Luz para florescer

Capítulo 16

Na realidade, Suzana não estava totalmente segura como se empenhava em permanecer. Não. Mas estava completamente decidida. A atleta apostava todas as suas fichas em uma certeza tênue e uma esperança pujante. A certeza: Eleonora a desejava, não havia dúvida. A esperança: a de que aquele lampejo de paixão que Suzana vislumbrou nos olhos verdes em meio à incandescência sensual daquela noite em que fizeram amor, fosse um indício de que Eleonora poderia ainda amá-la. “Eu não sou conhecida como um gênio estrategista do basquete? Não sou capaz de criar um ataque certeiro apenas com uma rápida análise do adversário a ser ultrapassado? Pois bem! Eu vou usar toda essa minha capacidade estratégica para trazer Eleonora de volta para mim”.

Confiante, Suzana parecia tomada de uma intensa jovialidade. Estava iluminada. Conversava com animação. Brincava com todos. Treinava com dedicação, empolgando a equipe. Sutilmente, aproveitava a mínima brecha para chegar perto de Eleonora, fazer-se vista por ela, sentida. Inventava meios de tocá-la inadvertida e acidentalmente, concebendo perguntas, imiscuindo-se na roda da comissão técnica para tecer comentários. Nessas ocasiões, esbanjava charme e distribuía os seus sorrisos devastadores com incomum frequência. Estavam todos encantados.

Por menos que quisesse admitir, Eleonora não era imune ao magnetismo da bela morena. Ainda mais porque Suzana não se fazia por demais direta ou invasiva. Pelo contrário, era discretamente charmosa, aparentemente inofensiva. Talvez por isso, Eleonora começasse a se permitir observar disfarçadamente a figura altiva passeando pela quadra como uma princesa em seu reino. Talvez por isso, não tenha reparado nos tênues sinais de perigo quando se pegava observando o belo sorriso emoldurado por brilhantes olhos azuis, quase sempre acompanhado pelo menear gracioso das mãos longas de quando Suzana tecia um comentário particularmente espirituoso. Ou quando acompanhava as pernas fortes retesando-se poderosas no momento de um jump, invariavelmente certeiro.

Como tudo que não nos é totalmente explícito ou quando nos é particularmente difícil enxergar o óbvio, Eleonora ignorava os alarmes da sua consciência entorpecida por um par de pernas espetaculares, como algo de somenos importância.

Outra estratégia de Suzana, baseada no fato da comissão técnica costumar reunir-se informalmente após o treino para tecer comentários sobre o treinamento e trocar algumas idéias, foi cuidadosamente constituída. Como por encanto, Suzana adquiriu o hábito, depois do treinamento, de tirar a camisa de treino, soltar a vasta cabeleira negra ainda em quadra e ficar alguns minutos sentada no banco de reservas como que relaxando os membros cansados antes da chuveirada revigorante. O resultado era uma visão privilegiada do corpo soberbo mal coberto pelo top segurando os seios que se adivinhavam perfeitos, e a pequena bermuda de elanca, baixa o suficiente apenas para não ser indecente, grudada como uma segunda pele ao final do abdômen dividido e ao início das coxas morenas, musculosas e exatas. Um corpo para se cultuar.

Conclusão.

Um cerco de colegas de equipe encantadas, fotógrafos ávidos por fotos inéditas e fãs alucinados gritando das arquibancadas e de vez em quando presenteados com um sorriso ou um aceno – pequenas atenções recebidas com gritos ainda mais estridentes.

Eleonora olhava de soslaio o frisson em torno de Suzana.

No final daquela quinta-feira, Eleonora estava de pé conversando com a técnica Regina, o auxiliar Jorge e a fisioterapeuta Aline sobre o treino terminado há pouco. Suzana se encontrava confortavelmente sentada no banco com as longas pernas estiradas e cruzadas, os braços atrás da cabeça e um sorriso descontraído nos lábios enquanto conversava com três outras jogadora da seleção. Regina, observando a cena, não conteve um comentário:

– Deus realmente privilegia alguns seres humanos. Alguém aqui é capaz de achar algum defeito no corpo de Suzana?

Eleonora, Oscar e Aline olharam ao mesmo tempo para a jogadora palestrando animadamente com as companheiras de equipe.

Suzana que espreitava a sua presa com olhos de falcão, quando se sentiu observada, retesou o corpo espreguiçando-se como um gato caprichoso. Levantou-se em seguida, comentou qualquer coisa rapidamente com o grupo, pegou a bolsa e saiu andando para o banheiro. Diversos pares de olhos acompanharam a graça felina dos seus passos em direção ao vestiário, inclusive um par de olhos verdes hipnotizados por aquele andar cadenciado, ao mesmo tempo macio e vigoroso. Por alguns segundos, a quadra ficou tomada por um silêncio incomum.

Infelizmente, para algumas caras embasbacadas de admiração, Suzana sumiu pela lateral da quadra e anulou o encanto que ela ardilosamente criara em torno de si. Aline foi a primeira a comentar:

– Você tem razão, Regina. Suzana é linda.

– Eu não estaria exagerando se dissesse que Suzana é a mulher mais atraente que eu já vi em toda a minha vida. Que a minha mulher não me ouça – gracejou o auxiliar-técnico.

Regina ainda acrescentou alguma coisa, mas Eleonora já não a ouvia. Ainda olhava para a porta onde Suzana sumira. Tentava convencer-se de que o calor que lhe tomara o corpo e o acelerar imediato do seu coração devia-se a existência ainda de uma certa irritação com relação à Suzana. Era isso! Balançou a cabeça e tornou a prestar atenção no que dizia a técnica.

No outro dia, à noite, sentadas em uma mesa na varanda do Café em frente à piscina do hotel, Eleonora e Regina discutiam o posicionamento tático do ataque da seleção utilizando uma prancheta com uma quadra desenhada e um pincel de tinta lavável. Concentradas, debatiam acaloradamente a posição das pivôs em algumas das jogadas da equipe. Não perceberam a chegada de uma figura alta, parada atrás das cadeiras.

– Eu acho que a Márcia deveria se posicionar na lateral, nessa jogada – Suzana falou.

As duas cabeças se viraram ao mesmo tempo para a jogadora.

– Como? – perguntou a técnica.

Suzana sentou-se ao lado de Eleonora que ficou entre ela e a técnica. A jogadora pediu o pincel. Apagou os caracteres anteriores e desenhou rapidamente o posicionamento que julgava ser o melhor. Começou a explicar:

– Vejam bem, a Márcia é mais alta e mais pesada, tem maior presença no garrafão, por isso…

Suzana continuou a sua explanação de forma clara e objetiva, mas Eleonora não conseguiu prestar atenção por muito tempo. É que ao começar a sua explicação, Suzana debruçou-se sobre a mesa e também, levemente, sobre Eleonora que se viu de frente ao pescoço macio e forte. O braço moreno encostava-se ligeiramente ao da loirinha enquanto Suzana rabiscava na prancheta e o cheiro dos cabelos ainda úmidos do banho recente pairava como uma aragem inebriante em volta da cabeleira negra. Por fim, quando uma fina mecha escura escapou das demais roçando a face de contornos clássicos, Eleonora teve de fazer um esforço tremendo para controlar a vontade de colocá-los delicadamente de volta atrás da orelha. De repente, Suzana se virou para ela de modo que os seus rostos não ficaram mais que a uns poucos centímetros um do outro:

– O que você acha, Eleonora?

Pega de surpresa, a jovem treinadora abriu a boca com uma respiração rápida, mas não conseguiu emitir uma única palavra.

Suzana abriu um daqueles sorrisos avassaladores.

– O que foi, Elê? O gato comeu a sua língua? – brincou.

“Não. Uma tigresa… Uma tigresa de cabelos negros e íris cor do mar” ¹, pensou Eleonora. Recobrou-se não sem alguma dificuldade. Deu uma olhada ligeira na prancheta com o posicionamento sugerido por Suzana e os anos de estudo e intimidade com o basquetebol se encarregaram de colocá-la rapidamente a par da sugestão da jogadora.

– É…Bom, eu achei muito pertinente a sua colocação, Suzana. Acho que este posicionamento das nossas duas pivôs vai melhorar o desempenho da jogada dentro do garrafão e, mais ainda, ele permite liberar as alas para um possível arremesso da lateral, livre de qualquer marcação, se a jogada for bem feita.

Suzana abriu um sorriso ainda mais largo.

– É isso! Nós tínhamos uma jogada semelhante no meu último time da WNBA e ela foi muito eficiente por diversas vezes. O que você acha, Regina?

– Acho que vale a pena tentarmos, amanhã.

Suzana ainda estava com o rosto a um palmo do rosto de Eleonora que segurava a custo a sua agitação e, no entanto, não conseguia se afastar do calor que emanava da pele cor de bronze. E a voz…Ah! A voz de Suzana, que conversava descontraidamente com Regina, ainda continha o mesmo timbre grave e macio do qual Eleonora se lembrava e que até então não tinha se dado ao direito de usufruir sem uma barreira de proteção contra os efeitos daquele tom aveludado sobre os seus sentidos. Mas, como Suzana não parecia estar prestando atenção na loirinha, Eleonora permitiu-se desfrutar tanto do perfil perfeito quanto da voz memorável.

De repente, Eleonora deu-se conta do que estava fazendo. Levantou-se num salto, derrubando a cadeira na qual estava sentada. Dois rostos indagadores viraram-se para ela.

– E-Eu…Eu me lembrei de que estou esperando um telefonema daqui a poucos minutos. É…Importante. Tchau, Regina. Tchau, Suzana – balbuciou a loirinha, saindo apressada.

Regina olhou para Suzana, atônita. Suzana respondeu com um leve erguer de sobrancelhas, mas na verdade sentia ganas de gritar de alegria.

Eleonora entrou no elevador refeita da confusão e completamente irritada consigo mesma por ter feito novamente, na sua concepção, papel de idiota na frente de Suzana. “Droga, Eleonora! Controle-se!” Saiu para o corredor pisando duro e revalidando, mentalmente, o firme propósito de evitar Suzana o máximo possível.

No treino do final da semana, Suzana vislumbrou a chance de uma investida mais ousada. Estava conversando com Regina quando a fisioterapeuta da equipe se aproximou e perguntou se poderia se ausentar apenas na parte da tarde para se encontrar com a mãe, de passagem por Curitiba.

– Tudo bem, Aline. Não vejo problemas quanto a isso.

– É claro que eu vou deixar organizados, para a sua apreciação, os meus relatórios quanto ao tratamento das atletas com lesões, principalmente os relativos à torção no tornozelo da pivô Márcia e à lombalgia da Adriana, ambas em franca recuperação. Suzana está ótima – completou, sorrido para a jogadora que retribuiu, simpática. – No mais, qualquer problema é só ligar para o meu celular.

– Obrigada, Aline. Fique sossegada. Todos precisamos de um pouco do conforto familiar. Ao final do treino, se não houver qualquer ocorrência que necessite da sua atuação profissional, você está dispensada.

– Obrigada, Regina. Suzana… – a fisioterapeuta cumprimentou-as com um aceno da cabeça e se retirou.

O treino começou e Suzana dedicou-se a ele com o costumeiro afinco. Ao final do treinamento, relaxou, como estava se tornando de costume, no banco de reservas. Vigiou a fisioterapeuta despedir-se de Eleonora e Regina e sair. Esperou um instante, levantou-se e se dirigiu a elas com uma marcha ligeiramente dificultada. Regina a notou se aproximar daquela forma, com apreensão.

– Algum problema, Suzana?

– Minha coxa…

– Pelo amor de Deus, Suzana! Não me diga que você voltou a sentir a sua lesão.

– Não, não. Nada parecido. Está apenas dolorida. Nada que uma boa massagem não resolva.

– E, agora? A Aline acabou de sair.

Suzana olhou candidamente para Eleonora:

– A Adriana me contou que Eleonora é uma excelente massoterapeuta.

Eleonora imaginou ouviu sirenes de alarme. Suzana continuou:

– Você poderia me fazer esse favor, Elê? – Suzana perguntou com uma cara de inocência merecedora de um “Globo de Ouro”.

Eleonora, surpresa e um tanto atônita, passou os olhos de Suzana para Regina. A técnica antecipou-se a ela:

– Já me disseram que você é mesmo muito boa, Elê. Tudo bem para você?

– Acho que sim, eu…

– Ótimo – apressou-se, Suzana. – Melhor no hotel. Lá tem uma sala de massagens que, acredito, podemos usar. Depois do almoço, então. Ás três horas está bom?

– Está…

– Te encontro lá – Suzana retirou-se em direção ao vestiário esforçando-se para não correr ou, mais provavelmente, não dar pulinhos como uma criança que aguarda um presente ansiado.

Eleonora chegou primeiro à sala de massagens do hotel. Recomposta da surpresa do pedido inesperado de Suzana, a recorrente impressão de que a jogadora pudesse estar forçando um encontro a sós dissimulando uma dor muscular inexistente, fazia a jovem treinadora sentir-se capaz de estrangular a mulher mais alta.

Quando Suzana apareceu na porta com um sorriso para lá de imaculado estampado no rosto, a loirinha quase consumou o assassinato. Contudo, Suzana veio caminhando com evidente dificuldade e, em um segundo, transformou a raiva de Eleonora em real preocupação.

– Você não acha melhor chamarmos a Aline para dar uma olhada nisso, Suzana?

– Não é necessário, Elê. Agora que eu esfriei, só está um pouco mais dolorido. Não se preocupe. Se eu sentisse que era algo mais que um desconforto passageiro, eu não só pediria como exigiria um atendimento profissional especializado. Nunca fui irresponsável com o meu corpo, Eleonora.

– Eu sei. Deite-se, então. Vou tentar aliviar um pouco dessa tensão.

– Acho melhor tirar o short – Suzana argumentou, já tirando o short jeans. Deitou-se apenas de calcinha sobre a maca.

Eleonora pegou o óleo de massagem e derramou-o sobre a mão para, em seguida, esfregá-las vigorosamente. Começou com um movimento preparatório de deslizamento pela coxa de Suzana. A jogadora deixou escapar um suspiro de prazer.

Concentrada, Eleonora executava o trabalho com perícia sem notar a pele morena sobre a coxa longa e musculosa na qual deslizava as palmas das mãos.

Esta consciência foi se instalando aos poucos.

De repente, Eleonora começou a observar as pernas perfeitas, admirar os contornos anatômicos dos músculos poderosos, a maciez aveludada da pele bronzeada. Suzana sentiu a sutileza da mudança. Fechou os olhos e fingiu estar alheia ao toque das mãos delicadas.

A treinadora não percebeu quando o toque profissional transfigurou-se lentamente em quase uma carícia. Como que hipnotizada, Eleonora olhava para aquelas pernas irretocáveis e seus dedos, tomados por uma vida própria, corriam deliciados pela superfície morena. Um gemido abafado acordou a loirinha do seu devaneio momentâneo. Suzana não lhe deu tempo de se recobrar do embaraço. Com a voz grave e rouca falou, sedutora:

– Tem um outro lugar que precisa urgentemente de alívio – disse e colocou a mão sobre mão de Eleonora trazendo-a para o meio das suas pernas. – O outro é bem aqui. Pegou a outra mão e a pôs sobre o seio intumescido e palpitante.

Debruçada sobre Suzana, perdida na imensidão dos olhos mais incrivelmente azuis que já pudera um dia ter a sorte de fitar, Eleonora não tinha reação. Sua mão sobre a intimidade úmida e quente daquela mulher belíssima, a outra sobre os seios maravilhosos que roubariam a razão de qualquer mortal, tiraram dela a menor chance de ser razoável.

Uma mão longa a puxou pelo pescoço e ela não demorou muito a se ver em um beijo profundo e sensual.

Deixou de raciocinar.

Seu coração batia recordes de velocidade, sua respiração era um simples interlúdio entre beijar e beijar, suas mão faziam o que ela ansiara por anos – tocar aquela mulher em lugares que só ela poderia. Fazê-la gemer como estava gemendo agora, ouvir seus sussurros dizendo o seu nome com a mesma voz enrouquecida com a qual ela sonhara por tanto tempo. Deus…

Suzana enlaçou-a pela cintura e a fez deitar-se sobre ela. Uma das mãos segurava-a pela nuca aprofundando o beijo o máximo possível. Abriu as pernas para encaixar com perfeição a pequena mulher sobre si. Um gemido mal contido a convenceu de que a manobra tinha sido bem recebida.

As mãos deslizaram rapidamente para as costas de Eleonora, insinuando-se por baixo da camiseta, tateando as costas torneadas. Eleonora não pensava, apenas sentia. Aninhada entre as pernas fortes, debruçada sobre o torso de bronze com a boca colada àqueles lábios cheios, artífices de um sorriso tão quente que fariam frias as temperaturas do meio-dia em pleno Saara, Eleonora realmente não tinha como raciocinar. Entregou-se inteiramente às sensações que Suzana lhe provocava. Deixou-se inundar numa nascente de excitação e calor. Emaranhou os dedos naquela floresta de cabelos negros. Perdeu-se no cheiro da pele morena, no gosto da boca, no prazer das mãos longas passeando nas suas costas.

Suzana sentia-se no paraíso. Em algum lugar de sua mente, ela se perguntava como pudera abdicar desse prazer infinito por tanto tempo. Absolutamente ninguém era capaz de lhe dar essa sensação de plenitude, amor e desejo que Eleonora lhe concedia com tanta facilidade. Sentia vontade de rir e de chorar, de ser capaz de colar a pequena loira à sua pele, consumi-la pelos poros até que ela se tornasse parte de si e nunca mais a abandonasse.

“Meu Deus! Isso é amor? Esta alegria estranha misturada com medo? Esta exultação e esse desespero? Este êxtase por possuir, essa agonia por temer perder?” Suzana parou de beijar, segurou a face delicada com ambas as mãos, fitou os olhos verdes e falou com veemência:

– Eu, nunca mais…Nunca mais…vou deixar você sair de perto de mim, Eleonora.

A jovem treinadora olhou para aqueles olhos azuis e não conseguiu dizer nada, mas como se uma simples verbalização pudesse despertá-la de um sonho bizarro, Eleonora levantou-se e desceu da maca completamente atarantada.

Não se encontrava capaz de compreender o seu comportamento. Como pudera se entregar com tanta facilidade? Que diabos de pessoa era ela que não tinha a menor determinação? Estava envergonhada e confusa. Apenas, sentia ganas de correr para um lugar onde ninguém conseguisse encontrá-la. Pousou os olhos cor de esmeralda na jogadora sentada sobre a maca olhando-a, aflita. Foi acometida por uma cólera fulminante.

– Você…Sua…Você armou tudo isso! Mentirosa! Traiçoeira! Nunca mais, encoste as mãos em mim. Não percebe que eu não quero você, que eu não suporto você?!

– Agora a pouco, não foi o que pareceu…

A face da jovem loira alterou-se para um vermelho ainda mais intenso.

– Cale a boca! Você…Você…Não ouse nem ao menos se aproximar de mim outra vez, Suzana. Abstenha-se mesmo de falar comigo, entendeu?

Eleonora saiu pisando duro, colérica.

Suzana deitou-se novamente com um suspiro. Não sabia mais o que pensar e a sua confiança de outrora se assemelhava cada vez mais a uma esperança diáfana. Pela primeira vez, aventou a hipótese de não conseguir trazer Eleonora de volta para si. E, depois de muito tempo em sua vida, sentiu medo.

¹ Alusão à música “Tigresa” de Caetano Veloso.



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