Líberiz

Capítulo 31 – Os Sonhos Voltaram 

A duquesa acariciou os cabelos curtos e rebeldes da princesa e sorriu, por se lembrar da primeira vez que os tocou e o prazer de tê-los entre os dedos. Continuava a sorrir, achando-se uma tola, ao lembrar daquela época. Rechaçava todos os pensamentos que a faziam questionar sobre o que sentia pela princesa.

— Tudo bem?

Perguntou afetuosa, vendo que Cécis não tirava o rosto do esconderijo confortável que arrumou, nos ombros de Fira. A princesa elevou a cabeça, encarando a morena com um sorriso cínico e aberto.

— Se eu me viciar nisso, você é a culpada. – Riu.

— Ah sua… E eu toda carinhosa com você!

Respondeu com falsa indignação, mas feliz. Cécis, gargalhando, prendeu as mãos de Fira no alto, junto ao espaldar da cama. As duas se encararam alegres. A princesa soltou as mãos e correu os dedos sobre os braços da duquesa, até alcançar o rosto.

— Não vai me perguntar por que eu quis desta vez? – Questionou Cécis.

— Não. A minha curiosidade é outra.

— Mmm… Entendi. Você quer saber por que eu nunca quis. – Cécis se jogou ao lado de Fira. – Bem, a verdade é que eu não tinha um motivo específico para não querer. Não era o fato de nunca ter feito. Você viu que não sou virgem. Mas é que sempre achei muito íntimo, não sei. Era como se não quisesse…

— … Se expor.

— Sim. Ou melhor, não sei. 

Cécis virou de lado na cama, se voltando para Fira e a duquesa acompanhou o gesto. As duas se encaravam, com as cabeças repousadas no travesseiro. 

— Lembra que eu falei sobre a menina por quem me apaixonei na adolescência?

— Eu lembro de tudo que me falou a seu respeito.

Fira se declarou, ligeiramente constrangida.

— E eu de você. – Respondeu Cécis, risonha. – Pois bem. Eu era muito tímida e nos poucos meses que convivi com Holly, me despojei de medos. Foram meses ótimos, mas não era uma coisa que conseguia esconder. A desconfiança de meu pai despontou sobre nossa amizade e ele começou a tecer comentários. Depois Holly foi embora com o pai.

— Você havia me contado sobre o pai dela ser um “desbravador”.

— Hoje eu penso que foram embora, mas não porque o pai de Holly quis. De qualquer forma, eu me perdi. Comecei a pensar que o que tive com ela era uma bobagem de adolescente e, posteriormente, estimulada por todos, comecei a namorar um jovem intendente. Quando fizemos amor, me senti tão deslocada… Ele era educado e delicado, mas não era o ato em si. Após isto, entendi que não poderia corresponder e percebi que a minha vida complicaria, a partir dali.

— Você não se sentiu bem fazendo amor com ele?

— Nem um pouco. De qualquer forma, passei a procurar fora da corte, alguma coisa que fizesse sentido para mim, ou mesmo, pessoas que tinham os mesmos anseios que eu e encontrei. Só nunca consegui deixar que me tocassem assim. Não me sentia à vontade e achava que era algo íntimo demais. 

Fira sorriu e beijou, brevemente, os lábios de Cécis.

— Cada um com seus dilemas, não é? – Fira respondeu. – Eu nunca liguei muito para sexo. Às vezes sentia vontade, mas não era como se não pudesse viver sem. Mesmo antes do meu pai, a Deusa sempre foi reverenciada aqui em Líberiz e sexo nunca foi algo horrível ou proibido. Alguns nobres começaram a falar mal dos costumes, porque quem assumiria o ducado era eu, ou seja, uma mulher. O fato é que, simplesmente, não achava nada demais no sexo em si.

Riu, pensando nos tempos em que levava meses até que procurasse alguém para se relacionar.

— E eu não sei mais se procurava sexo porque gostava ou se apenas fazia, porque fazia. Nem sempre era tão bom assim. Quando fugia de Alcaméria, era como se eu tivesse o domínio sobre mim e minhas ações. E aí…

Cécis sorriu, encolhendo e relaxando os ombros. Fira beijou a ponta do nariz e depois a boca da princesa, fazendo-a rir mais aberto.

— Todas as vezes que procurei alguém, me afastava daqui e procurava festas populares onde pessoas de diversas classes se misturavam.

— E depois fala de mim… – Cécis retalhou.

— … Não era exatamente a mesma coisa, Cécis. – Fira retrucou, gargalhando.

— E por que não? – Cécis perguntou, indignada.

— Quando comecei a vigiar você no início, um dia, me alarmei com o que descobri. A mulher com quem saiu naquela noite era uma assassina mercenária.

— O quê?!

Os olhos da princesa se arregalaram e Fira ria do jeito que a noiva encarou a notícia. Intuía que ela não tinha conhecimento a respeito da vida, e atividade, de quase todas as mulheres com quem saiu.

— Você saía quase toda semana, Cécis…

— O que quer dizer com isso?

 Fira a olhou. Não queria brigar com a princesa. Só imaginava como ela sobreviveu, tanto tempo, saindo com aquelas pessoas, sem que ninguém a descobrisse e tramasse contra a vida dela.

— Quero dizer que os Deuses lhe protegeram. Já pensou que era um alvo muito fácil, naquela época?

— Já. – A princesa respondeu séria. – Às vezes me assusto, quando relembro o que aconteceu desde que nos conhecemos. Descobri tantas coisas e tantas tramas, que hoje penso que, se quisessem, poderiam ter me matado facilmente.

Fira sorriu, desalentada. Fez um carinho no braço da princesa e suspirou.

— Só quando Cárcera fez a proposta para seu pai é que ficou perigoso para você. Até então, o rei Deomaz não ligava muito para o que fazia. Naquela época, eu passei a te vigiar mais intensamente. Não deixaria que nada acontecesse.

— Ah… Então já reparava em Lady Rogan, hum?

Fira riu, sonoramente, e Cécis rolou para cima da duquesa, atacando seu rosto com pequenos beijos, fazendo a morena rir mais. Foram serenando e se encararam. Era uma intimidade divertida, que se permitiam.

— Você falou em filhos quando aceitou meu pedido.

— Sim…

– Tem vontade de engravidar?

Fira se retraiu. Ela queria filhos sim, mas, e a princesa?

— É um problema para você se eu quiser ter filhos?

— Claro que não. O que quero saber é: quer filhos de seu ventre? Só fico imaginando como faríamos isso, pois mesmo concebido nas fogueiras da Deusa, seu rosto é conhecido e se engravidasse, a notícia se espalharia. O pai poderia requerer a paternidade, neste caso.

— Nisso você tem razão, em parte. Já fui muitas vezes às fogueiras e não me reconheceram. – Respondeu, preocupada.

— Você não era tão reparada naquela época. Se fosse hoje em dia, será que não a reconheceriam? Outra coisa que não entendo é por que brigou com a Assembleia, para não ter um filho de seu ventre, se quer gestar?

— Isso é diferente. Minha briga nunca foi por não querer um filho, mas pela forma como impuseram. Eles queriam que eu tivesse um filho de sangue Líberiz para me controlar. Se tivesse um filho do sexo masculino, poderiam pedir a minha abdicação, quando ele se tornasse adulto. Assim me teriam sempre nas mãos. Eu não admito que um filho meu já nasça com essa carga política. Imagine se eu tivesse que governar na corda bamba?

— Entendo… Mesmo assim, teremos problemas para você engravidar, meu amor.

— Talvez sim, talvez não. – Fira sorriu. – Sabe quem eu conheci no último festival?

— Não sei se quero saber… Posso pensar em você participar dos festivais para gerar nosso filho, mesmo assim, não abranda o ciúme que começou a revolver dentro de mim, exatamente neste momento.

Fira riu, cingindo a cintura de Cécis. Beijou-lhe os lábios, serenando o riso.

— Não me deitei com ninguém no festival deste ano, se lhe conforta, mas conheci um rapaz interessante. Cabelos e olhos negros, face alva e angulosa… Vestia um uniforme da infantaria de Alcaméria.

— Você está falando isso, só para me acalmar. Vai me dizer que só reparou nele porque era parecido comigo?

— Alair de Vertrame lhe diz alguma coisa?

— Meu primo? Como?… Ele é um menino!

— Há quanto tempo não vê seu primo?

— Eu não sei. Talvez… Ah, não vejo meu primo tem uns cinco anos. Quando minha mãe morreu, minha tia ficou arrasada. Morou uns anos em Alcaméria, mas depois se mudou. Fiquei apreensiva, pois meu pai não quis nos falar onde ela estava morando. Depois de um tempo, ele acabou contando, mas perdemos contato. Ela amava minha mãe. Eram só as duas irmãs e eram muito companheiras.

— O fato é que seu primo já é um rapaz. Ele estava alcoolizado e fiquei conversando com ele. Tinha ressentimento de Deomaz, pois a mãe dele ficou depressiva, depois da morte da irmã. Estava nas fogueiras agradecendo a “Deusa” pela derrocada do rei.   

 — Ele queria se deitar com você?

— Cécis, eu tenho respeito pelos festivais. – Falou séria. – Embora saiba que muitas pessoas, hoje em dia, se deitam só pelo sexo, não sou assim. E sim, ele queria se deitar comigo, o que não ocorreu. Meus pensamentos não eram para ele, ou para a Deusa. Não faria isso.

— Desculpa, eu… Bom, não reverenciamos a Deusa na corte de Alcaméria há muitos anos. Peço compreensão pela minha reação de ciúme. Eu não fui educada na cultura da Deusa.

— Não é só a cultura da Deusa. É a identidade do povo. Veja bem: não acredito cegamente que a “Deusa” atenda nossos pedidos, só porque a reverenciamos. Isso é fé cega. Mas faz parte da cultura e as pessoas se alegram, comemoram e se algo vai mal em algum ano na colheita, se refazem, enchendo-se de esperanças para um novo ano. Se eu achasse que os Deuses fossem o cerne de tudo, sentaria no meu trono e esperaria que as coisas caíssem em meu colo.

— Acho que temos que aprender mais sobre nosso povo… – Cécis falou divagando. – Minha família há gerações se distancia da nossa própria gente.

— Não se culpe ou se iluda. Existem os fanáticos também. Aqueles que acham que se não reverenciarem, serão castigados. Não dou força para seitas e sacerdotes que estimulam isso e combato, veementemente. Eles não têm vez aqui em Líberiz. Mas a identidade do povo, eu respeito.

Cécis se colocou de lado e puxou Fira para que se aconchegasse em seu peito. Abraçou-a, sentindo o calor dos braços e da cabeça da duquesa, pousada no ombro.

— Você é uma mulher de beleza ímpar. – Sorriu. – Vê coisas nas pessoas, no povo e no próprio governo que nunca passariam pela minha cabeça… – Divagou.

— Um grande elogio vindo da irreverente Lady Rogan. – Fira se aconchegou mais a Cécis, extraindo mais uma gargalhada da princesa. – Eu me sinto bem com você… me sinto segura. 

— Comigo? Fira, lembrando tudo que passamos, a maior parte do tempo era você que me protegia.

— Depende do que chama proteção. Muitas vezes tomei decisões que a deixaram em perigo. – O tom da voz de Fira era de pesar.

— E a maioria das vezes me ajudou.

— Eu lhe coloquei em perigo, sim, e só não me arrependo mais, porque você está bem e viva.

— E eu não me arrependo de nada que fizemos e, também, aceitei o risco. Mas vamos parar com essa discussão. Responda uma coisa, você está pensando em meu primo para os nossos filhos?

— Estou pensando que teria algo seu, nos nossos filhos. Ele é devoto e vai aos festivais. Talvez não se importe em nos ajudar.

— Você falou que ele estava bêbado.

— Sim, estava.

— Tem problema reverenciar a Deusa bêbado?

— Não, se a intenção inicial foi reverenciar a Deusa… – Fira parou momentaneamente, pensando na pergunta. – O que está planejando, Cécis?

— Você como devota, tem problema em ir aos festivais e reverenciar a Deusa com alguém bêbado?

Fira gargalhou ao escutar as especulações da princesa.

— Você não quer que eu me deite com alguém que se lembre de mim. É isso?

— Não mesmo. Nem meu primo. Além de poder trazer uma dor de cabeça futura com nossos filhos, também não quero que alguém saiba…

— Que alguém saiba o que, Cécis? 

— Que você é gostosa na cama. Desculpa, aí, mas vou me roer, vendo você com outra pessoa, mesmo que seja em festivais. Até aí tudo bem, isso vou trabalhando na minha cabeça até chegar lá, mas o homem se lembrar de você? Não mesmo. Se for meu primo então, pior ainda!

Fira gargalhou, rolando para cima da princesa. Encaixou-se, sentada no quadril e foi diminuindo o riso até quase desaparecer de seu rosto.

— Tenha certeza de que não me empenharia, nem um pouco, para ser gostosa com quem quer que fosse, além de você.

Debruçou e beijou, de leve, os lábios da princesa, retornando à posição anterior e fitando-a.

— Eu te amo, Cécis. Nunca tenha dúvidas disso. Hoje, meu coração é somente seu.

— Eu não tenho mais nenhuma dúvida, mas quero você só para mim.

— Quando o ciúme colocar monstrinhos na sua mente, lembre-se do que contei a você.

— O que me contou? 

— Que antes de você, eu não ligava para sexo. Na verdade, acho que nem gostava de sexo. Foi uma das coisas que me chamou atenção em você. Queria entender a sua intensidade e por que aquilo lhe estimulava tanto.

— Eu não sei. Eu me entregava à bebida e orgias para sentir algo, talvez. Muitas vezes fazia sexo com alguém, já entorpecida pela bebida. Na manhã seguinte, nem sempre me lembrava do rosto da mulher, ou do que sentia.

As duas mulheres emudeceram durante algum tempo e Cécis apoiou o corpo no espaldar da cama, trazendo Fira para mais perto. Incomodada com o silêncio, a ex-herdeira começou a distribuir beijos pelo pescoço e colo de Fira. A duquesa se deixou abandonar, nos carinhos sutis que a princesa lhe dedicava. Sentiu as mãos apertarem a cintura, enquanto a maciez da língua resvalava sobre a pele, chegando ao mamilo hirto. Cécis burilou o bico e depois, abarcou o seio, sugando forte, levando Fira cerrar os olhos e jogar o corpo para trás, num espasmo.

— Isso, Cécis, eu quero forte!

— Deita de lado. Quero sentir você de costas, colada a mim.

A voz rouca da princesa fez Fira estremecer. Ela se acomodou e estreitou o corpo, junto ao da princesa, que passou um dos braços por seu tronco, abraçando-a e espalmando a mão no seio, enquanto levava a outra mão entre as coxas, alcançando o sexo úmido. A duquesa deixou que o ar escapasse dos pulmões, gemendo pela excitação que a percorria inteira. Os dedos resvalaram devagar no interior da nobre e as vozes se misturaram noutro gemido mais alto. 

Cécis beijava o pescoço e nuca de Fira, enquanto seus dedos intensificavam o movimento dentro da duquesa, enlouquecendo-a. “Goza pra mim”, “Empurra forte”, “Rebola gostoso”, eram frases exclamadas, sem pudores, exortando os sentimentos e sentidos, de ambas, no auge do prazer.   A morena empinava os glúteos de encontro ao sexo da princesa e os corpos entraram numa dança frenética até que ápice as alcançou. As duas mulheres foram serenando, cansadas diante de toda a euforia do dia. Deixaram que o sono, embebido de contentamento pelas emoções e conquistas, as superassem.

Na manhã seguinte, Fira acordou lânguida e com um sorriso desenhado nos lábios. Estava feliz. Depois de muitos anos, dormiu como quando era criança. Sem preocupações e um sono cheio de sonhos bons. Sonhara com o pai e uma mulher, que julgou ser sua mãe, pela imagem que tinha na mente, vinda de um quadro pintado dela. Eles a abraçavam com carinho e sua mãe a beijava no topo da cabeça.

— Está com uma carinha contente. Dormiu bem?

A voz da princesa soava como uma música. Sentia a mão morna da amante/mulher a acariciar as laterais do corpo, abraçada a ela.

“Se eu dormi bem? Nunca em minha vida eu dormi tão bem como hoje.”  

Pensava, enquanto abria os olhos. Virou a cabeça no travesseiro em direção a companheira, abriu mais o sorriso e estendeu a mão para acariciar aquele rosto que trouxe vida aos seus dias.

— Dormi muito bem. – Beijou de leve os lábios da princesa. – E você? Não acordou assustada por ter dormido e acordado no meu quarto? 

Fira implicou com Cécis, lembrando de quando acordaram juntas no castelo de pedras de Avar e a princesa havia se assustado. A ex-herdeira enrubesceu, sabendo que a duquesa estava somente implicando com ela.

— Acho que já superamos isto, ou não? Não vem implicar comigo, pois você se sentiu exposta naquele dia, também. A nossa confiança era muito frágil. Mas respondendo sua pergunta, não acordei assustada e dormi como uma criança inocente.

— Pode ter se sentido assim, mas de inocente não tem nada, Princesa Cécis de Alcaméria.

Fira rolou para cima da princesa, beijando-a sorridente. Ainda estavam nuas e o contato entre elas, estimulou-as a iniciarem um carinho mais íntimo. A porta do quarto se abriu, fazendo Fira saltar de lado e cobrir-se, bem como a princesa.

— Bert! O que está fazendo aqui hoje?!

A escudeira, virou-se de costas, rapidamente.

– É… E-eu… Não era para vir? Desculpa, milady! Não imaginei… É… Desculpa! Irei até a cozinha para verificar o desjejum. Com licença.

Apressou-se para sair do quarto. As nobres, ainda sobressaltadas com a intromissão, entreolharam-se. De assustado, o semblante de ambas tomou ares de riso e gargalharam por terem sido pegas pela escudeira.

— Temos duas saídas, meu amor. Ou deixo de dormir aqui até o casamento, ou terá que falar para Bert não entrar no quarto logo de manhã. – A princesa falava rindo.

— Pois eu prefiro dizer para ela que não entre. – Beijou brevemente os lábios da princesa. – Aliás, nem sei por que ela continua a meus serviços. Ontem estava aqui na festa conosco e, ela e Maia assumirão um condado em Alcaméria.

— Ela lhe é muito fiel. Já percebi que se você não disser que não faça algo, ela não tomará atitude distinta do que costuma fazer.

— Eu sentirei falta de Bert. – Fira tomou um alento. – Como vou achar alguém tão leal quanto ela?

— Se me permite uma opinião, Pátiz virá comigo para Líberiz…

— … Pátiz é uma coronel treinada, não uma escudeira. Além de me acompanhar em incursões, Bert toma conta de toda minha vida pessoal.

— Não estou falando isso, Fira. Deixe-me terminar. Ela virá com a família. Teme pela segurança deles, embora saiba que não há mais tanto com o que se preocupar. A filha está com dez anos agora e ela pretendia ensinar a menina a se defender. Tenho certeza de que falou para filha tudo que ocorreu. Contratamos a garota para cuidar das nossas coisas pessoais e a ensinamos, concomitante. Pátiz continuará a fazer a segurança e tenho certeza de que podemos contar com ela para incursões eventuais. Quando a menina crescer…

— … Será excelente espadachim e possivelmente uma grande escudeira. – Fira completou, sorrindo.

— Isso. Tempo suficiente para treiná-la e a mãe não demorará muitos anos para se aposentar. Basta perguntar para Pátiz e para a garota, se gostariam desse arranjo.

 Fira aproximou o rosto e beijou os lábios da princesa. Abriu um grande sorriso e logo após, fechou o cenho. 

— O que foi?

Cécis perguntou, vendo que Fira se retraíra.

— Eu não sei. Acho que é só estranhamento por viver certa paz. Passei tantos anos com meu pai me falando os perigos que envolvia Líberiz, e nossa família, que agora… – suspirou – … deixa para lá. Só me sinto um pouco deslocada. 

— Às vezes, quando estou em Alcaméria, também tenho essa sensação. Passamos por tensões durante muitos anos de nossas vidas. Vamos relaxar e apreciar nosso momento, está bem?

— Está certa. Vamos nos arrumar. Bert verá que mandei servir o desjejum no salão. Muitos condes, juntamente com as famílias, dormiram aqui.

A princesa esticou o corpo preguiçosamente. Por ela permaneceria o restante da semana com Fira em seus braços. Lamentavelmente não podia mais ser aquela mulher inconsequente de outrora. Não importava. Estava feliz como nunca foi na vida.



Notas:



O que achou deste história?

6 Respostas para Capítulo 31 – Os Sonhos Voltaram 

  1. olha mais um capítulo maravilhoso, aberto, onde conversamos sobre o futuro!!
    Adoro quando as coisas vão terminando seu ciclo, mas podemos ver um pouco do lado bom por mais tempo. algumas estórias, quando chega nesse ponto, já botam ponto final!
    e amo quando elas conversam. Ótima ideia de Cécis… ultimamente tem tido muitas. Nada loucas e muito coerentes!!
    Beijos pra vc. sua esposa. Espero que esteja bem!!!

    • Oi, Lailicha!!!
      Saudades, fia!
      Que bom que gostou! Eu tenho certa dificuldade de finalizar as histórias, fechando ciclos, mas tentei dar dessa vez um desfecho para os outros personagens também.
      Agora que o peso do pai e da coroa saiu de cima da Cécis, ela consegue pensar sem ser tão impulsiva. Está serenando. 😉
      Brigadão, Lailicha! Tava com saudades dos seus coments. rs
      Um beijão pra você e pra Mocita. 😘

  2. Amo capítulos assim, de diálogos tranquilos, esclarecedores, amorosos e outras coisitas mais, sem pressa, rs.

    Gostei da ideia de Cecis. Embebedar aquele que dará a semente que elas precisam, assim dará para diminuir um tantinho do ciúme.
    Fira conseguiu deixar bem claro que é algo sério e referente a cultura de seu povo. E ela quer muito ser mãe de um bebê com Cecis 🥰
    E eu já estou aqui imaginando Fira dando a luz a um grão de gente de cabelinhos pretos e olhinhos verdes… uma mistura das duas. Ai ai rs.

    Só imaginação Carol. Tá tudo bem não ser assim na história “real” aí em seus escritos.
    Um beijo e ótima semana!

    • Oi, Fabi!
      Menina, aqui nessa história só dá para conceber da forma tradicional mesmo. rsrs Não tem jeito. Pelo menos a Cécis tem um primo perdido por aí. he he he
      Agora elas podem conversar com mais tranquilidade, sem estarem olhando através das portas, 😉
      O outro tá postado. Eu que acabei atrasando nos coments mas já tá no site.
      Valeu, Fabi!
      Bjus!

  3. A paz e o amor reinam… por enquanto, mas nada que não possam aproveitar os momentos de calmaria.

    Bjs Carol 😘

    • Oi, Blackrose!
      Então, acabei não respondendo antes de sair o outro capítulo. Já viu no que deu a tranquilidade, né. rsrs Mas elas estão aproveitando sim. 😁
      Bjus!

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