Líberiz

Capítulo 21 – A filha da Guarda Pessoal

Ranaz Kendara e Cécis passaram a manhã juntos no jardim e conseguiram alinhavar algumas ações. Cécis conseguiu saber de Ranaz o endereço em que Heloise Kendara ficaria e, a forma como Divinay poderia abordá-la para que a nobre reconhecesse o contato de Líberiz. Ranaz partira antes mesmo do almoço. A verdade é que voltaria para Kendara naquela mesma hora. À tardinha, Cécis perguntou para Bert onde a duquesa estava.

— Na biblioteca do castelo, senhora. Sabe onde fica?

— Sim, mas não quero atrapalhá-la. Deve estar trabalhando.

— Eu até gostaria que milady fosse até lá…

Falou encabulada, pois faria um pedido pessoal a princesa e acreditava ser impertinente.

— … é que Lady Fira, muitas vezes, não se alimenta adequadamente e se milady fosse a biblioteca, me daria a desculpa de levar-lhes um lanche.

Cécis olhou a escudeira e não conseguiu conter o sorriso, mesmo não querendo demonstrar empatia à escudeira.

Sempre se fazendo de forte… sempre se impondo. Por que não deixa que cuidem de você, Fira?

— Então, eu vou.

Falou branda, sem tom de exagero. Depois de se virar para ir em direção à biblioteca, não conseguiu se conter e voltou-se para Bert, piscando para a escudeira. Recebeu um sorriso tímido de volta.

Cécis bateu na porta, esperando um “entre” aborrecido, mas não escutou nada. Bateu novamente e por fim, ouviu a duquesa falar para que entrasse. Colocou a mão na pesada maçaneta e empurrou a porta, ficando com metade do corpo para dentro. Abriu um sorriso, parada no portal de entrada.

Fira estava atrás de uma mesa, cercada de livros e documentos. Olhava um um deles, rodeando uma pena na mão, com um grande livro aberto em frente. Vez ou outra, voltava-se para o livro e anotava algo.

A duquesa de Líberiz estava tão concentrada nos apontamentos e leituras, que não percebeu a princesa observando, ainda parada sob o portal. Cécis contemplou a visão daquela mulher de cabelos castanhos e olhos verdes. Baixou a cabeça, suspirando, pelo alegre que seu coração acalorava, toda vez que admirava aquela mulher.

— Posso entrar?

Por fim, a princesa perguntou. Fira virou o rosto e focou na mulher parada à porta. Estava tão entretida em suas funções, que quase se perdeu. Como ela me faz bem! Deixou que o pensamento saísse sem freios, no momento que viu a figura da princesa de pé, chamando a sua atenção. Se chocou por ter admirado a princesa com os pensamentos tão soltos.

— Pode, claro!

Se aprumou, lançando um sorriso a esmo. Não deixaria que sua reação, transparecesse e denunciasse a distração, mas não conseguiu travar a avalanche de emoções. Fira não sabia se era pelo encurtar do tempo que teriam juntas. O fato é que viu a princesa como alguém que não queria perder, ou que não queria que estivesse longe.

— Pedi a Bert para trazer um lanche. Estou faminta e quero contar o que conversei com Ranaz e, também, que me contasse seu dia.

Caminhou até a mesa, parando na borda.

— Às vezes gostaria que tudo a minha volta sumisse. – Confessou. – Queria andar como se fosse livre e pudesse escolher o meu destino, sem precisar pensar a cada passo que dou.

Fira a escutava falar, ainda sentada à mesa. Olhava-a de pé, observando a timidez em suas expressões. Não via seu rosto completamente, pois a princesa baixara a cabeça, mas a verdade é que não precisava. Fechou os olhos, sentindo as palavras repercutirem em si.

Pelos céus! Como quero ter essa mulher, aqui…

Os pensamentos de Fira continuavam a brotar, sem que tivesse controle. Tomou um alento. Não queria cortar aquele momento de estranha intimidade. Abriu os olhos e estendeu-lhe a mão.

— Vem. Senta aqui comigo.

Levantou-se e caminhou, sentindo o calor morno da mão da princesa em contato com a dela. Conduziu-a para o sofá no canto da biblioteca, ladeado por dois enormes castiçais, tendo à frente uma mesa de centro. Bateram à porta. Elas se olharam e riram, sem graça.

— Esse é o momento em que a gente volta a realidade e fica sem graça uma com a outra?

Cécis riu, cínica, mas trazia no rosto um rubor desconcertado.

— Esse é o momento em que falo: “Entre”. Bert coloca tudo aqui e eu a olho, severa, para que saia correndo.

Devolveu o sorriso, igualmente vexado.

— Entre.

Falou Fira sem qualquer contrariedade, desmentindo o que acabara de falar. Bert equilibrava uma grande bandeja com iguarias, talheres, copos e uma jarra de sidra. Deixou tudo arrumado na mesinha que estava de frente para elas.

— Obrigada, Bert. Está dispensada. Pode ir para casa que hoje jantaremos na sala real.

— Não quer que eu verifique os alimentos?

— Não precisa. Eu mesma descerei às cozinhas. Preciso inspecionar como tudo anda por lá.

— Como queira, milady.

Bert fez uma reverencia, mas não deixou de olhar para a princesa, discretamente, em sinal de agradecimento. Depois que a porta se fechou, Fira se virou risonha para Cécis.

— Não acredito que você se associou a Bert para que eu lanchasse a tarde. – Falou, jocosa.

— Me pareceu uma boa forma de entrar aqui e poder falar com você. – Riu.

— Uma boa forma de me distrair dessas coisas chatas que tenho que fazer, eu penso. – Devolveu o riso. – Cécis… – começou a falar séria. – O que fizemos hoje, não tem mais volta. Lançamos tudo ao vento.

— Eu sei. – Suspirou. – O problema é que não me sinto melhor, pensando se tudo der certo. Se der errado, minha vida não durará muito, e se der certo, minha vida não será um mar calmo e maravilhoso de se navegar. Eu queria uma vida simples, Fira. Uma vida da qual eu pudesse ter mando sobre ela.

— Olhe para mim.

 Fira segurou a mão da princesa, firme, e se voltou no sofá em direção a ela.

— Eu não conheço outra vida. Esta é a que eu tenho.

Fez um gesto com a mão, mostrando os vários documentos sobre a mesa de trabalho

— É a vida que aprendi a lidar. Eu não sei como os camponeses vivem, intrinsecamente. Só sei o que posso fazer no meu governo, para que tenham uma vida melhor e que possam prosperar. No meu conceito, se eles prosperam, eu prospero. No que aprendi, se eu sou justa, quero justiça para mim e vice-versa. Pense que você nunca viveu com dificuldades, embora almeje liberdade.

— Você quer me convencer de que se eu for a soberana de Alcaméria terei liberdade? – Cécis riu sem ânimo. – Difícil acreditar, Fira. Eu convivi na corte desde que nasci. Sei o pago que é. Meu pai, com toda a bravata, é um escravo do trono.

— Ele é um escravo, porque plantou a própria escravidão. Seu pai nunca almejou essa liberdade que você quer. Ele é um homem livre, na visão dele, pois vive por sua própria conduta, mesmo que para isso, venda a alma à demônios. O conceito de liberdade que você tem, não é a mesma que ele leva para ele. São anseios bem diferentes dos seus.

A princesa fitou Lady Líberiz, por segundos. Estendeu a mão e tocou seu rosto. Sabia que em breve não estariam mais juntas e estranhamente, aquilo lhe causava opressão. Fira deixou-se sentir nos toques ternos das mãos de Cécis. Aquela mão tão forte, por vezes, poderia ser tão carinhosa.

— Tudo foi a contento com Dinamark?

A princesa perguntou, dissolvendo o momento das duas. Era como se não quisesse deixar que os sentimentos por Fira se enfronhassem, mais ainda, dentro dela. Uma carapaça de proteção.

— Sim.

Fira, respondeu firme, não querendo deixar aparecer o incomodo que começava a abalar suas certezas também. Não importava para quais lados olhasse, a duquesa não conseguia achar um jeito de mudar a realidade das duas. Começava a sofrer por antecipação e isto não era bom. Como se algo lhe dissesse que nada do que fizesse adiantasse para qualquer coisa.

Viu Cécis se aproximar e queria rechaçar o beijo que antevia, mas não conseguiu. Deixou que os lábios da princesa tocassem os seus, saboreando o prazer e a dor daquele momento. Apreciou o beijo, serenamente. Tragou os ofegos e os dela foram tragados pela princesa. Doaram-se, para novamente, voltarem a angústia. Sentiram os corações descompassados e acariciaram os cabelos, uma da outra. E no desespero de emoções, agoniaram-se de seus destinos.

 Fira afastou a princesa e se levantou de súbito, deixando Cécis atônita. Olhou-a com apuro e por fim, falou. 

— Você quer continuar com isso? Eu não aguento mais Cécis! Nós temos dois caminhos. Um muito ruim e um pior. Qual você quer trilhar? Me diga que eu… eu sigo pelo que você decidir. – Falou derrotada.

Cécis sabia do que a duquesa falava. Elas poderiam desistir de tudo, e continuar com os jogos com o rei, seu pai. Apreciariam os momentos, enquanto estivessem juntas e, certamente, depois de um tempo, voltaria para Alcaméria e casaria com alguém.

Se acaso se impusesse negativamente, poderia morrer segundo a vontade do rei Deomaz. Entretanto, se seguissem o que planejaram, teria a oportunidade de ser uma verdadeira regente e Lady Líberiz seria sua súdita, governando um ducado. Nenhuma das ideias lhe agradava. Estariam separadas do mesmo jeito.

Levantou-se, igualmente derrotada. Naquele dia, a princesa e a duquesa confessaram implicitamente um sentimento, que não conseguiam definir.  

— Vamos seguir o plano.

Decretou Cécis, saindo da sala e ganhando o corredor até o quarto.

Um dia depois, próximo ao anoitecer, Cécis estava enfurnada em seu quarto. Não saíra mais, desde o dia anterior.  Recebeu a notícia de que Pátiz retornaria para fazer sua segurança. A princesa teria que falar com Lady Fira. Teriam que ter uma estratégia para enrolar a guarda pessoal. Seu espírito estava em sofrimento, mas não poderia deixar de falar com a duquesa.

A princesa mandou chamar Bert e pediu para que ela marcasse uma audiência com Fira. Não soube dos passos que a duquesa tomou durante aquele dia. Bert retornou em menos de um minuto ao quarto, para dizer-lhe que a duquesa a receberia de pronto em sua sala particular. Se dirigiu à porta ao lado, bateu e escutou a voz de Fira, causando-lhe um estremecimento. O estômago estava contraído e sentia um frio por dentro. Entrou.

Fira trajava um uniforme, que parecia ser de treinamento. Estava suada e o rosto ligeiramente afogueado.  Os cabelos castanhos, presos num rabo de cavalo, deixavam o rosto de Fira exposto, mostrando um semblante sério. Fios soltos da presilha, colavam na face morena, por conta do suor que brotava. Cécis fechou os olhos, por alguns instantes.

Pelos Deuses! Eu tenho que ter forças!

Abriu os olhos e a encarou, se aprumando.

— Temos um problema.  – Falou sem alarme.

Fira reparou na postura da princesa. Cécis estava com a bata para fora da calça e a roupa estava amarrotada. A duquesa sabia que a princesa não tinha deixado o quarto, o dia inteiro. Tinha olheiras e provavelmente não dormira, assim como a própria duquesa. Tentou espanar a preocupação, que tinha sobre o estado de Cécis.

— Que problemas?

Cécis lhe contou sobre Pátiz ter encontrado a filha, levando a guarda pessoal enviar uma mensagem, informando que retornaria para suas funções. Fira parecia não se assustar com a notícia. Passou a mão pelos cabelos e suspirou.

— Provavelmente a culpa disso é minha. – Falou cansada. – Quando você me abordou àquele dia, achei estranho o que aconteceu com Pátiz. Mandei que meu comandante enviasse homens para investigar o sumiço da garota.

— Eu me lembro disso.

 — Falei para ele que era uma missão discreta, mas agora vejo que foi um erro.

— Por que um erro?

— Um erro porque vamos arcar com as consequências disso. Porque não achava que eles fossem encontrar a menina. As coisas aconteceram muito rápido. Não tive tempo e nem me lembrei de lhe falar. Não era algo de suma importância, mas o fato é que meus homens encontraram a garota ontem, bem cedo. Só soube do ocorrido à noite.

— Bem, eu me alegro que a garota esteja viva. Pelo menos uma notícia boa.

— Será? – Fira perguntou, preocupada. – Meus homens acharam a garota em uma cabana nos arredores de Alcaméria. Estava suja e maltratada, mas não foi violada ou surrada. Não foi um rapto de alguém que quisesse desfrutar da menina ou qualquer coisa parecida com isso. Quando inquiriram a velha mulher, que tomava conta do cativeiro, ela apenas falou que pagaram para que ela vigiasse a garota. O que acha disso?

Cécis inspirou com força e exalou todo o ar. As coisas nunca deixavam de se agitar e parecia que ela nunca teria sossego, enquanto vivesse.

— Que devo confiar em Pátiz. Essa é a conclusão que chego. Alguém queria tirá-la do caminho.

Fira sorriu, não pela situação, mas pelo jeito de Cécis pensar os movimentos das coisas.

— Que alguém queria tirá-la do caminho é certo. Isso me preocupa, pois quem fez, devia querer atentar contra você, aqui em Líberiz. Contudo, não acredite tão rápido em lealdade, minha cara amiga. Creio que ela seja leal, mas a quem?

— Como assim, a quem?

— Muitos soldados são leiais, no entanto não enxergam nenhuma ação política. Se você fala que é a função deles proteger a princesa, executarão com presteza, até a morte. Agora me diga; se acaso falar que está indo de encontro a coroa, ela lhe apoiaria?

— Não sei.

— Ela pode ser uma mulher ética na conduta de lhe proteger, porque é a função dela, mas ela é um soldado da coroa.

— Então voltamos ao problema. O que faremos?

— Quando a notícia me chegou, enviei uma mensagem para que eles falassem que eram soldados de Líberiz e que, foram enviados para ajudar a um pedido seu, feito diretamente a mim. Não sei se a mensagem chegou a tempo. Isso você que terá que averiguar com ela.

— Bom, se a mensagem não chegou, suponho que eu deva dar essa informação para ela. É uma boa estratégia. Será que ela tem mais lealdade à coroa do que alguém que a ajude a salvar quem ela ama?

— Veremos.

Fira estava mais calma. A presença da princesa, trouxe de volta um sentimento de segurança. A aparência desleixada de Cécis, apontou para o fato da herdeira do trono ter passado pela mesma angustia que ela.

— Vem.

Estendeu a mão para a princesa.

— O quê?

— Tenho água quente na minha banheira. Pedi para encherem ainda a pouco. Acho que você ainda não se banhou.

Falou irônica, olhando as roupas desarrumadas da princesa.

— Eu preciso de um banho e acredito que você não acharia ruim uma água quente.

Cécis pensou que se fosse em frente, talvez não resistisse ao apelo de ter Fira dentro de seus braços. E como ela ficaria depois?

Aos infernos como ficarei depois!

A princesa segurou a mão e deixou-se conduzir para dentro do quarto da duquesa. Fira caminhou até a sala de banho, sem dizer uma palavra. A banheira feita em mármore não era muito grande, mas dava para acomodar duas pessoas, confortavelmente. A noite fria e a água quente, era um convite ao relaxamento.

Fira destapou um pequeno vidro cor âmbar e começou a gotejar um líquido na água.  Um perfume rescendeu no ar e Cécis conseguiu definir de onde conhecia aquele cheiro. Ela sempre achou o perfume da pele de Fira agradável e lhe excitava enormemente. Fechou os olhos, apreciando aquele aroma.

A princesa tinha consciência de que o convite de Fira era para que elas se amassem e ela aceitou. Amaria sem pensar em nada mais. Abraçou-a por trás, envolvendo a cintura de Fira, enquanto ela terminava de colocar a essência na água.

— Agora sei o seu segredo.

Fira a olhou por cima do ombro, sorrindo e elevando uma de suas sobrancelhas, inquisitiva, enquanto tapava no vidro.

— E que segredo seria esse?

— Do porquê sua pele é tão gostosa. Adoro seu perfume. – Riu.

— Se acha que minha pele é gostosa só por conta dessa essência, devia ter me perguntado antes. Eu não esconderia de você.

Falou, girando entre os braços de Cécis, abraçando-a de frente e roubando um beijo. Sorriu por ver que havia pegado a princesa desprevenida. Cécis emitiu um som manhoso.

— Eu não acho sua pele gostosa só por conta do perfume, mas tenho que admitir que ele me deixa doida de vontade de beijar você toda.

Fira roubou outro beijo e se desvencilhou do abraço. Começou a tirar a roupa para entrar no banho.

— Vamos tomar esse banho, antes que a água esfrie.

— Do jeito que ela está quente, é mais fácil a gente cozinhar dentro dela. Mandou colocar água fervente aí dentro?

Cécis fez a brincadeira, desfazendo-se de suas roupas também. Fira gargalhou. Ela tomava banho frio no calor, mas odiava água morna. Adorava pedir água muito quente nas noites frias. Às vezes ficava dentro da água, algum tempo, só para sentir seus músculos relaxando das tensões do dia.

— Não reclame. Aposto que você não pede água quente, porque não tem paciência de esperar que aqueçam. – Sorriu.

— Hum?! Por que acha isso?

As duas entraram na água, descendo aos poucos para se acostumarem com a temperatura elevada.

— Porque você é agitada. Algumas vezes até impaciente.

— Você está me acusando de ser apressada e impulsiva?

Perguntou Cécis, indignada.

— Sim.

Fira respondeu, gargalhando ao ver o jeito aborrecido da princesa.

— Não é que faça isso com tudo. Já tive o grande prazer de ver que em algumas horas você pode ser deliciosamente, serena.  Mas na maior parte do tempo você é impaciente.

Fira pegou o sabão de banho e começou a esfregar na mão, reparando que o que falara, deixou a princesa amuada. Às vezes ela se divertia com o jeito juvenil da herdeira do trono encarar as coisas, ao mesmo tempo que a atraía. Elas tinham quase a mesma idade, no entanto,  parecia que a educação que o pai lhe dera, fez com que se transformasse numa mulher comedida, ao contrário de Cécis.  

— Isso quer dizer que você desaprova meu jeito?

Cécis perguntou num tom de aborrecimento.

— Isso quer dizer que pode se encrencar com as ações que toma, vez ou outra. Não é uma crítica do que gosto ou não. Eu só digo isso porque você pode se machucar, algumas vezes, com essa atitude. Na verdade, é uma das coisas que me atrai em você, mas isso não quer dizer que não me preocupe.

Fira chegou mais perto de Cécis e começou a ensaboar o corpo, num carinho zeloso, desfazendo o semblante mal-humorado da princesa.

— Às vezes, sou comedida até demais, deixando oportunidades passarem. E você é impulsiva. Acho que existe um equilíbrio nisso, não acha?

Fira encaixara o corpo nas costas da princesa e lavava o cabelo dela, apreciando o prazer de tocá-los. A textura deles fazia com que a sensibilidade do tato, conectasse a algo dentro de Lady Líberiz difícil de descrever.

Aprazível.

 Pensou, enquanto procurava entender por que, nesses momentos tranquilos com Cécis, sentia-se tão bem.

Despois que se ocupou nos cuidados ao corpo da princesa, Cécis virou de frente para ela, com um leve sorriso no rosto. Pegou o sabão perfumado das mãos da duquesa e retribuiu afavelmente o gesto de Fira, se ocupando dela. Em dado momento, as mãos deixaram de lavar o corpo para acariciar a pele.

Trocaram de posições, assim como a duquesa fizera momentos antes, Cécis se encaixou no corpo de Fira. Seguiu com as mãos para frente do corpo de Lady Líberiz, tateando delicada os seios, cujos bicos se enrugavam ao toque dos dedos e ao calor da água.

Fira descansou seu corpo no dorso da princesa, para apreciar a suave carícia. Exalou o ar dos pulmões e tomou novo alento, quando sentiu uma das mãos descerem e acariciarem o ventre. Os lábios da princesa depositaram beijos no pescoço desnudo e Fira deitou a cabeça de lado, para sentir os toques da boca morna sobre a pele. Ela gemeu quando percebeu que dedos se emaranharam em suas dobras, num afago lento. Cécis saboreou o momento, sentindo o clitóris de Fira enrijecer.

— É tão gostoso te ver se entregando assim…

A princesa sussurrou, colada ao rosto moreno, intensificando o movimento. Viu a duquesa afastar mais as pernas, gemer e tentar empurrar a pelve para cima, de encontro a mão habilidosa. Cécis fechou os olhos, brevemente, para apreciar a entrega. Friccionou mais forte. Sabia que a água suavizava a intensidade. Segurou entre os dedos da outra mão, um dos mamilos e o apertou. Escutou um lamento de prazer e sentiu as unhas da amante se aferrarem em suas coxas.

 Fira começou a arfar, tentando mover a pelve, descontrolada. A princesa passou um dos braços em volta da cintura da nobre, colando-a mais a ao corpo e apertou o dedo sobre o bulbo, roçando mais rápido, levando Fira ao ápice. Ela gritou, estremeceu e gozou prazerosamente.

— Isss! Que delícia, Fira!

Cécis falou excitada, aconchegando a duquesa em seus braços. Pousou dois dedos no queixo, virando o rosto de lado para beijá-la. Lady Líberiz recebia a língua calorosa em sua boca embalada por sensações desconhecidas. Virou de frente, sem interromper o contato e se acomodou no colo da princesa. Entrelaçou a sua língua com a dela e lentamente saboreou o gosto do momento. Cessou o beijo e a fitou.

— Eu quero você na minha cama, agora!

A nobre falou ofegante e a urgência de suas palavras causaram um tremor na princesa. A duquesa saiu da banheira se enxugando o mais rápido que pôde e viu que a princesa a acompanhava.  Deitou-se na cama e pediu que a princesa viesse por cima dela. Elevou um dos joelhos, acomodando uma das coxa entre as de Cécis, sentindo a intimidade em contato com a sua pele. Beijou-a e levou a mão até as dobras da princesa, procurando com os dedos e com urgência, a entrada do sexo. A princesa sentiu a necessidade de Fira. Segurou a mão dela, deixando seu corpo cair completamente sobre a duquesa, impedindo a ação. Suspirou.

— Fira, eu sei que me quer desta forma, há muito tempo. Que gostaria do prazer de me ter, mas eu não… eu não me sinto bem desse jeito. Eu não… É desconfortável para mim, entende?

Fira a fitou confusa. Realmente queria sentir a princesa por dentro, na plenitude do ato. Tentava compreender as palavras de sua amante.

O que aconteceu para que seja algo ruim para você?

A duquesa lembrou das inúmeras vezes que Cécis evitou essa consumação. Viu a expressão envergonhada do rosto da princesa e imaginou que algo desagradável já tivesse se passado com a herdeira do trono. Não queria vê-la humilhada. Beijou-a suavemente e acariciou a pele sedosa de suas costas, deixando que o contato de seus corpos, pudessem serenar as apreensões da amante. Fira pode sentir que Cécis aquietava e logo após, retomava ao estado de excitação, deixando-se levar pelas carícias.

A duquesa virou, deitando-se de lado, fazendo a princesa a acompanhar. Parou o beijo e sorriu suavemente, sendo retribuída. Voltou a acariciá-la, depositando beijos ao longo do corpo. Quando chegou ao ventre, virou seu corpo na cama, oferecendo o seu sexo para a princesa, enquanto passeava com a língua sobre a intimidade dela. Pensou em quão prazeroso seria derramar seu deleite nos lábios da princesa, ao mesmo tempo que sorvia o dela.

Cécis aceitou a posição de bom grado, aliás, ter Fira entre as coxas, enquanto devorava o sexo pulsante, seria maravilhoso. Resvalou a língua ao longo da fenda da duquesa, sentindo a língua de Fira brincar com seu clitóris. A fome regressou com uma força descomunal.

Estocou com a ponta da língua no bulbo de nervos, sentindo o mesmo ser feito. Por vezes, perdia o ritmo, diante da excitação que sentia crescer. Se concentrou para dar o mesmo prazer a duquesa, e quando não conseguiu mais suportar, abarcou o clitóris da outra com a boca, sugando e tremendo pela descarga que chegou. Os dois corpos vibraram no êxtase.



Notas:

Bom sábado a tod@s!

Planos em andamento e um capítulo cheio de amor!

Beijão!




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6 Respostas para Capítulo 21 – A filha da Guarda Pessoal

  1. oie ,Carol!! Tudo bem??
    Sumi, eu sei! mas voltei!!
    adorei o capítulo!!
    o que será que passou com Cécis para se sentir desconfortável com certo ato na hora do sexo ou é só que n gosta?!
    o cerco tá fechando….e elas completamente enamoradas!!
    beijos pra vc e sua esposa!!

  2. E eu adorei esse capítulo cheio de amor!

    Beijo Carol.
    Sumi devido a loucuras da vida mais ‘vortei’.
    Estava com saudades.

  3. Sentindo que esse momento amorzinho das duas tá sendo finalizado, pois a tempestade está chegando na velocidade da luz.
    Fira, minha linda duquesa, nossa Cécis ainda é intocável, pra ser mais clara virgem, está se guardando pra vc qndo se casarem, quer casar pura 😅.

    Bjs Carol, como sempre ótimo capítulo

    • Oi, Blackrose!
      Como foi de Carnaval? Caiu na folia?
      Você tem razão. O tempo de calmaria das duas e do amorzinho está acabando. rs O mundão de Alcaméria vai as engolir. Um spoiler de nada. rs Quanto a pureza da Cécis… Bem, se ela é pura eu sou santa. kkkk Mesmo se for virgem, já aproveitou muito a vida! kkkkkk
      Beijão, Blackrose! Boa semana pra você!

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