Nos Corais de Veronna

Capítulo 6 – A Cabana

6.Capítulo: A cabana.

__ E então Mabhe… É nativa de Veronna?- Puxava assunto enquanto se deliciava com sua companhia.
__ Não, mas viveria eternamente aqui. – Suspirou sentindo a brisa que lhe acariciava a face. __ Esse é o melhor lugar pra se viver.

__ Mabhe, estão precisando de você lá atrás. – Disse um rapaz apressado.
__Pode avisar que já estou indo. –Virou-se para Mia. __ Tenho que ir moça, o dever me chama.
__ Você trabalha aqui? Trabalha pro hotel? – Disse não conseguindo disfarçar a curiosidade.
__ Não necessariamente… Preciso realmente ir. – Virou-se.

Mia a via distanciar-se e um súbito temor de não mais vê-la, apoderou-se de si então num impulso:

__ Mabhe! – A outra parou e virou-se. Mia não tinha a mínima ideia do que dizer, simplesmente não podia deixá-la ir sem ter a certeza de que a veria novamente. __ Estou… A trabalho aqui e gostaria de saber se poderia me mostrar alguma das muitas belezas da ilha. – Sentiu a insegurança fluir de cada palavra.
__Claro! Te encontro no mesmo lugar que nos conhecemos, amanhã ás sete horas.
__ Tão cedo? Eu… – Parou ao ver a outra arquear as sobrancelhas. __ Ok, ok… Estarei lá.

A ruiva sorriu e continuou seguindo seu caminho. Mia estava estática e assustada com os efeitos que aquela pequena mulher, em tão pouco tempo, lhe causava.

__ Ai Jesus! – Pois as mãos na cabeça. __ O que é isso agora? Fiquei completamente sem palavras na frente da ruivinha. Só pode ser esse lugar e… Aqueles olhos, aquela boca… – Riu de suas divagações.

Continuou por pouco tempo no luau. Nada mais a prendia na festa, uma vez que não conseguia mais avistar Mabhe. Seguiu para o hotel e não pensava em outra coisa se não na mergulhadora. Pegou o celular e discou o número da amiga.

__ Luna! Saudade!
__ Mia! Amiga, que falta você está fazendo aqui. Como estão as coisas por aí?
__ Nem te conto. – suspirou.__ Conheci uma mulher que me deixou caidinha por ela no primeiro dia que nos vimos.
__ Tipo… Amor à primeira vista?- Luna parecia confusa, Mia não era o tipo de mulher que se apaixonava daquela forma.
__Não… Por causa dela eu caí de roupa e tudo no mar. – Riu ao ouvir a amiga resmungando do outro lado da linha.
__ Engraçadinha. E essa história tem continuação?
__Acho que tem sim, eu não consigo tirar essa mulher da cabeça e espero que não seja o que estou pensando.
__ Paixão? Não, creio que não. Você entrou numa nova fase da sua vida depois que deu por encerrado aquele lance com a Larissa. Agora seu coração está desbloqueado, o que te fará se interessar mais facilmente pelas pessoas e isso não significa necessariamente, se apaixonar.
__ Ok amiga psicóloga, você deve ter razão. Em todo caso, te manterei informada. Onde anda a Sam?
__ Deve ta chegando aqui, marcamos de ir numa nova boate que abriu ontem. Ta toda metida com seu carro.
__ Eu só quero que ela tome conta dele direitinho. Avisa que liguei e que depois retorno pra falar com ela. Agora vou dormir porque amanhã tenho que madrugar… Beijos loira!

Desligaram. Antes de adormecer, Mia pôs seu celular para despertar seis horas em ponto. Não queria se atrasar.

Na manhã seguinte….

Acordou de sobressalto. Não tinha o costume de acordar cedo. Ligou para recepção e pediu seu café da manhã, frisando que gostaria de ser atendida por Guto. Correu para o chuveiro.
Minutos depois…

__ Oi Guto, pode deixar aí. – Disse enquanto penteava os cabelos molhados. __ Hoje eu vou sair acompanhada, mas preciso que você faça um roteiro dos pontos que visitaremos hoje à tarde… Ah! Quero também que faça uma lista de todos os esportes radicais praticados por aqui. Consegue isso pra mim?
__ Com toda certeza. – Deu mais um de seus sorrisos característicos. Mia sentia-se bem em sua companhia.
__ Ótimo, garotinho! Já tomou café?
__ Não deu tempo, mas…
__ Então pode tratar de sentar quietinho aí e me acompanhar. – Ordenou impedindo o rapaz de argumentar.

Às sete horas em ponto, Mia caminhava na direção da moça que já estava á sua espera. Quanto mais avançava, sentia seu coração acelerar. “Um pouco mais alto e ela acaba ouvindo” – Pensou.

__ Bom dia Mia! Está pronta pra conhecer um dos lugares mais bonitos de Veronna?
A morena viu que ao seu lado havia equipamento de mergulho.
__ Estou sim, mas… Pensei que fosse em terra firme. – A outra sorriu.
__ Com medo?
__ Não! Claro que não. É que eu precisava fotografar e não trouxe minha câmera resistente à água.
__ Pois sua guia é extremamente prevenida. Tenho uma aqui comigo. – Notou a expressão surpresa de Mia.__ No caso de uma turista deslumbrada querer tirar uma foto. – Completou.
__ Mas eu não vim preparada pra mergulhar, Mabhe… Nem estou de biquíni.
__ Bem… Isso sim é problema. – Mia respirou aliviada.
__ Então vamos dar uma volta na cidade e o mergulho fica pra outro dia, combinado? – Disse empolgada.
__ Não senhora. Tem uma cabana aqui perto, lá encontraremos tudo que precisamos, vem! – Puxou uma nada motivada fotógrafa.

A cabana a qual Mabhe se referia, parecia ter sido feita para mergulhadores. Havia uma estante enorme com várias roupas de mergulho juntamente com cilindros de oxigênio.
Mabhe caminhou até uma gaveta de onde retirou várias embalagens contendo diversos tipos de biquíni.

__ Preparada sempre heim?
__ Tenho que ser, você não faz ideia de quantas pessoas rasgam seus biquínis ou calções de banho nesses corais. Toma. Escolha um. Será por conta da casa.

Mia selecionou todos os biquínis escuros. Ao tirá-los da embalagem, gostou de um em especial, pois era pequenino e cavado de forma que se a ruiva a sua frente se interessasse por mulheres, certamente descobriria.
Sem cerimônia alguma, tirou a camiseta que vestia, fazendo com que Mabhe baixasse os olhos, envergonhada.

__ Mia tem… Tem um provador logo ali. – Apontou o local sem levantar os olhos. A morena sorriu por dentro.
__ Ah não precisa, só estamos nós duas aqui, não tem o porquê ter vergonha. – Baixou o short que vestia e em seguida a calcinha. – A outra virou-se. __ Você está com vergonha de mim, Mabhe?- Perguntou com um sorriso cínico nos lábios.
__ Não… Apenas… Virei pra te deixar mais à vontade. – Disse ainda de costas.
__ Imagina! Já me sinto muito a vontade perto de você. – Aproximava-se.__ Pode me ajudar? – Sussurrou no ouvido da mergulhadora que virou-se altamente embaraçada.
__ Claro, claro. – Mia deu-lhe as costas. Com as mãos trêmulas, pegou o cordão do biquíni e apertou levemente.__ Darei um laço forte, ok?
__ Pode me apertar toda… Digo… O biquíni em mim.

Mia sentia como se retomasse o controle da situação. Ver Mabhe se descontrolar perto de si e perder todo aquele autocontrole era o ponto de partida que precisava para suas investidas. Estava também aliviada por sentir que voltara a ser a velha Mia: sensual, controlada e fatal.

__ Pronto, o mar nos espera. Pode deixar suas roupas aqui, depois voltaremos pra buscar. – Evitava olhar nos olhos da morena.

Seguiram.

__ Pularemos daqui dos corais? – Mia olhava para baixo onde uma água cristalina convidava ao mergulho.
__ Não. Daqui a pouco a Renata deve chegar com a lancha que nos levará pra uma parte mais funda.
__ Você não me disse o que faz aqui além de mergulhar e procurar bichos invertebrados. – Disse sorrindo.
__ Sou bióloga marinha, mas não exerço. Passo a maior parte do tempo no fundo do mar pesquisando apenas para o meu interesse, às vezes faço palestras com crianças e adolescentes da ilha para passar um pouco do que sei… Aquela estrela do mar seria pra esse trabalho.
__ Ops. Desculpa mesmo. – Disse sentida.
__ Não se preocupe, você vai me ajudar a achar outra hoje. – Sorriu marota.
__ Você vive das palestras?
__ Não! De forma alguma. As palestras são gratuitas. Eu dou aulas de mergulho para os hóspedes do hotel.
__ Então isso faz de mim sua cliente! – Deu um sorriso largo para a mergulhadora.
__ Você está hospedada no Hotel Lumiére La Vi? – Perguntou séria. Mia assustou-se ao ver o sorriso amistoso de Mabhe dá lugar a uma expressão séria e reservada.
__Estou sim… Algum problema, Mabhe? – Disse preocupada.
__ A Renata está chegando… Vamos. – Desconversou.

Renata era uma mulher de formas maravilhosas. Tinha um corpo bronzeado e um sorriso de menina travessa que parecia nunca sumir dos lábios.

__ Renata, essa é a Mia. É hóspede do hotel, mergulhará conosco hoje.

Mia não gostou de ser apresentada como “hóspede do hotel”. Notou o tom profissional que a ruiva usara. No mesmo instante arrependeu-se de ter dito que estava hospedada no Lumiére. Mabhe parecia não ser mais a pessoa carinhosa que conhecera ou até mesmo a mergulhadora implicante e cheia de personalidade do inicio. Agora estava diante de uma pessoa indiferente e extremamente profissional.



Notas:



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