Em Qualquer Lugar

Capítulo XIX – Amor e desespero

Pouco mais de um mês

Ana Maria

— Que foi, amor?

Eu não precisava nem perguntar, pois depois de um ano vivendo com o Cacá, eu percebia, quase como um ato contíguo ao meu, o que ele estava sentindo. Isso era uma das coisas que eu mais amava nele, a sua transparência.

— Houve mais um ataque. Por que a Paula se meteu nisso?

— Por que eu te amo? Por que você me ama?

Abracei-o sentado, enquanto ele olhava as notícias pela internet. Ele era mesmo o irmão de alma daquela baixinha, assim como eu me considerava irmã de alma da Aghata.  Entendia seus sentimentos de apreensão, sentia o mesmo pela Aghata, mas aprendi a lidar com isso mais cedo do que ele.

— Eu sei… Mas será que ela sabia no que estava se metendo?

— Meu amor, ela sabia uma única coisa: que ela só conseguiria continuar caminhando se ela encarasse. Isso foi o que a motivou.

— Droga! Não podia ser mais fácil?!

— Talvez sim, talvez não… — Ele estava desesperado. — Relaxa um pouco, me deixa ver meu email.

Ele afastou sua cadeira para que eu sentasse na outra e tomasse o teclado e o mouse para ver minha conta. Assim que abri, ele quase pulou.

— É Aghata?

— É.

Mais que depressa abri a mensagem.

“Querida amiga, estou me recuperando de um atentado ocorrido há quase um mês e meio atrás. Acredito que as notícias já correram por aí. Não se preocupe. Estou sendo bem cuidada e apesar de todos os ferimentos, eu estou inteira. Não me encontrava em um lugar em que pudesse ter contato, mas agora estou na capital. O governo nos manteve em um local seguro, mas isolado, para que as notícias não vazassem. Sabe como são esses lugares, nós prestamos serviços caridosos, contanto que não nos intrometamos… Então, estou te contatando para que você não se preocupe. Sei que está roendo as unhas, mas ainda não é a hora para eu largar do seu pé. Espero que esteja tudo bem com você. Mande-me mensagens, pois agora vou ficar um tempo de molho e, por favor, me esclareça os e-mails antigos, pois não entendi nada. Da sua irreverente e turrona amiga, Aghata”.

— Meu Deus! A Paula está na linha de frente e nem passa pela sua ideia que a Aghata está sã e salva!

Que merda! Agora tudo acontecia ao contrario! A Aghata estava bem, a Paula estava na linha de frente tentando achar a Aghata e sem comunicação, o Cacá estava angustiado e eu aliviada com o aparecimento da Aghata! Cliquei em responder mensagem.

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Aghata

Eu estava deitada em minha cama de hospital, se é que poderia chamar essa joça de hospital. O que mais me revoltava era que esses infelizes lucravam com essa disputa infinda entre as fronteiras e os guerrilheiros. Lucravam até com a mídia falando para o mundo todo, a respeito do que supostamente acontecia em lugares como esse.

Tinha uma perna fraturada já recuperada, mas o que me deixou de molho mesmo, foi um tiro na coxa que infeccionou depois de ficar três dias sem água, sem comida e achando que era meu fim. Quando chegou a ajuda, eu nem acreditei. Nunca achei que viveria para sempre, mas custava a acreditar que era meu fim. Naqueles dias, lembrei de tudo que foi bom em minha vida e tudo que foi minha ruina. Na minha cabeça só via uma imagem: a dela. Era a minha redenção, minha esperança e meu desterro. Tudo que fiz por aquelas crianças maltratadas, aquelas mulheres maltrapilhas e desnutridas, aqueles homens sofridos e descrentes, era uma benção e acalanto para o meu coração. Não faria nada diferente, a não ser lutar mais pelo amor que tinha dentro de mim e que não tinha jeito de apagar. Foi a única coisa em que pensei e que me deu forças para ficar viva naquele inferno. Eu precisava vê-la novamente.

Já caminhava com facilidade pelo hospital e não sabia por que não me davam alta. Fiz amizade com uma enfermeira e ela me permitiu ver meus e-mails no computador da enfermaria. Era lento como ele só. Não me importava, esperaria o quanto fosse. Sabia que Ana era uma das poucas pessoas desse mundo que estaria esperando por notícias minhas e se preocupava muito comigo. Olhei rapidamente meus e-mails e mandei um para a Ana Maria. Tinha uns dez ou doze e-mails da Universidade de Wise, provavelmente por conta da ficha que preenchi para a entrevista com a Paula.  Isso era praxe de toda a instituição. A única coisa que me importava naquela hora, era deixar claro para Ana que ainda estava viva. Um dia depois, pedi a enfermeira Iffat para ver meus e-mails, novamente.  Choquei-me!

— Por Deus! Não é possível que ela tenha vindo para cá!

Ao mesmo tempo em que meu cérebro computou e se alegrou com a notícia que Ana me dava de que a Paula tinha vindo me procurar, meu coração se encheu de angústia por saber que ela estava incomunicável em algum acampamento das forças de paz. Abri todos os e-mails da Universidade de Wise e me deparei com declarações de Paula, contando o que ocorreu depois da minha partida e, por último, um email desesperado por saber do ataque.

“O que eu fiz?” Pensei. “Ela está aqui por minha culpa! Ela não tem a menor ideia no que se meteu”!

Consegui convencer um dos médicos do hospital de que eu queria voltar para o meu país e que não precisariam se preocupar comigo. Ele me deu alta temeroso, mas, ao mesmo tempo, era um dos médicos que eu julgava ser um dos mais éticos do hospital. Um daqueles que faziam o “serviço” do governo a contragosto.

 A verdade era que eu não sabia o que fazer. Se retornasse para as forças de paz, eles não me dariam informações e me mandariam para qualquer acampamento. Tinham uma política muito forte de não se meter e de não falar nada, para continuarem atuando no país. Se eu não entrasse em contato com meus amigos, aí é que eu não saberia de nada mesmo. Fui para um hotel na capital e, assim que me assentasse, pensaria em como agiria.

Tomei um banho decente. Há muito tempo que eu não sabia o que era ficar debaixo de um chuveiro. No acampamento, quando podia e não havia perigo de invasão, fugia furtivamente, sem que meus companheiros de acampamento soubessem, ia para um açude que tinha na encosta da montanha me banhar. Quando me pegavam, levava uma bronca terrível por me afastar sem proteção alguma. No hospital era ainda pior, tinha que tomar banho de caneca, pois não tinha água suficiente. Deixei o meu corpo relaxar e comecei a pensar em como faria para encontrar a Paula.

Desci para o jantar e percebi que não tinha mais nenhuma mesa disponível. Hoje em dia não tinha mais pudores. A maioria dessa gente, não sabia o que era passar fome, sede, comer com a mão por necessidade e também porque não se sabia comer de outra forma. Conheci muita gente que não sabia nem o significado da palavra garfo. Nunca tinha visto um ou escutado falar esta palavra em sua vida. Cheguei próximo a uma mesa em que tinha só uma mulher sentada e perguntei se poderia sentar ali.

— Claro! Fique à vontade.

Não queria falar com ninguém, mas também não podia ser mal-educada com a pessoa que me permitiu sentar em sua mesa. Estendi minha mão e me apresentei.

— Prazer, meu nome é Aghata.

Ela parou de mastigar, olhando com espanto para mim e estendeu sua mão ainda engolindo sua comida.

— O meu é Astrid. Aghata não é um nome muito comum…

Estranhei sua reação, mas fiz como se não tivesse percebido.

— É. Pelo que sei, minha mãe gostava de histórias da Grécia antiga. Meu nome vem do adjetivo agathos, que significa “Deus”, mas ela quis colocar a sua derivação que significa “a bondosa”, ou “boa” apesar de não ser muito religiosa, achava pretensão uma comparação. Minha mãe era de natureza humilde e ao mesmo tempo encantada com histórias do velho mundo. Paradoxal…

A reação dela continuava estranha para mim.

— É, realmente, não é muito comum.

Fiquei calada e ela me olhava de soslaio. Comecei a me incomodar.

— Há algum problema? – falei expressando meu desagrado.

— Não! Não… só que…

— Só que?

— É… Você acaso faz parte das forças de paz?

A pergunta me deixou desconfortável. “Será que estavam me vigiando”? Acho que deixei transparecer meu desconforto e ela se apressou a explicar.

— Desculpe, eu comecei a fazer um monte de perguntas e, possivelmente, você não está entendendo a minha reação. Deixe-me explicar. Sou repórter e estou hospedada nesse hotel há pouco mais de um ano. Há cerca de um mês ou um mês e meio, quando houve um atentado a um acampamento das forças de paz, conheci uma mulher que veio para cá procurar alguém que, supostamente, estaria em um acampamento desses. A mulher desaparecida tinha o nome de Aghata pelo que ela falou, então…

Meu coração disparou!

— O nome dessa mulher que você conheceu era…

— Paula.

— A Paula está onde agora? Você sabe? – fiquei agitada e esperançosa.

— Então você é a Aghata?

— Sou. Por favor, me fale o que você sabe!

Ela olhou para os lados e falou baixo.

— Falo, mas não aqui. Termine de comer e vamos para o seu quarto. Eu estou hospedada aqui há muito tempo para arriscar dizer qualquer coisa no meu quarto.

Ela baixou o olhar e continuou comendo. Minha vontade era sacudi-la e perguntar qual o problema, onde a Paula estava, enfim, mas seu semblante estava tão tenso que eu achei melhor ficar calada. Terminamos de comer, e isso foi modo de dizer, pois eu quase não consegui engolir a minha comida. Subimos para o meu quarto. Quando fechei a porta atrás de mim, me virei ansiosa e já a bombardeava com perguntas.

— O que está acontecendo? Onde a Paula está? Por que todo esse mistério?

— Calma! Uma coisa de cada vez. Primeiro: a Paula está em um acampamento das forças de paz, relativamente, seguro. É mais para o interior, longe das fronteiras. Ela foi para lá, pois conseguiu convencer os gestores que distribuem as pessoas pelos acampamentos que, pela sua inexperiência, seria melhor. Só que ela fez isso, por ter uma notícia dada pelo governo, de que as pessoas resgatadas no acampamento bombardeado, foram distribuídas por esses acampamentos mais remotos e mais seguros.

— Mentira! Nós estávamos sendo tratados em um hospital itinerante, mas depois eles nos trouxeram para a capital.

— Tudo bem. Mas isso que falei foi a notícia que chegou até nós. Segunda e terceira pergunta: antes de partir, a Paula trabalhou uma semana no prédio das forças de paz, pois tinha que se inteirar de seu trabalho. Nessa época, sem querer, ela ouviu uma ligação em que o diretor das forças de paz daqui falava com o chefe de estado.

A Astrid suspirou, desanimada, e eu gelei.

— O que foi? Fala!

— Ela escutou o diretor e o chefe de estado combinar o remanejamento dos acampamentos, pois o seu acampamento foi bombardeado pelo próprio governo que queria afastá-lo da área em que o governo utiliza para contrabandear diamantes e armas. Pelo que parece, existe uma jazida de diamantes perto da fronteira e que o governo explora com mão de obra escrava. Essa mão de obra é constituída de supostos presos de guerra e traidores nacionais. Pelo que Paula falou, o diretor das forças de paz daqui é comprado pelo governo. Mas ela também ouviu certo desagrado por parte do chefe de estado, pois o ataque não era para ser exatamente como aconteceu, era apenas para assustar e não fazer vítimas. Parece que alguém teve uma atitude impensada com relação ao ataque.

Eu estava estarrecida. Mais uma vez, eu havia inserido a Paula em uma imundície, sem querer eu sei, mas havia feito.

— Por que você como enviada não denunciou?

— Você está louca?

Sacudi a cabeça, meu desespero era tanto que nem pensava no que estava falando. Fiquei em silêncio um tempo pensando o que eu iria fazer.

— Aghata, eu estou com medo, pois a Paula, na última semana, conseguiu entrar em contato comigo através do sistema de comunicação do acampamento. Eles não deixam os voluntários utilizar, alegando pouca energia para manter o sistema em funcionamento. Dizem que precisam poupar ao máximo para uma emergência e para entrar em contato com os comboios de transporte de comida. Mas ela se arriscou e me ligou.

— Onde é o acampamento?

— No centro-oeste, próximo as savanas. Ela disse que nunca viu tanta miséria e também tantas pessoas caridosas auxiliando, mas…

— Mas?

— Ela falou que, depois que ouviu o telefonema do diretor, começou a observar as pessoas que trabalham nas forças de paz. Disse que confia na maioria, a maioria está lá para trabalhar e ajudar, mas não confia no líder do acampamento e nem em alguns de seus amigos mais próximos. Falou que ouviu esse líder se comunicar por rádio com um comboio das forças de paz e que ele combinava uma entrega. A princípio, pensou que fossem medicamentos e comida para o acampamento, mas essa entrega nunca chegou. Parece que esse cara sai constantemente em um caminhão e muitas vezes só retorna de madrugada ou no dia seguinte. Ela disse que ele é meio ditador, não aceita muito a opinião dos voluntários, já discutiu com um médico e quase bateu no cara.

Dei-me conta na mesma hora que a Paula tinha percebido que estavam usando as forças de paz para contrabando.

— Que inferno! Eu vou atrás dela. Eu conheço esse acampamento, já estive lá. O cara que ela está falando é Fingal, quase bati de frente com ele e acabei pedindo para ir para outro acampamento, não estava ali para criar confusão.

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No dia seguinte, bem cedo fui direto para o prédio das forças de paz e me apresentei para retornar ao trabalho voluntário. Normalmente, eram eles que escolhiam nossos destinos de acordo com a necessidade de cada acampamento; no entanto, eu me considero uma pessoa relativamente articulada, pelo menos a nível profissional, e não foi difícil convencê-los a me mandar para o acampamento de Fingal. Meus argumentos eram bons. Disse que gostaria de continuar com o trabalho voluntário, mas depois do ataque fiquei um pouco temerosa, assim que seria mais fácil retornar aos poucos se me alocassem em um acampamento mais seguro e não tão invasivo, um acampamento em que eu já conhecesse o trabalho e as pessoas. Concordaram e dois dias depois já estava viajando com um comboio para as savanas. Minha bagagem, dessa vez, era um pouco maior do que eu costumava; carregar e minha ansiedade também.

— Ora, ora, ora, se não é a médica mais dedicada de toda a força de paz!

— Como vai, Fingal?

Não preciso dizer que minha cordialidade era puramente política, não queria começar já com o pé esquerdo e colocar a minha segurança e a da Paula em jogo.

— Parece que um tiro bem dado dobrou você, não?

Seu sorriso era de puro sarcasmo.

— Vejo que está bem informado, Fingal! Mas é isso mesmo, eu só quero fazer meu trabalho e nada mais.

Falei com calma e aparentando certa humildade.

— Ok! Mas vai ter que montar sua própria cabana, não temos espaço para mais ninguém.

— Você pode ficar na cabana em que eu estou e dormir no meu catre, junto comigo, até fazer a sua cabana. Se não se importar, é claro.

Aquela voz, atrás de mim, era o som mais maravilhoso que eu escutei em um ano! Virei-me devagar e vi dois olhos verdes brilhantes a me espreitar. Embora seu semblante fosse sério, seus olhos me transmitiam alegria e contentamento.

— Agradeço e não me importo.

Estendi a mão para ela de forma a cumprimenta-la, fazendo parecer que não a conhecia. Como sempre aconteceu entre nós, uma corrente elétrica percorreu todo o meu corpo quando a toquei. Isso sempre me impressionava e sempre aumentava a chama que tinha dentro do meu coração.

— Meu nome é Aghata.

— O meu é Paula, prazer.

— Bem, parece que as duas sapatas do acampamento já entraram em conexão. – Gargalhou – VAMOS LOGO COM ISSO, MOVAM-SE! ISSO AQUI NÃO É NENHUMA FESTA COLEGIAL!

Olhando para a Paula, juro que dessa vez eu nem me importei com as palavras e o tom agressivo do imbecil.

— Quer me mostrar onde posso deixar as minhas coisas?

Ela não conseguiu segurar a emoção e abriu um grande sorriso para mim.

— Vamos. Eu ainda tenho algumas coisas a fazer e você pode descansar ali, se quiser.

Eu comecei a caminhar ao seu lado e quando nos afastamos, eu sussurrei para que ninguém nos ouvíssemos.

— Conheci sua amiga Astrid, ela me disse onde você estava e eu não poderia deixar você sozinha nisso.

— Então, você já sabe.

— Sim. Quero que você peça dispensa e retorne. Eu não posso fazer isso agora, senão vai levantar suspeita.

— Eu não vou deixar você sozinha de novo. Nem pense nisso! — Nós sussurrávamos, mas ela falava com irritação. — E depois, essa gente aqui, não merece que a gente caia fora sem fazer nada.

— Eu não pensei em não fazer nada, mas eu não quero que você corra riscos. Eu já estou nesse inferno há muitos anos, sei como lidar com esse cara. Já estive nesse acampamento antes. Sei que essa gente não merece essa miséria, por isso vou ficar um tempo, mas você não precisa se arriscar.

Ela parou de súbito e me olhou antes de entrar na cabana. Agora seu tom era normal, mas enérgico.

— Eu já estou envolvida; preciso ficar sim e isso porque eu quero. Quando eu cheguei, queria apenas te encontrar, mas depois… depois de saber o que você fazia por essa gente… Eles falam de você até hoje, acho que é por isso que esse cretino quando soube que você viria, quase surtou!

— Você sabia que eu viria?

— Sim. — Ela sorriu. — Você não sabe como eu fiquei feliz, mas fiquei preocupada também. Ele esbravejou pelo acampamento, dizendo que só faltava essa para enlouquecê-lo. Nesse dia, ele brigou com dois médicos e uma enfermeira, saiu com o caminhão e só voltou de madrugada bêbado. Pelas regras é proibido beber, trazer bebida alcóolica, mas parece que ele pode tudo! Todos do serviço já estão falando e desconfiando de algo. É disso que eu tenho medo. Todos ajudam pelo trabalho humanitário, mas parece que muitos do alto escalão, não.

— Vamos entrar.

Eu estava preocupada, mas estava morrendo de vontade de abraça-la. Quando entramos e vi que não tinha ninguém na cabana, eu a abracei por trás e colei nossos corpos. Senti o abandono de seu corpo em meus braços. Para mim, era como estar no céu. Era a suprema felicidade. Ela se virou de frente e me abraçou mais apertado. Senti algo molhar a minha camisa e levantei seu rosto para olha-la. Lágrimas escorriam de seus olhos e ela sorriu para mim.

— Não chora, amor! Nós estamos bem, eu estou bem!

— Meu choro é de felicidade. Pensei que nunca mais te veria.

— Não podemos ficar muito tempo aqui. Vou até Fingal pedir permissão para ir até a mata cortar madeira para uma nova cabana.

— Vou com você.

— Não. Não devemos levantar suspeitas, depois da cabana pronta, poderemos conversar com mais tranquilidade. Volte para seus afazeres como se nada tivesse acontecido.

— Tome cuidado, esse cara é louco!

— Eu sei lidar com ele, é só massagear o ego e demonstrar um pouco de submissão.

— E você consegue fazer isso?!

Ela falou com uma expressão risonha em seu rosto. Elevei uma de minhas sobrancelhas, em um gesto de falsa contrariedade.

— Deixa isso tudo acabar que eu vou te mostrar o quanto eu sou submissa…

Abri um sorriso brincalhão e os olhos de Paula pegaram fogo!

— Agora eu fiquei ansiosa para isso tudo acabar.

Peguei o seu rosto e desci meus lábios ate os seus, ela abandonava, novamente, seu corpo junto ao meu. Nossas bocas se moldavam e eu me deliciava no calor de sua língua, há muito ansiada. Deixei que em meu beijo transparecesse todo o amor represado por tanto tempo, dentro de mim.

Um barulho do lado de fora, nos fez desvencilhar do abraço.

— Paula! Está ai?



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