Nos Corais de Veronna

Capítulo 21 – Saindo do armário.

21. Capítulo: Saindo do armário

Assustaram-se. As batidas continuaram fortes. Mabhe tratou de vestir-se. Pôs o dedo indicador nos lábios pedindo silêncio a Mia.

__ Fica aí. – Sussurrou.

Caminhou apreensiva até a porta. Ao abri-la deparou-se com uma temerosa Renata.

__ Ai que bom que é você! – disse aliviada.
__ Cadê a Mia? – Entrou procurando a fotógrafa.
__ Está lá dentro.
__ Ela precisa sair daqui agora. – Seguiu para o quarto.
__ Rê que bom que é…
__ Você precisa sair daqui agora! – Puxou o braço da morena. __ Pierre está vindo. Ele sabe que a Mabhe está aqui, você precisa vir comigo.
__ Mas como ele pode saber que eu vim pra cá?
__ Como prevíamos, o ocorrido na cantina, chegou rápido aos ouvidos dele. Nesse meio tempo ele já botou a ilha de cabeça pra baixo a sua procura, a cabana é o ultimo lugar que falta.
__ Vamos esperá-lo aqui amor é a deixa que aguardávamos. – Disse a fotógrafa animada.
__ Mia, as coisas entram por um ouvido e sai por outro é? Você já se esqueceu de tudo que eu falei? – A ruiva disse impaciente.
__ E eu vou fingir que não escutei uma loucura dessa! Vem comigo. – Arrastou-a para fora do quarto. __ Ele está desconfiado Mia, aquela sua amiguinha do aeroporto estava perto quando chegamos no hotel, ela ficou envenenando o Pierre contra você, disse que você não passa de uma lésbica imoral que com certeza estava seduzindo a “pobre esposa” dele.
__ Melania estava no hotel?
__ Aham.
__ Quem é essa mulher? – A mergulhadora não fazia ideia de quem se referiam.
__ Cretina! Eu mato essa miserável. – Esmurrou a porta do quarto.
__ De quem vocês estão falando?
__ Depois explicamos, agora temos que ir Mia. – Não haviam dado nem dois passos quando ouviram pancadas na porta.

__ Mabhe abra a porta! Eu sei que está aí! Abra já essa porta. – Gritava enquanto esmurrava a entrada da cabana.

__ Ai meu Deus! E agora Mabhe? – Renata desesperou-se.
__ Calma. Escuta com atenção: – Mantinha-se sob controle. __ Na sala tem um quartinho onde guardo os materiais de mergulho, na verdade é mais um armário. Ele nunca irá procurar vocês lá e se procurar, não conseguirá vê-las no meio de tanta bagunça. Agora vão depressa e cuidado com os arpões.

Após instruí-las, respirou fundo e foi ao encontro do marido. Ao abrir a porta, mal pôde falar uma palavra, foi jogada para o lado por Pierre que invadiu o lugar em busca de Mia.

__ Onde está aquela lésbica vagabunda, heim?
__ De quem você está falando Pierre? Enlouqueceu?
__ Você sabe muito bem de quem estou falando cynique! – Ao irritar-se, era inevitável recorrer a língua francesa.
__Não tem ninguém aqui.
__ Isso é o que veremos. – Entrou no quarto. Vasculhou cada canto da cabana. O coração de Mabhe veio a boca quando seu marido abriu o armário onde Renata e Mia se escondiam.

Desistiu de procurar. Pierre tinha total aversão a lugares apertados e desorganizados.

__ Eu sei que ela esteve aqui com você! Eu mato, Mabhe, ouviu bem? Mato as duas!
__Acalme-se Pierre.- Segurou-lhe o braço carinhosamente. – Eu sei que está chateado pelo incidente na cantina, mas fiz aquilo por que o homem estava importunando nossa hóspede. O que ela é ou deixa de ser, não me diz respeito, eu apenas evitei que pessoas como aquele cara, manchassem a imagem do lugar que você tanto preza para manter impecável.

No armário, Mia podia ouvir nitidamente toda conversa que vinha da sala. Sentiu raiva das palavras de Mabhe. Renata, que ficara de frente pra ela no pequeno espaço, sussurrava pedindo-lhe calma.

__ Ora Ma belle, pensa que sou algum idiota? Acha mesmo que eu acreditaria que você derrubaria um homem no meio de um lugar público sabendo que me envergonharia, pelo simples motivo de manter a imagem de Veronna?
__ Você prefere acreditar que eu ando tendo um caso com uma mulher? Isso é ridículo! – Afastou-se.
__ Por que veio pra cabana então? – Segurou-lhe o braço. __ Por que não seguiu direto para o Lumiére depois que tudo aconteceu?
__Eu machuquei minha mão – Mostrou a mão enfaixada.__ Sabia que iria se irritar com o ocorrido, preferi me cuidar aqui primeiro, com essa chuva acabei pegando no sono.
__ E onde está a fotógrafa?
__Eu não sei daquela mulher! Deve ter ido se divertir com as amiguinhas dela, por favor, me leva pra casa, eu preciso descansar.
__Essa história toda de lésbicas me deixou excitado. – Acariciou os seios da esposa. __ Há tempos que não ousamos na hora de fazer amor. Eu quero você aqui. – Beijou-lhe o pescoço.
__ Não Pierre, aqui não… – Falava enquanto desviava-se dos toques do marido. __ Vamos pra casa, pro nosso quarto…
__ Não! Eu quero você aqui! – Ordenou. __ Por acaso já se saciou com outra… Pessoa? – Sorriu irônico.
__ Pare com essa tolice.
__ Então não há por que não saciar a minha vontade. Deixa eu te mostrar o quanto posso ser exótico… – Empurrou Mabhe de encontro a poltrona próxima ao armário. __ Quem sabe até… Rústico. – Rasgou a blusa que a mergulhadora vestia.

De frente a Renata, Mia deixava uma lágrima de ódio rolar pela face. Avistou um arpão e apoderou-se dele. Renata balançou a cabeça de forma negativa. A fotógrafa apertava o objeto com tanta raiva que parecia querer amassá-lo. A outra á sua frente juntou as mãos em forma de súplica e sussurrava, “por favor, não faz isso”.



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