Líberiz

Capítulo 19 – Duques Associados

Os dias passaram aparentemente calmos. A recepção havia começado e a princesa, para deixar claro a sua fama de irascível, logo no início, dispensou o protocolo de apresentações. Disse que cumprimentaria a todos e falaria com todos, ao longo da recepção. Superado o desconforto inicial, os grupos foram se formando e as bebidas e comidas passavam entre os convivas, através das bandejas conduzidas pelos serviçais. Um quarteto de liras e gaitas tocava uma agradável música ao fundo.

Cécis acompanhava Fira, circulando entre os grupos ao longo da recepção. Os condes começavam a acreditar que o jeito da princesa se devia mais pelo medo causado por conta do trauma, do que por antipatia e irreverência. Este comportamento havia sido combinado entre a duquesa e ela. Foi a forma de fazer os condes se penalizarem pela situação e, ao mesmo tempo, deixarem que ela se recuperasse em paz, aos cuidados de Lady Líberiz.

Quando Ranaz, filho do duque de Kendara chegou, todos olharam intrigados, inclusive Fira. Cécis se encontrava numa roda, juntamente com a duquesa e o conde Dinamark. Pediu licença para receber o nobre rapaz.

— Com licença. Enviei hoje de manhã um convite para Ranaz Kendara, mas não sabia se daria tempo do recado o alcançar e se ele estaria disposto a vir. Espero que não tenha causado nenhum transtorno.

Se dirigiu a Fira na última frase.

— Claro que não, princesa. O que mais desejamos é a sua recuperação e se o jovem Kendara lhe traz agrado, a nós também.

Respondeu Fira, polidamente, vendo a princesa caminhar alegre, em direção ao rapaz.

 — Vejo que não sabia dessa ação da princesa. – Cochichou Dinamark.

— É, não sabia.

Fira respondeu, deixando transparecer desagrado, para logo depois, desfazer a expressão do rosto e recepcionar o herdeiro de Kendara.

Após Ranaz chegar, a recepção transcorreu normalmente. O jovem era simpático e quem não o conhecia, se agradou dele. Certamente não passou despercebido a interação dele e da princesa, despertando olhares de interesse. Eram observados por todos, furtivamente.

***

A recepção havia terminado tarde e Fira convidou Ranaz a pernoitar, mas ele recusou, dizendo que tinha uma residência de campo em Líberiz e aproveitaria para ficar lá por uns dias.

— O que achou?

Cécis perguntou a Fira, enquanto caminhavam no corredor dos aposentos.

— Vá para o seu quarto que daqui a pouco eu lhe encontro. – Cochichou. – Os corredores não são apropriados para essas conversas.

As duas se despediram, cada uma entrando em seu quarto. Uma hora mais tarde, Fira passou para o quarto da princesa pela porta de ligação oculta.

— Acho que tudo correu bem.

Fira falou assim que passou pelo portal entre a sala intima de jantar e o quarto, chamado a atenção da princesa.

— Estou espantada em como ainda não foi procurar esta passagem. Você é curiosa.

— Sei que ela está na sala íntima de jantar aqui do quarto e entendo que não é uma boa coisa para você se eu souber. A minha curiosidade pode ficar de lado. Não quero que você tenha desconfianças comigo, Fira. Não podemos nos dar a esse luxo.

— Certo.

Olhou Cécis, ainda desconfiada. A princesa não era uma mulher que costumava pensar nestas coisas e Fira sabia disso. Continuou a falar, deixando o assunto de lado.

— Só fiquei cismada com Dinamark. Esperava que ele lhe abordasse, o que não ocorreu.

— Você queria reparar nas reações dele e o que está pensando sobre tudo, Fira?

— Sim. E ele não me deu essa oportunidade. De qualquer forma, saberemos se os boatos a seu respeito e Ranaz vão circular no reino.

— Ranaz me passou discretamente uma mensagem, que li assim que entrei no quarto. Não abriria lá no salão. Leia.

Estendeu o recado e Fira o pegou para ler.

— Hum… Então os duques querem nos encontrar às escondidas… – Fira falou, após ler a mensagem. –  Isso não será fácil, mas arrumaremos um jeito. Vamos dormir e amanhã poderemos ver isso.

O dia havia sido cansativo. O momento da investida se aproximava e as duas estavam tensas. Resolveram se recolher para no dia seguinte pensarem num novo passo.

***

Dois dias se passaram e Fira pediu que Bert comprasse um bom cavalo em alguma fazenda fora da cidadela e ordenou que levasse diretamente para seu estábulo particular. Não podia se arriscar. Se ela pegasse um cavalo qualquer no estabulo do palácio, veriam que ela não retornaria com ele e se ela mesma fosse comprá-lo, todos saberiam que tinha adquirido um cavalo novo. Ficaria exposta. Teve que contar com a discrição de Bert e rezar para que ela fosse tão fiel como acreditava.

— Tinha necessidade disso? Se algo nos acontecer, eu morrerei sem nem saber que morri.

Cécis estava vendada em cima de um cavalo, que era conduzido por Fira. Falava baixo, mas estava revoltada com a situação.

— Shhh. Fique calada.

Repreendeu Fira, sussurrando.

Cécis sentiu que Fira subira no seu cavalo e a puxava num galope lento. A duquesa tomou cuidado para não correr e que a princesa não desequilibrasse sobre a sela. Após um tempo, Fira parou.

— Agora pode tirar a venda e reclamar à vontade.

Lady Líberiz ordenou num tom jocoso.

— Que merda, Fira!

Cécis se desvencilhou do lenço que cobria seus olhos.

— Desculpa, Cécis, mas sabe que não poderia mostrar minha saída particular. Tenho certeza de que você tem a sua em Alcaméria e também não a revelaria para ninguém.

— Eu não tenho nenhuma saída escondida do palácio de Alcaméria. Meu pai tem.

Começaram a cavalgar lado a lado.

— Certamente já descobriu a dele e, também, tenho certeza de que não me mostraria, pois se um dia ocupar o lugar do seu pai, ela se tornaria a sua rota de fuga.

— Tá. Vamos parar com essas discussões sobre desconfianças. Sempre me aborreço.

Fira riu. A princesa poderia se irritar por ela agir assim, mas a duquesa tinha consciência de que Cécis agiria da mesma forma se estivesse em seu lugar.

Cavalgaram pela floresta, numa trilha escura na direção sudeste. Depois de uma hora, chegaram ao destino marcado. Era uma construção rural pequena feita de pedras. Apearam e amarram os cavalos no mourão do curral. Viram outros nove cavalos amarrados. Foram até a entrada e Cécis bateu três vezes, deu um espaço de tempo e bateu mais três vezes. A porta foi aberta e entraram sem esperar os cumprimentos. A porta foi fechada atrás delas.

Fira se espantou, pois além de Louis Gerot, Derek e Ranaz Kendara, estavam presentes os duques Leonard Moritz, Edil Oldegar, Fred Roldão e Edmond Serg e mais duas mulheres que Fira e Cécis não conheciam. A verdade é que as duas estavam atônitas por terem seis duques, além da própria Fira, nesta pequena, no entanto significativa reunião. A duquesa Líberiz se retraiu, desconfiada.

Será que todos estes homens estão realmente aqui para isto? Será que não teremos problemas?

Fira não os conhecia a fundo. Se todos abraçassem a causa, estariam muito bem, mas se houvesse apenas um deles que os traísse, poderiam todos perder seus pescoços. Gerot se adiantou, vendo o distanciamento com que Lady Fira e a princesa Cécis se colocaram.

— Todos sabemos o que passa pelas cabeças de miladys. Queremos conversar e aquietá-las com relação a lealdade. Nós – apontou para todos os presentes – já nos conhecemos há um bom tempo e posso afirmar que estamos há anos insatisfeitos com a gestão do rei Deomaz.

— Você fala gestão para não falar desmando de meu pai, não é mesmo Louis? Não precisa arranjar palavras bonitas para falar dele perto de mim. Não vamos começar essa conversa, escondendo nossos sentimentos em relação ao reinado de Deomaz de Alcaméria, pois se não houver sinceridade entre nós, isto que estamos planejando não funcionará. – Afirmou Cécis.

— Certamente, princesa. Desculpe-me, mas os outros duques também não conhecem vocês muito bem. – Sorriu aberto. – Eu gostaria que se posicionassem, pois a mesma apreensão que vocês têm, meus amigos, aqui, têm igual.

Fira e Cécis se entreolharam e relaxaram um pouco a postura.

— Bom, então, boa noite a todos. Por acaso tem vinho nessa casa, ou teremos que discutir os assuntos à seco?

A princesa perguntou com um tom ameno e um ligeiro sorriso no rosto. Fira balançou a cabeça em negativa, diante da pergunta da princesa. Olhou a expressão divertida no rosto de todos e viu que eles riam, também.

É… ela sabe como reverter uma situação tensa.

— Não falei? Essa mulher é poderosa! – Exclamou Derek Kendara.

— Pai! Se contenha!

Retorquiu o filho Ranaz, levando todos a gargalharem, inclusive as mulheres.

— Pare de travar seu pai, Ranaz. Derek é o mais autêntico de nós. Pelo menos ele expressa o que pensa, sem freios.

Rebateu Fira, sorrindo diante do tom jovial que o duque imprimiu à frase.

— Deixem que eu apresente minha filha, que será um dos suportes nas nossas relações. Esta é Heloise. – Falou Derek.

A mulher mais nova se adiantou, estendendo a mão para Fira e depois para a princesa, dispensando o protocolo. Heloise era uma mulher inteligente e que sempre se atentava para as situações, antes de se colocar. Percebeu que as duas nobres não eram dadas a mesuras desmedidas.

— E esta aqui, é minha filha Dietrich. – Apresentou Leonard Moritz. – Minha filha não se casará para ter um homem no trono do ducado Moritz. Alguém que sequer esteve nas nossas terras antes. Eu amo minha filha e sei que ela ama as terras de nosso ducado. O dia que ela quiser se casar, que assim seja, mas quero que ela herde o ducado legalmente.

Ele olhou para Fira com admiração.

— Sei que você passou por uns “bocados” para assumir, contudo, meus condes são mais aguerridos do que os seus. Já sonham com um casamento entre Dietrich e algum dos seus filhos.

— Prazer. Podem me chamar de Die.

A filha de Moritz era ainda mais nova que Heloise. Devia beirar os dezessete anos.  Era risonha, diferente da filha de Derek. Ambas simpáticas, mas Heloise era reservada, enquanto Dietrich se mostrava mais descontraída.

A jovem Kendara, tinha os olhos azuis do pai e era ruiva como o irmão. O cabelo, provavelmente, herdou da mãe, já que Derek tinha os cabelos loiros, quase brancos. A filha de Leonord Moritz, era preta como o pai. Um rosto forte, os olhos negros e expressivos e, um sorriso aberto, davam um ar alegre a moça, que devia ter saído a pouco da adolescência.

Derek pediu para que Ranaz ajudasse e servir os copos. Provavelmente as horas que teriam durante aquela noite, não seriam suficientes para colocarem todos os pontos em pauta para o andamento do plano.

— Como Heloise fará suporte? – Perguntou Fira.

— Nós todos somos alvos diretos. Para estarmos aqui sem sermos seguidos, nos esgueiramos pela noite, ou articulamos um desses encontros na corte de um dos ducados. – Explicava Gerot. – Heloise e Die não tem estes olhos sobre elas. Na maior parte das vezes, transitam sem problemas e sem que alguém veja por onde caminham.

— Sim, mas se elas começarem a transitar entre os ducados, provavelmente começarão a despertar a atenção de espiões, que todos sabemos que temos em nossas cortes. – Retrucou Fira.

— Certamente. Contudo, se tivermos pessoas externas e de confiança, que não são ligadas diretamente aos nossos governos, poderemos nos comunicar com mais segurança. – Falou, Edil Oldegar.

— Quando nos encontramos com Derek e Gerot, conseguimos definir nossos contatos, mas não sabemos a situação de vocês. Esse é o primeiro ponto da nossa discussão. – Concluiu Edmond Serg.

Fira e Cécis se entreolharam. A princesa não conseguia pensar em ninguém, diante dos anos que passou presa entre intrigas e escapadas da corte. Fira fechou o cenho. Pensara em uma única pessoa, mas sabia que compraria briga com Cécis. Que assim fosse. Depois discutiria com a princesa.

— Tenho uma pessoa que acredito que possa contar, mas terei que sondá-la. O problema será Cécis, que não tem ninguém, e ela contará com o meu apoio. Entretanto, para isso ocorrer as coisas terão que acontecer, enquanto o rei Deomaz não a mande retornar.

— Não podemos desperdiçar tempo.  Não daremos este gosto ao rei. – Comentou Fred Roldão. – Sonde a sua fonte e nos mande recado por Ranaz, que pela intriga que plantamos, poderá visitar a princesa Cécis em Líberiz, ainda esta semana. Assim que soubermos dos desfechos que esta intriga provocou, Ranaz retornará ao ducado de Kendara e Heloise poderá fazer a nossa interseção com vocês, através de seu contato.

Cécis estava muda desde que Fira falara do contato. Ela percebeu a reticência de Fira ao se pronunciar. Tinha quase certeza de quem a duquesa pensara para a empreitada e não gostava da sugestão. Fira a olhou para que ela, a peça principal, desse seu parecer. A contragosto, aceitou os primeiros termos dos muitos que discutiriam naquela noite.

— Eu farei a ponte entre Heloise e os outros ducados. – Concluiu Die, séria.

****

— Eu não quero acreditar que você colocará Divinay como nossa fonte!

Cécis esbravejava em cima de seu cavalo num galope apressado. A madrugada estava alta, quando terminaram a reunião. Elas corriam contra o tempo para chegar ao castelo de Líberiz, antes do nascer do sol. Fira estava ensimesmada, pois sabia que enfrentaria o mal humor de Cécis diante da sugestão. Só tinha um problema na discussão: Ela teria que acordar cedo para enfrentar uma Assembleia com seus condes, enquanto a princesa dormiria placidamente.

— Me dê um nome de sua confiança que abro mão de Divinay. – Respondeu Fira segura.

— Merda, Fira! Ela não é de sua confiança! – Bradou.

— Ela é a pessoa mais próxima de minha confiança, fora dos muros de Líberiz! Com ela posso lidar e sei que o Rélia compraria essa briga, melhor que qualquer um do ducado! Querem melhorar a situação, mesmo que não saibam como. Com ela, posso conversar e podemos chegar a um ponto comum. São leais. Não são presos a nenhum interesse político vinculado a realeza. 

Fira estacou o cavalo e Cécis, que demorou a parar o seu, teve que retornar para ver o que a duquesa pretendia com aquele gesto. Chegou próximo e emparelhou o seu cavalo com o da nobre. Fira passou as mãos pelos cabelos e inspirou, antes de falar, diante da expressão interrogativa da princesa.

— Eu não posso fazer mais do que isso, Cécis!  Eu tenho um ducado com onze condados.  Fui imposta para eles, goela abaixo, por meu pai. Eles sabiam que quando meu pai morresse, eu assumiria, pois o duque Líberiz deixou implícito. Virtus Líberiz só não pôde enfiar leis, cú adentro deles, por conta das primazias do próprio reino.

Fira deixou que seus ombros caíssem, em sinal de cansaço.

— Eu não posso confiar na maioria dos meus condes, embora saiba que alguns me apoiam. Mas se eu contar com qualquer um para essa empreitada, estarei vendendo a minha alma até o final da minha vida. Eu quero governar livre de amarras. Se depender de meus condes, só serei governante pelo fruto que gerar no meu ventre.

Cécis enxergou o comprometimento que Fira fazia com todas estas articulações. E ela? Não estaria vendendo a alma aos seus futuros duques?

— Tudo bem. Eu te entendo. Mas não estará presa ao Rélia e a Divinay de qualquer forma? Eu estarei presa aos ducados que me ajudarem, pela perspectiva que você me aponta.

— Aí é que está a diferença, Cécis. Você não vai passar por isso, porque você será a lei. Esses nobres dos ducados que nos apoiam agora, só não querem que a gestão do reino seja tirana e que os atrapalhem na ordem que tem em seus ducados. Além do que, eles estarão comprometidos num ato de rebelião e traição. Diferente de meus condes, pois quem estará comprometida com a coroa e com você, serei eu e não eles.

Cécis encheu os pulmões de ar, olhando para cima, vislumbrando o negro da noite. Ela tinha uma visão muito diferente. O rei de Alcaméria era um crápula que nunca sentiu como se fosse seu pai, realmente. Acreditava que nunca chegaria a esse ponto, de tramar contra ele. Nunca teve o menor apreço, intimidade ou respeito pelo pai, no entanto, amava a sua terra.

Sempre foi interessada, estudando tudo relacionado a política, história de seu reino e tudo que pudesse conhecer de interessante sobre a vida de seu povo, mas o fazia por si só. O que a impulsionava era um vazio na sua alma. Olhou Fira, entendendo a diferença.

— Então, que os deuses nos ajudem, Fira. Só penso que você não conhece o Rélia de verdade. Não gosto da possibilidade de colocar minha vida na mão de ninguém.

— Colocar a vida na mão de alguém?! – Fira perguntou incrédula. – Com quantas pessoas nos envolvemos hoje, Cécis?

Fira riu instruída. As duas estavam no meio de uma floresta, de madrugada, discutindo em que mãos depositar a confiança. Era patético. Estavam tão emaranhadas e entrelaçadas nas vidas e mãos de tantas pessoas, que aquele embate entre as duas era o menor dos problemas. A princesa fechou os olhos, espremendo-os, e sorriu depois de ouvir a risada da duquesa e constatar o quanto eram ridículos seus questionamentos.

— Para de rir! Não faça me sentir tola.

Falava, enquanto acompanhava a duquesa no riso. Fira foi acalmando. No fundo, o nervosismo a fizera ter o acesso de riso. A verdade é que, quando imaginou o sequestro da princesa, nenhuma dessas situações em que se envolvera, havia sido planejada por ela. Não contava que o rei Deomaz não tivesse qualquer resquício de amor pela filha e nem que desprezasse tanto seus duques.

— Vamos para casa. Estou cansada e tenho reunião com a Assembleia daqui a pouco. – Falou desanimada.

Cécis observou que a expressão do rosto de Fira era de abatimento. Aproximou mais seu cavalo, arrependida por ter iniciado a discussão, afinal, Fira era a pessoa que tinha comprado a briga dela. Tudo bem que se beneficiaria, mas ninguém deu o lombo para bater, antes dela.

Colocou a mão no queixo da duquesa e fitou dentro do verde dos olhos, que àquela hora, iluminados apenas por alguns raios de luar, pareciam mais escuros. Curvou-se sobre a sela e cobriu os lábios de Fira, beijando-lhe suave. Afastou-se.

— Vamos. Estamos próximas do castelo e de você me vendar. Se a gente se adiantar, ainda poderá dormir um pouco e… obrigada.

Virou-se e atiçou o cavalo, sem esperar resposta. Fira se espantou com a reação, mas logo se aprumou e acompanhou o galope da princesa. Ao chegar a uma pequena clareira que antecedia as últimas fileiras de arvores da floresta em direção ao castelo, Fira amarrou o lenço sobre os olhos da princesa, apeou do cavalo.

Caminhou mudando de direção algumas vezes, até pegar a trilha escondida pelas árvores que levava a um túnel esculpido nas rochas. Depois de alguns minutos conduzindo os cavalos pelo túnel, chegou ao estábulo particular. Ajudou a princesa a descer e a conduziu para o quarto e, em seguida, ao quarto dela através da passagem de ligação.

— Pode tirar a venda, Cécis. Chegamos.

— Você realmente esconde essa passagem.

Comentou Cécis ao ver que estava de pé no meio do seu quarto.

— Com toda a certeza.

Sorriu de leve, encaminhando-se para a porta de saída.

— Não. Deixa colocar a venda novamente. Não saia a esta hora do meu quarto pela porta. Se a virem sair daqui os falatórios podem começar. Eu posso me chatear com esses arranjos às vezes, Fira, mas sei que é necessário.

Atou o lenço em volta da cabeça, outra vez, e virou de costas. Com cuidado, Fira se dirigiu até a lareira, que se localizava na antessala do quarto. Correu as mãos sobre a tapeçaria que cobria a parede ao lado e, sentiu a leve depressão no grosso tecido. Apertou com delicadeza, para que a trava não fizesse barulho ao ser acionada.

A olhos nus, quase não se via o encaixe daquela moldura falsa. Apenas olhos bem atentos ou, se alguém realmente procurasse com intenção de achá-lo, conseguiria distinguir a acomodação do caixilho. Passou, fechou a passagem e se viu numa câmara escura.

As paredes de pedras do castelo de Líberiz eram tão grossas que, entre a porta da passagem do quarto de Cécis e a porta de seu quarto, formava um vão, onde facilmente abrigaria duas pessoas. Antes de abrir a passagem para o seu quarto. Fechou com a trava interna a outra porta.

— Que ridículo. Conhecendo Cécis, do jeito agitado e curioso que é, mais cedo ou mais tarde ela vai conseguir descobrir essa moldura.

Balançou a cabeça sorrindo.




Notas:

Oi, pessoal! Como foram de festividades de fim de ano? Espero que bem.

Estou retornando as atividades aqui no site e retomando a história. Infelizmente o fim de ano foi agitado e não consegui postar, mas voltei!!!

Bom, em relação as imagens que coloquei no capítulo, tentei achar algumas que dariam mais ou menos a ideia de como pensei as personagens. A primeira imagem é a da duquesa Fira Líberiz e a segunda da princesa Cécis.

Verei se consigo achar imagens que possam dar uma ideia de como são os outros personagens para ficar mais ilustrativo.

Que 2023 possa nos trazer bons frutos, alegrias, saúde e muita prosperidade!!!




O que achou deste história?

3 Respostas para Capítulo 19 – Duques Associados

  1. Bi,tudo bem?
    Como tem estado nesse comeco de ano?Sua esposa, bem? Por aqui tudo ótimo!!! Nao sei se cheguei a desejar feliz natal e 2023. Desculpa!!! Meu natal n foi bom, mas ano novo foi ótimo!!!
    Amei o capítulo, muito interessante! Chegando tarde, mas compareci!!!
    Agora vamos ver o que vai dar esse plano!!! Eu já sabia quem Fira ia escolher…imaginava que ra Diva!! rs. Será que será leal mesmo? Eu acho que sim pq Fira já mostrou do que é capaz e tb pq tem os mesmos ideais, porém em ela eu confio, no grupo que faz parte..sao outros 500….
    amei as duas imagens!!! Ainda que imagiva Fira diferente rs.
    Beijao

  2. A imagem de duas maravilhosas 😍😍.

    Que bom que voltou!

    Carol, que 2023 seja um ano melhor, de muitas conquistas, sucesso e histórias surpreendentes.
    Um feliz ano novo pra vc e sua família 😘

    • Oi, Blackrose!

      Essa imagem eu salvei há anos no meu note, porque gostei muito. Sempre achei a cara das duas. Eu mudei um pouco a que me lembra a Fira, pois na original ela é branca e para mim a Fira é morena de pele. Só não sou muito boa com photoshop e aí não ficou exatamente como eu imagino. rs
      Brigadão, Blackrose!
      Um beijão e bom fim de semana!

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