Alpha Dìon — Agência de Proteção

Capítulo 9 — Melhor Que o Combinado

Percorreram o corredor formado pelas estantes que guardavam os equipamentos de manutenção. As armas se encontravam nos fundos do depósito. Era um local mais organizado e livre de entulhos. Na primeira vez em que estiveram ali, notaram a sala no canto esquerdo, que parecia ser o controle do depósito.

Entraram.

 — Muito bem, veremos o que tem nesses laptops. 

Havia duas mesas com um notebook sobre cada uma. Também tinha uma impressora A3 para impressão de plantas arquitetônicas.

— Por que ainda acho que Lewis tem a ver com o que está acontecendo?

— Porque tudo aqui tem o perfil dele, Isa. 

— Vamos abrir os laptops. Quem sabe a gente encontra algo neles.

A sala tinha um espaço relativamente grande, onde, além das mesas e da impressora, havia um sofá, uma televisão, uma geladeira, um bar, um microondas e um banheiro com todas as utilidades. Enquanto Helena ligava os notebooks, Isadora explorava o local. Ela abriu a porta do banheiro e pode ver um espaço luxuoso para uma sala comum de depósito. 

— Sabe, Helena, este depósito pode abrigar alguém durante algum tempo. 

— É. Tem tudo que uma pessoa precisa para ficar confortavelmente durante alguns dias. Veja o que tem na geladeira.

— O freezer dela é bem grande. Daqueles que pegam metade da geladeira — Isadora o abriu — e está lotado de comida congelada. Na parte da refrigeração tem cerveja, sucos, água e algumas bobagens como queijo presunto, pão de forma…

— Vão infiltrar alguém através do staff do resort que vai chegar.

— Encontrou alguma coisa nos notebooks ou estão bloqueados por senha?

— Tinha senha, mas já desbloqueei. Os idiotas deixaram a senha padrão da Agência para emergências.

— Estão confiantes de que nos pegarão desprevenidas, ou então, não conseguiram reconfigurar. Eles são travados pela equipe de TI da sede.

— Eu não sei não, Isa… Tá tudo óbvio demais. E se a Agência está nos testando?

— Se estão nos testando, Helena, daremos o nosso melhor. Eu é que não vou facilitar. Se tiver que pegar uma arma e atirar, farei. Não vou pagar para ver. O que encontrou, aí?

— Nada. Só uma planta detalhada da enseada. Aliás, tem algumas modificações, comparando com a planta que nos deram. 

— Amo a sua memória fotográfica.

— Que memória fotográfica? Não tenho memória fotográfica, Isa. 

— Então, como faz para lembrar de esquemas, plantas e códigos com tanta precisão?

Helena jogou seu corpo para trás, relaxando no encosto da cadeira em que estava. Sorriu de lado. Estava doida para implicar com a ex-pupila, mas julgou que não era hora de azedar o frágil relacionamento amigável que começava a reconstruir com ela.

— Treinamento. Utilizei métodos de condicionamento de memória quando ainda passava pelo treinamento da Agência.

— Também treinei esses métodos e sei que, por vezes, eu falho. Você não.

— Não sei por que me adaptei tanto aos métodos. Talvez, porque tenha começado meu treinamento mais cedo.

— Bem, viemos aqui para elaborar a nossa estratégia. Consegue imprimir essa planta?

— Ligue a impressora. Vamos ver se ela está conectada por bluetooth, porque a internet não está ligada a nenhum roteador.

— Ué? Como não? Como alguém preso aqui dentro se comunicaria com alguém lá fora?

— Não sei… Talvez por comunicação via satélite. Deve ter algum ponto pelo depósito que ainda não descobrimos.

— Já tá ligada, Helena.

Isadora estava inquieta. A única coisa que passou por seus pensamentos desde a noite anterior, era a extrema proximidade com Helena que começava a balançar as suas convicções. Ela jurara não permitir a aproximação da antiga tutora. Estava falhando terrivelmente em sua promessa. E o pior era não querer lutar contra seus sentimentos.

Foi para o depósito com a desculpa de que procuraria algum servidor ativo ou roteador de transmissão para antenas externas. Só queria apaziguar um pouco os sentimentos e reassumir o controle de suas emoções. Minutos mais tarde, retornou avisando que havia encontrado um painel com equipamento de transmissão, contudo, ele se encontrava desligado.

— Quem está por trás disso não devia saber, ainda, quem iria se infiltrar.

— Se for Lewis, não arriscará colocar um de seus agentes. Conhecemos todos.

— Então, minha cara Isadora, se isso não for um teste para nós, quem está organizando tudo, não entrou nessa sem o amparo de alguém muito influente na Agência.

— É, minha cara Helena, — Isadora usou o mesmo tom de deboche que a chefe sênior — estamos fodidas, então. — Apontou para a planta impressa. — Vamos encarar essa belezura e arrebentar com todo mundo.

— Minha primeira sugestão é colocar escutas aqui , espalhadas por toda a parte.

— Por que não microcâmeras?

— Podemos instalar uma ou duas, mas lá fora o espaço é grande demais e precisaríamos de muitas para obtermos imagens visíveis. 

— Verdade. Não temos tempo para isso. Certo, falaremos com Margot e Datrea. Escutas ficam mais fáceis. O que mais?

Elas discutiram os planos por uma hora e meia. Tiveram outras ideias e aperfeiçoaram os planos de segurança que estavam em andamento. Ao final, Isadora pegou uma cerveja na geladeira. Abriu e tomou um gole. Fez uma careta.

— Essa geladeira não gela a cerveja.

— Coloca uma no freezer para mim e aumenta a temperatura.

— Esse povo não sabe beber cerveja. Tomam praticamente quente.

Ao escutar o que Isadora comentou, Helena parou por segundos, pensando.

— Lewis é americano. Sabe quem também gosta de tomar cerveja “praticamente” quente na cúpula? — A chefe sênior acentuou o tom da palavra, dando ênfase. — Finn.

— Finn é belga. Ele sim, gosta de cerveja “praticamente” quente, além de ser um conservador dos infernos. Ainda por cima, é amiguinho de Lewis…

— Não é somente especulação, Isa. Sei que Finn tem trabalhado para angariar a confiança de outros membros da cúpula da Agência e já engoli em seco, quando a Agência aceitou trabalhos dignos de mercenários. Não aceitei os trabalhos, mas estamos dando uma guinada na direção. 

— Por isso trabalhou tanto para me colocar como sênior?

— Não só por isso. Você é uma pessoa de princípios e em quem confio. Não coloco a minha mão no fogo pela maioria. 

— Helena… Vão nos eliminar e colocar a culpa na nossa incompetência. Não é melhor desistir da missão e abrirmos tudo que estamos vendo?

— Abrir tudo para quem, Isa? Como sabe que assim que sairmos não vão mandar alguém para nos eliminar? Podem, simplesmente, dizer que fomos descobertas por desafetos do passado e encobrir tudo. 

— Nos encurralaram. Usarão nossa derrocada para justificar mudanças nas diretrizes da Agência.

— Se nós permitirmos, sim.

— Mesmo que consigamos conter os planos deles aqui na enseada, isso não vai acabar. Quem está articulando, continuará na cúpula.

— Por isso temos que obter provas. 

— E como faremos isso?

— Annan. Vamos utilizá-la. Ela tem acessos que nem imaginamos. 

— Acesso a arquivos da Agência? Não creio nisso, Helena.

— Ela é uma IA avançada. Colocaram ela aqui porque sabiam que poderiam contar com ela.

— Então, temos um problema. Quem a achou aqui, foram Margot e Datrea. Elas montaram Annan lá na base que escolhemos. Quem vier, a procurará e não a encontrará. 

— Certo. Temos até amanhã para transferir Annan para cá de volta, mas teremos que ajustar os parâmetros dela para que atenda a nós somente.

— A cerveja deve estar melhor. Quer uma agora?

— Manda. 

A chefe sênior respondeu, continuando a olhar para os esquemas que fizeram e estendeu a mão. Isadora abriu a cerveja e colocou na mão de Helena, que imediatamente a pegou e deu um grande gole, como se quisesse acabar com o conteúdo da garrafa de uma vez só.

— Não.

— Não, o que?

— Não vamos trazer Annan de volta. 

— Agora me pegou. No que está pensando?

— Quando esse infiltrado chegar, quero que tenha tudo a seu dispor, menos a IA. Isso fará uma bagunça na tática deles.

Os lábios de Isadora se esticaram num sorriso maquiavélico. Amou a proposta da antiga tutora. Aproximou-se por trás da cadeira e deu um beijo em seu pescoço desnudo, pegando Helena de surpresa e fazendo-a arrepiar-se inteira.

— Não provoca, Isa.

A voz saiu rouca e abafada, entretanto pendeu a cabeça de lado, apreciando a sensação do delicado beijo.

— E se eu quiser provocar?

Isadora falava com igual tom, passando a mão pela nuca de Helena para  atiçar os fios espetados de cabelo e continuou a depositar beijos por toda a extensão do pescoço.

—- Você quer mesmo fazer isso?

Helena tinha a voz trêmula, apreciando o sutil carinho. A resposta de Isadora foi puxar a regata da agente sênior para cima, fazendo-a elevar os braços para que ela pudesse retirá-la. Assim que a blusa foi jogada de lado, Helena se levantou da cadeira, deslizando a mesma para o lado. Sentou sobre a mesa e puxou a ex-pupila para perto. Isadora encaixou-se entre suas coxas e ela a beijou vorazmente. 

Começaram a retirar as roupas apressadamente. Isadora se desfez da blusa e Helena tentou desatar o cinto do coldre apressadamente, enquanto a outra a segurava pelo rosto para beijá-la. Uniam seus corpos, sôfregas, e depois tentavam se auxiliar na retirada das últimas peças de roupa.

Finalmente puderam se abraçar e sentir a textura e o calor da pele dos corpos nus.

—- A gente tá fazendo merda… tá entrando numa confusão grande com a agência.

—- Quer parar? — Isadora perguntou, ligeiramente desapontada.

—- Se você não quiser, também não quero. Mas pode ser nossa desgraça, sabe disso. A gente vai tentar proteger uma a outra, acima de tudo. É assim que são os sentimentos.

Isadora colheu o rosto de Helena com as mãos, fixando seus olhos nos dela. 

—- Não vamos não. Quer dizer… só um pouquinho. A gente se policia, pode ser?

—- Pode. 

Voltaram a se beijar vorazes, acariciando os corpos como se fosse o final dos tempos. Isadora pegou os seios de Helena com as mãos em concha,  deslizando a língua por eles. Sugou um mamilo, deleitando-se com os sons que a outra emitia, enquanto sentia a dor prazerosa em suas próprias entranhas. Desceu um pouco mais, riscando os lábios sobre a pele firme, até chegar ao púbis de pelos bem aparados. 

Ela não esperou arrefecer a vontade. Queria muito sentir o gosto agridoce de sua paixão. Sabor este, que nunca saiu de sua memória. Puxou os quadris de Helena para frente, revelando a intimidade delicada. Se apossou dela como se nunca mais fosse tê-la. A língua quente escorregou para a abertura úmida e pulsante, arrancando um gemido alto e sensual da amada.

Libou com maestria  o clitóris intumescido pela excitação, enquanto a chefe sênior segurava sua cabeça, indicando a intensidade que desejava ser consumida. Helena chegou ao ápice, fremindo em satisfação.

Ofegaram por algum tempo, paralisadas no mesmo lugar. Helena olhou para baixo e observou Isadora ajoelhada entre suas coxas, de olhos fechados, como se estivesse tentando acalmar seu corpo do frenesi que a tomava.

—- Vem aqui…

Helena a puxou para a abraçar e beijá-la carinhosamente e Isadora correspondeu ao seu gesto, mas quando se pôs de pé, a agente sênior a empurrou delicadamente, conduzindo-a para o sofá. Se colocou sobre ela, encaixando seus quadris e iniciando um bamboleio excitante.

—- Você quer me enlouquecer…

—- De prazer? Sim, quero.

Helena levou seus lábios até o ouvido de Isadora, beijando suavemente, enquanto intensificava os movimentos, instigando-a mais e mais.

—- Eu te amo.

Falou em um sussurro, ao mesmo tempo em que introduziu dois dedos, mexendo cadenciadamente, levando Isadora a um deleite indescritível. O clímax foi construído vertiginosamente. Isadora gemeu alto, tentando se conter, sem êxito.

Os corpos suados se uniram em satisfação. Aos poucos foram serenando, até que conseguissem reagir. Abraçadas, imaginavam como seria a partir dali. Teriam que vencer na luta contra quem quer que fosse para poderem ter paz.

◆ 

 Assim que saíram, Margot as acionou pelo ponto auricular.

— Chefes, onde estavam?

— Não interessa a vocês, Margot. O que importa é que temos uma estratégia montada e começaremos agora. 

— Ótimo saber disso, porque tem mais lanchas chegando na base do outro lado, com muitos homens e eles estão todos armados e vestidos para ação.

— Agentes paramilitares… Estão pegando pesado.

— Os agentes paramilitares são burros. Só obedecem a ordens. Não me assustam, Helena. 

— A mim, também não. Mas a carga virá pesada. E como disse, só obedecem a ordens. Eles são bons em matar.

Se me permitem, chefes, posso enviar um drone para alertá-los de que sabemos da ação. 

— Pode ser interessante essa abordagem, Annan, mas não. Quero deixar os cornos que estão fazendo isso em dúvidas.

— Detrea…

— Sim, chefe.  

— Quero uma reunião rápida com cada líder de grupo na sala de controle. Annan…

— Na escuta, chefe Helena. 

A chefe sênior estranhou o modo como a IA a respondeu. Ela parecia falar como alguém da equipe, usando os mesmos termos que as agentes utilizavam para responder aos chamados.

— Assim que chegarmos, utilizaremos a sala em que está. Está na hora da equipe toda saber que você existe. 

— Tem certeza, chefe? A agente Ária estará presente.  

— E será isso que fará com que saibamos se ela está a favor ou contra nós. 

— Não sei não, Helena. É arriscado. 

Detrea comentou temerosa a decisão da chefe.

— Acho melhor lidar com isso do que deixar as agentes às cegas. As meninas que estão fazendo a segurança da entrada têm o direito de saber e essas foram escolhidas por nós. Observaremos Ária com cuidado.

— Datrea, chame Sheira também. Ela é a outra líder da Cymorth e assim garantimos que todas as agentes da equipe fiquem a par de tudo. Afinal, elas terão um papel fundamental em nossos planos. 

— Entendido, chefe Isadora.

As duas chefes estavam a caminho da sala de controle, quando viram Jada se aproximar. Ela seria uma das agentes a compartilhar as informações e estava atendendo ao chamado.

— E aí, o que tá pegando?

— Já vamos falar Jada. Vamos chegar primeiro na sala.

Jade reparou nas duas, enquanto caminhavam. Estavam leves e quase não pareciam as rivais de antigamente.

— Vocês estão diferentes… Tão se pegando?

— O quê?!

Ambas pararam perplexas, encarando a agente, que caiu na gargalhada.

— Calma, só tô zoando. Vocês tinham que ver a cara que fizeram. 

A agente se adiantou para emparelhar com a recente amiga Kaia, que também fora chamada. Isadora empalideceu, certa de que estava se expondo demais, na mudança de atitude com relação a Helena. A agente sênior se sentia da mesma forma.

— Estamos sendo tão transparentes assim? Isso é ruim, Helena. 

— Calma, Isa. Não vamos nos precipitar.

— Precipitar? Ela falou na nossa cara que estávamos nos pegando!

— Estamos sentindo culpa pelo que rolou lá dentro. Deve ser isso. Ela só estava brincando. Sua equipe não te zoa? A minha me zoa.

 — Claro que zoa, mas ela falou que estamos diferentes.

— Porque estamos. A gente era como gato e rato. Começamos a mostrar para todas, que estamos nos dando bem. É claro que estão reparando nisso.

— Hum… E isso é bom para a missão, não é?

— É. É isso.

Calaram-se até chegar à porta do bangalô da sala de controle. Antes de entrarem, Isadora segurou o braço de Helena. 

— Qualquer coisa que perguntem, é isso que vamos dizer, não é?

— É. 

Pareciam duas adolescentes pegas numa mentira e não mulheres adultas e agentes treinadas.

Esperaram que todas as líderes chegassem e apresentaram a IA. Todos as líderes das equipes saberiam da estratégia geral. Queriam que a inspeção do staff do resort fosse muito bem realizada. A maioria se espantou com a tecnologia que dispunham e só depois compreenderam o contexto de como a IA foi adquirida.

Conversaram e ajustaram as estratégias que seguiriam com as demais agentes. Após muita discussão, o plano havia sido aceito e fechado por todas. 

— Chefes…

— O que foi, Ária?

— Quero que coloquem um chip em mim e abram para a IA o meu ponto, para que sempre ouçam o que falo. 

Ária olhou para todas que a encaravam, certa de que entendiam sua atitude. Ela era a pária. Era a pessoa que fora para lá sem que pedissem e sabia que recaía sobre ela a pecha de infiltrada.

— Quero que me monitorem o tempo todo, para saberem onde estou. Assim ficarão tranquilas em relação ao que estou fazendo.

— Ótimo! Farei isso. — Isadora virou-se para Margot. — Tem chips rastreadores intradermais? 

— Tem sim, chefe. 

— Pegue. — Virou-se para o restante da equipe. — Já sabem o que farão. Dispensadas.

Assim que todas saíram, Isadora pegou a pistola de injeção dérmica para o chip e se aproximou de Ária. Ela estendeu o braço. 

— Não será aqui que o colocarei. Retire a blusa. 

Helena observava de longe a interação e estranhou o pedido. Não intercedeu, embora soubesse que era uma situação constrangedora para a agente. Ária não hesitou nem por um segundo. Desnudou seu dorso, puxando a camiseta de uma só vez.  E olhou altiva para as chefes. 

Foi uma atitude protetiva, entretanto, descontraiu-se ao ver que as chefes não a encaravam e, muito menos, esquadrinhavam seu corpo. Agiam naturalmente como uma ação normal, sem qualquer interesse encoberto.

Sentiu um beliscão e uma queimação nas costas, na região toráxica.  Não era comum que chips de rastreamento fossem colocados naquele local.

— Não quer arriscar que retire e deixe-o funcionando fora de meu corpo. Nessa região, ficará mais difícil para eu retirá-lo sozinha. Entendo.

— Ótimo que entenda. 

— Chefes… — Ária pausou a fala. Queria alertá-las, mas não sabia se seria bem recebido. — Lewis é esperto e inteligente. Ele pode ser um canalha escroto, mas não o subestimem. 

Isadora havia terminado e Ária se vestia. Helena ordenou para Annan conectar o dispositivo de rastreamento que acabaram de implantar na agente Cymorth. 

— Me fale o que sabe sobre Lewis.

Assim que perguntou, Isadora se sentou em uma cadeira, esperando que a agente respondesse. Esticou as pernas e colocou as mãos cruzadas sobre o abdômen, esperando a resposta.

— Não há muito o que falar além do que já conhecem dele. Taticamente, não é muito de utilizar estratégias evasivas. Sempre prefere agir diretamente, contudo, tem aprimorado esse lado.

— Com a sua ajuda? Falo isso porque tenho acompanhado a carreira dele e os últimos trabalhos foram bem complexos. Sua equipe deu conta deles com certa sofisticação nas ações.

— É, não posso negar. Fui eu sim.  Ele está de olho na promoção para chefe sênior e quer impressionar.

Helena e Isadora evitaram se olhar, confirmando o que praticamente já sabiam. Se mantiveram imparciais, prestando atenção ao relato da agente. Ária continuou a explanar sobre o chefe de sua equipe original. 

— Ele conseguiu essas missões que tinham um viés mais… como posso dizer? Delicado. Entretanto, pediu que eu tomasse a frente na elaboração do sistema de proteção do contratado.

— Ária, por que acha que ele faria algo contra a nossa missão?

— Além dele odiar vocês duas?

Ária sorriu de lado cinicamente e apontou o frigobar, mostrando que pegaria algo para beber. Abriu uma garrafa de água com gás e deu um bom gole no líquido, antes de continuar.

— Nos dias que antecederam a chamada da Agência para essa missão, ele e um agente chamado Carlson, que é tão cretino ou mais do que ele, ficaram de conversas às escondidas. Estávamos em uma missão coordenada por mim.

— Se foi a última, eu sei qual é. Foi a segurança do filho de um milionário finlandês que iria visitar um país em conflito à trabalho. 

Ária elevou a sobrancelha, intrigada com o fato de que a chefe Isadora soubesse tanto de suas missões.

— O que foi, Ária? Não tiro o olho dele, desde que me largou para morrer. Já contei isso a você e é verdade.

A agente Cymorth anuiu com a cabeça, sentindo-se desconfortável. Ela não podia dizer que não sabia da raiva que Isadora tinha pela equipe Gladiador. Não só sabia, bem como esperava toda a resistência, mas se ela se mantivesse firme, conseguiria levar os planos adiante. 

Ou Ária obteria sucesso e galgaria posições na agência, ou afundaria a sua carreira, quiçá, morresse naquela enseada no fim do mundo. A verdade é que não tinha ninguém para retornar e, por esse motivo, não se importava muito com o que ocorresse, pois era a sua chance. Seria tudo ou nada.



Notas:



O que achou deste história?

6 Respostas para Capítulo 9 — Melhor Que o Combinado

  1. Por, Carol!!!
    tudo bem??
    voltei!!!!

    Nossa, tá bom demais!!!

    Essa Ária Sei n …espero que n traía com Lewis, mesmo querendo subir como agente….que no final, prevaleça OS valores!!!
    Essas duas juntas…. perigo!!!
    Beijão

    • Oi, Maga! Que coisa boa ter você aqui!
      E eu vou te dizer, Táttah, essa Ária dá para a gente desconfiar muito dela mesmo. 😉
      Valeu, minha amiga, obrigadão pela visita!
      Um beijão pra ti!

    • Blackrose, você está certa. Elas entraram em uma roubadona. rsrs
      Como foi de carnaval, Blackrose? Tudo tranquilo? Pulou muito? 🙂
      Vamos continuar na saga dessas duas e você vai ver que a roubada será cada vez maior. rsrs
      Obrigada, um beijão, e bom restinho de semana, Blackrose!

      • Meu carnaval foi tranquilo, obrigada por perguntar, e o seu como foi?

        Meu Deus! Nunca comentei com sono pqp, escrevi tudo errado kkkk
        Desculpa Carol

        Bjs 😘 e agora é de vdd 2024 começou

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