Diferentes?

Capítulo 7 – Flores Raras

Cheguei à noitinha em casa. A estrada estava boa, pois o movimento em um dia de sábado era exatamente o oposto de onde me dirigia, mas as lágrimas não cansavam de descer me fazendo dirigir devagar. A primeira coisa que fiz foi ligar para Donna. Estava cansada, mas a minha tristeza não me deixaria dormir.

— Donna, você pode vir aqui em casa?

Minha voz estava tão embargada e tremula que Donna nem perguntou o que havia acontecido. Minha amiga chegou rápido fazendo-me sentir melhor. Bom, pelo menos tinha alguém que gostava de mim o suficiente para me ouvir nessas horas. Quando abri a porta para Donna e a vi através do portal, joguei-me em seus braços e comecei a soluçar desesperadamente.

— Shiiii… Calma. O que houve, menina?!

Ela me abraçava, acalentando e me conduzindo ao sofá. Sentamos e na mesma hora deitei em seu colo. Foi difícil contar tudo e quando terminei, ela permaneceu em silêncio acariciando meus cabelos. Depois de um tempo, ela começou a falar baixo me consolando.

— Você fez o melhor, Cléo. Ficar lá, só faria crescer esse sentimento e provavelmente você sofreria mais depois se ela te dispensasse.

— Eu sei. Mas dói tanto…  Nunca pensei que em tão pouco tempo descobriria tanta coisa sobre mim e que, em tão pouco tempo, pudesse me apaixonar dessa forma.

— Às vezes as coisas acontecem velozes como um tornado devastando tudo, mas depois, se acalmam e você consegue seguir. O duro vai ser ter que trabalhar lá.

— Ela não fica muito pelos corredores. Se tudo der certo, vou conseguir evita-la o suficiente para isso passar. — Falei num fio de voz.

— Não tenha tanta certeza disso, Cléo, se o que ela falou for verdade, ela também ficou abalada. Não deve ser fácil para ela vivenciar uma experiência dessas também.

Estava mais aliviada por ter conversado com alguém. Levantei-me do colo de Donna e percebi que ela estava toda arrumada para sair.

— Droga, Donna! Estraguei o seu programa? Você ia sair? Coitada da Amanda! É a segunda vez que roubo você dela!

— Não se preocupa porque brigamos ontem. Eu ia sair mesmo era pra “pegação”.

Balancei a cabeça, minha amiga era incorrigível.

— Não me olha desse jeito. Quem terminou comigo foi ela. E não precisa ficar com pena que eu não tô muito sentida por isso. Não sou orgulhosa, a coisa já estava desandando e ela gostava de glamour. Você sabe que não ligo a mínima para isso e ela estava sempre a fim de ir para noitadas badaladas.

— Você vai para noitadas badaladas! – afirmei com veemência.

— Não para as que ela queria ir. Sabe essa coisa de lugar cheio de artistas. Já vejo quase todo dia e não faz minha cabeça.

— Se não gosta disso, você tem que namorar pessoas comuns e não quem conhece nesse meio.

— Já tentei. Depois que falo a minha profissão, já era. Acho que quando conhecer alguém, vou falar que sou gari.

— Não vai dar certo.

— Por que?

— Que gari você conhece que se veste com “Burberry”?

Olhamo-nos e começamos a rir. Pela primeira vez em horas, eu sorria.

— Só você para me tirar um pouco desse peso. – Continuava sorrindo e Donna me olhou com ar de quem pensara “M”.

— O que foi?

— Quem sabe agora que sentiu o gostinho da lesbianice, não rola alguma coisa entre a gente?

Sabia que ela só estava me provocando e eu embarquei na brincadeira.

— Não vai dar certo. – Falei cínica.

— Por quê? — Ela já falava rindo sabendo que eu responderia alguma coisa para provoca-la.

— Porque, na primeira transa, você repararia em alguma coisa na minha bunda ou diria que meus peitos estão ficando caídos e eu te chutaria para fora do meu quarto.

Ela começou a gargalhar.

— “Deixa eu” fazer alguma coisa para a gente comer.

Ela se levantou e foi para a minha cozinha, me levando junto.

— Donna, não seria melhor a gente pedir?

— Não tem graça e depois, o que vou fazer é rápido. Já comeu carne assada na panela de pressão?

Enfim, meu fim de semana terminou com outro porre, pois começamos a beber vinho no jantar e estendemos. Domingo à noite, Donna foi embora e me senti sozinha e triste novamente. Segunda chegou fazendo com que eu me enfurnasse na minha recente sala na Grasoil pela manhã e, à tarde, fui para minha empresa. A semana transcorreu e não me encontrei com Sophia. Achei que isso traria alívio para mim, mas, a cada dia, a ansiedade e a angustia piorava. Não tinha nenhuma ideia do que estava acontecendo na sala dela. Cheguei bem cedo na sexta-feira e mais uma vez não consegui vê-la e não tinha nenhuma notícia dela ou da gerência. Dagoberto não estava passando muito tempo comigo e disse que havia certa instabilidade no mercado, por conta de quedas no valor do barril de petróleo. Não resisti e perguntei, como quem não quer nada.

— Não tenho visto a Sophia… Sei que deve estar atarefada e em reuniões, já que está havendo esta oscilação no mercado, mas normalmente ela sempre faz uma reunião semanal com as gerências. Aconteceu alguma coisa?

— Sim, aconteceu. Ela estava programada para tirar uma semana de férias e por conta desta instabilidade e algumas alterações na gerência de negócios que ela implantou, foi chamada à Oslo, na matriz. Está retornando hoje. Deve chegar bem à noite. Pior que ela dispensou o motorista e pediu-me para pegá-la, mas é aniversário de um grande amigo meu e do Erick, não posso faltar. Ela não ficou muito satisfeita, pois disse que queria ver um rosto conhecido na chegada, mas vai acabar pegando taxi mesmo.

— Você é amigo íntimo da Sophia, Dagoberto?

— Intimo não posso dizer que sou, pois ela é uma pessoa muito reservada. Mas talvez eu seja o mais próximo de um amigo íntimo que ela possa ter aqui. Muitas vezes me pede opinião sobre coisas que eu julgo pessoais, mas nunca faz a pergunta relacionando a si, sempre a terceiros. Talvez seja por sua posição na empresa e dessa forma não se expõe. Antes de pegar o voo dessa semana, ela me fez umas perguntas sobre a minha vida de casado com um homem. Não acreditei nem por um minuto que ela perguntara para saber sobre mim.

Fiquei um pouco nervosa com as perguntas que a Sophia fez sobre o assunto, mas minha curiosidade sobre o que ele estava pensando era maior.

— Por que achou isso?

Dagoberto parou de mexer no laptop e me olhou.

— Porque ela nunca fez perguntas de cunho tão pessoal assim. Na certa ela está desconfiando de algo em relação a alguém da família ou próximo e quis sondar. Você dormiu no quarto dela em Angra, deve ter percebido o quanto ela economiza na proximidade, não é mesmo?

Respondi um “umhum” saindo pela tangente, mas na minha cabeça, eu pensei que, o que ela menos deu, foi espaço entre os nossos corpos, isso sim. Ri mentalmente.

— O que vai fazer hoje à noite, Cléo?

— Ir para casa. Não tenho nada para fazer hoje.

— Você não poderia pegá-la para mim? Sei que não tenho e nem você, nenhuma responsabilidade sobre isso, mas tenho uma boa relação com ela. Na verdade, me preocupo mesmo com ela, pois apesar dela ser esse poço de responsabilidades e de reserva, gosto muito dela. Ela me apoiou desde o início quando na entrevista para ingressar aqui na empresa, me perguntou se eu era casado ou tinha filhos, eu me declarei gay. Nunca houve qualquer discriminação por parte dela e sei que teve até uma pressãozinha na época, pois tomou a decisão de contratar a mim e ao Erick ao mesmo tempo. Cada um estava inscrito para uma vaga e quando disse que vivia com um homem, ela só disse: Não me interessa sua vida pessoal, apenas seu currículo. Tenho certeza que essa não é uma atitude que uma pessoa qualquer tomaria. Pelo contrário, naquele momento, eu estava assumindo que perderia essa vaga, mas não queria viver mais no escuro. Queria poder ter o direito de dizer quem eu era. Ela terminou a entrevista e me dispensou. Três dias depois, eu e o Erick recebemos telegramas nos convocando para nos apresentar a Grasoil. Na realidade, eu tenho um carinho especial por ela, pois me trata justamente. Gostaria que alguém conhecido fosse pegá-la, porque sei o quanto ela fica tensa. Ela já sofreu atentado… tentativa de sequestro para ser mais exato. Quando houve a investigação, a polícia descobriu que tinha um ex-motorista da empresa envolvido.

Pensei brevemente em tudo que Dago tinha me falado e eu fiquei um pouco tensa também. Não só por ir pegá-la, mas pensando na possibilidade de acontecer algo. Era como se uma ficha tivesse caído e eu pensei que, realmente, ela era um “senhor” alvo para esse tipo de ação criminosa.

— Está bem. Que horas ela chega e em que voo?

Dagoberto me passou as coordenadas e eu saí mais cedo para ir ao cabelereiro, manicure e comprar algumas roupas, afinal, eu não podia ir pega-la toda molambenta, né?

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Fiquei em frente ao portão de saída. Bem, a bestice do amor faz a gente fazer coisas ridículas, afinal, nunca tinha chegado duas horas antes, esperando um voo para pegar alguém, principalmente pessoas com as quais eu me relacionei. É o cúmulo da idiotice! Cá para nós, também confesso que nunca me senti com alguém como me sinto quando estou junto a ela. Não. Realmente não. Fosse junto, separado ou a um milhão de quilômetros de distância, nunca me senti como tenho estado. Podem falar. Sou uma besta, imbecil e idiota! Porém… só pensava em poder vê-la.

Ela apontou no corredor de saída e minha respiração suspendeu alguns segundos. Seus cabelos estavam soltos e caiam sobre suas costas e ombros, emoldurando seu rosto como uma pintura. Seus olhos estavam um pouco cerrados, demostrando o cansaço da viagem, mas sem retirar a expressão abalizada tão natural nela, e por fim, a forma elegante e segura de caminhar, fazia chamar a atenção até dos mais distraídos, para essa bela mulher.

Quando ela olhou à frente e seus olhos pousaram nos meus, senti seu passo retardar brevemente, mas como sempre, em sua fortaleza, ela não se deixou abalar nem por um minuto e dirigiu-se a mim sem hesitar.

— Dagoberto disse para me pegar?

— Sim.

— Não precisava. É apenas um capricho meu.

Enquanto falava com ela, peguei um carrinho para pôr sua bagagem.

— Na realidade, eu acho que precisava sim. Dago me contou sobre o atentado que sofreu e eu realmente não acho que seja capricho.  Na verdade, você tem uma posição que pode suscitar esse tipo de ação, por parte dos caras maus. – Sorri levemente. — Não compreendo porque não contrata seguranças.

Ela também sorriu e fez uma carinha deliciosa. Como eu poderia me segurar com essa mulher? Acho que a minha proximidade com Donna estava extraindo do submundo de minha mente, atitudes que nunca pensaria ter com um homem, mas com essa mulher…

— Não contrato seguranças pelo mesmo motivo de não querer os motoristas. Eu não sei quem são eles. Não sei realmente de onde eles vêm e não sei se posso confiar plenamente neles.

Andávamos lado a lado pelo corredor do aeroporto para chegar ao elevador que levava para estacionamento.

–Mmm. Entendo, mas aí você tem um grande problema, pois andar sozinha não é uma opção muito segura também.

Chegamos ao elevador e ela se postou um pouco atrás, enquanto esperávamos a porta abrir. Senti seu corpo próximo e um arrepio passou como uma onda por todo o meu corpo. Percebi também, que ela me olhava e fiquei imóvel como uma árvore. Queria que a sensação que estava tendo ao seu lado não passasse, mas sabia que isso era algo que terminaria no momento em que eu a deixasse em casa. Estava enlouquecendo com o perfume dela.

Entramos no elevador e um grupo de holandeses adentrou fazendo barulho, cheios de grandes mochilas, nos espremendo no fundo. Continuava à sua frente e nossos corpos ficaram tão colados que sentia a respiração dela em meu pescoço. Senti seu corpo tremer e a respiração acelerar ligeiramente. Minha pulsação aumentou e um calor inundou meu ventre.

“Deus! Como posso esquecer essa mulher desse jeito?”

Quando o elevador chegou e as pessoas começaram a sair, nós ficamos ainda paradas nos sentindo, como que entorpecidas por uma aura erótica. Fui a primeira a sair do êxtase, lembrando onde estávamos. Empurrei o carrinho com as minhas pernas tremulas, me apoiando completamente sobre ele. Parei, perdida no meio do estacionamento.

— O que foi?

— Éééé… Mmm… Esqueci onde coloquei o carro. — Falei envergonhada.

Ela sorriu maliciosamente.

— Seu carro tem alarme?

— Já entendi.

Acionei o alarme do meu carro pelo controle da chave e ele disparou a poucos passos de nós. Fiquei mais envergonhada ainda.

— Pelo menos eu localizei o elevador mais próximo, não foi tão mal assim! — Falei tentando dar um ar casual a minha voz.

Ela gargalhou e pegou o carrinho das bagagens, dirigindo-se para onde o barulho do alarme apontava.

— Não imaginava que o seu perfil de carro fosse esse.

— Por que não?

— Uma SUV? Você tem mais jeito de …

— Corolla? Não, obrigada. Detesto sedãs. Tem jeito de carro de velho. – De repente me dei conta que ela poderia ter um sedã. – eee… desculpa, mas é que não é meu estilo mesmo.

Ela gargalhou novamente.

— Por quê? Acha que eu tenho um sedã? Não, obrigada. Tem jeito de carro para velhos. — Falou jocosamente me provocando. – Não é que eu não goste dos carros 4×4, aliás a única diferença do meu para o seu é a cor, mas para mim, você tinha cara de carros esportivos.

— Você tem uma SUV?

— Na cor preta, mas gostei da sua vermelha, o que também me surpreendeu. Pensei que pudesse gostar de cores mais clássicas.

Terminamos de colocar a mala e a sua valise no porta-malas. Estava apreciando imensamente essa conversa descontraída e fiquei mais relaxada na sua presença. Entramos no carro.

— Eu comprei dessa cor porque gosto de viajar e ir para locais de serra, visitar parques e fazer trilhas. Essa cor auxilia se acontece algo a você e precisam te localizar. Não sou do tipo de esbanjar dinheiro e nem tenho para tanto, mas já passei uns “perrengues” fazendo esse tipo de viagem. Acabei me convencendo que, se eu queria continuar fazendo isso e manter minha integridade física, teria que abrir mais a mão.

Ela estava colocando o cinto de segurança e eu percebia que prestava atenção de forma introspectiva, como que analisando tudo que eu falava, minuciosamente. Aquela forma de agir diante das coisas, não saía dela. Fosse em relação ao trabalho ou em uma conversa casual, ficava atenta aos mínimos detalhes, processando as informações.

Liguei o carro e saímos do aeroporto.

— Onde mora? Que direção eu pego?

Antes de responder, ela esboçou um grande sorriso e bem enigmático. Fiquei confusa e olhei-a inquisitiva.

— Urca. – Ela falou.

Minha boca abriu tanto que parecia que meu queixo tinha deslocado.

— Eu não acredito que você mora na Urca!

— Por que não? — Falou em um tom baixo e suave.

— Eu moro lá há anos. Não é possível que nunca tenhamos nos encontrado!

— Talvez seja por nunca termos nos conhecido formalmente. Você não tinha o que reparar.

— “Peraí”! Você agiu como se soubesse que eu moro lá.

— E eu realmente sabia. As credenciais de sua empresa estão no contrato. Por você ser a dona, seus dados pessoais também estão contidos nele.

Eu estava aturdida.

— Em que rua você mora?

— Na Candido Gaffrée.

Fiquei mais chocada ainda! Eu morava a apenas uma rua da dela, como eu poderia nunca tê-la encontrado? Ela continuava sorrindo e eu emudeci.

— Ei! Não é nada demais, moramos perto. E daí? Uma coincidência. Espero que tenha sido uma coincidência agradável para você.

— Desculpa, mas tô processando isso na minha cabeça ainda. – Falei já ligando o som do carro e no pen drive terminava de tocar Don’t Cha Wanna Ride de Joss Stone (I know where you live/Eu sei onde você mora, I know all ‘bout your crib/Sei tudo sobre seus amigos, But do you know that they can’t give you what I give/Mas você sabe que eles não podem te dar o que eu te dou). Eu olhei de soslaio para ela e ela olhou com os olhos arregalados para mim.

— WoW! Espera aí! Eu não sei tudo sobre você e seus amigos, só sei onde você mora!

Meneei a cabeça com um sorriso cínico e a olhei novamente. Ela me encarou e começamos a rir.

— Está certo, eu admito. Tive curiosidade e no dia seguinte, quando você adoeceu, eu saí da Grasoil e cheguei a parar o carro em frente à sua casa, mas era só preocupação.  — Falou se retratando e eu não pude deixar de abrir mais o meu sorriso.

— Não tinha acontecido nada entre nós, ainda! — Falou alarmada.

Meu riso saiu solto nessa hora, pois, pela primeira vez, a “toda poderosa olhar de falcão” estava se enrolando na tentativa de se explicar. Nunca a tinha visto perder a linha de raciocínio. Ela enrubesceu e meu sorriso se fechou lentamente, na percepção da minha libido despontando ruidosamente. Ela já era magnífica quando estava em toda sua aura de imponência, no entanto envergonhada e desarmada era a coisa mais linda do mundo! Já estávamos passando pelo Aterro do Flamengo e eu me lembrei do filme “Flores Raras”, em que retrata a vida de Lota de Macedo, idealizadora desse belíssimo parque. Olhei para cima e lembrei o que ela imaginou quando quis colocar esses imensos postes de quarenta metros de altura. Ela queria dar a sensação de estarmos vendo a lua em toda sua grandeza.

Sophia reparou para onde meu olhar pousou brevemente, antes de voltar a minha atenção para a pista novamente.

— Reparando na lua?

— Reparando na luz do poste.

— Como eu disse, reparando a lua…

— Você viu o filme?

— Li o livro.

— Ela vacilou.

— Ela era impetuosa, queria ganhar o mundo.

— E nessa, vacilou.

— Ela amou muito.

Fiquei em silêncio. Queria entender exatamente o que ela queria me dizer com isso.

— Mas não cuidou. — Retruquei.



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