Em Qualquer Lugar

Capítulo XVI – Feridas abertas; o que fazer?

Paula

Cheguei em casa, no automático. Desde ontem pensava no que eu faria se a visse na rua ou em qualquer outro local público; nunca pensei que pudesse esbarrar com ela em lugar tão reservado. Apesar de pensar no que Cacá me falou a respeito dela, estava com muito medo. Medo de fraquejar e aceitar conversar com ela, medo dela me convencer que nada fez e, principalmente, medo de mim. Medo de ceder aos sentimentos que estavam trancados dentro de mim e afloravam fortes como uma tormenta. Ela me beijou e eu me senti nas nuvens como há muito tempo não me sentia. “Meu Deus! Eu ainda a amo e não consigo tirar isso de mim! E se eu acreditar nela e ela me machucar novamente? Não! Eu não posso permitir!”

Sentei na varanda, procurando um sentido em tudo. Levei meus dedos aos meus lábios, sentindo ainda o gosto da boca de Aghata. Por que ela tinha que ter um beijo tão maravilhoso? Que droga! Ela não podia ter mau hálito? Ou ter aquele beijo baboso horrível que deixa o nosso rosto todo melado? Mas não! Tinha que se encaixar perfeitamente à minha boca e fazer do jeitinho que eu gosto! Que droga! Que droga! Que droga! Recostei na chaise e rememorei alguns momentos de nossas vidas. Cada coisa que eu pensava me deixava mais indecisa sobre que rumo tomar. Estava em um lugar que eu gostava de trabalhar e era reconhecida pelo meu trabalho. Não podia, simplesmente, deixar tudo para trás de novo por conta de um passado mal assombrado.  Escutei a chave na porta da frente e vi o Cacá entrando.

— Oi!

— Oi!

— Como foi seu dia?

— Ótimo. — Ele falou — E o seu?

— Péssimo. Quer dizer, até às seis horas da tarde foi ótimo, mas depois…

— E o que houve depois das seis?

Eu suspirei.

— Eu encontrei a Aghata.

— Antes do que você imaginava, hum? Aqui entre nós, esta cidade não é tão grande assim.

— É. Mas sinceramente eu não achava que seria tão cedo.

— E o que houve?

— Ela me abordou, falando que não me traiu e não me esqueceu.

— E?

— E o quê?

— Só isso? Ela não falou mais nada; você também não disse nada, simplesmente ela falou isso e foi embora?

Suspirei novamente.

— Ela me segurou e me beijou.

Cacá ficou em silêncio, como que esperando que eu concluísse. Na realidade, não sabia se eu queria concluir.

— O que foi?

— Eu estou esperando. Preciso perguntar? Tá bom, eu pergunto. Ela te beijou e você não fez nada? Ela te beijou e você a agrediu?  Ela te beijou e você saiu correndo? Ela te beijou e você gostou e retribuiu? Ela te beijou e o quê?

— Cacá, você sabe ser irritante! Tá legal, ela me beijou e eu adorei, só depois saí correndo!

Cacá gargalhou e eu fiquei envergonhada.

— Pelo menos aproveitou. – Continuou rindo.

Comecei a rir também. O Cacá fazia piada até da desgraça.

— Ai, Cacá! Eu, tô tão confusa… Eu não quero mais mudar de cidade, eu não quero mais mudar de vida, mas eu não sei se tenho estrutura para enfrentar. Eu não a quero de volta na minha vida, pois nunca vou ter a segurança de que ela está falando a verdade. Ela disse que não fez, mas e daí? Eu vi com meus olhos, ela estava lá! Ela não disse nada contra e permitiu que o nosso projeto se fosse!

O Cacá suspirou.

— Paulinha, o fato é que você não vai andar se você não encarar. Nem que seja para ver se realmente é isso que você quer. Você nem volta mais para sua cidade para ver seus pais que você tanto ama!

Suspirei e o Cacá percebeu que eu não queria mais comentar nada. Conversamos sobre outras coisas até que o Cacá foi dormir e eu fui obrigada a me deitar, pois na manhã seguinte teria uma visita de uma médica que meu reitor marcou. Nem sabia do que se tratava. Ele marcou depois que saí da universidade e me ligou, mas se marcou julgou importante. Tomei um banho e me deitei. A conversa com o Cacá me relaxou, no entanto ainda sentia o calor do corpo de Aghata no meu.

— Que praga de mulher! — Esbravejei.

Levantei novamente e fui para a varanda de meu quarto fumar. Não fumava mais como antigamente e nem em meu quarto. Apesar de achar que o cigarro era relaxante, não gostava do cheiro que ficava em minhas roupas e no ambiênte. A noite estava fria como sempre e aspirei o cheiro da madrugada. Toquei meus lábios, mais uma vez, lembrando do beijo perturbador e gostoso que Aghata havia me dado.

Quanto mais eu pensava e tentava colocar alguma razão em tudo que aconteceu, menos eu conseguia. Fui ferida, fiquei destroçada e foi só ela surgir à minha frente, falando meia dúzia de coisas que poderiam perfeitamente ser ditas da boca para fora que eu balancei. Sacudi a cabeça tentando esquecer aquele assunto; eu só queria dormir. Tomei um remédio relaxante e fui dormir. Lá pelas altas horas comecei a sonhar com Aghata. Estávamos em sua casa e ela fez um jantar para mim, dizia que aprendeu a cozinhar só para me fazer uma surpresa. Segurou-me em seus braços e iniciou um beijo muito melhor, muito mais arrebatador, muito mais ardente que qualquer outro que eu já tivesse compartilhado com ela ou com qualquer outra pessoa. Depois começamos a nos despir e ela falou com aquela voz rouca e sensual. “Vamos fazer um amor gostoso e depois você irá embora, pois seu projeto é o que me interessa”!

— Não!

Despertei gritando e suada com aquele sonho louco e desesperador. O Cacá entrou correndo no quarto e me amparou.

— Calma! Eu tô aqui. O que houve?

— Sonhei…

Suspirei para voltar com a minha respiração, me abracei ao Cacá. Comecei a chorar, soluçando desesperadamente. Novamente eu me sentia idiota, enganada e perdida. Não podemos dar importância aos sonhos, só representam nossos medos, isso é o que muitos de vocês estarão dizendo agora, mas vai sonhar e sentir como se fosse verdade!

— Não foi nada. Só tive um pesadelo.

— Fica calma, eu tô aqui com você. O sonho foi alguma coisa relacionada à Aghata?

O que poderia dizer ao Cacá? Ele me acharia uma completa imbecil.  Diria que eu estava sonhando só porque a aparição da Aghata foi repentina e me pegou de surpresa. Forcei a minha calma para parar de chorar, quando meu pranto estava quase controlado, repeti que tinha sido só um pesadelo e que já estava bem.

— Pode ir dormir, Cacá, estou bem realmente. Obrigada!

O Cacá se levantou um tanto desconfiado de minha atitude, mas se resignou e saiu do quarto. Voltei a me deitar, mas não voltei mais a dormir até o amanhecer. Na hora de ir para a universidade me levantei e me preparei. Agradeci a Deus pelo Cacá estar tão cansado que não conseguiu levantar para o nosso café matinal. Não queria conversar, meu humor estava péssimo e eu estava a ponto de desabar.

Cheguei à universidade cedo e a secretária da pós-graduação já estava lá. Eu nunca consegui chegar antes dela, nunca entendi, parecia que ela nunca saía daquela mesa.

— Bom dia, Ingrid!

— Bom dia, Srta. Atanar, sua visita já se encontra na sala. Acho que ela não quis se atrasar e acabou chegando cedo.

— Não tem problema. Melhor atendê-la cedo mesmo, pois hoje tenho três alunos para atender, após às dez horas.

— Quer que eu leve um café para a senhoritae sua visita?

— Não precisa, Ingrid, não é a sua função.

— Não tem problema, senhorita. Sabe que é um prazer para mim!

Os olhos de Ingrid brilhavam e sua voz era melosa. Ingrid era uma aluna da universidade e trabalhava como secretária da pós-graduação, para ter uma bolsa integral e ganhar algum no fim do mês. Sabia como era importante o trabalho para ela, mas, às vezes, eu me irritava. Já tinha notado certo interesse e algumas insinuações, mas definitivamente me envolver com uma aluna era o que eu menos queria. Seria dor de cabeça na certa, além de achar falta de ética.

Por vezes, poderia até acontecer de alunos e professores se apaixonarem e sentirem amor um pelo outro, mas já vi muitos professores usarem da posição para aproveitar da fragilidade emocional que causam em alunos e depois descarta-los. Os alunos não são ingênuos, não. Não é isso que eu penso, mas são sugestionáveis pela posição, pela admiração e até pelo conhecimento do professor. Nós, os professores, é que temos que dar os limites. Se acontecer uma paixão, um amor inelutável; não sou contra. Mas um relacionamento baseado só na atração, é incompatível com a nossa função; até porque é uma relação desigual e de poder. Ignorei como sempre o seu apelo sensual como se eu não percebesse.

— Obrigada, Ingrid.

Falei polidamente, mas já me encaminhando para minha sala. Abri a porta e entrei, fechando a porta atrás de mim. Olhei para dentro e percebi que a visita estava sentada na poltrona, à frente de minha mesa. Parecia ser uma mulher alta, pois conseguia ver parte de sua cabeça sobre o espaldar da poltrona.

Como era mesmo o nome da mulher? Deus! Com tudo que aconteceu ontem comigo eu nem perguntei o nome da mulher para meu reitor e nem perguntei para Ingrid.

— Senhorita. – Chamei-a. – Desculpe… Meu reitor marcou a entrevista, mas não me falou seu nome.

Ela se levantou e…

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Aghata

Deus! Eu estava sentada há quinze minutos, mas parecia uma eternidade. E se ela me expulsasse de lá? E se ela chamasse os seguranças? E se ela berrasse e não quisesse nem me ouvir? Minha ansiedade e insegurança cresciam nas mesmas proporções em que o tempo passava. Sabia que ela não era, totalmente, imune a mim, tanto quanto eu a ela, principalmente depois do beijo de ontem, mas sabia que a dor e a decepção ainda assolavam seu coração. Um coração íntegro, da mais pura beleza inundada pela inocência. Ninguém deveria nunca em sua vida magoa-la, e eu o fiz. Eu estava tão absorta em meus pensamentos que não a ouvi chegar. Atinei-me só quando ela falou, atrás de mim.

— Senhorita. – Me chamou. – Desculpe… Meu reitor marcou a entrevista, mas não me falou seu nome.

Levantei-me e… Deus! Ela está desmaiando! Corri ao seu encontro para ampara-la, antes que caísse. Se não fosse pelo momento, ficaria olhando-a em meus braços na sua mais sublime e magnífica beleza. Carreguei-a até um sofá no canto da sala e depositei-a, delicadamente. A secretária chegou com uma bandeja com um bule de café, xicaras, adoçante e açúcar. Ela quase derrubou tudo; depositou rapidamente a bandeja na mesa e se aproximou, ajoelhando e fazendo carinho no rosto da Paula. “Mas que inferno é isso que ela está fazendo?” Fiquei olhando sem entender e atônita.

— Senhorita Atanar?! Paula?! Acorde! O que houve?!

Ela parecia tão desesperada quanto eu e isso me incomodou, terrivelmente. “Será que…? Não… Não pode ser! Paula nunca se exporia a isso dentro da universidade. Será?!” Paula começou a acordar.

— Ingrid?! O que…?

— Entrei para trazer o café e a senhorita estava desmaiada aqui no sofá… Com a senhora Munhoz a amparando…

Ela olhou para mim como quem dissesse: “O que você fazia com ela em seus braços”?

Paula me olhou meio atordoada e eu gelei com a possibilidade dela me por para fora, afinal, eu estava em seus domínios.

— Está tudo bem, Ingrid. Só tive uma indisposição.

— Quer que eu faça alguma coisa? Quer que eu remarque sua entrevista para outro dia?

A secretária me olhou como se dissesse: “Se você fez algo a ela eu te mato”!

— Não, Ingrid, está tudo bem mesmo. Foi só uma indisposição, pois eu não dormi muito bem à noite, mas já estou melhor e talvez o café me faça bem. Pode sair que eu estou bem e, certamente, o reitor marcou essa entrevista por achar o assunto sério.

Dessa vez, foi o olhar de Paula que dizia que se eu estivesse ali com qualquer assunto fora do interesse profissional, ela me matava. A secretária se retirou a contragosto.

Olhamo-nos no olho e eu me perdia nos verdes vivos de sua alma. Eu entrava por eles. Ela ainda estava deitada e ameaçou levantar.

— Você está bem para levantar?

— Eu não estou bem em lugar nenhum em que você esteja; assim não adianta perguntar isso. É um tanto quanto redundante.

Levantou-se de súbito e se eu não a segurasse, ela se asilaria atrás de sua mesa se tornando inacessível a mim. Não queria amedronta-la ou intimidá-la, mas se não a detivesse, talvez perdesse minha chance de me colocar perante tudo que passamos. Ela olhou para minha mão em seu braço e voltou a olhar meus olhos, segura.

— Por favor, você poderia largar o meu braço? Vou chamar a segurança, se você não se comportar condignamente em minha sala.

— Só quero conversar com você, sem reservas. Você não vai me ouvir se você se colocar em sua proteção, se levantar suas defesas.

— Você acha que só por estar próxima a você, conseguirá me convencer de algo e mudará minha opinião? Não esqueça que eu vivi tudo aquilo, eu te vi e vi tudo que você consentiu. Vi meu projeto sendo dado a outro e algo que eu ajudei a elaborar em papel. Você o elaborou ao meu lado, para descrevê-lo, mas a execução técnica e os méritos foram dados a outro na sua frente e você não fez nada!

— E você não sabe o quanto me arrependo e me culpo por isso! Hoje eu sei que falhei. Fui também enganada, mas não me absolvo dos meus erros. Só que naquela época, não imaginava que alguém que me ajudou tanto, pudesse me fazer o que fez. Eu fui pega de surpresa!

Ela colocou as mãos em seu rosto e falou com a voz embargada.

— Aghata, você está me fazendo mal aparecendo agora. Minha vida estava tão certa. Por que isso?

A porta se abriu e a secretária entrou novamente.

— Senhorita. Atanar, houve alguma coisa?!

 A Paula inspirou fundo, tirando a mão do rosto e percebi certo ar de impaciência em seus gestos.

— Ingrid, por favor. Eu estou em uma conversa muito séria e gostaria que, nesse momento, você só entrasse se eu solicitar, ok?!

Paula falou em um tom muito contrariado; o que não era de seu feitio. Havia alguma coisa ali e isso me intrigou. Mas adorei a sua ordem, assim ninguém mais nos interromperia. Quando a secretária saiu com o rosto sério e contrariado, eu me aproximei da Paula e me prostrei a poucos centímetros diante dela.

— Paula, eu só quero que você saiba de toda a verdade.

— Que verdade? A sua ou a minha? — Ela quase gritou comigo. — Eu sei que se tornou uma médica sem fronteiras, ajudando a todos em seu caminho; sei que não aceitou a secretaria, que bom para você! Mas para mim, quem tira o que eu sinto aqui até hoje?!

Ela tocou o seu peito.

— Como você quer que eu acredite que você não sabia de nada e não me usou para o seu propósito? Se depois você se arrependeu, eu não sei, mas você era subsecretária, escreveu o projeto comigo, e o André era seu amigo pessoal de muitos anos! Você mesma me disse isso naquela época. Disse-me que tudo que você sabia foi ele quem te ensinou!

Sua fala era embargada e exasperada. Ela tinha muitas razões para não acreditar em mim. Se fosse eu, talvez não acreditasse, mas eu falava a verdade e eu continuava a amando. Uma raiva subiu ao topo de minha cabeça. “Que droga”! O André foi minha redenção e minha amargura na vida. Eu não queria perdê-la, mas estava vendo que essa batalha eu não conseguiria ganhar. Mas não sairia dali sem tocá-la, sem senti-la, nem que fosse a ultima vez…

Segurei-a e apertei-a contra meu corpo e beijei com desespero. Ela se debateu e depois deixou seu corpo se acomodar ao meu. Peguei fogo! Ela pegou fogo! Deixei que meus lábios fizessem o caminho que me dessem prazer, que dessem prazer à ela, pois cada vez que ela gemia, mais eu investia com beijos e sucções em sua boca, em seu pescoço, em seus seios. Estava enlouquecida. Abria os botões de sua blusa para me apropriar do que um dia fora tudo meu. Sua respiração arfante me sinalizava que ela queria, que ainda sentia algo por mim, que não era só desprezo.

Fui conduzindo-a até a borda da mesa, para que ela se amparasse. Estava beijando seu colo e seus seios quando a ouvi falar arrastado.

— Para, Aghata. Eu não quero…

— Não? — Interrompi rapidamente minha seção de beijos. — Não é o que parece… — Voltei a beija-la.

Ela me empurrou pelos ombros como que acordada pelas minhas palavras, me olhando nos olhos. Eu a encarei e sentia indignação. “Como ela não queria? Ela estava correspondendo muito bem e não era minha imaginação! Ela poderia até não querer sentir, mas sentia e isso eu sabia”.

— Ah, não?! Você não quer?! E o que é isso?

Desabotoei sua calça tão rápido que até eu me surpreendi. Coloquei minha mão por dentro da calça, chegando a sua vulva. Estava tão molhada que eu soltei um gemido de prazer.

— Mmm! Pode me dizer que não quer, mas não pode me dizer que não sente…

Ela jogou sua cabeça para trás, gemendo e eu suguei seu pescoço introduzindo meu dedo todo dentro dela. Queria que ela escorresse seu gozo em minha mão. Como era lindo vê-la gozar para mim! Colei-me bem ao seu corpo. Sentia uma dor prazerosa em meu sexo. Introduzi mais um dedo e movimentava na abertura quente e gostosa, que apertava em cada movimento que eu fazia. Ela gemia mais alto e eu a calei com minha boca quando percebi seu ápice. Suguei sua língua e traguei seus gemidos. Ela escorreu seu líquido delicioso em minha mão. Foi acalmando seu corpo e eu a tinha só para mim. Sabia que a tinha conduzido para esse desfecho sem a sua aquiescência inicial, mas agora ela me dava a certeza de que ainda sentia algo por mim. Não era só desprezo, ela se emocionava com meus beijos, com minhas carícias, com meu amor.

— Você pode não acreditar, mas eu ainda te amo muito!

Sussurrei com meu rosto apoiado em sua cabeça aspirando seu perfume. Retirei meus dedos, lentamente, sentindo um tremor em seu corpo e abracei-a.

— E eu sei que sente algo por mim também.

Ela começou a chorar, soluçando muito forte, com a cabeça apoiada em meu peito. Seu pranto fez meu coração contrair.

— Não chora, meu amor… Não quero ver você chorando.

Ela se afastou de mim, limpando seu rosto das lágrimas e recompondo sua roupa. Ficou de costas para mim e apoiou sua testa na parede.

— Vá embora, Aghata, por favor. Se você, realmente, me ama, vá embora e me deixe só. Você não sabe o quanto tudo isso afetou a minha vida e o quanto me afeta até hoje. Eu não sei mais como viver em paz e eu quero tranquilidade…

Aquela reação eu não esperava. Era como se ela estivesse derrotada, como se assumisse seus sentimentos por mim, mas não os quisesse dentro de si. Ela queria me esquecer e estava me avisando de uma maneira silente. Era como se o que ela sentisse a fizesse muito mal. Isso me arrasou. Eu a desejava muito, eu queria amá-la, eu queria que ela sentisse alegria ao meu lado e não essa dor profunda! Saí em silêncio, arruinada, e disposta a deixa-la viver em paz. Se ela não pudesse estar feliz ao meu lado, então eu a deixaria viver para encontrar sua felicidade sem mim. Fui caminhando no automático até a saída da universidade, nem olhei para a secretária da Paula. Quando cheguei à rua, as lágrimas represadas até então, rolaram soltas pelo meu rosto. Fui embora disposta a nunca mais voltar…



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