Líberiz

Capítulo 30 – A Nova Geração

A festividade estava em pleno andamento e Cécis passava pelos grupos de convivas agarrada à irmã, dispensando sorrisos a todos.  Chegaram ao jardim interno do salão com a princesa praticamente arrastando a rainha e irmã. 

— Que raios, Dólias! O que aconteceu com você? Sempre foi mais balizada do que eu! Por que bebeu assim? Percebeu que está chocando todo mundo?! 

Cécis não parava de falar.

— E por que eu não posso? Você sempre fez isso e ainda se achava no direito!

— Em outras épocas!

Cécis se virou de costas, enquanto a irmã se sentava em um banco de pedras. 

— Hoje você tem o poder para melhorar as coisas, mas não dessa forma! Há meses vem me falando que preciso ter paciência e…

— Estou grávida…

— … O quê? 

Cécis se voltou para a irmã de chofre. Queria ter certeza do que havia escutado. 

— Estou grávida e só me caso com Ranaz em vinte dias! – Falou com os olhos marejados. – Quando a criança nascer, teremos apenas seis meses e meio de casados! Que merda, Cécis! Eu não quero fazer nada para tirar essa criança, pois amo Ranaz e quero ter filhos com ele. Essa coisa de ser rainha é uma merda! Vão falar que sou tresloucada, libertina e que não sirvo para representar Alcaméria!

Cécis a olhou com ternura. Teria um sobrinho. Talvez pudesse ter uma família de verdade finalmente. Ela participaria da vida de seu sobrinho ou sobrinha, como sempre desejou.

— E por que está bebendo se está grávida? Aí é que não poderia beber mesmo!

Embora as palavras fossem duras, Cécis falava com candura.

— Vão falar que eu sou uma vadia, Cécis! Será que não entende isso?

— Não vão, não. Eu não vou deixar.

Sentou-se ao lado da irmã, segurando suas mãos, sorrindo. Estava segura e transmitia a Dólias, não somente a segurança, como a sua alegria. 

— Uma coisa que aprendi com Fira é que não importa o que falam ou o que acham que sabem. Importa o que é certo. Se as pessoas vivem de aparências, e isso é importante para quem governa, dê para elas as aparências que querem ver. Mas vamos fazer o que é certo.

— Como?

— Case-se com Ranaz. É isso que quer, não é? 

— Sim! Mas não quero tirar meu bebê só porque poderei ter outros e este veio na hora errada. Quero este!

Dólias estava com um mês e meio de gravidez. 

— Então tenha a criança. Não se prive. – Suspirou, apertando a mão da irmã. – Eu estarei com você. A gente acha uma forma disso acontecer. Acredita em mim? – Perguntou instruída, fazendo a irmã relaxar.

— Desculpa, Cécis, mas acho que não estava preparada para ser rainha. Eu odiava o que nosso pai fazia e, às vezes, me compadecia de você, só que eu fazia o jogo, entende? Nunca pensei em ser rainha, embora soubesse como as coisas aconteciam…

— Estarei sempre com você, minha irmã. Acredita?

A princesa perguntou mais uma vez para a irmã. Embora soubesse que as preocupações de Dólias fossem legítimas, não deixaria que algo tão bom e bonito fosse negado a ela por conta de convenções esdrúxulas.

— Tá.

Olhou Cécis com lágrimas de felicidade, descendo pela face. 

– Acredito sim.   

— Tudo bem.

Cécis inspirou e deixou o ar escapar.

— Vamos passar o dia de hoje, e pensaremos amanhã sobre isso. – Sorriu. – Vamos resolver.

— Certo.

A rainha devolveu o sorriso, confortada. 

***

A recepção continuava e elas haviam retornado. O que houve, anteriormente, havia se dissipado diante da euforia e das distrações do sarau. Cécis pediu para que o senescal chamasse a atenção dos convivas e este, prontamente se ateve a sua função. Bateu três vezes com o cetro e as pessoas olharam em sua direção.     

— A princesa Cécis de Alcaméria solicita a atenção de todos!

O senescal se retirou após o pronunciamento e as atenções se voltaram para a princesa, que estava postada em frente ao tablado real do salão do ducado. 

— É de conhecimento de todos o meu apreço pela duquesa deste ducado. Lady Fira Líberiz me deu apoio, quando eu não tinha mais esperanças para uma vida de alegrias. Meu pai me imputava uma vida de reclusão, contrária a tudo que sempre acreditei. Hoje, Alcaméria prospera com o auxílio de uma mulher inteligente e que não se furta em ajudar na menor dificuldade que o reino apresenta. Por estas características e por outras mais pessoais das quais tive a oportunidade de ver ao longo destes últimos meses, – virou-se para Fira e a encarou – peço que a duquesa considere meu pedido de casamento diante da corte. 

A princesa de Alcaméria, abriu uma pequena caixa em madeira, com desenhos primorosamente entalhados, estendendo em direção à nobre.

Deuses! Essa mulher ainda me matará fulminada diante de todos! Não podia me contar o que faria?

Todos olharam para a duquesa em expectativa. Algumas pessoas estavam risonhas por ver a reação estática da nobre, outras apenas espantadas com a ação da princesa e ainda existiam aqueles que ficaram horrorizados com o que poderia ocorrer, se acaso a duquesa aceitasse. O fato era que a maioria torcia por uma resposta positiva, gostando ou não do enlace da duquesa com uma mulher. 

O que aconteceria ao ducado se Fira Líberiz recusasse? Mal sabiam que em caso de recusa, nada aconteceria, contudo se ela aceitasse, o ducado seria governado por uma mulher feliz. Fira pestanejou, acordando dos próprios questionamentos. Se aproximou e estendeu a mão direita, para que Cécis colocasse o anel de compromisso.

— Eu aceito. A princesa Cécis de Alcaméria me faz muito feliz com seu pedido. – Declarou firme.

 Fira encarou Cécis intensamente, para que não houvesse dúvidas por parte da princesa no que falaria a seguir. Embora intuísse que a princesa havia montado aquele circo para que a sociedade não a condenasse, queria que sua futura esposa tivesse certeza de que não se casaria por uma questão política. 

— Aprendi a amá-la ao longo de nossa convivência. O respeito, amor e carinho que tens por mim, nenhuma outra pessoa jamais demonstrou sentir, como o fez vossa alteza. Serei sua companheira, mulher e amiga. Terei filhos de meu ventre, concebidos nos festivais, sob as fogueiras em agradecimento a grande Deusa da fertilidade, se acaso vossa alteza quiser e consentir. 

 Fira fez referência à cultura que ela ainda reverenciava, num chamativo ao que o povo acreditava, mas a nobreza havia deixado de lado. Continuou seu discurso. 

— Assumirei filhos de seu ventre, concebidos nas fogueiras, amando-os, como meus. Se isto não for do consenso de ambas, adotaremos e os amaremos como se fossem nossos. Hoje, princesa Cécis de Alcaméria, me faz a mulher mais feliz do reino! 

Terminou a declaração, recebendo um enorme sorriso da princesa, que se adiantou para colocar o anel de ouro branco e brilhantes, no dedo da duquesa. 

Alguns convivas se alegraram muito. Outros se contrariaram e mais alguns se tranquilizaram, pelo ducado ter feito seu papel político de bom convívio com a realeza.

Foram rodeadas de pessoas que as parabenizavam, muitas com alegria e outras poucas contrariadas. Entretanto, não deixariam que a revolta as denunciasse, escondidas por detrás de sorrisos cínicos.  

— Dólias.

Cécis chamou a irmã discretamente.

— Fala. – Sussurrou a rainha – Você deixou Fira com a ponta de um punhal no peito. A mulher não podia negar diante de todo mundo.

Emendou na frase, antes de Cécis falar qualquer coisa.

— Essa era minha intenção. – Sorriu. – Mas não é isso que quero te falar. Já sei como vai explicar sobre meu sobrinho…

— … meu filho, você quer dizer.

— Não retruca e escuta. Você e Ranaz resolveram retomar a cultura do nosso povo. Há três meses se deitaram nas fogueiras de plantio, reverenciaram a “Deusa”, reavendo nossa tradição.

Dólias a olhou. Há três gerações que nobres não se deitavam sob as fogueiras, mas não criticava ou desgostava das tradições do povo. Sorriu.

— Já falei que você é um gênio! – Falou mais alto do que queria.

— Shhhh. Fala baixo.

Cécis ralhou com a irmã, sorrindo, tentando disfarçar para a corte. 

— Não fui eu. Agradeça à Fira que tocou nesse assunto, quando aceitou meu pedido ainda há pouco. Há mais ou menos três meses que o povo acendeu as fogueiras.

Dólias a fitou agradecida. Os olhos estavam marejados, mas felizes.

— Obrigada, irmã.

— Agradeça quando articularmos uma forma desses imbecis aceitarem esse arranjo. Particularmente, acho que não vai ser difícil. – Sorriu.

***

Fira convidara alguns nobres a pernoitar no castelo. A rainha Dólias recusou, seguindo para a casa de campo de Kendara, dando a oportunidade de Cécis dormir no antigo quarto. Estavam cansadas e se despediram formalmente, pois naquele dia, a duquesa deixou uma guarda ostensiva em todas as áreas do castelo. Era dia de festa e muitos nobres estariam por ali. Ela não quis vacilar com a segurança, apesar da paz aparentemente reinar no ducado.

A duquesa estava agitada, contudo o cansaço do dia, físico e emocional, venceu a batalha. Resvalou para o sono. Em dado momento, acordou assustada com um barulho, vindo de perto da porta da antessala. Sempre teve sono leve, pelas constantes ameaças à sua vida. Pegou a adaga debaixo do travesseiro e se colocou de pé. “Merda! Por que não consigo dormir com nenhuma lamparina acesa?” Maldizia-se, por odiar claridade quando dormia. O quarto estava mergulhado na mais profunda escuridão.

Colocou-se ao lado da cama, esperando. Sentiu um corpo se aproximar, debruçando sobre o colchão. Reagiu, segurando a pessoa e levando a adaga até o pescoço do possível agressor.

— Merda, Fira! Afasta essa coisa para lá! Quer me matar antes mesmo do casamento?

— O que está fazendo aqui? Pelos Deuses, Cécis! Me assustou como o inferno! Eu quase te matei, mulher!

Fira retirou a adaga da garganta de Cécis. Caminhou, tateando, para pegar suas pederneiras em cima da mesa. Bateu de leve, causando faíscas que acenderam uma lamparina a óleo, iluminando parcialmente o ambiente.

— Desde quando sabe onde é a passagem?

Perguntou ainda irritada pelo susto que levou.

— Desde a segunda semana de estadia aqui, talvez… Não lembro direito. – Deu de ombros. – Só nunca passei por ela, porque sempre encontrava fechada. 

— Estive lá no quarto há três dias – A duquesa explicou, suspirando. – Esqueci de travar na volta.

— Que bom! – Cécis respondeu risonha. – Melhor do que aquela porcaria de passagem do meu quarto em Alcaméria. Você tem uma verdadeira porta ali. 

Fira balançou a cabeça em negativa, rindo do jeito de Cécis. Ela parecia uma criança travessa, quando tinha aquele tipo de atitude. Se aproximou e deixou a lamparina na mesinha ao lado da cama.

—  Era o quarto de minha mãe e tinha uma porta que ligava a este quarto que era de meu pai. Eles dormiam juntos todos os dias. Meus pais nunca temeram que um matasse o outro. Minha mãe usava o quarto dela somente para se arrumar, se banhar…

— Agora entendi. Seu pai apenas fechou a passagem para que o quarto ficasse isolado após a morte dela. 

— Exato.

Os lábios de Fira se esticaram levemente num sorriso atrevido.

— E o que a minha nobre noiva está querendo, vindo sorrateira em meu quarto, einh?

— É que eu estava pensando que… É que a gente já está noiva, sabe… 

A princesa falou um pouco sem graça.

— Sei. Aliás, foi muito clara quanto ao nosso noivado. 

Fira respondeu, contendo a felicidade.

— Eu sei que fiz uma surpresa e você não gosta muito de surpresas.

A princesa falava tímida, temendo que Fira estivesse irritada. 

— Nisso você tem razão. – A duquesa respondeu séria, mas logo completou. – Mas gostei da surpresa de hoje. – Sorriu.

— Eu achei que forcei um pouco, admito. Fiquei com medo de que ficasse brava comigo.

— Fiquei um pouco chocada na hora, mas não fiquei brava. Foi por isso que quis vir agora ao meu quarto?

— Não, é que… Sabe o que é? Poxa, Fira, a gente vai casar e já fazia amor antes e aí, eu pensei: acho que a gente já se conheceu o suficiente sem sexo, não é? 

— Hum…

Fira não falou nada, prendendo o riso e deixando a princesa continuar.

— Pelos Deuses, Fira! Não aguento mais ficar só de mão dada e beijinho com você. Estou louca pra te pegar de novo!

Cécis, soltou por fim e Fira riu com gosto. A duquesa se aproximou, colando seus corpos e beijando o pescoço da princesa.

— Concordo com você e não faço nenhuma objeção se me pegar agora.

Sussurrou, enquanto a puxava para a cama, deixando que Cécis a cobrisse com seu corpo.

Cécis se acomodou, mostrando o rosto risonho. Entrelaçou as pernas nas da duquesa, abraçando-a contente. Como sempre, a princesa vestia uma bata curta de dormir e Fira adquiriu o mesmo hábito, desde que a conhecera na cama.

Havia gostado do estilo e sentia-se mais confortável. Ainda sorrindo, Cécis depositou pequenos beijos no pescoço da noiva, que sentiu arrepios e o corpo se aquecer com os carinhos. Retribuiu, ávida, pois mesmo ela, não aguentava mais a proximidade da mulher que amava, sem poder tocá-la intimamente. 

— Eu estava com tanta saudade de você… – Cécis falou, rouca pela excitação.

— Eu também, meu amor!

Respondeu Fira, fazendo aquecer o coração da princesa. Pela primeira vez, era chamada de amor por alguém e, o mais importante, pela pessoa que também amava. Segurou as barras da bata de Fira deslizando para cima para desnudar o corpo embaixo do seu. Fira a auxiliou a retirar a dela e as duas se colocaram sentadas, uma de frente para outra, entremeando as pernas e estreitando os corpos. A necessidade de se sentirem pertencia às duas nobres, que não se desprendiam do abraço.

— Sabe que fiquei com medo de você recuar, achando que eles não aceitariam nosso enlace?

O tom da voz saiu entristecido. Mais do que a princesa desejava.

— Como assim, recusar? Já havíamos conversado sobre isso. E depois, pela primeira vez, não fui eu a abrir a cancela para os cavalos passarem.

Riu, se referindo ao enlace de Heloise e Divinay.

— Mas você estava sempre falando na hora certa e aí eu achei que…

— Shhh… Deixa eu te mostrar uma coisa.

Fira a interrompeu, cobrindo a boca da princesa com seus dedos. Se desvencilhou a custo, pois Cécis não queria largá-la. Enquanto Fira tentava chegar até o criado-mudo, Cécis a puxava de volta pela cintura, fazendo a morena rir.

— Para, Cécis. Deixa-me pegar uma coisa para mostrar. – Reclamou, rindo.

Abriu uma gaveta e retirou uma pequena caixa. Voltou à posição confortável entre os braços da princesa e abriu, mostrando o conteúdo.

— Eu ia fazer o mesmo que você. Havia escondido essas alianças ao lado do trono, mas você foi mais rápida. – Sorriu. – O que eu falei quando te respondi, foi o que ensaiei a semana toda para pedir sua mão na festa. Eu estava muito nervosa e acho que, quando me pediu na frente de todos, agradeci a todos os Deuses, porque se eu o fizesse, gaguejaria até a quarta geração de nossos filhos.

Cécis se emocionou. As alianças que Fira lhe mostrou eram lindas também. Pegou uma delas e deu para Fira, estendendo a mão para que ela colocasse em seu dedo, junto com a outra. 

— Coloca. Vamos nos casar com as duas. – Sorriu.

— Boa ideia, princesa. – Devolveu o sorriso. 

— Gosta de mexer comigo, não é?

— Na verdade, eu gosto de lhe chamar de princesa. Acho bonitinho.

— Você vai ver o que é bonitinho.

Cécis se jogou sobre Fira, derrubando-a. A duquesa não reagiu, rindo apenas da brincadeira. Estava feliz de ter a ex-herdeira em sua vida. Ela não poderia imaginar que encontraria o amor, procurando uma saída para os problemas que envolviam seu governo no ducado. Muito menos, dentro de quartos em vários lugares diferentes.

— Um dia você me disse que Lady Rogan era reconhecida, em muitos reinos, por suas habilidades. Que tal me mostrar como fez Lady Rogan ser tão conhecida? – Sorriu insinuante. 

Cécis parou momentaneamente, sentando-se encaixada nos quadris de Fira. 

— Pensei que já havia lhe mostrado algumas coisas.

— Algumas coisas, não significa tudo. 

— Eu vou mostrar mais do que isso.

O olhar de Cécis era de seriedade misturado ao desejo. O coração descompassado e a ansiedade lhe tomaram e sussurrou entre os lábios como se não tivesse forças.

— Vou mostrar algo que nunca alguém conseguiu de Lady Rogan.

Cécis se debruçou sobre Fira, depositando em sua face pequenos beijos, até chegar à boca rubra. Colou os lábios delicadamente, demorando e saboreando com calma. Lembrou que, desde a primeira vez, o beijo de Fira a seduziu. O sabor era doce e acolhedor. Lábios macios e, ao mesmo tempo, beijavam com firmeza e posse. Era como se a duquesa, inconscientemente, soubesse que o coração de Cécis seria dela algum dia. 

Isto fascinou a princesa. Tomava Fira como se o amor dela fosse seu, mas a verdade é que Lady Líberiz sempre requereu para si o belo sentimento que a princesa carregava consigo. 

Na cama, a vontade de Cécis nunca foi o ponto central, pois o desejo dela era incrivelmente conduzido por Fira. A duquesa era o cerne das vontades da princesa. Se Fira reagia às investidas dela, o corpo de Cécis respondia a este delicioso estímulo.

As bocas não se separavam, degustando as línguas e, tranquilas, sentiam o momento. Elas se enlaçavam e apreciavam cada toque. Moviam na tentativa de se fundirem, como se fosse primordial que estivessem ocupando um só corpo. 

As mulheres se separaram, encarando-se embevecidas. Um estranho e agradável estado de segurança as invadiu. Não existia mais nenhuma dúvida. Não existia nenhum perigo, ou ninguém que pudesse desfazer a confiança que elas conquistaram ao longo dos meses. Receios que tiveram que despir diante da outra.

— Tem certeza de que quer casar com uma mulher que passa a maior parte do tempo debatendo com nobres?

— E você? Tem certeza de que quer casar com uma mulher que te ama, mas faz loucuras a maior parte do tempo?

Sorriram em entendimento. Cécis entrelaçou a mão nas de Fira e conduziu para que ela a tocasse no seio.

— Eu quero que você… 

Cécis interrompeu a fala. Fira a olhou interrogativa, mantendo a mão sobre o seio da princesa.

— Fala para mim o que quer.

Fira incitou. Acariciou a face da princesa, com a outra mão, tocando com delicadeza as linhas do rosto, tentando lembrar o momento em que começou a amar aquela mulher. 

 — Quero que você me tenha.

Cécis respondeu um pouco embaraçada, atitude incomum para ela. Se debruçou sobre a duquesa, beijando-a outra vez. Moveu cadenciada, insinuando o corpo, sobre a pele. A morena enlaçou a cintura da princesa e fechou os olhos, sentindo o contato pleno. Inspirou forte, capturando o perfume cítrico que instigava seus sentidos. Fira pousou os lábios na interseção do pescoço e ombro, arrastando a fina pele da boca sobre a tez branca, provocando arrepios. 

A ex-herdeira do trono elevou o corpo e aproximou os seios, ofertando-os para que fossem acariciados pela língua morna da morena. Fira envolveu com os lábios a aréola rosada, retendo no paladar o gosto da entrega e Cécis a olhou, contemplando a cena e deixando escapar um suspiro reprimido. Jogou a cabeça para trás, até deixar seus olhos se perderem nos desenhos formados pela madeira entrelaçada da cabeceira da cama, permitindo que seu corpo apenas apreciasse o toque da língua de Fira em volta de seus mamilos.

Divagou na doçura do tato, ao ser acariciada pelos dígitos da morena que passeavam pelas laterais de seu corpo. Lady Rogan acumulou muita experiência ao longo dos anos, nas mais diversas camas, mas a princesa Cécis experimentava algo novo, permitindo seu corpo ser amado pela mulher que amava. 

Sentiu a coxa de Fira se alojar entre as dela, massageando o cerne de sua intimidade. A umidade transbordante escorria pela coxa da morena, que gemeu ao sentir o líquido de Cécis diminuir o atrito, facilitando a incursão dela no sexo pulsante. Lady Líberiz espalmou as mãos nos quadris da Princesa, trazendo-a para um contato maior.

— Ah, Cécis… Que saudade! Que vontade de você…

— Então mata a sua vontade e a minha.

Cécis respondeu rouca, capturando os lábios rubros num beijo apaixonado, bamboleando a pelve, encaixada na coxa forte da morena. Segurou uma das mãos da duquesa e abarcou o dedo médio com a sua mão, apertando-o instruída. 

— O que você provoca em mim é louco!

Fira respondeu entre os lábios, gemendo. A princesa levou o dedo até a boca, envolvendo-o inteiro. Passeou com a língua em torno dele e aos poucos, aumentava o movimento de sucção, levando a mente de Fira entrar numa névoa febril. A morena olhava os lábios da princesa ao redor do dedo e o ventre contraía numa força desmedida. A ex-herdeira a estava enlouquecendo. 

Cécis, finalmente, retirou o dedo da boca e quando a duquesa pensou em retomar as ações, a princesa direcionou a mão de Fira e a posicionou no sexo, abundantemente úmido, falando:

— Eu quero aqui.

— Cécis…

— …Eu quero aqui, Fira.

Sussurrou segura, interrompendo o protesto e desarmando a amante completamente. A morena sentiu sua intimidade molhar, outra vez, diante do gesto. Moveu os dedos cadenciadamente, entre as dobras da mulher que amava.

Sentiu o peito de Cécis arfar e cada vez que deslizava o dedo pelo clitóris, seguindo até a abertura cobiçada, via a princesa gemer instruída, em expectativa. Construiu o desejo por muito tempo e finalmente se curvou para realizar a fantasia de sentir o âmago quente e úmido do seu amor.

Cécis apreciou a sensação de ter a morena resvalando os dedos, forte, dentro dela. Mover a pelve cadenciada, construindo o prazer em seu interior. A duquesa mexia, alternado entre estocadas firmes e suaves. Deixou que Cécis comandasse o ritmo da própria satisfação, embevecida com a beleza estampada no rosto da princesa, que exibia os traços do deleite. Quase não suportou, segurando-se para não tocar a si mesma. Fira queria apreciar cada momento até o ápice, desenhado na fisionomia forte que descobrira amar, além de suas forças.

— Mais rápido, Fira… mais rápido…

A voz entrecortada, rogando pela liberação, atingiu a morena que acelerou os movimentos, contemplando o corpo convulsionar quando o clímax irrompeu. A musculatura trêmula e o hálito caloroso, batendo contra o ombro, provocaram uma incrível emoção no peito de Fira. Seu coração tinha encontrado um lar.



Notas:

Boa noite!

Consegui postar hoje. Estou tentando manter uma vez por semana. Espero que gostem do capítulo de hoje, pois foi especial para a semana dos namorados.

Boa leitura e beijão!!!




O que achou deste história?

7 Respostas para Capítulo 30 – A Nova Geração

  1. Nossa, que capítulo mais lindo!!
    Cécis fez mais que especial esse dia!! Tudo maravilhoso!!!!
    sempre imprevisível essa mulher!!
    Beijossssssss pra vc e sua mulher!!

  2. Capítulo lindo e emocionante!

    Carol, sobre essa tradição de deitar na fogueira para a deusa da fertilidade… Tem que arrumar um homem, não é? Pois nessa história não tem nenhuma magia, 🤔
    Cara, sou muito ciumenta para topar algo assim. kkk

    Beijo Carol!

    • Oi, Fabi!
      Cara, ela só tem que arrumar homem porque quer engravidar, senão, você se deita com quem você quiser. rsrsr Na história, em Líberiz, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é permitido, e relacionamentos liberados e aceitos. Fora que e agora, será em Alcaméria inteira. rs
      O lance é que lá não tem magia, e gravidez, tem que ser na forma tradicional mesmo. ☹️
      Mas vamos que vamos! rs
      Brigadão, Fabi!
      Um beijão!!

  3. Maravilhoso como sempre, e nada melhor que fechar com um amor gostosinho das nossas pérolas.

    Que não só essa semana, como em todos os dias, possamos celebrar o amor.

    Bjs e boa semana Carol

    • Oi, Blackrose!
      É mesmo. Amor tem que ser sempre nas nossas vidas diárias, não é mesmo?
      Concordo com você!
      Muito obrigada, Blackrose!
      Beijão e o novo já está no site.

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