Nosso Estranho Amor

12. Impossivel não se apaixonar

A família da minha namorada, nossa como é bom lembrar desse fato, a ÁGATHA É MINHA NAMORADA, mas voltando ao assunto… Eles aceitavam muito bem a orientação sexual dela, enquanto meus pais como católicos rigorosos eram extremamente homofóbicos, no meu caso seria bifóbicos, se bem que não sei nem se essa palavra existe, até bateu uma saudade imensa deles nessa hora, mas enfim… Estava pensando que nós mulheres bissexuais sempre sofremos mais preconceitos dentro da comunidade LGBTQ+, se estamos em um relacionamento hétero a maioria dos homens nos enxergam apenas como produto sexual, acham que estaremos prontas para realizarmos ménages, surubas e satisfazer seus mais depravados instintos sexuais a qualquer custo, se namoramos com lésbicas, muitas ficam inseguras, acreditando que iremos ser infiéis, que no final das contas a trocaremos por um homem ou iremos propor poligamia. A Pietra mesmo, em vários momentos do nosso relacionamento insinuou que eu era infiel, só que aconteceu justamente o contrário, espero que a Ágatha não aja dessa maneira.

Um dos pontos que me preocupava bastante, não vou negar, era o fato de que a Ágatha era tia de um dos meus alunos, se isso chegasse ao ouvido de alguém da escola, estaria completamente lascada, seria demitida na hora, não pelo fato de namorar parente de aluno, mas por ser uma relação homossexual. Sim, o preconceito está por todos os lados. O namoro com a Pietra nunca interferiu no meu trabalho visto que ninguém da escola, com exceção do meu irmão, sabia com quem eu namorava.

–Gi, tá tudo bem? Tô te achando muito calada desde que saímos de casa. -minha namorada indagou preocupada quando já estávamos no seu carro rumo ao meu apartamento.

–Não vou mentir, o Enzo é meu aluno e tô muito angustiada com a possibilidade de descobrirem sobre o nosso namoro na escola, iria contra as regras e eu seria demitida. -falei aflita, mas logo aquela mulher fatal tratou de me acalmar.

–Amor, não se preocupa, vou conversar com o meu sobrinho e te garanto que ele não vai comentar nada. O Enzo é muito danado, mas sabe ser discreto. A mesma coisa te garanto com relação à Alana e o meu cunhado, eles respeitam nossa decisão e não tecerão um comentário a respeito.

–Tem razão, você simplesmente tem o poder de me tranquilizar. Qual seu segredo? -brinquei já bem mais calma.

–O segredo eu não sei, mas quero que saiba que sempre poderá contar comigo e não quero te vê sofrendo por antecipação.

–Ágatha, você não existe, eu te adoro! -respondi depositando um selinho quando o sinal ficou vermelho.

–Eu também me adoro mesmo, sou irresistível. -disse brincalhona.

–E eu que pensava que todo esse amor próprio era típico apenas dos leoninos, mas acho que todos os signos de fogo são assim. -disse lhe dando um beliscão de leve.

–Tô brincando amor, eu também te adoro, minha libriana preferida.

O tempo passa rápido nos momentos em que deveria ir devagar, logo chegamos à frente do prédio em que eu morava. Não queria parecer grudenta, mas também não queria que minha namorada fosse embora, então resolvi arriscar.

–Ágatha, não quer subir um pouquinho? -perguntei timidamente.

–Gi, nós já passamos a tarde toda e parte da noite juntas, preciso mesmo subir ainda? -bem que falam que sagitarianos odeiam gente grudenta.

–É, vo… você tá cer… certa, descul… culpa. -estava gaguejando em um nível hard parecendo ainda mais besta, mentalmente estava me praguejando.

–Princesa, adoro te vê toda sem jeito! Acabo me divertindo muito, é claro que eu quero subir. -respondeu em meio a gargalhadas.

–Isso não se faz, achei que não tinha gostado do convite e estava me achando melosa. Só que isso não vai ficar assim, vai ter troco. -falei com uma cara safada.

–Se a revanche for no sentido que estou pensando, vou adorar. -Ágatha disse me piscando um olho.

Enquanto esperávamos o elevador torcia mentalmente para que meu irmão ainda não tivesse chegado em casa, conhecendo o viado do Renan, sei que ele iria festejar o meu namoro com fogos de artifícios e querer saber tudo da vida da minha namorada, segundo ele, para constatar se estaria em boas mãos. Para a minha sorte assim que adentrei o apartamento nem sinal do meu irmão mais velho, estávamos sozinhas.

–Gi, eu ainda não tô acreditando em tudo o que tá acontecendo. Em apenas dois dias nos reencontramos por acaso, te apresentei à minha família e estamos namorando. Nunca imaginei que tudo aconteceria em tempo recorde. -Ágatha falou sentando no sofá da sala.

–Posso dizer o mesmo. Não imaginei que as coisas aconteceriam dessa forma repentina, mas agradeço muito a ajuda que o destino nos deu e tô amando o rumo que as coisas estão tomando. -disse sentando no colo da minha namorada (ai Deus como eu gostava dessa última palavrinha polissílaba: NA-MO-RA -DA).

–Você assim no meu colo, tão facinha, não imagina o quanto tá sendo difícil de resistir e não te atacar. -Ágatha falou beijando o meu pescoço, já me causando suspiros.

–E quem disse que é para você resistir?! Vá em frente! -respondi com ousadia.

Estávamos já tão envolvidas que instantaneamente começamos a nos beijar, um beijo calmo e bem lento, mas ao mesmo tempo apaixonado e cheio de amor, talvez ainda fosse cedo para esse último sentimento, mas ali sentia que já estava começando a amar a Ágatha, algo até estranho visto que nunca senti tamanha intensidade nos meus relacionamentos anteriores, muito menos assim, em tempo recorde.

As coisas começaram a sair um pouco do controle quando a ruiva atrevida começou a acariciar e apertar minhas coxas, rumando ao meu sexo. Só que como tudo que é bom dura pouco, ouvi barulho de falatório. Pelo jeito barulhento só podia mesmo ser o meu irmão saindo do elevador.

–Ágatha, para! -disse pulando do seu colo. -O Renan tá chegando. Sua irmã já nos pegou numa situação vergonhosa, não quero passar por isso novamente, ainda mais no mesmo dia.

–O que? Seu irmão tá chegando? Onde vou enfiar a minha cara?! Ai meu Jesus Amado! Sabia que não deveria ter aceitado subir. -Ágatha parecia nervosa, não pude conter o riso.

–Ué! Você tá experimentando um pouquinho do que passei mais cedo.

–Olha só, agora tá querendo se vingar. -a ruivinha falou de maneira fofa.

–Minha bebê, você vai gostar do meu irmão.

Mesmo emburrada, a minha namorada tratou logo de endireitar a roupa, eu fiz o mesmo. Quando a porta foi destrancada e meu irmão e minha cunhada entraram, nós estávamos com cara de paisagem.

–Oi Giovanna, oi moça! -meu irmão foi logo cumprimentando com um jeito desconfiado, com certeza ele percebeu que estava interrompendo algo, mas graças a Deus não teceu nenhum comentário a respeito.

–Oi Renan. Essa é a Ágatha, minha namorada. Amor, esse é o meu irmão Renan, e a moça com ele é a Rebeca, minha cunhada.

–Olá Ágatha, prazer em lhe conhecer. -Rebeca cumprimentou a minha namorada com um aperto de mão.

–Então você é responsável pela dor da cabeça da Giovanna de hoje a tarde. Agora entendi porque a minha maninha sumiu do colégio e toda essa pele corada, anda aprontando muito Gigi. -por que piscianos gostam tanto de serem irritantes? Aja paciência!

–Não liga pra esse desmiolado, amor! O meu irmão adora brincar.

–Percebi… -não acreditei no que vi, a minha namorada estava multicolorida de tanta vergonha.

–Tive muito medo que a Gigi tivesse uma recaída com a sanguessuga da Pietra, só Deus sabe o quanto minha caçulinha sofreu nas mãos daquela lambisgoia…

–Renan, já basta! Cala essa boca, por favor! -um momento daqueles e esse estrupício tinha que falar o nome da minha ex-namorada.

–Tá tudo bem, Gi. -meu anjo falou tentando apaziguar as coisas.

–Então Ágatha, quais são suas intenções com a minha irmã? Juro que vou degolar seu pescoço se fizer ela sofrer. -conhecia o olhar do meu irmão. Como uma pessoa de boa memória, ele reconheceu que a minha atual namorada era uma das ex-amantes da minha ex-namorada. Sei que é confuso, mas você deve ter entendido.

–Tenho as melhores intenções possíveis. Quero fazer a Gi muito feliz, cuidar muito bem dela e que possamos construir uma família. -A Ágatha era muito fofa e maravilhosa, impossível esconder minha cara de boba.

–Tô confiando em você, por favor, não faça a minha irmã sofrer. Se a Gigi gosta de você, quem sou eu para me opor? Abençoo a união das duas.

–Renan, você tá longe de ser padre para abençoar ou não qualquer coisa. -disse rindo.

Depois de mais alguns interrogatórios e mais algumas brincadeiras, a Ágatha se foi, minha cunhadinha também partiu logo em seguida. Mesmo estando cansada não escapei da conversa com meu irmão.

–Giovanna, tem certeza de que é isso que você quer? Digo… Não é que eu não esteja de acordo, mas não tem tanto tempo assim que seu namoro com a bruaca da Pietra terminou. Quer mesmo investir nessa relação, ainda mais com essa moça que nunca namorou antes e ainda por cima você pegou no flagra com a sua ex? -até queria brigar com meu irmão por está se interferindo tanto na minha vida, mas não fiz isso, sabia o quanto ele se preocupava comigo.

–Mano, nós já tivemos essa conversa mais cedo. Por favor, entenda que chegou a hora para que eu mesma tome as rédeas da minha vida. Se permita conhecer melhor a Ágatha, verá a pessoa maravilhosa que ela é, linda por fora, por dentro então nem se fale. Você não vai se arrepender, isso eu garanto, faz isso por mim.

–Tá bom minha caçulinha. Mas se ela te fizer mal não responderei por mim. Agora, me diz, ela transa bem?

–Renan, isso é pergunta que se faça? -era para eu ter sido séria, mas não consegui segurar o riso.

–Oxe, não tá mais aqui quem falou.



Notas:



O que achou deste história?

2 Respostas para 12. Impossivel não se apaixonar

Deixe uma resposta

© 2015- 2019 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.