Nightingale

Capítulo 17 – Carro ou ferro-velho?

– Não quer mesmo vir comemorar a vitória?? – insistiu Henry quando, depois de vestir o agasalho, Erika deixou eles entrarem no vestiário.

– Eu estou dolorida – falou a morena rolando os olhos – E depois, vocês vão aproveitar a comemoração comigo presente ou não Henry. Eu tenho mesmo que ir pra casa e descansar.

– Bem, com isso eu mesma concordo também – falou Melissa – Você tá toca cheia de machucados.

– Verdade, a Erika precisa mais de descanso do que de festa – concordou Alex que estava ainda sentada com as pernas cruzadas sobre o banco onde Erika também estava sentada.

– A cara – suspirou Frederick – Seria muito bom ter você junto também. Assim poderíamos conversar sobre a luta e você podia contar como foi.

– Cansativo e dolorido – falou Erika sorrindo – Assim que foi. É sexta e vocês só querem um motivo pra beber que eu sei. Podem discutir como foi minha luta sem mim. Eu não to muito afim de relembrar cada detalhe com as dores ainda aqui.

– E você Alex, vem com a gente ou vai pra casa também? – perguntou Katerine.

– Vou levar essa coisa pra casa – falou a guitarrista apontando pra Erika com o polegar – Ela me prometeu uma pizza como pagamento pelo meu serviço de motorista.

– Serviço de motorista?? Eu ainda to é com medo de te deixar dirigir meu carro – falou Erika com um tom de descrença.

– Aquilo não pode ser chamado de carro – falou Melissa rolando os olhos – Está caindo aos pedaços Erika!

– Não está não – resmungou a morena cruzando os braços – Que seja, a Alex vai me levar pra casa porque eu estou meio sem condições de dirigir com o ombro desse jeito. Vocês podem ir festejar e se divertir, me contem as besteiras que fizerem depois, vou adorar ouvir.

– Certo certo – falou Melissa rindo do mal humor da morena – Vamos logo, não dá pra gente ficar aqui na academia alheia fazendo bagunça.

Depois dessa pequena conversa Alex se levantou pegando a bolsa de Erika que estava mais pesada do que ela tinha imaginado, mas a guitarrista insistiu em levar. Henry ajudou Erika a se levantar e a chegar do lado de fora, de lá ela disse que podia ir sozinha para a rua lateral onde estava seu carro as duas se despediram do resto do pessoal.

Apesar de Erika negar muito e se recusar veementemente no começo, Alex acabou convencendo-a a deixar que ela ajudasse a morena a chegar até o carro. Assim, Erika se apoiou um pouco no ombro da menor e caminhou lentamente até onde estava seu carro.

– Sério que isso anda??? – perguntou Alex encarranco Erika e o veículo quando as duas pararam em frente a ele.

– Claro que anda, idiota – respondeu a maior rolando os olhos e se apoiando no carro pra chegar a porta do passageiro – Eu cheguei aqui com ele.

– Mals ai, mas é que – começou a dizer Alex, mas teve que rir um pouco – Nesse estado nem dá pra chamar isso de carro, tá mais pra ferro-velho.

– É uma raridade, sua babaca. Agora entra logo ai ou eu mudo de ideia e vou sozinha – reclamou Erika bufando irritada e entrando do lado do passageiro.

Rindo Alex deu a volta e entrou do lado do motorista depois de jogar no banco de trás a mochila da morena. O carro era um Dodge Challenger 1970, a pintura que deveria ter sido de um vermelho vinho, ou talvez até preto, não tinha como saber, estava completamente desgastada e corroída com alguns lugares já enferrujando; as rodas também eram cobertas por alguns pontos de ferrugem e tinham pneus que já não estavam mais nos seus melhores dias. Para Alex, era apenas um carro velho e nada mais.

Depois de alguns minutos com Alex tentando se ajeitar para alcançar os pedais e mais alguns minutos com a guitarrista tentando se adaptar ao carro Erika e ela conseguiram sair de onde o veículo estava estacionado. Depois disso não demorou muito para que as duas chegassem à academia onde a morena treinava e onde, nos fundos, ela morava. Erika não deixou que Alex tentasse colocar o carro dentro da garagem que era o corredor ao lado da academia e as duas concordaram em deixa-lo parado em frente ao prédio.

Novamente Alex fez questão de servir de apoio para que Erika pudesse caminhar. A morena abriu o portão e então caminhou com um braço em volta dos ombros da menor que deixou para pegar a bolsa da lutadora depois. Com dificuldade Erika conseguiu caminhar os 10 metros do portão à porta do pequeno apartamento em que vivia.

Não era em bem um apartamento, os dois cômodos com um banheiro anexo eram pra ser apenas uma cozinha com um depósito e um banheiro extra, mas quando Michael deixou Erika morar ali ela havia feito algumas adaptações para tornar o lugar habitável. A cozinha contava apenas com uma geladeira que já estava ali antes, um micro-ondas que Erika tinha comprado e um fogão de quatro bocas que também era aquisição da morena; os armários também já eram embutidos e já estavam lá antes de Erika.

A porta do lugar dava para dentro da cozinha. Logo a frente estava uma mesa com duas cadeiras, ao fundo a esquerda o fogão, depois um pequeno balcão onde estava um micro-ondas e um liquidificador, então a pia e, no canto direito, a geladeira. Perto da porta de entrada ficava o acesso ao quarto que não tinha porta. Logo que se entrava no quarto havia uma janela na parede a esquerda que tinha algo perto de 4 metros e sobre a janela estavam esticados fios que serviam de varal. A direita havia um espaço vazio de quase um metro e então, no chão, estava um grande tapete marrom sobre o qual havia sido colocado um colchão de casal.

Em frente ao colchão estava uma prateleira baixa com 3 estantes; sobre a superior estava uma televisão de LED 27 polegadas, abaixo dela um velho aparelho de DVD e um ps3 com dois controles; bem embaixo havia um pequeno aparelho de som. No final do quarto estava um guarda-roupas de quatro portas, ao lado direito dele ficava o banheiro.

Quando as duas entraram a primeira coisa que Erika fez foi se sentar em uma das cadeiras. Alex avisou que iria voltar para trancar o carro e trazer a mochila da morena e mandou ela esperar sentada. Erika apenas rolou os olhos, mas resolveu que poderia sim descansar um pouco ali. Quando Alex voltou encontrou a morena debruçada sobre a mesa com o rosto apoiado nos braços e com os olhos fechados.

– Hey – chamou Alex baixinho – Onde deixo suas coisas? – ela perguntou vendo os olhos de Erika se abrirem.

– Solta em qualquer canto do quarto ali – apontou Erika – E não repara na bagunça, eu não costumo arrumar as coisas por aqui – alertou a maior respirando fundo enquanto a outra ia guardar suas coisas e ela se levantava com dificuldade.

– Tá difícil o joelho? – perguntou Alex voltando para a cozinha.

– Bastante, ainda bem que o banheiro é pequeno, assim qualquer coisa posso usar até as paredes pra me apoiar – suspirou Erika cansada e deixou Alex a apoiar até que ela chegasse à porta do banheiro – Pega uma….eh…primeira gaveta embaixo das portas do lado direito – falou Erika se apoiando na porta e se afastando de Alex enquanto seu rosto ficava corado – E as roupas que estão em cima do colchão também por favor – ela terminou de pedir e entrou no banheiro antes que Alex notasse que ela tinha ficado muito vermelha.

– Eu vi você corar – acusou Alex rindo e indo pra gaveta que Erika tinha dito, ao abri-la ela se deu conta do motivo da outra ter ficado vermelha, era uma gaveta de roupas intimas, todas dobradas e arrumadas – Ah, foi por isso – riu Alex ficando desconfortável sem entender o porque, pegando uma boxer feminina verde, fechando a gaveta e indo para o colchão pegar o que mais Erika tinha pedido – Qual é, eu sou lésbica sim, mas não pervertida – brincou Alex trazendo tudo para perto da porta do banheiro.

– Tá – falou Erika abrindo apenas uma fresta com a porta do banheiro e colocando uma mão pra fora – Com tudo o que já sei de você nem ferrando que eu acredito que essa sua mente não tem nada de pervertida – acusou Erika pegando as roupas e fechando a porta.

– Nossa! – riu Alex, mas por algum motivo que nem ela mesma entendia, a guitarrista tinha ficado levemente corada com a situação em que estava – Que conceito você tem de mim, Erika? – brincou ela tentando esquecer o desconforto.

– O real – respondeu a outra de dentro do banheiro e então começou a rir.

Alex sorriu bobamente então começou a rir junto com Erika.

– Vou pedir a pizza. Tem alguma preferencia?? – perguntou Alex chegando perto da porta do banheiro quando conseguiu finalmente parar de rir.

– Frango com cheedar – respondeu Erika – Pode pedir duas médias, o numero tá num panfleto perto da televisão.

– Certo, peço essa pra você e uma de presunto e queijo pra mim – respondeu Alex já imaginando o quão bom seria comer.



Notas:



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