Nightingale

Capítulo 18 – PIZZA!!!

Eram quase oito horas da noite; Alex havia acabado de pedir as pizzas que chegariam dentro de 20 a 30 minutos, aparentemente Erika era uma cliente antiga e o cara que atendeu ao telefone da pizzaria reconheceu o endereço garantindo que não demoraria mais do que 30 minutos para o pedido chegar. Apesar do que pudesse parecer a guitarrista não era assim tão folgada e, ao notar que só havia o colchão/cama no quarto ela voltou para a cozinha se sentar em uma das cadeiras.

– Alex! – chamou Erika fazendo a menor levantar rápido e voltar quase correndo para o quarto dando de cara com a morena encostada no batente da porta do banheiro.

– O que houve?? – perguntou a garota preocupada chegando perto de Erika.

Para a guitarrista foi meio impossível não notar as pernas a mostra da morena que usava apenas um short curto e solto junto de uma camisa sem mangas muito larga, dava para notar também que por baixo ela tinha um top azul e isso fez Alex pensar que era isso o que deveria estar enrolado no bolo de roupas que ela tinha pedido para pegar em cima do colchão.

– Nada de mais, só não quero apoiar o joelho mais do que o necessário – respondeu Erika suspirando – Me ajuda a chegar na cama por favor??

– Claro – respondeu Alex se aproximando ainda mais da outra.

Erika passou o braço esquerdo por cima dos ombros de Alex enquanto que a menor segurou-a pela cintura. A guitarrista tentou, inutilmente, não prestar atenção ao cheiro bom que vinha de Erika. A pele da morena tinha cheiro de lavanda com alguma outra coisa, um cheiro mais cítrico que Alex notou vir do cabelo dela. Para não pensar nisso a menor resolveu conversar.

– As pizzas chegam daqui a pouco, mais uns 20 minutos mais ou menos – ela disse quando as duas chegaram na beirada do colchão.

– Ótimo, estou morrendo de fome – respondeu Erika tirando o braço dos ombros de Alex e se sentando no colchão com dificuldade; sem querer ela dobrou o joelho e gemeu se deitando e esticando a perna – Sinto muito, mas daqui eu não saio mais – ela disse depois de respirar fundo.

– Tá muito ruim mesmo – comentou Alex preocupada.

– Dentro do guarda-roupa tem uma caixa, de papelão mesmo, você pega pra mim? – pediu Erika se arrastando até estar com as costas apoiadas na parede.

Alex abriu as portas do guarda-roupas e não pode evitar notar que Erika não tinha muitas roupas que não fossem para treino. Ela achou a caixa e voltou para onde a morena estava. Ao chegar perto Erika apontou para o colchão indicando que ela podia sentar.

– Acho que posso precisar da sua ajuda – comentou Erika abrindo a caixa onde estavam várias coisas entre remédios, faixas e outras coisas – Esse pras contusões, esse pro joelho e ombro, esse também – ela foi falando baixinho enquanto procurava e separava o que precisaria usar – É…bem eu…. vou mesmo precisar da sua ajuda de novo – comentou a morena suspirando de um jeito como se estivesse desistindo de algo.

– Certo – concordou Alex encarando a morena – O que eu tenho que fazer?

– Espalhar um pouco disso no meu joelho – falou Erika jogando no colo da menor um tubo de pomada; Alex concordou abrindo a tampa e Erika começou a tirar a camisa.

– Anh….não é no seu joelho que eu tenho que passar isso? – perguntou Alex com um sorriso sacana que fez Erika encará-la confusa.

– É sim. Porque? – quis saber a morena ainda com uma expressão confusa.

– Então porque é que você tá tirando a camisa? Acho que só encarar suas pernas já é distração o suficiente pra mim – falou a menor sorrindo.

– Alex!! – exclamou Erika em tom de repreensão – E depois diz que não é pervertida.

– Ué, que culpa tenho eu se você tem um corpo bonito? Não dá pra não olhar – falou a guitarrista rindo e logo depois Erika acerta um travesseiro na cabeça da menor – Ai! Como é que você fez uma batida com um travesseiro doer????

– Babaca – falou Erika rolando os olhos – Agora presta atenção no que te pedi pra fazer. E nada de mão boba ou da próxima eu acerto algo menos macio do que um travesseiro.

– Malvada – falou a menor mostrando a língua para Erika, rindo um pouco e depois colocando um pouco da pomada na mão.

Enquanto Alex espalhava a pomada no seu joelho Erika esfregou um gel nas costelas que estavam com várias marcas roxas. Quando terminou Erika usou o mesmo gel para passar em seu rosto onde ela sentia doer.

– E agora? – perguntou Alex depois de terminar.

– Essa mesma pomada no meu ombro – falou Erika respirando fundo e girando até estar de costas para Alex.

A guitarrista pegou um pouco da pomada na mão e se ajoelhou para ficar numa posição melhor para alcançar o ombro da morena. O top era um estilo nadado que deixava os ombros de Erika completamente a mostra.

– O que foi? – perguntou Erika notando a demora.

– Ah….eh… – Alex se atrapalhou tentando pensar em algo, até que conseguiu – Onde exatamente eu passo isso??

– Em tudo – respondeu Erika puxando a alça mais para perto do pescoço – Principalmente aqui – ela mostrou com a mão esquerda uma área perto da base do pescoço onde a pouco estava a alça do top.

Alex concordou e começou a esfregar a mão direita com a pomada no ombro da maior, se concentrando em massagear a área que ela tinha indicado. Alex pode notar Erika ficar tensa; “deve estar doendo pra caralho”, pensou a guitarrista que logo começou a usar as duas mãos para esfregar bem a pomada no local.

– Já tá bom – falou Erika se afastando um pouco.

– Certo – concordou Alex se levantando – Eu vou lá pra fora esperar a pizza chegar, deve estar quase aqui.

– Na gaveta do armário de baixo do lado direito da pia tem dinheiro pra pagar o entregador – avisou Erika movendo o ombro devagar para ver se aliviava a dor.

Alex fez um som afirmativo e saiu do quarto, ela podia sentir as mãos ficando geladas por causa da pomada e imaginou que Erika deveria estar com uma sensação muito desconfortável com aquilo no ombro e joelho. Depois de lavar as mãos a garota abriu a gaveta, a intenção dela era pagar a própria pizza, mas ao ver o quão pouco havia ali; apenas algumas notas de 10, ela resolveu pagar as duas com o próprio dinheiro e fechou a gaveta. Menos de 10 minutos depois, quando Alex voltou com as caixas das pizzas, Erika já tinha vestido a camisa e estava encostada aos travesseiros e à parede.

– Anh…eu devo trazer pratos? – perguntou a menor rindo.

– Nah – falou Erika – To com fome demais pra pensar em bons modos a mesa – ela falou rindo – Senta ai, vai – falou ela indicando com a mão o espaço ao lado dela, como o colchão era de casal havia muito espaço para as duas.

Alex se sentou e cada uma delas colocou a caixa da sua respectiva pizza sobre o colo. A televisão estava ligada em um filme qualquer; as duas abriram suas caixas e logo estavam mordendo o primeiro pedaço e suspiraram em conjunto ao sentir o gosto da comida.

– Nossa isso tá muito bom – falou Alex com a boca cheia.

– Humhum – concordou Erika mordendo o pedaço outra vez.

Por um tempo as duas apenas morderam e mastigaram. Ambas tinha estado com muita fome e aquela pizza era mesmo uma das melhores da cidade. Mas, quando as duas começaram a chegar na metade Alex resolveu puxar assunto.

– Hey, como é que você se sustenta aqui? Digo….Você paga alguma coisa pra morar aqui, ou recebe algo do Michael pra limpar tudo?? – ela perguntou antes de morder outro pedaço.

– Eu sou meio que faxineira e guarda aqui – falou Erika engolindo o que tinha na boca – No começo eu ganhava um pouco menos porque era só quem limpava tudo. Mas quando o Michael viu que eu era boa ele começou a me pagar para tomar conta do lugar também. Mas como não pago nada aqui também não recebo muito. Dá pra viver, sabe. E com a ajuda que a Beth manda de vez em quando eu me viro muito bem.

– Quem é Beth? – perguntou Alex no reflexo por nunca ter ouvido falar o nome da mulher, sequer teve tempo de notar a expressão mais séria de Erika.

– Ex-noiva do meu irmão – falou a morena suspirando.

– Porque a ex-noiva do teu irmão te ajuda?? Digo…..ele deveria ajudar também – falou Alex notando que tinha entrado num assunto delicado e achando que talvez o irmão da morena não aprovasse o que ela estava fazendo assim como os pais dela não o faziam.

– Phill não ajuda porque…. – Erika fez uma pausa abaixando a cabeça e suspirando de novo – Porque ele morreu – ela completou.

– Ah merda. Erika desculpa, eu….eu… Sinto muito, não deveria ter perguntado – falou Alex desviando o olhar da outra se sentindo uma merda por ter tocado naquele assunto.

– Tudo bem – disse Erika com um sorriso triste – Só não pretendo falar disso agora. Porque não me conta sobre a banda? Eu procurei sobre vocês na net, mas mesmo assim, acho que as suas histórias podem ser bem mais interessantes.

– Eh….vamos ver – pensou Alex um pouco enquanto as duas comiam mais uma fatia de suas pizzas – A banda sempre foi eu, Ted e Tiffany. Mas desde muito tempo antes eu e Ted somos amigos. Estudamos dois anos na mesma escola, ele é só um ano mais velho e era reprovado naquela época. Mas como ele morava na mesma rua que eu éramos mesmo muito parceiros. Foi o primeiro que soube sobre eu ser homossexual se quer saber – ela disse rindo – O filho da mãe só reclamou que não queria ter de dividir as garotas comigo – as duas riram disso e Alex afastou a caixa de pizza que ainda tinha dois pedaços.

– Se não for querer eu quero – avisou Erika apontando para os últimos pedaços, ela já estava no ultimo pedaço da sua pizza de frango e cheedar.

– Vai ficar querendo, esfomeada – falou Alex mostrando a língua para ela e puxando a caixa pra longe da morena – Só to dando um tempo pra contar a história.

– Sério que você, desse seu tamaninho, vai aguentar os outros dois pedaços??? Nem acredito que você comeu tudo o que já comeu – falou Erika rindo.

– Babaca – respondeu Alex rindo também – Não tenho culpa se estou em faze de crescimento.

– Você usa essa desculpa pra comer de mais desde quando? Dos 10 anos? – brincou Erika gargalhando.

– Dos 12, mas isso não vem ao caso – falou Alex rindo também – Voltando ao que eu tava dizendo. Eu toco violão desde os 9 mais ou menos quando um tio meu que sabia tocar me deu um violão de presente e me ensinou algumas coisas básicas. Gostei tanto que fui atrás e aprendi mais sozinha. Antes de entrar no ensino médio consegui ganhar uma guitarra. O Ted já tocava bateria desde os 12 quando o pai dele deixou ele usar a velha bateria que eles tinham no sótão. Eu já escrevia algumas letras e nós dois fazíamos as melodias, mas foi só quando a gente conheceu a Tiffy que a ideia da banda realmente surgiu.

– Por quê? – perguntou Erika curiosa com a história.

– Eu nunca fui uma cantora – falou Alex rindo baixo – Fazia as musicas, mas nunca sequer me imaginei cantando elas. A Tiffany tem voz, e presença de palco. Além de ser a porra louca que é fazendo o que quer fazer sem se importar com nada. Nos conhecemos no primeiro ano do ensino médio e, bom, ela já era a doida que é hoje e quando descobriu que a gente tocava quis ver e acabou cantando algumas coisas e a gente se animou pra montar mesmo a banda. Foi quando a coisa começou a ficar séria que os problemas começaram a aparecer. Contei pros meus pais que estávamos montando uma banda e que eu queria mesmo levar isso a sério. Sabe….nunca fui o tipo boa aluna, eu passava e tava bom. Mas nunca sequer consegui me imaginar estudando algo por escolha própria. Eu nunca soube o que queria fazer, exceto que sempre quis lidar com música.

– Quando contou que queria uma carreira fazendo musica seus pais não concordaram com isso – disse Erika ficando séria, ela conhecia bem esse tipo de dificuldade.

– É – concordou Alex – Diziam que não daria certo, que era bobagem. Que eu iria desistir disso logo. Eu não desisti, e eles quiseram me proibir de fazer isso. Disse que me mudaria pra garagem do Ted se eles fizessem isso. Então eles me fizeram uma proposta. Eu tinha até o final do ensino médio pra ter algo concreto. Se não conseguisse teria que largar a ideia de vez e achar uma boa profissão.

– E então?? – perguntou Erika ansiosa.

– Fizemos nosso primeiro show como uma banda completa, mas sem o pianista ainda, quando eu estava na metade do ultimo ano – contou Alex com um sorriso enorme – E depois disso a escola ainda nos contratou para tocarmos no baile de formatura – ela disse rindo – Meus pais não tinham mais argumento depois disso. Não apoiaram incondicionalmente logo de cara, mas não me repreenderam e até incentivam a minha carreira agora.

As duas riram disso e Alex pegou o que havia sobra do de sua pizza. Ela pegou um dos pedaços, então encarou Erika que estava desviando os olhos dela. A guitarrista riu baixo e estendeu a caixa para a morena.

– Toma ai – ela disse – Você tá mais esfomeada do que eu.

As duas riram e foram terminar de comer.



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