– Você só pode estar brincando! Não posso assumir seu lugar. O que a faz pensar que posso fazer isso?

Eva sorriu-lhe abertamente e o olhou de cima a baixo deixando transparecer com esse gesto que sabia de algo que ele não sabia.

– Por favor, Pietro! Você é tão capaz ou mais que eu de fazer isso. E é o candidato perfeito para a vaga.

– Por quê?

– Trabalha para o governo há anos, serviu o exército com honras por dois anos…

– Apenas porque o serviço é obrigatório – informou ele, interrompendo-a.

Ela continuou como se nada tivesse dito.

– Você tem influência no meio, não só sua, mas principalmente a de seu pai e, além de tudo, deseja ver este país em paz tanto ou mais que eu.

– Isso é loucura. Você só me conhece a alguns dias, não sabe do que sou capaz – rebateu ele.

Ela o mirou com um sorriso divertido e ele estranhou seu gesto. Eva que, pelas poucas vezes em que haviam se encontrado, era quase uma parede de tão séria, nem parecia ser ela mesma.

– Ora, sempre soube tudo sobre você, seu trabalho, de quem é filho. Era o meu trabalho, esqueceu? Não se ofenda, Antônio, mas tomei a liberdade de investigar todos com quem tem contato próximo como uma garantia de que não corria nenhum risco de ser descoberto.

Antônio deixou um brilho surpreso surgir em seus olhos castanhos e sorriu.

– Não estou ofendido, mas gostaria de ter sido informado antes.

Ela observou a fumaça do charuto dele desaparecer no ar, então deu de ombros tragando um pouco de fumaça do seu cigarro.

– Não achei necessário.

Ele bebericou o conhaque que tinha nas mãos, dizendo:

– Sempre tão desconfiada…

– Cautelosa é a palavra correta – corrigiu ela.

Ele deu de ombros, não havia como discutir com Eva, ela sempre encontraria um bom argumento para lhe dar.

– Ouça, Pietro. Fiz muitos sacrifícios, a maioria pessoais, para chegar até a Central de Inteligência. Por dez anos, fiz coisas que jamais sonhei fazer em minha infância, abandonei meus escrúpulos, minha piedade e minha dignidade. Alguém me disse, recentemente, que tudo que fiz jamais será reconhecido pelos que ajudei, pois ignoram quem sou e o que faço por eles. Contudo, quando coloco minha cabeça no travesseiro à noite, é a certeza de que estou agindo certo que me faz dormir. Não me importa o reconhecimento, não o quero. Tudo que desejo é paz e, se para alcança-la, preciso guerrear um pouco, que assim seja.

Ela ficou de pé e caminhou até a mesa no canto, onde se encontrava uma garrafa de conhaque. Se serviu da bebida, sentindo os cortes em seus lábios doerem após sua passagem.

– A questão é: Você estaria disposto a fazer os mesmos sacrifícios? – pousou o olhar nele com gravidade.

– Não pode me pedir isso.

– Não estou pedindo, estou sugerindo, aliás, estou elegendo você como meu sucessor.

– Está louca.

Ela deixou um suspiro longo escapar. Se ele não aceitasse, todo seu trabalho seria jogado no lixo e muita gente seria perseguida pelo governo.

– E não estamos todos? Afinal, tudo isso se trata de uma grande loucura. A loucura de um homem pelo poder e a loucura de tantos outros para lhe tirar esse poder.

Pousou seu olhar castanho no dele.

– Não se trata mais de lutarmos contra uma ditadura, há muito tempo que tudo isso se transformou em uma guerra. Derramar sangue, infelizmente, se faz necessário para encontrarmos a paz e Cortez não irá devolver o poder ao povo por vontade própria, ele é como uma serpente a encantar sua vítima antes de dar o bote.

Caminhou até a janela e observou o jardim que se oferecia lindo e colorido aos seus olhos carregados das tristezas e dores que já havia presenciado ao longo dos últimos dez anos.

– Fomos ingênuos, muito ingênuos. Durante anos, ele nos espionou e jamais desconfiamos. Poderia ter posto fim a essa guerra há muito tempo – sorveu o conhaque e nunca a bebida lhe pareceu tão forte e amarga.

Os rostos de Pietro e seu pai se refletiam na janela, sombrios.

– Isso é algo que precisamos entender – Antônio pontuou com voz arrastada.

Ela se voltou para eles.

– Pouco antes de fugir, ouvi Rafael comentar com seus companheiros que Cortez está apenas à espera de encontrar a pessoa que auxilia tantos espiões, ou seja, eu. Comigo em seu poder, poderia ter acesso a todos os nossos aliados, invadiria o acampamento do meu tio e a guerra acabaria, pois não restaria mais ninguém para dar continuidade à nossa luta.

– Com certeza, haveriam outros – afirmou Pietro.

– Mas seriam tão poucos e desorganizados que não chegariam a incomodá-lo. Provavelmente, inventariam desculpas para guerrear entre si, se tornando ainda mais isolados, fracos e insignificantes. Meu tio uniu todos aqueles que desejavam a queda de Cortez e o retorno à democracia, fez deles uma grande massa, unidos em prol de um objetivo em comum. Contudo, ele não fez e nem faz tudo sozinho. Existem pessoas de confiança, como você, Antônio, articulando em nosso favor nas sombras. São essas pessoas que Cortez quer e quando as tiver, irá atrás da minha família.

Ela terminou sua bebida e se serviu novamente, retornando para a poltrona em que estivera sentada. Seu olhar castanho preso ao negro de Pietro.

– Se você não quer fazer isso sabendo que é a escolha certa porque confiamos em você e na sua capacidade, então o faça sabendo que você é a melhor opção. Levei anos para chegar à Agência, tive de servir ao exército, depois a polícia e vários outros cargos. Foram longos dez anos. Encontrar outra pessoa para fazer isso, no momento, é impossível. Levaria anos para conseguirmos colocá-lo na Agência e, com certeza, seria ainda mais difícil com tudo que aconteceu. A segurança ficará mais rígida.

***

Pietro observava Eva, havia alguns minutos. A moça havia se recostado a uma árvore no jardim, tinha um cigarro pendurado nos lábios, enquanto olhava para algo em suas mãos.

Sentiu a aproximação do pai, antes mesmo dele anunciar sua presença dando uma leve tossida.

– Uma moça admirável – comentou Antônio se juntando a ele na sacada da sala de jantar.

O rapaz desviou o olhar para o pai e percebeu que ele estava sorrindo.

– Não parece preocupado com tudo isso – observou, um pouco ressentido.

Havia dois dias que Eva havia travado diálogo com eles sobre a traição de Rafael e Marina. Desde então, Antônio tentava entrar em contato com Silas, sem muito sucesso.

– Pelo contrário, estou muito preocupado. Contudo, de nada adiantará me desesperar.

Pietro baixou o olhar, voltando a pousá-lo em Eva que não havia movido um único músculo.

– Devia falar com ela, faria muito gosto – Antônio aconselhou.

– Como assim?

– Está aí, admirando-a há um bom tempo. Vejo a forma como a olha desde que a viu pela primeira vez há dez anos. Só nunca entendi a razão de sempre se esconder de suas vistas quando ela vinha ter comigo.

Pietro sentiu-se enrubescer e o pai riu de seu desconcerto.

– Só queria ser discreto e não me intrometer em seus assuntos – tentou disfarçar.

– Sei… Mesmo assim, faria muito gosto de tê-la como nora – riu.

– O senhor está me desconcertando, pai. Não tenho interesse em Eva, apenas a admiro.

– Entendo. Também admirei sua mãe até o dia de sua morte – comentou rindo já retornando para o interior da casa.

O pai não havia se enganado. Nutria uma forte admiração por Eva e esta veio a se tornar um amor platônico. Sempre estava por perto quando ela vinha pedir os conselhos de Antônio, mas preferia se recolher quando percebia sua presença, pois sentia-se intimidado por sua beleza. Sentia que a moça era capaz de o fazer perder o equilíbrio de muitas maneiras.

Aproximou-se dela, enquanto ponderava se deveria seguir os conselhos paternos. Ela tinha nas mãos o mesmo pingente que estava sempre em seu pescoço. Era uma joia simples e bonita, que combinava com a sobriedade dela.

– É uma bela joia – comentou para puxar conversa, enquanto retirava um cigarro da carteira e lhe oferecia, pois o dela estava chegando ao fim.

Eva o brindou com um meio sorriso, o olhar sempre sério adquirindo um brilho caloroso. Deu um último trago no cigarro em seus lábios e atirou o que restava dele no chão, apagando-o com a sola dos seus sapatos.

Pietro ainda matinha a mão com o novo cigarro estendida para ela.

– Não, obrigada. Este foi o meu último, pelo menos, espero que seja. Finalmente, percebi que a calma que ele me traz não é de verdade – balançou os ombros, deixando escapar um leve suspiro.

Resignado, ele guardou os cigarros.

– Sempre me perguntei o que guarda tão perto do coração – disse curioso, o olhar no pingente aberto na mão dela, cujo conteúdo não conseguia ver.

Eva sorriu como nunca a tinha visto fazer e ele não conteve seu sorriso também.

– Um grande amor – respondeu, os olhos brilhando intensamente.

Ele engoliu em seco.

– Hum… Ele é um homem de sorte – sorriu tímido e não pôde evitar que certa decepção transparecesse em sua voz, que foi capitada por Eva, mas ela preferiu ignorar.

A moça ampliou seu sorriso.

– Se “ela” é uma mulher de sorte por ter o meu amor, não sei. Mas eu sou uma sortuda por ter o dela depois de tanto tempo sonhando com isso – apertou firme o pingente, sentindo a saudade de Camila invadindo seu peito.

Engolindo a decepção, ele acendeu um cigarro e juntou-se a ela embaixo da árvore.

– Parece surpreso – comentou ela.

Pietro deixou um risinho sem graça escapar.

– Desculpe. Nunca imaginei que você… – calou-se sem saber bem o que dizer.

– Fosse lésbica? – completou ela, rindo.

Ele balançou os ombros, concordando.

– Amor não se escolhe. Não podemos decidir quem vamos amar e como vamos amar, apenas acontece. E comigo aconteceu quando ainda era jovem demais para entender o que se passava em meu coração. O mesmo se deu com ela – disse, lhe entregando o pingente que ele mirou intensamente por alguns segundos.

– Camila?!

Eva riu do seu choque.

– Mas ela é sua prima.

– Mas não é minha irmã – ela pontuou com um sorriso maroto e assumiu um ar sério, recolocando a joia no pescoço quando ele a devolveu. – É por ela que fiz tudo isso. Por ela e por meu tio. Não poderemos voltar a ser uma família, enquanto Cortez continuar no poder.

Ele deixou que o cigarro caísse e o apagou com a sola de seu sapato, apenas para ter algo que fazer e fugir do olhar penetrante de Eva. Estava realmente chocado com suas revelações.

– Sinto muito, Eva, mas acho que não sou capaz de fazer isso – revelou, voltando a sustentar seu olhar.

Ela sorriu, como havia feito no escritório de seu pai quando propôs que assumisse sua função.

– Eu nunca me achei capaz de desempenhar esse papel, Pietro. Contudo, tive um forte incentivador, – pousou a mão no ombro dele – o amor pela minha família, o amor pela liberdade, o amor pela vida que sempre desejei ter e que só será possível quando tudo isso acabar. Respeitarei sua decisão, qualquer que seja ela.

Ela se afastou, retornando para casa com passos lentos, deixando-o com muitas coisas para pensar e um coração partido.

***

Às oito horas da manhã de uma terça-feira Pietro Hernandes sentou-se atrás de sua nova mesa, em sua nova sala. Ele era, agora, o responsável pelo departamento de investigação interno. Havia chegado ali graças aos muitos amigos que fizera ao longo de seu trabalho pelo governo como, também, pela forte influência que o nome de sua família exercia no meio entre os vários contatos que seu pai tinha no exército.

Olhou em volta.

Armários, gavetas, arquivos, pastas, tudo que havia sido revistado e jogado por cima dos poucos móveis da sala. Eva tinha razão, no momento em que estava contando, no escritório de sua casa, os acontecimentos que culminaram em sua fuga da ambulância que a levava para Serra Negra, toda a Central de Inteligência já sabia de sua traição.

Rafael não perdera tempo em enviar uma mensagem ao seu superior e o resultado disso foi uma caçada insana por Eva Torres em toda a cidade e região. Felizmente, Eva se encontrava a quilômetros dali sã e salva, aguardando a chegada de seu tio.

Fechou os olhos e lembrou-se do quanto achou ser uma loucura quando ela sugeriu que deveria assumir seu lugar na Agência, teve ânsias de risos, mas não deixou que nenhum lhe escapasse aos lábios quando percebeu que falava sério.

Uma coisa ele não poderia negar, Eva era uma mulher muito convincente. Todos os argumentos que usou eram, sem dúvida, a realidade e ele não poderia fugir dela. Já estava cansado daquela guerra, de ver mães chorando seus filhos mortos ou desaparecidos, de ver viúvas e órfãos. Queria paz e se para isso teria de se envolver diretamente, assim o faria.

Contudo, a principal razão para ter decidido aceitar o que lhe propuseram, foi o desejo de ver Eva feliz ao lado da mulher que amava.

Suspirou cansado.

Sempre soube que conquistar o amor de Eva seria difícil, principalmente, porque ele temia seus próprios sentimentos, mas foi um choque descobrir que não tinha qualquer chance com a moça e que jamais poderia competir com a pessoa que era dona do seu coração. Restava-lhe apenas invejar Camila, torcer pela felicidade das duas e trabalhar para que pudessem viver esse amor em um país livre da repressão.

***

Antônio observava Eva andar de um lado para o outro da sala. Estavam em uma das mais belas fazendas produtoras de café do país, mas desde que o novo governo se instalou, ficou muito difícil exportar e vender sua produção pelas muitas barreiras impostas pelos demais países aos produtos oriundos das Ilhas Negras como forma de retaliação ao governo militar de Cortez.

A fazenda ficava nos arredores da fronteira que delimitava a zona sob o controle rebelde e oferecia várias rotas de fuga caso houvesse necessidade. Eva conhecia bem o local, pois passara grande parte de sua infância ali. Dividiu aquela casa e muitos momentos felizes com seus pais até a morte do pai. Ainda conseguia vê-lo sentado na varanda lendo o jornal e a mãe fazendo trança em seus cabelos, enquanto cantava baixinho.

Aquele tempo nunca mais voltaria e essas lembranças iam e vinham em sua mente como um sonho bom, mais nada. Mesmo assim, sentia-se em casa.

A fazenda não pertencia mais a família Herrera, agora era uma das dezenas de propriedades da família Hernandes. Seu tio havia feito uma manobra, passando seus bens para o amigo a fim de evitar que tudo que tinha fosse usurpado pelo governo de Cortez.

Ela acendeu um cigarro, tinha o cenho franzido. Estava muito séria e carrancuda, algo a preocupava, era evidente.

Haviam chegado ali dois dias antes e, desde a conversa em que ela expusera seus planos, Antônio notara pequenos detalhes no comportamento de Eva que ao resto do mundo passariam despercebidos. Mas para ele, que aprendeu ainda jovem a observar o ser humano como um todo e não apenas se contentar com suas palavras, era fácil notar o olhar inquieto e, às vezes, distraído. Os cigarros que ela fumava seguidamente um atrás do outro, as mãos que hora se encontravam e hora iam se esconder nos bolsos da calça e, em outros momentos, repousavam sobre o peito na altura em que se encontrava um pingente dourado que, ele sabia, havia sido um presente de Silas.

– O que a preocupa? – perguntou por fim, já cansado de apenas observar e tentar adivinhar o que se passava em sua mente.

Ela estacou no meio da sala por alguns segundos, em seguida sentou-se em uma poltrona perto de uma janela de onde via uma imensidão de terra sem cultura e coberta pelo mato. Ainda haviam alguns pés de café no terreno atrás da casa, mas ver todo aquele mato a deixou ainda mais irritada e nervosa.

Como ela não o respondeu, tornou a repetir a pergunta.

– O que a preocupa, Eva?

Ela apagou o que restava de seu cigarro, havia dito a Pietro que tinha parado de fumar, mas estava bem difícil continuar seguindo a decisão.

– Me sinto impotente. Estou aqui escondida, enquanto todos estão lá fora lutando para derrubar Cortez…

– Se você mentia assim na Agência, então acho que todos por lá são um bando de idiotas, pois você é muito ruim – sorriu. – Vamos, conte-me o que realmente a preocupa neste momento.

– Camila e meu tio – confessou.

Paciente, ele aguardou que continuasse a falar.

– Não faço ideia do que Rafael disse ou fez. Neste exato momento, eles podem estar me odiando e acreditando que os traí.

– Você nunca me pareceu ser insegura, pelo contrário, a segurança sempre esteve presente na sua pessoa. Talvez esteja mesmo preocupada com o que Rafael possa ter dito ao seu tio, mas há mais alguma coisa.

Ele tinha razão, Eva não temia apenas as mentiras que Rafael poderia ter inventado a seu respeito, mas temia, principalmente, o efeito que essas mentiras poderiam ter causado em Camila e se isso a faria odiá-la.

– Sempre tão perspicaz – pontuou ela com ironia.

– Sou apenas um observador do ser humano, Eva. Você sempre foi difícil de ler, mas hoje me parece um livro aberto. O que realmente a preocupa?

Ela pousou o olhar nele, que estava sentado à sua frente em uma posição relaxada. Reparou no sorriso leve que se formava em seus lábios, no cavanhaque negro e bem aparado, nos olhos negros e sérios. Era um homem bonito e atraente. Pietro era sua cópia fiel, com a diferença de que era mais alto, musculoso e sério.

Os olhares que o rapaz lhe lançava, também não haviam lhe passado despercebidos, mas preferiu ignorá-los. Não queria lhe dar falsas esperanças, nem o magoar, pois gostava dele e o respeitava.

– O que me preocupa diz respeito ao que está em meu coração, Antônio – revelou.

– Sempre fui um bom ouvinte no quesito amor, caso necessite de um amigo.

Ela o brindou com um sorriso fraco.

– Obrigada, mas não sei expressar o que sinto em palavras.

– Não precisa, seus gestos falam por você. Tem andado muito taciturna e alheia, principalmente, depois que consegui entrar em contato com seu tio – ergueu a mão para impedir que ela falasse. – Seu tio deverá estar aqui esta noite.

– Espero que ele venha.

– Ele virá e é possível que Rafael o acompanhe.

Ela sorriu. Tinha planos para aquela noite e um deles era dar o troco ao traidor Rafael.



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