Nightingale

POV Erika

Saímos do hotel de mãos dadas com Alex carregando Arthur no colo. Sempre que ela estava por perto era o colo dela que ele buscava, era incrível isso. Isso e como ele se distraia tão facilmente com o cabelo azul da minha namorada. Felizmente Alex me falou sobre o fato de Tiffany estar hospedada no mesmo andar que ela, assim eu já estava prevenida quando encontramos a loira esperando o elevador. Olhares de ódio vieram dela para mim, mas notei eles se aliviando quando ela percebeu Arthur no colo de Alex. A minha guitarrista sequer prestou atenção na presença da loira porque ela e Arthur estavam numa conversa na qual ela falava com ele imitando os sons que ele já conseguia fazer, em resumo ela também parecia ter só quatro meses.

– Esse é o Arthur? – perguntou Tiffany quando entramos no elevador e só então Alex a notou.

– É sim – eu respondi calmamente, apesar de não suportá-la eu nunca deixaria ela notar que me incomoda.

Ela nos encara, posso ver a raiva que ela tem de mim no olhar dela, mas claramente Tiffany não é tão filha da puta para começar uma briguinha com um bebê assistindo e envolvido. Alex logo perde o interesse nela e volta a fazer graça com Arthur. Vejo a loira respirar fundo e se aproximar da Alex, não falo nada porque criança sempre atrai atenção e o Arthur é lindo então é obvio que ela iria querer chegar mais perto.

– Ele é mesmo lindo como a Alex dizia – fala ela chegando perto dos dois e eu apenas fico olhando.

Alex claramente não está a fim de deixar Tiffany chegar perto dela ou do Arthur, mas por educação ela ajeitou ele no colo para que ficasse mais de frente para que a loira pudesse ver ele melhor. Ela chegou mais perto e começou a brincar com o Arthur e a sorrir para ele.

– Oi – ela disse chegando perto dele e fazendo carinho no rosto dele que a encarou confuso e sem entender muito bem o que estava acontecendo.

A carinha do meu sobrinho parecia perguntar quem era aquela pessoa atrapalhando a brincadeira dele com a Alex.

– Eu posso segurar ele? – pergunta Tiffany sorrindo de um jeito realmente verdadeiro, o que eu compreendo perfeitamente porque ele é um fofo e faz a gente querer apertar e pegar no colo.

Alex deu de ombros e não se importou com isso, Arthur geralmente tinha facilidade de aceitar as pessoas e sempre era muito carinhoso com a maioria das que nós apresentávamos para ele. Por isso nenhuma de nós duas esperava pela reação dele quando a loira se aproximou para tentar pegá-lo.

Ele a encarou sem entender e, quando viu que ela ia tirá-lo do colo de Alex, ele se virou tentando fugir dela. Minha namorada pacientemente apresentou a loira falando com o Arthur o que o acalmou um pouco e Tiffany foi tentar pegá-lo outra vez. Quando ela o fez ele a encarou com uma carinha séria e acertou um belo tapa na lateral do rosto dela. Não foi nada forte, mas deve ter doído um pouco e, logo depois disso ele começou a choramingar e a empurrar a cabeça de Tiffany como se quisesse a todo custo sair de perto dela.

Não pude evitar sorrir quando Alex teve que pegar ele de novo, fazendo-o parar de chorar na hora, e nem quando ela saiu do elevador com uma expressão irritada por ter levado uma rejeição até de um bebê. Mas o que mais me fez rir naquela noite foi quando chegamos no lugar do show e Arthur foi para o colo de todos os membros da banda. Com Ted então ele caiu na gargalhada, brincou e praticamente pulou para o colo dele quando tentei pega-lo de volta.

Antes de tudo começar eu coloquei protetores auriculares em Arthur o que o deixou um tanto confuso e incomodado no começo, mas era necessário. Quando o show finalmente começou e Alex subiu no palco com o resto da banda eu não pude evitar soltar um sorriso orgulhoso. Alex estava completamente linda com uma camisa xadrez cinza por cima de uma regata azul escuro, um jeans preto e seu all star de sempre. Seus cabelos mais curto do que antes agora batendo na altura do queixo e completamente repicado, além das conhecidas mechas azuis que agora eram a maioria comparando-se com o castanho do resto dos fios.

Tudo ocorreu maravilhosamente bem e a apresentação foi um sucesso e eles acabaram ganhando mais o público do que a banda principal. Quando tudo acabou Alex correu na nossa direção e me deu um beijo antes de beijar a testa do Arthur. Ela estava suada, cansada e completamente contente o que só a deixava muito mais linda do que já era. Alex realmente tinha sido feita para estar no palco, era só estar em um que ela parecia brilhar ainda mais do que o normal.

De lá fomos de volta ao hotel, felizmente o resto da banda queria sair para comemorar e a loira foi junto mesmo estando com aquela cara de poucos amigos por causa dos acontecimentos antes do show o que eu até agradeci muito porque não a suportava. Voltamos eu e Alex de taxi até o hotel, sorriamos como bobas uma para a outra e para Arthur que ainda brincava. Chegamos no quarto e Arthur já parecia estar lutando contra o sono.

– Vou tomar um banho rápido – falou Alex indo para o quarto com Arthur ainda no colo.

Fui atrás dela deixando a bolsa do Arthur na entrada do quarto, ela caminhou até a cama deitando-o sobre o colchão. Ele ficou ali rindo dela brincando com a barriga dele até que eu cheguei por trás dela abraçando-a e beijando o topo da cabeça dela.

– Você estava incrível – falei apertando um pouco os braços em volta do corpo dela, do colchão Arthur nos olhava ainda sorrindo, era impressionante como ele não se importava de estar sozinho desde que pudesse ver uma de nós duas.

– Obrigada por estar comigo aqui hoje – ela disse olhando para trás e para cima e sorrindo, um daqueles sorrisos que me fazem derreter por dentro e apenas amá-la ainda mais.

– Sabe que se eu não estivesse você poderia ter ido comemorar com seus amigos e não precisaria ficar aqui me ajudando a cuidar do Arthur – eu disse encarando os olhos dela que estavam num tom mais castanho hoje.

– E você deveria saber que eu prefiro mil vezes estar aqui – ela respondeu erguendo uma mão até a minha nuca e puxando minha cabeça para baixo.

Nos beijamos por alguns instantes antes dela me dar um selinho demorado e pedir para tomar um banho primeiro. Soltei Alex mesmo contra a vontade e deitei com Arthur na cama, apesar do sono ele estava querendo brincar ainda e, nos 20 minutos seguintes eu o deixei entretido com alguns brinquedinhos. Quando Alex saiu do banheiro ele estava quase perdendo a briga contra o sono. Ela me deu outro beijo e disse que faria ele dormir enquanto eu ia tomar o meu banho.

Entrei no banheiro e fui me aproveitar da água quente para relaxar os músculos do corpo, mas antes de ligar o chuveiro pude ouvir a voz de Alex cantando para o Arthur dormir. Não pude me impedir de sorrir nessa hora. Quando eu sai ele já estava ressonando calmamente num berço que Alex tinha pedido para o hotel providenciar. Nos deitamos e eu pensei no pequeno embrulho que eu tinha trazido para entregar à ela amanhã. Nosso aniversário de um ano e eu tenho certeza de que ela esqueceu, mas eu não a culpo, com tudo o que ela teve que fazer nos últimos meses seria incrível que ela lembrasse. Eu lembrei, mas preferi algo simples para que ela não se sentisse culpada por ter esquecido.

– No que está pensando? – ela pergunta deitando sobre mim e beijando meu pescoço.

– No quanto você estava linda em cima daquele palco – eu respondo com um sorriso e ganho um beijo que acaba sendo mais longo e excitante do que deveria – Alex – sussurro contra os lábios dela – Sabe que pelo tempo que estamos sem fazer isso vai ser praticamente impossível fazermos pouco barulho não é?

– Sim eu sei – ela disse com um sorriso e um suspiro antes de se aconchegar nos meus braços – É muito bom dormir do seu lado – ela sussurra entrelaçando os dedos das nossas mãos quando eu a abraço pela cintura.

Eu não respondo, apenas a aperto mais e deixo meu rosto se enterrar no pescoço dela. É assim que dormimos e a ultima coisa da qual me lembro é de estar sentindo ela se virar e me abraçar também.

A próxima coisa que vejo é a luz refletindo sobre o lençou branco do hotel. Fecho os olhos de novo e procuro Alex com os braços, mas só sinto os lençóis e nada dela. Respiro fundo sentindo o cheiro dela que ficou nos travesseiros e então decido levantar, quando vou me erguer ouço o som de um violão e viro o rosto na direção do berço de Arthur.

Alex está lá, mas está sentada numa poltrona me encarando. Arthur parece estar dormindo calmamente ainda e eu penso que é muito cedo ou que já é tarde e Alex deu a mamadeira dele e ele voltou pra cama. Meus pensamentos são interrompidos quando a voz dela começa a cantar aquela melodia calma e eu a encaro confusa.

Ela terminou e eu estava sorrindo porque a voz dela me encanta e Alex toca de um jeito maravilhoso. Então ela sorri ainda mais e encara os pés da cama, só então olho nesse direção e vejo ali uma flor. É uma tulipa, eu não gosto de flores, mas Alex sabe que acho rosas as mais chatas então nunca me da rosas, só tulipas. Essa é uma tulipa vermelha e eu fico confusa com aquilo. Me sento e alcanço a haste trazendo a delicada flor para mim, só então vejo que há um pequeno papelzinho vermelho preso ali se misturando às pétalas. É um pequeno cartão e nele está escrito apenas uma fraze:

“Obrigado por deixar essa maluca aqui amar você”

Quando vou dizer algo sobre o quão fofa ela é ouço novamente o violão só que tocando acordes diferentes.

Quando ela começa a cantar outra vez eu finalmente entendo que ela não está só tocando e cantando, que aquelas musicas eram pra mim, assim como a flor. Não posso evitar de sorrir como uma boba enquanto ela continua a cantar em olhando e sorrindo pra mim.

Ela termina a música e encosta o violão ao seu lado na poltrona, então caminha até a cama subindo sobre o colchão e engatinhando até estar sobre as minhas pernas. Nos encaramos por alguns segundos antes dela me beijar. Um beijo mais envolvente que me faz parar de raciocinar quando a língua dela começa a brincar com a minha. Sinto minhas costas contra a cama novamente enquanto as mãos dela percorrem o meu corpo com carícias que me fazem arrepiar. Mas nós sabemos que não podemos ir adiante e paramos apenas nisso, mas esse fato não impede que fiquemos sem fôlego.

– O que é tudo isso? – perguntou num sussurro trilhando beijos pelo maxilar dela.

– Obrigada por me permitir amar você – ela disse sorrindo me fazendo encará-la – Faz um ano que você cantou uma musica pra mim e me pediu em namoro. Só quis devolver o favor – Nos beijamos de novo e eu a encaro sem acreditar – Isso não é muito, amor. É bem pouco perto do que queria poder fazer pra você. Perto do que você merece, mas é tudo o que eu pude.

– Espera – digo a afastando e correndo até a minha bolsa, então volto de lá com o embrulho nas mãos e ela me encara completamente confusa – Não é nada grande também, mas olha, eu achei que você poderia até ter esquecido por causa da quantidade de coisas que você tinha pra fazer, então eu comprei algo pequeno – falei me aproximando dela com o embrulho na palma da mão, era só um quadrado de pouco mais de 10×10 cm.

Me sento na cama em frente à ela entrego a ela que abre ele rapidamente. São dois pingentes, uma luva de boxe e uma guitarra. Ela me encara confusa e eu coloco as mãos no pescoço dela abrindo a corrente que ela tem, uma que é idêntica à minha e que não tem pingente nenhum além da placa com nossos nomes. Eu a tiro e então coloco nela o pingente da luva antes de colocar ele de volta no pescoço de Alex que me encara com um sorriso enorme já tendo entendido o significado daquilo.

– Não é a mesma coisa que trocarmos alianças de novo – digo sorrindo como boba enquanto ela faz o mesmo com a minha corrente e o pingente de guitarra.

– Mas tem a mesma simbologia – ela complementa me dando um selinho demorado – Eu amo você e tudo o que posso dizer é que ter você comigo me trouxe todas as melhores coisas da minha vida – ela me diz sorrindo e me beijando de novo.

– Eu amo você – digo a abraçando pelo pescoço e me sentindo a mulher mais feliz do mundo.