Nosso Estranho Amor

2. A descoberta da traição

Para que nada no meu plano pudesse dar errado simplesmente deixei o meu carro em um estacionamento particular que havia a uns três quarteirões da minha rua, assim não correria o risco da Pietra avistar meu carro. Dei um tempo de quase duas horas, então retornei para a rua de casa caminhando, me escondi atrás de uma grande árvore frutífera que ficava bem em frente onde morávamos, ali podia observar o movimento. Pela parte da manhã, não observei nenhum movimento suspeito, mas quando foi lá pelas quatro horas da tarde daquele sábado vi uma moça ruiva de cabelos longos, não vi o seu rosto, pois estava de costas para mim, essa mesma mulher tocou a campainha da casa em que EU morava, logo a Pietra apareceu toda sorridente abraçando-a e elas entraram. Ainda tentei me convencer inutilmente de que elas poderiam ser simples amigas já que não vi as duas se beijando na rua, então esperei por mais de uma hora pra ver o que realmente eu faria. Então a curiosidade falou mais alto e eu retornei para casa a fim de ver o que estava acontecendo, como possuía cópia da chave consegui entrar ali sem fazer barulho. Não demorou muito para eu escutar o que parecia serem gemidos vindos do quarto que dividia com a minha namorada, mesmo assim ainda me agarrava a falsas esperanças de que estivesse enganada.

Com muita coragem abri a porta e encarei algo que não havia visto nem nos meus piores pesadelos: A Pietra estava em cima da ruiva e as duas estavam nuas rebolando enlouquecidamente, estavam na famosa posição tesoura. Com certeza estavam com um prazer tão descomunal que nem perceberam minha entrada no quarto.

–Pietra, que surpresa maravilhosa! Diga X para a câmera. -disse após ter me aproximado sorrateiramente das duas e ter fotografado as duas envoltas pelo lençol com cara de culpada.

–Gi, não é nada disso que você está pensando. Espera eu trocar de roupa e podermos conversar. Aliás, você não deveria estar na excursão? -percebi a reação perplexa da minha namorada, na verdade ex-namorada a partir de agora.

–Não te devo explicações da minha vida, Pietra, pelo menos, não mais…

–Pietrinha, você nunca me falou que tinha uma amiga tão gata como essa loirinha. Menina, não quer se juntar a nós e fazermos um ménage? -a ruiva que estava calada resolveu se pronunciar. Não sabia se ela estava falando sério ou estava se divertindo às minhas custas, com certeza a segunda opção era mais viável.

–Cala boca garota! Você ainda não percebeu que essa mulher é a minha namorada? -Pietra indagou recebendo uma expressão surpresa da ruiva.

–Corrigindo seu português Pietra, a partir de agora sou sua ex-namorada, você não é digna de mim. Você não se preocupa, a partir de hoje a Pietra é toda sua, realmente combinam na cama e no caráter. -respondi com desdém me dirigindo à ruiva.

–Meu amor, sei que agi errado, mas por tudo que é mais sagrado vamos conversar e nos entender. -Dá para acreditar na cara de pau da minha ex?

–Não há mais nada para conversarmos. Sei que a casa não é minha, mas por favor, vocês podem se vestir? Vou precisar desse quarto para arrumar minha mala, tô saindo agora mesmo.

–E pra onde você vai? Não podemos terminar nosso namoro de tanto tempo dessa forma. -a Pietra ainda insistia.

–Você já causou muitos estragos pra essa moça, deixa a menina fazer as malas e ir embora. Se eu estivesse no lugar dela não teria toda essa paciência e já teria quebrado sua cara. -A ruiva estava intervindo ao meu favor olhando para a minha ex-namorada com uma expressão de nojo, juro que não entendi. Era tipo o sujo falando do mal lavado.

Não demorou para que as duas se vestissem e saíssem do quarto, fiquei naquele ambiente por no máximo quase duas horas colocando em duas malas grandes todos os meus pertences, ao mesmo tempo chorava por ter deixado a Pietra me fazer de idiota, com certeza aquela não era a primeira vez que me traia, eu é que não havia percebido, mas também senti um grande alivio por estar saindo daquele relacionamento, ali tive certeza de que não a amava. Talvez eu voltasse a namorar com homens como sempre fiz antes dela, mas ainda estava cedo demais para pensar nisso.

–Pietra, ainda há algumas roupas minhas por aqui que não couberam nas malas. No decorrer da próxima semana meu irmão vem aqui pegar o que estar faltando. Desculpa ter atrapalhado o momento de vocês duas. -nem olhava para a cara da ruiva.

–Espera Giovanna. Não vai nem ao menos precisar de ajuda com essas malas?

–A última coisa que preciso nesse momento é de ajuda, ainda mais vindo de você. Antes que me esqueça, toma aqui! -peguei a cópia das chaves da casa da minha ex e joguei em cima dela.

–O que é isso? -ela perguntou abobalhada.

–Só jogar a foto no google, verá que esse objeto se chama chave. -disse saindo com alguma dificuldade daquela casa, ainda ouvi a ruiva me chamar, dizendo algo incompreensível, mas rapidamente deixei aquela casa.

Mais do que depressa consegui chegar ao meu carro e colocar aquelas duas bagagens pesadas no porta malas. Sabia perfeitamente que meus pais nunca me acolheriam novamente na casa deles, na opinião deles estava contaminada com o vírus da homossexualidade, a única opção era ficar durante uns tempos no apartamento do meu irmão, pelo menos até eu ter dinheiro suficiente para alugar algum cantinho para mim.

Assim que meu irmão voltou da excursão, lhe contei tudo o que havia acontecido, obviamente ele ficou furioso e queria ir tirar satisfações com a Pietra e a amante.

–Renan, já te disse várias vezes que violência não leva a lugar nenhum. A partir de agora apenas quero esquecer que a Pietra e aquela mulher passaram pela minha vida. Pode ser? -lhe implorei com o olhar.

–Só vou fazer isso porque tenho muita consideração por você, mas se fosse pela minha vontade esganaria as duas.

–Você ainda não me falou se posso ou não ficar morando contigo durante um tempo. -disse mudando completamente de assunto, ali ele entendeu que não queria continuar falando da minha ex-namorada.

–É claro que pode ficar comigo, manhinha. O apartamento é grande, terá o seu próprio quarto e eu não vou mais precisar ficar sozinho, até podemos relembrar o tempo da adolescência em que aprontávamos muito durante a noite e…

–Mano, acontece que agora já estou com 27 anos e você já tem 30 anos, não vamos agir como dois adolescentes irresponsáveis. Acordamos bem cedo para trabalhar.

–Como sempre você sendo a estraga prazer, fala parece que já somos dois velhos.

–Também te amo irmãozinho. -disse me jogando no seu colo e ali começamos uma guerra de travesseiros.

O domingo passou rapidamente e logo a segunda-feira chegou indicando uma nova semana de trabalho. Mesmo tendo levado chifres no sábado, estava bastante entusiasmada.

Dois meses se passaram e nesse tempo a Pietra continuava me perturbando, fui obrigada a lhe bloquear em todas as minhas redes sociais e a mudar o número do meu celular. Só que eu praticamente já havia superado o término, recebi convite de alguns amigos para sair e até namorar, mas estava me sentindo muito bem sozinha.

Já estávamos quase no final de junho, com a proximidade das férias escolares meu tempo com o trabalho estava mais tranquilo, as férias se aproximavam e com isso minha quantidade de aulas reduziu.

Estava de folga em uma quarta-feira almoçando em um restaurante francês bastante popular da cidade quando uma pessoa me abordou.

–Será que posso me sentar com você? Sabe como é… O restaurante está bastante lotado. -ouvi uma voz feminina me abordando, mas como estava entretida com o celular nem me dei ao trabalho de olhá-la.

–Pode sentar sim. Fique à vontade. -respondi simpaticamente.

–Você sempre é assim tão educada e fofa?

A pergunta foi bastante sem noção. Rapidamente guardei meu celular na bolsa e encarei a desconhecida. Não acreditei quando vi de quem se tratava.



Notas:



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