Nightingale

Cap 69 – Seis meses

Michael e mais outros seis treinadores conseguiram finalmente se organizar e entrar num acordo sobre local, regras e outras coisas sobre o campeonato. Por fim tudo se ajeitou e a data foi marcada para o mês de Abril. A competição funcionaria da seguinte forma: aos sábados e domingos haveriam quatro lutas na parte da manhã e quatro lutas na parte da tarde. O sistema de eliminação seria direto, assim, quem perdesse uma luta estaria fora da disputa.

Haviam 16 lutadoras e 38 lutadores totalizando 27 lutas iniciais que seriam distribuídas em três dias, dois sábados e um domingo. No terceiro domingo do mês começaria a segunda rodada de lutas que funcionariam por meio de chaves estabelecidas por sorteio. As categorias não existiriam, apenas os homens teriam duas divisões, uma para os mais leves e outra para os mais pesados. O resultado dos mais pesados sairia no quarto domingo assim como o de todas as outras categorias. O que ficou bem claro a todos foi que nenhum lutador lutaria duas vezes num mesmo final de semana.

Da academia de Michael apenas Erika, Frederick e Henry iriam participar e, como o treinador dos três, Michael estava sendo bem duro nos treinamentos. Alex e Erika continuavam a dormirem praticamente todas as noites juntas, mas o cansaço da morena mantinha as coisas bem calmas entre elas, apesar da guitarrista não se importar nem um pouco com isso. Alex cuidando da lutadora era a coisa mais fofa do mundo porque a menor levantava junto com a morena pra ajudar a preparar o café da manhã, depois chegava sempre o mais cedo possível para cuidar de uma Erika exausta por causa dos treinos. Era tanto carinho e atenção que Frederick e Henry, que no começo tiravam sarro da morena, acabaram ficando com ciúmes de Erika ter tudo isso e eles não.

Melissa e Katerine passaram a ajudar muito os três que iriam competir também, o que acalmou os rapazes num primeiro momento, mas depois era bem claro que elas davam mais atenção à Erika. O que era válido, já que era a morena que mais tinha chances de ganhar aquilo. Faltavam dez dias para o inicio da competição e Erika terminou o treino mais cedo indo para casa. Ela e Alex mal tinham conseguido conversar durante esse dia porque a menor havia precisado ir à uma reunião com a gravadora acertar sobre alguns shows que eles fariam no mês de abril.

Erika sabia que a guitarrista estava muito ocupada e preocupada em não marcar shows nos dias em que ela poderia estar lutando. Por esse motivo a morena sequer fez questão de lembrar á Alex que aquele dia era o dia em que elas completavam 6 meses de namoro. A lutadora tinha pedido para Melissa comprar alguns doces que Erika sabia que a guitarrista amava e a morena também tinha preparado um presente, uma corrente com uma placa de aço onde estava gravado o nome das duas em um coração. Erika pretendia entregar isso tudo à Alex quando a menor chegasse da tal reunião e por isso tinha terminado seu treino mais cedo. Ela não contava que Alex tivesse preparado algo também.

 

POV Erika

Entrei em casa, estava cansada e suada, mas ainda eram só 17h. Alex tinha me dito de manhã que voltaria perto das 18, então eu tinha um bom tempo para tomar um bom e relaxante banho. Abri a porta da cozinha, fui para o quarto e tudo estava como eu havia deixado pela manhã. Peguei uma muda de roupas, só um short preto de malha que ia até a metade das coxas, um top também preto e uma regata verde musgo e entrei com a minha toalha no banheiro.

Meu cabelo molhado de suor foi a primeira coisa que eu lavei, logo o cheiro de lavanda do meu sabonete estava misturado com o cheiro de eucalipto do shampoo. Me permiti demorar nesse banho, ainda mais porque tinha deixado o celular ligado reproduzindo a playlist com as musicas da Alex. Depois de longos 20 minutos eu fechei de vez o registro e peguei minha toalha. Me sequei e me vesti dentro do banheiro mesmo. Sai secando o cabelo com a toalha sobre minha cabeça e fui direto para o guarda roupas pegar o creme que eu usava no cabelo, costume que eu acabei mantendo mais regularmente para cuidar melhor do dos fios.

Estava tão distraída que só depois notei que as luzes do quarto não estavam acesas, ergui a cabeça para cima, para o teto tentando me lembrar se eu as tinha ligado ou não quando entrei. Sem conseguir ter certeza eu terminei de passar o creme no cabelo e limpei o excesso na toalha, só então me virei, nessa hora eu parei completamente sem reação.

A minha frente estava Alex, sentada de pernas cruzadas sobre o colchão com um sorriso divertido e enorme. Mas o que me fez travar foi o que estava em volta dela. Haviam alguns pedaços de papeis que eu podia notar que tinham coisas escritas. Havia também uma pequena cesta com algo dentro e com detalhes de enfeite e alguns bombons em volta mostrando claramente que era um presente. Mas, se isso já não fosse o bastante, quando me viu travar Alex ainda riu baixo e, com o controle ligou o meu aparelho de som num volume bem baixo deixando apenas um som ambiente e acendeu algumas luzes pequenas e coloridas ao apertar um botão numa extensão fazendo as pequenas lâmpadas brilharem em volta da cama.

– Achou mesmo que eu teria esquecido? – perguntou ela rindo e se levantando para andar na minha direção – Quando foi que eu esqueci um aniversário de namoro nosso???

– Nunca – falei sorrindo bobamente enquanto sentia ela passar os braços em volta da minha cintura – Nunca esqueceu, mas…..isso já é algo bem maior do que eu estou acostumada.

– Eu tenho pra mim que….seis meses, um ano….e os anos subsequentes….são datas muito especiais num namoro – falou a guitarrista me puxando de leve fazendo meu corpo ficar muito próximo do dela de forma que o perfume amadeirado que ela usava chegasse até mim com força.

– Por isso essa preparação toda?? – perguntei rindo – Como foi que arrumou tudo isso? Não faz nem meia hora que eu passei por aqui e não havia nada disso no quarto.

– Mel e Kat me ajudaram – contou ela escorregando as mãos pelas minhas costas por baixo da camisa – Eu estava aqui perto com tudo dentro de uma mochila na moto. Daí elas me avisaram que você tinha terminado o treino e eu vim, coloquei a moto pra dentro depois que você entrou em casa. Então as duas me ajudaram a arrumar tudo aqui antes de você sair do banheiro.

– Muito bem orquestrada essa sua surpresa – falei rindo e deixando meus dedos entrarem por baixo dos fios castanhos e azuis subindo minha mão pela nuca dela – Mas me deixou com uma pontinha de irritação porque agora não vou conseguir fazer a minha surpresa.

– Você tinha uma surpresa pra mim??? – me perguntou ela com um sorriso enorme e uma expressão de surpresa.

– Tenho, mais não vai mais ser tão boa quanto eu achei que fosse – falei rindo, mas me inclinei para dar um selinho nela – Mas tudo bem, dessa vez eu te perdoo porque a sua surpresa foi linda.

Me afastei um pouco dela e cheguei perto do guarda-roupas. Me estiquei e puxei de um canto em cima do móvel uma caixa de madeira fina embrulhada em papel azul escuro.

– Sacanagem – riu Alex com uma mão ainda na pele da minha cintura – Esconder as coisas ai em cima é zombar da minha altura.

– Não é não sua boba – falei rindo e me virando com a caixa nas mãos – Era esse o melhor lugar pra eu esconder algo. Mas agora quando tiver que esconder algo de novo tenho que achar outro lugar.

Alex riu e me puxou para a cama, eu ainda com a caixa nas mãos. Subimos em cima do meu colchão/cama e nos sentamos no meio, onde não havia nenhum papel. Eu deixei a caixa entre nós e estiquei o braço pegando vários deles e trazendo para perto dos olhos. Todos tinham a caligrafia fina da guitarrista. Dos três que estavam na minha mão um dizia “Eu te amo, morena”, o outro “Minha lutadora” e o terceiro “Você é minha vida”. Eu também podia ver vários com um coração desenhado.

– Gostou? Eu teria usado pétalas de flor, mas você não é o tipo de mulher que se encanta com isso, então fiz esses recadinhos – falou Alex com o rosto levemente corado sendo disfarçado pelas luzes coloridas.

Me inclinei segurando o rosto dela com uma mão e a beijei, era impossível mesmo não amar essa guitarrista. Ela logo estava retribuindo o beijo e me fazendo soltar os papéis para segurar o outro lado do rosto dela quando ela se aproximou mais se erguendo um pouco e ficando de joelhos vindo na minha direção por sobre a caixa. O beijo acabou durando mais do que o previsto por mim, mas nós duas tínhamos sorrisos bobos quando ele terminou com nossos lábios úmidos.

– O que tem na caixa? – ela me pergunta se ajeitando até conseguir sentar no meu colo.

– Você nem está prestando atenção na caixa – falei sorrindo por notar que o olhar dela não saia da minha boca.

– Eu não estar olhando pra ela não significa que não quero saber – disse Alex rindo e se virando para ficar sentada de costas para mim – Assim como eu não estar olhando pra você não signifique que eu não te quero nesse exato momento. Agora, o que tem na caixa???

– Descubra – falei rindo baixo, mas meu rosto estava vermelho.

Puxei a caixa azul até ela estar sobre as pernas de Alex. A guitarrista logo rasgou o papel do embrulho vendo a caixa de madeira, era uma caixa de 30X25cm com 15cm de profundidade, pintada com tons de verde. Dentro dela estava cheio de chocolates e doces dos mais diversos tipos, todos os favoritos de Alex e, bem no meio, estava algo embrulhado num pano verde escuro.

Abracei a cintura dela apoiando meu queixo sobre o ombro de Alex enquanto ela analisava os doces com os olhos brilhando e com água na boca, ela ama doces e por isso que eu fiz Mel comprar a lista que eu dei pra ela. Então ela pegou o embrulho e abriu sem tira-lo da caixa. No meio do pano estavam duas correntes grossas de aço, cada uma delas com uma placa como aquelas que os militares usam para identificação. Em cada placa estava gravado a mesma coisa, meu nome e o dela dentro de um coração com uma flecha atravessada.

Vi ela sorrir e virar o rosto na minha direção me beijando de novo enquanto sua mão segurava os cabelos ainda úmidos da minha nuca. Quando tivemos que respirar Alex deixou nossas testas encostadas, eu podia ver o sorriso no rosto dela e tinha certeza de que eu tinha um igual. Abracei ela mais apertado e olhei na direção da cesta que ainda estava perto do final do colchão. Deixei Alex se afastar e ela se esticou até trazer a cesta para perto.

Ainda com os braços em volta dela eu soltei o laço que prendia o plástico transparente em volta da cesta, haviam vários bombons e trufas soltos sobre o que parecia ser apenas papel colorido. No meio disso estava um perfume. Ele tinha uma tom levemente arroxeado e a tampa era branca.

– Demorei pra achar um perfume que tivesse o cheiro certo pra você – comentou minha guitarrista se virando um pouco nos meus braços pra ficar meio de lado para mim – Sua fixação por lavanda me atingiu também, mas foi bom, porque me fez ir atrás do cheiro certo. Esse é suave muito parecido com o cheiro do seu sabonete, vai ficar perfeito em você – ela disse beijando meu pescoço antes de encostar o nariz ali e inspirar o cheiro da minha pele me fazendo arrepiar.

Eu só conseguia sorrir. Afastei a cesta e a caixa colocando-as para fora da cama e me estiquei para tirar da tomada as luzes que estavam em volta da cama. Alex riu e logo depois me empurrou para baixo se sentando sobre mim e nós nos beijamos. Com ela ali nos meus braços eu sentia que o mundo todo estava ao meu favor. Nada era tão ruim com Alex por perto e as coisas boas, com ela, eram ainda melhores.



Notas:



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