a respeito de sua adolescência veio a minha cabeça.

— Você é a Verônica amiga de adolescência da Sophia?

— Ah, então ela não se esqueceu de sua amiga de confidências?

Eu comecei a rir. Que mundo pequeno é esse das famílias abastadas, não?

— Eu não acredito! — exclamei ainda rindo. — Mas ela falou que nunca mais teve contato com você!

— E não tivemos. – Ela também sorria. – Depois que a mãe de Sophia falou com meus pais, nos mudamos para a Irlanda, terra de meus avós.

Aí gente, eu estava participando de um mundo chique, não acham?

— Eles se mudaram só para que vocês não tivessem mais contato?

— Não, claro que não. Não vou dizer que meus pais não sejam conservadores, mas a verdade é que o meu pai já estava se transferindo para lá. Meus avós quando vieram para o Brasil, começaram uma pequena empresa de artefatos de escritório, com lápis, blocos de anotações, papel para aquelas antigas máquinas de escrever. A empresa cresceu e meu pai quando se formou em administração, ampliou a fábrica. Nós tínhamos potencial para crescermos mais, mas não tínhamos capital para tanto. Foi quando ele procurou uma indústria irlandesa e propôs uma parceria. O mercado brasileiro era promissor naquela época e essa indústria comprou dois quintos da Destor. Foi assim que fomos para a Irlanda e foi assim que a Destor cresceu.

— E quando você voltou? Vocês ainda têm os outros três quintos da Destor?

— Voltei há pouco mais de três anos. A Destor se tornou uma subsidiária e eu trabalhava na matriz na Irlanda, mas quando eu vi que colocariam a Destor no mercado de ações, negociei a direção antes que colocassem um acionista qualquer.

— Então é casada com um Irlandês?

— Sim. E meus filhos nasceram lá, mas eles estudaram português desde cedo. Fiz questão que soubessem a minha língua natal. Sempre achei que voltaria.

— Por que nunca procurou Sophia? Quero dizer, ela era sua amiga e o que a mãe fez, foi errado!

— Porque já se iam muitos anos e eu mesma não sabia exatamente o que ela pensou na época.

— Ela ficou arrasada. Ela me contou que você foi à única amiga que ela teve verdadeiramente.

— É. Nós tínhamos uma cumplicidade grande. Ela odiava as convenções sociais que a família dela impunha e eu começava a sofrer o mesmo, pois meus pais ansiavam por se encaixar socialmente. Eu acho que tive sorte por ter me mudado daqui. Lá, apesar de demorar a me adaptar ao colégio, não demorei a entrar para a universidade, e aí as coisas foram diferentes. Não tive mais problemas com relação a essas convenções. Mas e Sophia? Eu realmente achava que ela era heterossexual.

— E é! Ou melhor, era. Não é mais… eu acho…

— Como? Não entendi.

— Bem, é mais ou menos assim. Nós éramos heterossexuais até nos conhecermos, entende?!

A expressão do rosto dela me deu a entender que ela não compreendeu muito que eu quis dizer.

— Vou tentar explicar melhor. Eu tinha um noivo, mas não queria mais casar com ele. Não gostava dele. Ela tinha o marido, que pelo que entendi, nunca gostou dele e aí nos conhecemos e aconteceu, entendeu?

— Você quer dizer que isso nunca passou pela sua cabeça e, nem na dela, até se conhecerem?

— É.

— Jesus, que história! E como aconteceu então?

O rosto dela tinha uma expressão entre o espanto e o riso. Talvez se me contassem algo parecido, há algum tempo atrás, também fizesse essa expressão e possivelmente uma pior. Talvez eu caísse na gargalhada por achar surreal.

— Olha, não vou contar detalhes, pois não vem ao caso, mas a coisa já tinha tomado forma na minha cabeça antes de acontecer e possivelmente na dela também. Mas aconteceu um pouco antes do sequestro dela. Imagina como fiquei?

— É verdade, ainda houve o sequestro. Ela já chegou ao Brasil?

— Deve chegar hoje à noite.

— Eu vi a declaração dela na tv ontem. Inacreditável que o mundo corporativo ainda se preocupe com essas coisas. Mas ela fez o certo, pelo menos ainda terá uma chance de retorno.

— Isso que eu não entendo. Todos sabem que ela está fazendo isto exatamente para poder ter a oportunidade de voltar, o que mudaria então se ela ficasse?

— As especulações mudariam e isso traz instabilidade. Só não entendo como alguém tão acostumado com as armadilhas de mercado cai em uma cilada como essa! O que pensaram quando resolveram ir dançar em uma boate badalada como aquela?

Fiquei pensativa e um pouco para baixo, mas sacodi meus pensamentos sombrios.

— Não pensamos. Estávamos felizes e queríamos viver aquilo. Só isso.

Ela maneou a cabeça em compreensão.

— Bom… mas quanto ao nosso contrato estamos conversadas. Na sexta-feira irei ao Rio assiná-lo. Aproveito e levo meus filhos e marido para passarmos o fim de semana lá.

— Tudo certo então. Semana que vem trago meu preposto e ele se encarregará dos primeiros trâmites. Vou acompanha-lo em tudo que fizer. Tenho um bom pessoal em TI e será fácil nos comunicarmos. A princípio virei uma vez por semana, mas depois que o projeto andar e seu pessoal estiver treinado, não será tão necessário a minha presença física.

— Ok. Dê um abraço em Sophia por mim.

— Pode deixar. Eu darei.



Notas:



O que achou deste história?

Deixe uma resposta

© 2015- 2021 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.