Diferentes?

Capítulo 5 – O despertar de Cléo

Dois dias depois, estava de volta com a cara mais lavada do mundo tentando fazer a linha “acabei de sair de uma virose”. Apresentei minha palestra e ela me tratava formalmente, como se não houvesse conversado comigo descontraidamente dias antes. Senti-me frustrada, mas mantive minha postura de trabalho. Perguntei se precisava de alguma ajuda com o evento e ela me olhou indiferente e fria.

— Senhorita Boaventura…

— Cléo, por favor.

O seu ar era de impaciência.

— Cléo. Acha mesmo que eu faria pessoalmente o evento? Acha que a empresa não tem uma terceirizada que prepare esses eventos para a Grasoil?

Senti-me uma idiota e das bem estúpidas. Como eu reagia de forma tão irracional diante dela! Parecia que nunca havia trabalhado com uma grande empresa.

— Claro que não! O que quis dizer é: Você precisa que eu faça alguma alteração na apresentação ou coloque algo que julgue necessário dentro dos parâmetros do evento? Algo que tenha que tenha passado despercebido por mim…

Ela me olhou mais relaxada.

— Está ótima a apresentação. Não precisa acrescentar ou modificar nada. Você vai de carro ou quer utilizar a condução disponibilizada pela empresa?

— Vou de carro. Gosto de ter autonomia.

A dona “olhar de falcão” sorriu-me… — isso mesmo, amo pensar nela com esse apelido – Olhou-me diretamente e cheguei a prender por alguns segundos a respiração.

— Você tem resposta para tudo, não é, Cléo?

Ela me sorriu de uma forma que não consegui identificar.

— Tudo bem. – Ela falou retornando ao assunto. – Só esteja às nove horas da noite, amanhã no hotel para o coquetel de abertura. Assim que chegar, vá à recepção e se identifique para que mostrem o seu quarto. Mas não se atrase para a recepção.

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Cheguei ao hotel em Angra, às seis horas da tarde, para poder fazer meu “check in”. Queria colocar minha bagagem no quarto e tomar um banho para me arrumar para o coquetel.

— Cléo Boaventura, sou uma das palestrantes do evento da Grasoil.

Falei para uma recepcionista loira, magra e bem maquiada que me sorriu, já buscando na tela do pc pela minha reserva.

— Só um momento, senhora.

Detesto quando uma mocinha de vinte poucos anos me chama de senhora, pois sinto a carga da idade chegando apesar de ter passado tão pouco da casa dos trinta. Sei que é por cortesia e educação, mas isso não tira o fato dela ser mais jovem e eu mais velha, o que me leva a pensar, que estou encalhada e nesse exato momento tendo surtos lésbicos pela minha chefe.

— Senhora. Não estou achando a sua reserva. Vou verificar com a empresa que está promovendo o evento.

Estava cansada das três horas e meia de viagem com direito a um engarrafamento na Avenida Brasil. Revirei os olhos e sabia que isso não terminaria bem. Essas empresas normalmente reservam com antecedência para eventos como estes e pelo que pude entender, já havia sido programado há dois meses. Fui chamada e colocada em cima da hora pela “olhar de falcão” e tinha quase certeza que ela iria surtar com o ocorrido. Pensando bem, acho que gostaria de vê-la surtando por um lapso dela ao menos uma vez, principalmente por minha causa. Ri de mim, pois fiquei dois dias em casa remoendo o que estava descobrindo sobre mim. Conversei muito com Donna e, apesar dela tentar falar que, poderia ser apenas uma fragilidade por eu estar muito estressada com tudo que aconteceu comigo nesse último mês, eu me conhecia muito bem para saber que não era isso. As minhas reações em relação à Sophia eram muito intensas. Tentei disfarçar para mim mesma desde o primeiro dia, mas depois relembrando cada passo, tudo que fazia, fazia preocupada com a sua reação, aprovação e principalmente para chamar a sua atenção sobre a minha pessoa. Não era só isso. No primeiro dia, a presença dela, se fez marcante para mim, seu olhar me capturou e mesmo nesse dia, já a olhava com admiração e apreciava seu raro perfume. Seus gestos ficaram gravados em minha mente, como uma lembrança tatuada a fogo. Nenhum movimento, fosse de seus olhos, fosse de suas mãos ou da forma de caminhar, foram apagados. Seus cabelos castanhos lisos presos em um rabo de cavalo combinavam harmonicamente com seus olhos verdes pendendo ao mel e modos elegantes de se expressar. Isso tudo eu lembrava com intensidade e ainda existiam as minhas reações corporais toda vez que pensava nela. Eu literalmente ficava excitada imaginando-me em seus braços e beijando sua boca rubra e delicada. Isso mesmo! Já me imaginei pegando a fera! Este fato me chocou a primeira vez que pensei, mas de forma nenhuma me impediu de pensar, pois era muito gostoso. Com certeza, mais gostoso que transar com qualquer homem que já transei. Eu não queria me privar dessa experiência, porém tinha medo de ser com quem era. Pelo que ela me falou, ela era casada e tinha filhos, nem sei quantos e nem a idade. Tinha que descobrir como era seu casamento, quantos anos tinham os filhos e se eu não estaria me metendo em uma “puta” encrenca sentimental e de trabalho, afinal, eu mesma tinha uma empresa para administrar e não poderia vacilar!

— Senhora! Senhora! — a recepcionista me tirou de meus devaneios.

— Sim.

— A promoter da empresa virá conversar com você, pois não achamos mesmo sua reserva.

— Você tem quartos disponíveis? Assim resolvemos aqui e depois a Grasoil resolve com a empresa de eventos.

— Infelizmente não, senhora. O hotel está lotado este fim de semana.

Antecipei a dor de cabeça que isso causaria e, pela primeira vez, liguei diretamente para o celular particular de Sophia, que havia me dado um dia antes. Expliquei a situação e como previ, ela soltou os bichos mais perigosos do zoológico da Quinta da Boa Vista! Acham que fiz mal? Vejam o que aconteceu quando ela chegou…

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— Senhorita Boaventura, vá para o lobby e sente-se. Deixe que eu resolva.

Deliciei-me. Pensam que é por ela ser mandona, autoritária e de personalidade forte? Não. Foi simplesmente por eu achar que quando ela fica irritada é muito bonitinho! Sorri internamente a esse sentimento que ela me causava.

Cara, sinceramente não queria estar na pela desse pessoal da empresa de eventos. Não consegui ouvir o que se passou, pois outra coisa que percebi e me encantava nela, era que nunca falava alto ou gritava. Ela era uma dama, mas suas palavras cortavam como navalha. Sentei-me como me ordenou, pois naquele momento, ela não pediu, foi quase uma ordem aristocrática, se é que posso dizer isto, pelo seu tom.

Observei o lobby e vi que não era qualquer hotel, mas um resort em que o pé direito devia ter uns três andares e as molduras e portas de vidro descortinavam uma enseada magnífica de mar com águas verdes e cristalinas, características da costa sul do estado.

Depois de um tempo, ela se aproximou de onde eu estava sentada, em passadas suaves e cadenciada. Chamem-me de babona, mas ela estava linda em uma pantalona branca simples de linho e blusa de alcinha também branca de algodão. Nada de mais, não é? Mas sua pela levemente morenada pelo sol com esse conjunto e os cabelos soltos e fartos causou um arrepio que se estendeu de minha nuca até a base de minha coluna. Vou falar com sinceridade a vocês. Preciso urgentemente saber mais sobre essa mulher e, ou me desencano ou parto para dentro! Gente, estou enlouquecendo mesmo, pois estou parecendo a Donna quando quer conquistar alguém…

Como estava contando anteriormente, ela se aproximou com um porte altivo, mas visivelmente consternada.

— Senhori…

— Por favor, Sophia. Não me chame de senhorita no meu fim de semana. Apesar de estar dando palestra, não estamos no ambiente de trabalho, não é? E depois, você já ouviu coisas suficientes da minha vida particular por telefone que tiram um pouco essa seriedade no tratamento. — Falei descontraidamente e sorrindo, não demostrando contrariedade com a situação.

Senti pela sua expressão corporal que ela relaxou um pouco. Olhou-me apreensivamente e suspirou. Sentou-se ao meu lado no sofá e sentia que estava em um impasse.

— Não se preocupe com a estadia, ok? — falei para tranquiliza-la. — Entendo que talvez eles não tenham conseguido me encaixar. Eu posso procurar um hotel ou pousada aqui perto e venho para participar do evento.

— De forma nenhuma!  Não deixarei uma pessoa convidada ir para outro hotel. Esse evento é para confraternização da equipe e também para que as pessoas tenham um fim de semana relaxante. Entenda que o fato de ter as palestras informativas é apenas uma parte do evento. Quero que as pessoas se integrem e se sintam bem, prestigiadas. — Suas palavras saiam fáceis e calmas.

Pela primeira vez, percebi que ela era uma gerente de negócios, porém altamente alinhada não só com as tendências de produtividade, mas com satisfação de seus funcionários. Talvez por isso tenha alcançado um patamar tão expressivo dentro da empresa.

— Faz sempre eventos assim? – perguntei para delongar meu tempo com ela e para entender mais sua forma de agir.

— Sim. Pelo menos duas vezes por ano. Tenho programas de formação mais direcionados para os funcionários, mas julgo importante esse tipo de integração. De qualquer forma, tenho que resolver a sua estadia. Se não se importar, ficará na minha suíte. A cama é grande e acredito que não ficaremos desconfortáveis. Lógico, só se você não se incomodar com a divisão.

Gente! Quase capotei! Ficar na suíte da magnífica?! Importar-me com isso?!  Ela não tinha noção da minha euforia. Tive que me conter para não extravasar minha felicidade com essa notícia.

— Não tem problema nenhum, por sinal, devo até me beneficiar. Certamente sua suíte deve ser voltada para o mar e deve até ter hidromassagem. — sorri descontraidamente, mas, por dentro, eu estava uma pilha. Imagina eu sentir o cheiro daquela mulher de manhã cedo? Sentir ela deitada ao meu lado? Só tinha um problema… o que imaginei naquele momento, não foi de longe o que senti perto dela durante todo aquele fim de semana. Meus sentimentos, minhas percepções antecipadas… nada disso importou, pois o que senti foi o paraíso!

Entramos na suíte e fiquei deslumbrada. Era certamente a suíte presidencial e ficava voltada para a enseada. Tinha uma sala de jantar com vista panorâmica e quando passava para o quarto, era quase uma continuação da vista. Contíguo ao quarto, tinha um closet e quando entrei no banheiro quase meu queixo caiu. A hidro era enorme e alimentada por uma pequena cascata que saia de uma saliência na parede. Nichos incrustados em vitrilho verde escuro e prata contrastavam com o granito branco, dando elegância ao lugar. A visão à noite era maravilhosa, já que toda a parede de fundo era de vidro onde se podia ver o mar calmo e as luzes dos bangalôs espalhados pela propriedade, antes da orla. Pela localização e do quarto, sabia que dificilmente poderiam ver o que se passava dentro, pois o terreno era em declive e a suíte era o bangalô mais alto do terreno quase incrustado nas rochas. 

Fiquei me perguntando por que ela não estava com o marido. Tendo tudo àquilo à disposição e pago pela empresa, por que passar o fim de semana sozinha? Levei a pequena mala para o closet e disparei, não conseguindo conter a minha curiosidade.

— Sophia?

— Sim?

— Seu marido não se incomoda de passar o fim de semana sozinho? Desculpe-me… não quero bisbilhotar, mas é que aqui é tão lindo que imaginei ser um ótimo lugar para passar com a família.

Quando me olhou, me pareceu transpassar por seu olhar algo como resignação, porém foi um breve momento e seus olhos tornaram a ficar indecifráveis.

— Na realidade, ele também é um homem atarefado. É especialista em cirurgia cardíaca e está viajando a um congresso em Paris. — Limitou-se a falar. — Tome um banho para arrumar-se que depois, eu tomarei o meu.

Entendi o recado. Acenei com a cabeça, peguei a “nécessaire” e fui tomar meu banho. Quando saí do banheiro, ela estava sentada na varanda com uma flute de champagne na mão, observando a vista. Ela me olhou e me tirou de cima para baixo. Seus olhos estavam vivos e eu poderia até dizer que era coisa da minha cabeça se não fosse o breve sorriso que vi em seus lábios. Logo voltou ao seu olhar sereno e imparcial, mas “euzinha” me arrepiei inteira.

Desviei o olhar e me encaminhei para o closet. Estava apenas enrolada na toalha e fiquei envergonhada parecendo uma adolescente.

“Merda”! – meus pensamentos corriam desbocados e o que parecia uma grande oportunidade começou a me afligir, afinal, eu estava diante de minha chefe. Uma mulher madura, casada e eu pensando nela como um grande banquete, só que sem ter a mínima ideia de como proceder. Ela levantou-se e foi para o banheiro.

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O coquetel foi agradável. Sophia estava linda e eu radiante ao seu lado me sentindo a “primeira dama”. Ri de mim mesma a esse pensamento, mas gostei de me imaginar acompanhante, naquele lugar aonde diversas pessoas chegavam para cumprimenta-la e ela sempre atenciosa comigo. Apresentou-me a várias pessoas da empresa e acabei em uma conversa animada com Dagoberto, um rapaz que o acompanhava, e outros dois gerentes e suas famílias. Fiquei bastante tempo na festa, afim de, voltar para o quarto com Sophia. Quando a procurei pelo deque em que estava rolando o coquetel, vi que não estava mais entre as pessoas.

— Está procurando a Sophia? – perguntou-me Dagoberto.

— Sim, imaginei me recolher e estou na suíte dela.

— É, eu soube o que aconteceu. Espero que corra tudo direitinho até o final e Sophia fique contente com o resultado, pois esse deslize poderá custar à perda do contrato para a empresa de eventos. Sophia já se recolheu e pediu para lhe dizer que suba a hora que quiser. Ela estava cansada. Teve muitas reuniões por esses dias e também tomou uma série de decisões que desagradou alguns acionistas, mas que julgou serem necessárias.

Dagoberto transpareceu conhecer bem a rotina da “toda poderosa”, o que me levou a pensar que poderia obter algumas respostas a partir dele.

— Sei que é casada, mas ela tem filhos?

Ele sorriu antes de responder.

— Ela desperta curiosidade, não é? – Enrubescia à sua observação. – Sim, ela tem uma filha que estuda engenharia de produção na USP.

— Ela é uma mulher interessante mesmo. – Falei displicentemente tentando tirar a importância do assunto. — Já tem uma filha na faculdade?

— Ela casou cedo. Acho que com dezoito anos e teve a filha com dezenove. Terminou a faculdade depois do casamento, enquanto cuidava da filha recém-nascida. Depois fez mestrado na área de gestão e conseguiu o emprego na Grasoil. De lá para cá, só galgou degraus e quem a conhece desde aquela época, a admira muito.

— Mmm.

— Se está cansada, vá dormir que amanhã começa cedo.

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Cheguei ao quarto e a luz da luminária de canto estava acesa. Troquei de roupa e me acomodei ao seu lado. Fiquei olhando-a durante algum tempo. Ela era linda até desarrumada. Suspirei e apesar de nervosa com aquela mulher ao meu lado na cama, sucumbi ao sono.

Na manhã seguinte, acordei com alguém me chamando muito suavemente. Quando abri meus olhos, me vi em uma cena bizarríssima até mesmo para mim. Eu estava toda por cima dela. Braços e pernas a abarcando como se ela fosse minha namorada ou sei lá o que. Afastei-me assustada, mas permanecendo a seu lado. Ela gargalhou, me deixando muito sem graça.

— Cléo, ou você é muito espaçosa ou muito carinhosa, pois essa cama é enorme! — Ela falava rindo e como falam por ai, “fiquei de cara”, mas como não sou flor que se cheire também, retruquei na “lata”!

— Prefiro pensar que sou carinhosa, pois espaçosa soa muito mal! — seu riso reduziu a um leve sorriso e seu olhar tinha um “quê” malicioso.

— Será que vou ter que me preocupar com seu recente interesse em descobrir os meandros do relacionamento homossexual? — Ela abriu mais o sorriso, porém o olhar malicioso permanecia. Não me fiz de rogada e começava a gostar da direção que a conversa tomava.

— Depende… – Falei em tom de brincadeira, mas a olhando com intensidade.

— Depende do quê?

— Não é do que, é de quem, pois não costumo forçar a barra nem em meus relacionamentos héteros, então… Acredito que não faria em uma conquista homo. Vai depender da reação de quem eu pretendo conquistar! — Continuei sorrindo, mas estava nervosa, pois dessa vez, acho que peguei pesadíssimo! Ela teve uma reação que eu não esperava. Fiquei “de cara” novamente.

A “poderosa olhar de falcão”, numa ação rápida e afoita, segurou minha nuca com uma das mãos e a outra passou por minha cintura, me trazendo para um beijo que foi o melhor dos mundos para mim.

Sua boca era quente e seu beijo forte. Seus lábios macios e a língua atrevida moviam, sorvendo a minha boca, retirando meu folego e roubando minha alma!  Passamos quase dez minutos em cima da cama numa dança de corpos, travando uma batalha sensual, onde, nossas pernas se entrelaçavam, nossas mãos passeavam, conhecendo cada pedaço do corpo da outra e nossas línguas brincavam entre os lábios e o pescoço.

Eu arfava e minha pele arrepiava. Minhas entranhas se aqueciam como vulcão e entre minhas pernas, um fluxo molhado escorria meu prazer. Não consegui conter meu desejo daquela mulher e minha mão num gesto autônomo, passeou por seu ventre, subindo pelo abdômen ao encontro de seios rígidos e deliciosos. Um gemido rouco e gostoso brotou de sua boca, ainda colada a minha.

— Que loucura!

Sophia exclamou em sua bruma de desejo. Sua voz era sensual e me excitava cada vez mais.

— Fala mais para mim…

Supliquei apertando suavemente a pequena aureola rija de seu seio.

— Aaaaahhhhhh!

Suas expressões continham um elixir afrodisíaco que não me deixavam parar e pensar racionalmente. Eu apenas reagia à delícia de estar com ela. Puxei a blusa de seu “baby doll” e deparei-me com seios excitantemente lindos! Minha boca, por sua própria vontade, desapegou-se de seus maravilhosos lábios e sugaram raivosos seus seios, ora um ora outro, intercalando com minhas mãos atrevidas.

Não me perguntem o que aconteceu com ela, mas amei cada gesto, cada toque, cada pequena mordida carinhosa que se alimentou de meu corpo. Vi-me segura em seus braços com uma força intensa e ao mesmo tempo preocupada em me conter. Derrubou-me na cama e apressou-se em retirar minha camisola rapidamente. De joelhos e encaixada em meu quadril, perfez com seus olhos meu corpo e sua face transtornada de prazer me deu a certeza do que iria acontecer.

— Deixa eu te sentir, por favor.

Pediu-me suplicante e ofegante. Quem era eu para negar?! Apenas assenti.

Passou seus delicados dígitos por todo o meu corpo, acendendo uma trilha em fogo. Passeou por meu pescoço, seios, abdômen e ventre. Retirou minha calcinha cuidadosamente admirando-me. Seus toques davam-me sensação de plenitude. Fechei meus olhos, aceitando o imenso deleite que meu corpo jamais experimentara. Quando dei por mim, estava gemendo loucamente diante dos efeitos que sua boca provocava em minha vulva pulsante. Sua língua passeava por meu bulbo, provocando descargas elétricas por todo meu corpo. Introduziu dois dedos em mim sem aviso. O vai e vem de sua língua em meu clitóris, coordenado com o de seus dedos dentro de mim, levaram-me a um mundo completamente desconhecido e cheio de possibilidades jamais pensadas. A percepção crescente de um vulcão impetuoso, surgia me deixando na beira de um precipício e fazendo-me agarrar ao lençol.  Senti uma forte estocada e a língua plana resvalar pelo meu clitóris, me levando em uma onda que parecia querer me engolir. Explodi.

Algum tempo depois, senti meus cabelos sendo acariciados, abri meus olhos e tive a visão dos céus. Ela me olhava com doçura e sorria levemente. Eu estava lassa e não conseguia quase articular palavra alguma. Tentei balbuciar algo.

— Shhhh. — Sussurrou com seu corpo colado ao meu, ainda mantendo o carinho em meus cabelos e meu rosto.

Não me continha de felicidade, mas não poderia deixar passar o momento de meu humor sarcástico.

— Depois dessa, acho que não vou querer deixar passar nunca mais o meu momento lésbico. — Falei ainda amolecida.

Ela gargalhou e completou.

— Talvez deva experimentar mais vezes para ter certeza.

— Posso experimentar agora, novamente, só para ter certeza absoluta. — Ela sorriu.

— Será que tem condições? — Me provocou, enrugando a testa como se duvidasse.

Levantei de súbito segurando-a, jogando-a na cama e cobrindo-a com meu corpo.

— Não duvide de mim nunca mais, senhora Sophia…

— Por favor, não fale meu sobrenome. — interrompeu-me.

— Ok. – Falei desconcertada, mas não queria estragar o momento e capturei seus lábios, não deixando margens para outros pensamentos que não o nosso amor. Era assim que eu imaginava aquele momento mágico!

Deixei minha boca fazer o caminho que me fosse mais prazeroso, colhendo do prazer que Sophia expressava com seus gostosos gemidos. Lambi e suguei o lóbulo de sua orelha, passei a me alimentar de seu pescoço e descendo a cada incentivo do som proferido por seus lábios, cheguei ao delicioso cume de seus seios. Passei minha língua sobre o bico enrijecido, escutando a música dos anjos. Ela gemeu forte deixando minha “entrepernas” úmida e pulsante. Beijei mais forte e sorvi com gosto aquela saliência rósea e pequena.

Apesar de ter medo de fazer algo errado, pois era uma experiência nova para mim, tentei me ater aos sinais que Sophia dava. Cada gesto que eu acertava, ela respondia com ronronares e suspiros. Minhas mãos estavam atrevidas, vasculhando caminhos em seu corpo e me surpreendi quando uma louca vontade me assolou. Entrei nela sem piedade, querendo que seu prazer se igualasse ao meu. Sua pelve moveu violentamente de encontro aos meus dedos. Tempos mais tarde, eu perguntei a mim mesma como eu pude… como eu pude, não! Como nós duas conseguimos fazer amor tão gostoso, se nunca havíamos estado com mulheres?! A única resposta a que conseguia chegar era, que fizemos amor com o corpo e com o coração.

— HUUUUUMMM! Mais Cléo! Mais…

Introduzi um terceiro dedo, com meus lábios ainda aproveitando do sabor de sua pele gostosa e macia. Os movimentos de seu quadril eram cada vez mais fortes e seus gemidos cada vez mais arfantes. Aumentei o ritmo dentro dela e um urro de prazer ressoou pelo quarto. Meus dedos foram fortemente presos pelas paredes de seu interior, causando uma contração violenta em meu próprio ventre. Seu dorso arqueou, liberando-me contra a minha vontade de seus seios, mas permitindo-me ter a visão de seu intenso gozo estampada em sua face. Foi simplesmente o momento mais lindo que vislumbrei algum dia no ato de amor.

Seu corpo serenou e suas entranhas relaxaram, permitindo a minha retirada de dentro dela. Sophia estremeceu ao sentir meus dedos resvalando para fora e reagiu maravilhosamente, elevando seu tronco para capturar minha boca em um beijo deliciosamente impetuoso. Permanecemos alguns minutos abraçadas sem qualquer uma querer quebrar o encanto.

— Sabe que temos que levantar, não é? – Ela falou, quebrando o momento de sublime êxtase.

— Mmm. Estraga prazeres! — Falei provocando-a.

— Você é uma coisinha rara, sabia?! — Falou rindo. Olhou a hora no relógio sobre a cabeceira. — Apesar de achar que aqui está mais interessante, tenho um evento a coordenar e você…– ela colocou o dedo em meu nariz se fingindo de brava –, uma palestra para dar daqui a quinze minutos.

Olhei para ela apavorada e pulei na mesma hora da cama.

— Meu Jesus! Eu tenho que tomar banho ainda!



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